Cair no poder é uma nova unção?

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Pergunta: Pr. Natanael, o irmão leu o artigo “CAIR NO PODER” publicado na revista SEARA, página 48? Que diz o irmão sobre o assunto? O artigo tem o título “CAIR NO PODER – Há Respaldo bíblico para a nova unção”?

Resposta: Já tenho manifestado minha opinião várias vezes dentro do nosso programa e concordo plenamente com o ponto de vista exarado pelo pastor Carlos Padilha de Siqueira, que é líder da Assembleia de Deus em Presidente Prudente.

 

Pergunta: O que ele realmente explica sobre assunto tão controvertido e trazido ao Brasil pelo tele-evangelista Benny Him?

Resposta: Ele analisa os textos bíblicos em que alguns se apoiam para sustentar esse modismo neopentecostal. Por exemplo, ele cita Dn. 8:18, dizendo que o profeta Daniel caiu, mas ninguém assoprou para derrubá-lo e imediatamente Deus o levantou. Diz o verso anterior que Daniel, por espontânea vontade, caiu de joelhos, prostrado, em sinal de adoração, caindo para frente. Da mesma forma em Dn. 10.9 o profeta Daniel cai para frente ‘com o rosto em terra’, bem diferente dos “neovertiginosos” que caem para trás. Menciona ainda Ez. 1.28 e 3.23, quando o profeta Ezequiel cai com o rosto em terra. Menciona também Ez. 43-3, quando o profeta Ezequiel se prostra com o rosto em terra, em sinal de reverência, ao contrário das hipnoses ensinadas por alguns pastores americanos.

 

Pergunta: E quanto à queda de Paulo em Atos 9.4-8, que fala o Pr. Carlos Padilha?

Resposta: Ele fala que é preciso entender que se tratava de um pecador, um perseguidor, que a partir dessa experiência tornou-se um grande pregador e ensinador da Palavra. Contudo, a Bíblia não registra outras ‘situações em que Paulo tenha caído e tampouco ele próprio faz apologia de tal prática. Em Atos 20.20 Paulo enfatiza que jamais deixou de anunciar coisa alguma proveitosa, ensinado publicamente e de casa em casa. Se tal costume fosse útil, o apóstolo teria recomendado aos seus obreiros para ministrarem “o cair no poder”, fato não ocorrido em qualquer de suas epístolas.

 

Pergunta: O que diz mais o Pr. Carlos Padilha nesse artigo da revista SEARA?

Resposta: Diz que nas três vezes que os homens caem o termo usado no grego é pesotes prosekinsan, que significa cair prostrado, em sinal de devoção. Mateus 2.11, onde os magos caem de joelhos em adoração a Jesus. Em Ap. 1.17, onde João cai prostrado e 5.14 e acontece o mesmo com os 24 anciãos. Menciona o Pr. Padilha que das 516 vezes que o verbo cair aparece na Bíblia tem sentido pejorativo:

a) Cair da presença de Deus:

b) cair em pecado;

c) Cair em desgraça;

d) Cair em enfermidade

e) Outras 100 vezes se refere à queda de objetos, casas e fenômenos da natureza;

f) Apenas 18 vezes tem sentido positivo, como semente caindo em boa terra.

g) Nestas dezoito ocorrências positivas, há 11 em que homens de Deus caem para frente, em sinal de reverência, nunca para trás, em toda a Bíblia.

 

Pergunta: Acredito que muitos leitores da Bíblia nunca tinham percebido tal coisa. O irmão já tinha percebido essas particularidades do verbo cair?

Resposta: Confesso que não.

 

Pergunta: Não existe uma certa tendência para os líderes que assopram sobre os crentes serem tidos como super-heróis?

Resposta: Sem dúvida que sim. As pessoas que sopram, ou ministram a queda, são apreciadas pela plateia como obreiros “super-herois”, enquanto as pessoas que caem são consideradas mais espirituais, e as que não caem vistas como menos espirituais, insensíveis e, portanto, incrédulas. Isto gera dúvidas, sectarismo e constrangimentos.

 

Pergunta: Admito que uma pessoa possa cair cheia do Espírito Santo, mas isso não deve fazer parte da liturgia, com cultos rotulados de “cair no Espírito”? Estou certo?

Resposta: Sim. Isso se torna estranho como liturgia ou habitualidade nos cultos de “cair no poder”, porque não é ensinado no NT. É finalidade vã e não se chega a um denominador comum quanto aos resultados. Paulo rejeitava esse tipo de comportamento de super heróis e dizia que o poder de Deus se aperfeiçoava na sua fraqueza (2Co. 12:9-10). Não deve haver uma nova unção (1Jo. 2.26-27) e sim uma renovação. Nova unção pressupõe outro evangelho (Gl. 1:8). Imagine que um dos articulistas da Revista Seara recomenda que quem adotar esse modismo de ‘cair no poder’ que se retire da AD.

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