Em cartaz em mais de mil salas de cinema do Brasil, o filme “50 tons de cinza”, adaptação do primeiro volume da trilogia best-seller de E. L. James, segue gerando polêmica. Em Erechim, no Rio Grande do Sul, a obra foi alvo de uma passeata na segunda-feira (16 de fevereiro) a favor da “sexualidade saudável”. A manifestação reuniu cerca de 200 pessoas e foi organizada pelo pastor Geraldino Junior, líder do grupo de jovens da Igreja Assembleia de Deus da cidade.
O pastor tem orientado fiéis a não lerem a obra e nem assistirem ao longa-metragem. “Sadomasoquismo é buscar prazer em impor sofrimento físico ou moral ao outro. Não somos contra quem assiste ao filme ou quem vai assistir. Estamos numa democracia. Somos contra a mensagem. O sadomasoquismo apresenta uma sexualidade sem amor, sem carinho. Isso que a gente quer mostrar para a juventude”, defendeu o pastor em entrevista ao G1.
Pastor Geraldino conta que a ideia para o ato, organizado em meio aos festejos de carnaval, surgiu durante um congresso no feriado. Entre outros temas, os participantes discutiram “sexualidade saudável, pureza e romance”. No fim de uma das palestras, o grupo decidiu protestar contra o sadomasoquismo como forma de satisfação sexual. Foi quando o filme da diretora Sam Taylor-Johnson virou assunto.
No entanto, segundo o pastor, não foi um ato de protesto, mas uma crítica a tanta atenção dada ao longa-metragem. “O filme mostra um masoquismo, abuso. Ela tem baixa autoestima; ele domina, manipula. E ela se sente desejada através dos presentes que ganha porque ela acredita que no final da trilogia ele vai amá-la. Mas, na vida real, não é assim. Aí entra a Lei Maria da Penha”, cita, em referência à violência doméstica.
Para o pastor Geraldino, que também é advogado, o longa-metragem deveria ser permitido somente para maiores de 18 anos. A classificação indicativa é de 16 anos. “Creio que nenhuma mãe gostaria de ver sua filha vivendo uma experiência assim. A própria atriz trouxe isso a público”, acrescenta, ao mencionar a declaração da protagonista Dakota Johnson. Em entrevista a uma revista americana, ela disse que “proibiu” os pais de a assistirem no cinema devido ao conteúdo “inapropriado”, segundo ela.
Os mais de 100 milhões de exemplares vendidos do primeiro livro da trilogia de E. L. James foram a principal motivação para Hollywood levar o best-seller pornô ao cinema. Os protagonistas da história são a ingênua estudante universitária Anastasia Steele e o milionário, sedutor e dominador Christian Grey. No filme, Grey é vivido pelo ator Jamie Dornan. A relação se transforma quando ele revela suas peculiares fantasias sexuais e faz ela assinar uma espécie de “contrato de submissão”.
“A sexualidade faz muito sucesso. A beleza humana atrai. E sexualidade é um fator biológico. Um filme com pessoas lindas e com essa temática vai, sim, atrair muitos jovens. A minha preocupação é que esse conteúdo é de fácil acesso. Uma menina de 11 anos pode pegar esse livro na biblioteca, na livraria, não há restrição. E ela pode querer praticar esses atos. Como líderes de jovens na igreja, nós temos responsabilidade sobre a juventude”, lembra pastor Geraldino.
Com uma semana em cartaz nos cinemas, “50 tons de cinza” tem dividido opiniões até no meio secular. Alguns criticam o romance de E. L. James por reforçar estereótipos e incentivar a submissão da mulher; outras fãs, porém, reclamam que a adaptação do livro para o cinema ficou supostamente “muito leve” e teria transformado a história em mais uma comédia romântica.
Extraído do site CPAD News em 17/03/2015