A ceia das Bodas do Cordeiro é a expressão máxima da relação entre Cristo e Sua Igreja. É a figura do casamento, do esposo e da esposa, que aparece na Bíblia em várias passagens (Jo. 3:29; 2Co. 11:2; Ef. 5:25-33; Ap. 19:7-8; 21:1-22:7). O texto de Mateus 25 apresenta uma parábola de Jesus que retrata a história de um casamento, e que oferece dupla interpretação: uma sobre Israel e outra a respeito da Igreja.
1 – ANALOGIA CORRETA DA PARÁBOLA
Fundo histórico. Jesus ilustrou Seu ensino utilizando-se do costume oriental para o casamento. Depois de feitas as cerimônias religiosas, começava-se a celebração festiva do casamento. A festa podia prolongar-se por vários dias, dependendo das possibilidades do pai da noiva. Nos festejos noturnos, os convidados deviam sempre ter lâmpadas acesas. No caso da história de Jesus, o noivo atrasou. Os convidados deveriam estar devidamente preparados, com azeite em suas vasilhas e nas lâmpadas. Qualquer convidado sem lâmpada era considerado um estranho, e não podia entrar na festa.
Correntes de interpretação. A primeira interpretação diz que as virgens representam o remanescente judeu (144 mil) salvo no período da Grande Tribulação. A segunda distingue os dois grupos como uma representação dos crentes salvos, e dos crentes apenas nominais, no seio da Igreja, quando da vinda de Cristo. A terceira interpreta as dez virgens como um todo, e também cada crente individualmente.
Quem são as dei virgens? (Mt. 25:1). Não são dez pretendentes do esposo. Nem são dez igrejas cristãs, que competem pelo mesmo esposo. São, na verdade, os crentes individualmente, que compõem o corpo da Igreja (a esposa do Cordeiro). O número dez não tem um significado dogmático ou doutrinário, mas, sim um sentido de inteireza. Representa a noiva na sua inteireza. Jesus via a Igreja como um todo, o corpo invisível em toda a Terra (ICo. 12:12,14,27). Ele via, também, a igreja local e visível, isto é, os membros em particular.
Por que as palavras “esposo” e “esposa”? No Oriente, o noivado é tão sério quanto o casamento. Na história bíblica a mulher comprometida em noivado era chamada esposa, e apesar de não estar unida fisicamente ao noivo, ela estava obrigada à mesma fidelidade como se estivesse casada (Gn. 29:21; Dt. 22:23-24; Mt. 1:18-19). A Igreja é a esposa de Cristo porque está comprometida com Ele (Ap. 19:7; 21:9; 22:17).
2 – AS CONDIÇÕES ESPIRITUAIS DA ESPOSA (Mt. 25:2-5)
a) Duas classes de crentes: as insensatos e os cautelosos. Essas duas classes são uma realidade espiritual na Igreja de Cristo. São identificadas por Jesus como as loucas e as prudentes. As loucas representam os cristãos insensatos e alienados espiritualmente. São aqueles cristãos que não agem racionalmente na sua vida de fé, por isso não sabem o que estão fazendo. As prudentes representam os cristãos cautelosos e previdentes, que mantêm uma vida de vigilância e
b) Ingredientes indispensáveis para estar nas bodas. Aquelas virgens tinham vasilhas e lâmpadas (Mt. 25:7-9). Mas precisavam, na verdade, ter o principal elemento: o azeite. As cucas não levaram azeite em suas vasilhas, mas as prudentes sim, estavam devidamente preparadas. Aquelas virgens tinham que ter vestidos brancos de linho fino (Ap. 19:8), lavados no precioso sangue do Cordeiro (Ap. 7:14). Precisavam de calçados do Evangelho da Paz (Is. 52:7; Ef. 6:15). Tinham que ter vasilhas para o azeite (Mt. 25:4; Ef. 5:18) e o próprio azeite (Mt. 25:3-4), que é símbolo do Espírito Santo.
3- O TEMPO DAS BODAS (Mt. 25:6)
a) O sentido do clamor da meia-noite. O texto diz: “Mas à meia-noite, ouviu-se um ‘ amor” (Mt. 25:6). Que representa a meia-noite? É o tempo do clímax da esperança da Igreja. É o fim e o princípio de um tempo (dia, dispensação, era). É a hora do silêncio total, quando todos dormem. Pode ser a consumação ou princípio de um novo dia ou tempo. Não é difícil estabelecer o tempo desse evento. Ele acontecerá entre o arrebatamento da Igreja e a segunda fase da volta de Cristo à Terra. Ocorrerá, precisamente, logo após o julgamento das obras dos crentes no tribunal de Cristo, visto que em Ap. 19:8, a esposa aparece vestida de linho fino que “são as justiças dos santos”.
b) O Dia de Cristo (Fp. 1:10). Na linguagem escatológica a palavra “dia” é interpretada, literal ou figuradamente, dependendo do seu contexto. Dia pode, então, representar ano, ou seja, um dia igual a um ano, conforme se percebe na profecia de Daniel capítulo 9. Destacamos no contexto bíblico quatro dias (anos, tempos) históricos para a humanidade: o “dia do homem” (ICo. 4:3), que compreende o tempo da história da humanidade; o Dia de Cristo (Fp. 1:10), que diz respeito, especialmente, ao tempo de sete anos, nos quais a Igreja estará no céu, e simultaneamente ocorrerá na Terra a Grande Tribulação; o Dia do Senhor (ITs. 5:2), a manifestação pessoal e visível de Cristo no final da Grande Tribulação, e durará mil anos (Milênio); e, finalmente, o Dia de Deus (2Pe. 3:12-13), que é o tempo do Juízo Final e da restauração de todas as coisas, o começo do Reino eterno.
Neste estudo, o Dia de Cristo abrange três fatos escatológicos especiais, os quais são: o encontro da Igreja com Cristo nas nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17); o tribunal de Cristo (2 Co 5.10; Fp 1.10; 2 Co 1.14; Ef 5.27); e, as bodas do Cordeiro (Ap 19.7).
– CARACTERÍSTICAS DAS BODAS
a) Lugar das bodas (Ap. 19.1; 21:9). Pela ordem normal dos acontecimentos escatológicos, esse evento acontecerá no céu. Quando João declarou “ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão que dizia: Aleluia!”, ele identificou naturalmente o lugar. Alegria e triunfo pelas vitórias do Cordeiro são demonstradas, e em seguida surge a noiva do Cordeiro já glorificada, coroada e preparada para o glorioso casamento. Entendemos, então, que o céu é o lugar mais adequado para esse acontecimento extraordinário.
b) Participantes das bodas. O casamento é de Cristo com a Igreja, mas os convidados são muitos. De acordo com Dn. 12:1-3 e Is. 26:19-21, o Israel salvo da Grande Tribulação e os santos do Antigo Testamento são os convidados especiais. Devemos ter cuidado na interpretação desse evento, para não confundirmos nem misturarmos os fatos que envolvem as bodas no céu e as bodas na Terra. No céu, as bodas são da Igreja com o Cordeiro (Ap. 19:7- 9). Na Terra, as bodas envolvem Israel e o Cordeiro (Mt. 22:1-14; Lc. 14:16-24; Mt. 25:1-13).
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Pr. Elienai Cabral – REBD CPAD