As igrejas do Apocalipse e a salvação

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O Apocalipse também é repleto de citações às igrejas onde a possibilidade da perda da salvação é visível e patente. À Igreja de Éfeso, por exemplo, Jesus disse:

“Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido. Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar” (Apocalipse 2.3-5)

Os cristãos de Éfeso não eram pessoas “não-salvas”. Eles estavam perseverando na fé sem desfalecer (v.3). Contudo, isso não impediu o Senhor de ter aberto a possibilidade da apostasia a eles, dizendo-lhes que poderiam não se arrepender e que, neste caso, tiraria o seu candelabro do seu lugar, o que significaria o fim daquela igreja. Sabemos que sem arrependimento não há salvação (Lc 13.3;  At 17.30), o que deve significar que Cristo estava abrindo uma possibilidade de perda da salvação, para cristãos salvos naquele momento.

À Igreja de Pérgamo, Cristo é ainda mais claro ao dizer:

“Portanto, arrependa-se! Se não, virei em breve até você e lutarei contra eles com a espada da minha boca” (Apocalipse 2:16)

Ele não estava falando a falsos cristãos, pois tinha acabado de dizer que “você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim” (v.13). Mesmo assim, havia a possibilidade de não se arrependerem de seus pecados e de serem condenados. A linguagem figurada de Cristo sobre “lutar contra eles com a espada da minha boca” é uma alusão a Apocalipse 19:21, onde é registrado que “os demais foram mortos com a espada que saía da boca daquele que está montado no cavalo, e todas as aves se fartaram com a carne deles”. É obviamente uma linguagem de condenação, e não de salvação.

À Igreja de Tiatira, Jesus também disse:

“Dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua imoralidade sexual, mas ela não quer se arrepender. Por isso, vou fazê-la adoecer e trarei grande sofrimento aos que cometem adultério com ela, a não ser que se arrependam das obras que ela pratica” (Apocalipse 2:21,22)

Mais uma vez, aqui ele estava falando a pessoas salvas, dizendo que “conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua perseverança, e sei que você está fazendo mais agora do que no princípio” (v.19). Mesmo assim, o arrependimento é colocado como sendo condicional e a possibilidade de eles não se arrependerem dos pecados cometidos estava aberta, junto à condenação que aconteceria neste caso.

À Igreja de Sardes, Cristo diz algo semelhante:

“Lembre-se, portanto, do que você recebeu e ouviu; obedeça e arrependa-se. Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra você” (Apocalipse 3.3)

Paulo disse que Cristo viria como um ladrão para os ímpios, e não para a Igreja (1Ts 5.4-5). Jesus diz aqui que, se eles não se arrependerem, ele viria contra eles como um ladrão, significando, com isso, que eles incorreriam na mesma condenação dos ímpios, no último dia.

A possibilidade da perda da salvação estava aberta até mesmo para aquelas igrejas que estavam bem e que só receberam elogios, como a igreja da Filadélfia, que “guardou a minha palavra de exortação à perseverança” (Ap 3.10). Mesmo assim, Jesus deixou aberta a possibilidade de eles perderem a sua coroa:

“Retenha o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa” (Apocalipse 3.11)

Tudo isso nos mostra que, na visão bíblica, a perseverança nunca foi incondicional, como ensinam os calvinistas, onde “uma vez salvo está para sempre salvo”, e onde não há nada que possa fazer com que o crente perca a salvação. As cartas às sete igrejas anunciam o fato amplamente ressaltado em toda a Bíblia, de que é possível perder a salvação e que a permanência até o fim não é mais que condicional.

Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo”, cedido pela comunidade de arminianos do Facebook

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