As Muçulmanas e a questão da virgindade

Ayaan Hirsi Ali comenta o seguinte sobre a questão:

As meninas muçulmanas costumam aprender que “uma garota com o hímen rompido é como um objeto usado”. E, uma vez usado, um objeto torna-se permanentemente imprestável. Uma moça que tenha perdido o “selo de não usada” não encontrará marido e estará condenada a terminar seus dias na casa dos pais. Além disso, quando o defloramento se dá fora do matrimônio, os familiares da moça estarão desonrados até o décimo grau de parentesco e será motivo de comentários maldosos por parte das outras famílias. Dirão que a família é conhecida por suas mulheres promiscuas que se entregam “ao primeiro homem que aparece”. Por isso, a moça é punida pela família. As punições vão desde insultos a expulsão ou ao confinamento, podendo chegar até mesmo a um casamento forçado com aquele que a deflorou ou com algum “homem generoso” disposto a encobrir a vergonha familiar. Estes podem ser muitas vezes pobres, débeis mentais, velhos, impotentes ou tudo isso ao mesmo tempo. Em casos extremes, a garota é assassinada muitas vezes pela própria família. As Nações Unidas relatam que, a cada ano, 5 mil jovens são mortas por esse motivo em países islâmicos, inclusive na Jordânia, citada com tanta frequência como um regime “liberal”.

Na tentativa de evitar esse destino cruel, as famílias muçulmanas fazem todo o possível para garantir que o hímen de suas filhas permaneça intacto até o casamento. Os métodos variam de acordo com o país, as circunstancias especificas e os meios disponíveis. Mas, em toda parte, as medidas se dirigem às jovens dotadas de hímen e não aos homens capazes de rompê-los.

Ha pouco tempo, o porta-voz do Ministério da justiça da Turquia, o professor Dogan Soyasian, declarou que todos os homens desejam casar-se com uma virgem, e que aqueles que o negam seriam hipócritas. Ainda se aconselha às jovens estupradas a se casarem com seus agressores, com o argumento de que o tempo cura todas as feridas. Ao seu tempo, a mulher aprenderá a amar quem a estuprou, e a união poderá ser muito feliz. Porém, caso a mulher tenha sido violentada por vários homens, o casamento terá menor chance de sucesso, pois seu marido a verá como uma mulher desonrada. (Nota: Isso leva muitas mulheres, em países muçulmanos, a se calarem quando estupradas. Caso denunciem o crime que elas foram acometidas, sofrem a violência duas vezes – do agressor e depois da própria família – a mulher é sempre a culpada).

No que se refere a sexualidade, a cultura islâmica vê os homens como feras terríveis, irresponsáveis e imprevisíveis, que perdem de imediato todo o autocontrole ao ver uma mulher. Isso me lembra uma experiência que tive ainda bastante jovem. Minha avó tinha um bode. Estávamos brincando na frente de casa quando, no fim da tarde, pouco antes de escurecer, todas as cabras da vizinhança voltavam para casa em uma longa procissão. Era uma visão encantadora. Mas logo que avistou as cabras, o bode de vovó galopou em sua direção e montou na primeira que conseguiu alcançar. A nós crianças, aquilo pareceu muito cruel.

Quando perguntamos à vovó o que o bode estava fazendo, ela respondeu que aquilo não era problema dela: se os vizinhos não quiserem que suas cabras fossem montadas, deveriam levá-las por outro caminho. O islã representa seus homens com aquele bode velho; quando veem uma mulher descoberta saltam imediatamente sobre ela. Isso se torna uma profecia auto realizável; um homem muçulmano não tem por que aprender a se controlar. Não é ensinado a fazê-lo. A moral sexual destina-se exclusivamente às mulheres, sempre culpadas por qualquer descuido.

(Extraído do Livro “A Virgem na Jaula”, Hirsi, Cia das Lestras, 1º Edição, Páginas 41-43)

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