Benedito IX e os Jubileus

Dois papas, cujos ofícios estão separados por quase mil anos, têm algo em comum no que se refere à esperteza monetária – Bonifácio IX e João Paulo II.

No início do século 11, um potentado italiano possuidor de grande riqueza “comprou” o papado para cada um dos seus três filhos. O primeiro filho foi colocado no trono papal e alguns anos depois faleceu. O segundo filho foi transformado em papa e mais tarde também veio a falecer. Chegou a vez do terceiro filho, que com apenas 14 anos de idade recebeu a tremenda responsabilidade de ocupar o sagrado “trono de Pedro”, que nessa época dispunha da vida de todos os habitantes da terra. Benedito IX foi coroado no outono de 1032, tendo sido o papa mais jovem da história.

A compra do papado para um garoto de apenas 14 anos levou alguns eclesiásticos a se revoltarem e assim foi armado um complô para matá-lo. Os conspiradores resolveram executar a macabra tarefa dentro da Catedral de S. Pedro e como não podiam penetrar no palácio sem serem notados, decidiram subir em cordas, manietar o papa e em seguida estrangulá-lo. Contudo, Deus não quis permitir o hediondo crime e naquele dia aconteceu um eclipse solar, que durou duas horas e os conspiradores acabaram desistindo, por enquanto. Benedito sentiu-se ameaçado e fugiu de Roma. Voltou e vez por outro saia da cidade, sempre que sentia o cheiro de perigo rondando os escritórios petrinos.

Depois de levar uma vida depravada durante muitos anos, Benedito teve a infeliz idéia de montar um bordel dentro do próprio palácio e junto com alguns cardeais amigos de farra mandava raptar as mulheres bonitas que faziam peregrinações ao Vaticano. Por isso os maridos precisavam ficar colados às suas esposas, evitando que elas fossem seqüestradas a mando do papa. E foi então que Benedito, cansado daquela vida de libertinagem, resolveu montar um lar de verdade e ficou noivo de uma bela jovem. O pai da mesma concordou com o casamento, porém sob a condição de que ele deixasse aquele “emprego” perigoso. Benedito estava tão apaixonado que logo concordou e se dispôs a “limpar” o palácio de todos os metais preciosos, antes de abandonar seu posto. Infelizmente, porém, seus irmãos já haviam feito uma limpeza completa e Benedito descobriu que estava pobre. Mas teve uma idéia excelente. Venderia o papado e ganharia um bom dinheiro, em mais um ato de simonia católica.

Colocou-o à venda no mercado livre e logo conseguiu comprador, um cardeal responsável por algumas igrejas da cidade. Benedito estava pedindo a fabulosa soma de 1.400 libras de ouro, a qual lhe foi entregue pelo tal arcebispo, que havia amealhado enorme fortuna com a desculpa de que precisava reformar suas igrejas. O comprador recebeu o trono papal, como legítimo sucessor de Pedro, e nele se instalou com o nome de Gregório VI.

Do mesmo modo que na Idade Média, alguns papas contemporâneos têm abusado de sua autoridade para coletar enormes somas de dinheiro e satisfazer suas ambições pessoais. Pio XII, por exemplo, fez dos seus irmãos e sobrinhos príncipes italianos, usando o poder de “príncipe máximo” do Catolicismo. Um desses sobrinhos (o Príncipe G. Pacelli) foi presidente de uma grande indústria química italiana, que fabricava explosivos e anticoncepcionais, ao mesmo tempo em que “sua santidade” pregava a paz mundial e trovejava contra o controle da natalidade.

O Papa João Paulo II (JP2) inventou um “Ano Santo”, apenas 12 anos e meio após o último, ou seja um Jubileu, quando os peregrinos vão a Roma receber indulgências e encher os cofres do Vaticano. Antes o Jubileu inventado por Bonifácio VIII, em 1300, acontecia cada 100 anos. Depois era proclamado cada 50 anos. E como o dinheiro corria caudalosamente para dentro dos “cofres sagrados” durante esses eventos, os papas acharam por bem estabelecer o Jubileu no intervalo de apenas 25 anos. O último havia acontecido em 1975, portanto seria de esperar que o próximo aconteceria somente agora, no Ano 2000.

Só que o Vaticano estava em maus lençóis com o escândalo financeiro do Banco Ambrosiano-IOR (Banco do Vaticano), de onde haviam sumido nada menos de 1,4 bilhão de dólares, entre 1978-1982. O Banco da Itália estava pressionando o Vaticano para repor esse dinheiro, os bancos internacionais lesados faziam o mesmo. E foi então que o esperto JP2 descobriu um meio de conseguir essa grana bem depressa. Convocou um novo “Ano Santo” no intervalo1983-1984. O prefeito de Roma arrancou os cabelos, desesperado. Por isso foi taxado de “comunista ateu” e, mesmo com a cidade totalmente despreparada, o tal “Ano Santo” aconteceu e os cofres do Vaticano foram reabastecidos. Só não sabemos se a tal dívida foi paga porque, segundo alguns historiadores contemporâneos, o Vaticano é o maior caloteiro do universo!

Mas onde teria ido parar essa quantia fantástica? O pesquisador britânico, Avro Manhattan, dá uma pista. Nos paraísos fiscais da América Central, para financiar as guerrilhas dessa parte do Novo Mundo e da África. E principalmente na Polônia para financiar o Sindicato Solidariedade, a menina dos olhos de JP2. Uma cosia é certa. Sem esse rombo de 1,4 bilhão de dólares, o “Ano Santo” 1983-84 não teria sido proclamado. Agora chegou o novo “Ano Santo” 2000. E qual será o seu objetivo maior? Dizem os peritos em “Vaticanologia” que é transformar Jerusalém numa capital internacional, onde o Vaticano possa ditar as regras e logo, logo estabelecer a sua Igreja Mundial, com o Anticristo, o falso profeta e o dragão comandando o espetáculo.

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