MAIDUGURI — O grupo jihadista Boko Haram afirmou neste sábado ter jurado aliança ao Estado Islâmico, que domina largas partes do Iraque e da Síria, de acordo com um comunicado publicado em sua conta de Twitter.
O grupo domina partes do Norte da Nigéria e tem ganho força desde 2009. Recentemente, os jihadistas ampliaram seus ataques para países vizinhos.
Com a aliança, o Boko Haram passa ser o último de uma série de grupos terroristas a se submeter ao Estado Islâmico, que criou laços com vários grupos no Norte da África e na Península Arábica. Em novembro, o autoproclamado califa do Estado Islâmico, Abu-Bakr al-Baghdadi, aceitou também a aliança de jihadistas do Egito, Líbia, Argélia, Iêmen e Arábia Saudita. Em Janeiro, militantes do Afeganistão e do Paquistão também juraram fidelidade ao “califa”.
ATENTADOS
A promessa de união ocorreu após três explosões sacudirem o município de Maiduguri, no Noroeste da Nigéria, no pior ataque na região desde que insurgentes do Boko Haram tentaram assumir o controle da cidade, capital do estado de Borno, no fim de janeiro. De acordo com a agência AFP, ao menos 58 pessoas morreram e 139 ficaram feridas nos atentados, segundo o último balanço.
A primeira explosão aconteceu por volta das 11h20 pelo horário local (7h20 no horário de Brasília), quando uma mulher-bomba detonou seus explosivos em frente a um movimentado mercado de peixes. Uma hora depois, um outro ataque atingiu o Monday Market, conhecido mercado local. À Reuters, uma fonte militar confirmou que as duas explosões foram causadas por bombas.
— A bomba fez muitas vítimas porque foi detonada em um local que estava lotado — declarou o comerciante Jamuna Jarmi, sobre o primeiro ataque.
Kaka Shehu, comissário de Justiça do estado de Borno, também confirmou as duas explosões, acrescentando que um terceiro ataque atingiu uma estação de ônibus lotada às 13h. Ele acusou o Boko Haram de estar por trás dos atentados.
— Os terroristas estão furiosos com a forma como foram expulsos das cidades e aldeias que controlavam — comentou Shehu.
Abubakar Gamandi, que estava no local da primeira explosão, se dirigiu ao hospital de Maiduguri para ajudar a coordenar a ajuda de emergência, forneceu uma avaliação inicial de 47 mortos e 50 feridos. Dados apresentados posteriormente por Clement Adoda, chefe de polícia do estado de Borno, informam 58 mortos e 139 feridos.
A cidade de Maiduguri é considerada estratégica para o grupo terrorista Boko Haram, que deseja transformar a cidade com mais de um milhão de habitantes na capital do estado islâmico que eles pretendem estabelecer na Nigéria.
Extraído do site OGlobo em 07/03/2015