“Alma Gêmea” é uma expressão relativamente nova, não constando nem mesmo nas modernas edições de muitos léxicos da Língua Portuguesa. Entretanto, está tanto em evidência em nosso meio, sendo grandemente divulgada pela mídia, que podemos afirmar que já se constitui uma verdadeira doutrina. Sim, ela já possui princípios e preceitos, elementos constituintes de uma doutrina ou credo.
Há dezenas de sites na internet dedicados exclusivamente a divulgar a crença na “Alma Gêmea”. No site de busca da “Yahoo”, por exemplo, é possível encontrar 107.000 ocorrências para a expressão “Alma Gêmea”.
Através da música, essa crença tem entrado como uma enxurrada em nosso meio e ultrapassado fronteiras dos mais diferentes grupos sociais. É aceita por católicos, aclamada por esotéricos e recebida como bem-vinda por muitos protestantes!
Ainda mantenho vivo na memória o dia em que dei oportunidade a uma jovem senhora para louvar. Assumira há pouco tempo a função pastoral em uma congregação da Assembleia de Deus. A música cantada por ela foi:
O melhor que eu tenho pra de dar
Está no próprio coração
Quero sempre estar do teu lado Inverno e verão
Você é pra mim
Um presente de Deus
E o nosso amor nunca vai acabar
É pra você essa nossa canção
Preciso tanto de você
Você completa a minha vida E quando a noite vence o dia
Você me leva pra casa Preciso tanto de você Minha Alma Gêmea
Quero estar com você
Por toda a vida
Até então essa fora a primeira alusão a “Alma Gêmea” que ouvi dentro de um templo. Naquele momento eu e minha esposa trocamos alguns olhares. Ficamos certos de que não estávamos apenas diante de um novo modismo, mas diante de um “Fogo Estranho” (Lv 10.1,2). Sim, já disse que o conceito de “Alma Gêmea” forma uma doutrina, e quero completar o meu pensamento — uma doutrina esotérica. Muita gente não sabe, mas a crença na “Alma Gêmea” é ocultista, e como tal, divulga conceitos contrários à Palavra de Deus. Estão associados, por exemplo, à crença na “Alma Gêmea” conceitos reencarnacionistas, a crença no destino (fatalismo), conceitos gnósticos e até mesmo é defendido o contato com demônios.
Observemos o que diz os adeptos dessa crença nos sites da internet:
FATALISMO
“Nunca acreditei em Alma Gêmea’ até encontrar a minha. Quando o conheci, não achei que fosse sério. Quatro anos depois, é fascinante sentir a mesma emoção dos primeiros encontros. Isso só pode ser o destino. ”
“Cheguei a pensar que esta história de Alma Gêmea’ não passava de ilusão; hoje acredito que o destino me preservou.
O cristão não possui destino, ele vive dentro do propósito de Deus e é guiado pelo Espírito Santo (Rm 8.14). Para ele não há fatalismo nem determinismo (Rm 8.28; Pv 16.1). A escolha de um esposo ou esposa para o cristão não é uma sina do destino, mas fruto da graça de Deus (Pv 18.22).
ESOTERISMO
“Acreditar em Alma Gêmea’ com certeza requer muita disposição para conhecer um pouco mais sobre tudo o que o mundo esotérico tem a oferecer.”
O mundo esotérico segundo a Palavra de Deus é povoado por “espíritos enganadores” (1 Tm 4.1; Ef 2.2)
REENCARNAÇÃO
“O amor das Almas Gêmeas subsiste em outros planos e em outras vidas.”
“Acredito que por mais que você se ache incapaz de se casar, ou viver com uma pessoa que o ame de verdade e que você também a ame, todos os seres humanos têm sua Alma Gêmea’, e que irá encontrá-la um dia, portanto, pode ser uma busca fácil, ou talvez demorar até não uma vida, mas várias. ”6
A reencarnação é uma doutrina espírita, contrária a Palavra de Deus (Hb 9.27). Apesar dos esforços de muitos psicólogos em querer tornar “científica” essa crença, não há como negar que a mesma é uma herança do antigo ocultismo do “mundo ideal” de Platão. Platão, filósofo grego, acreditava que nós éramos cópias imperfeitas, a qual ele denominou de simulacro, de uma original perfeita que existia em um plano superior. No site www.tarotdoor.com.br, encontramos de uma forma sistematizada essa tentativa de tornar parte das ciências empíricas essa crença:
“A problemática afetiva é o principal motivo por que as pessoas me procuram, foi por isso que decidi falar então sobre a Alma Gêmea’. Segundo a teoria de interpretação dos símbolos da psicologia junguiana, poderíamos dizer que o símbolo Alma Gêmea’, representa o arquétipo da afetividade de nosso tempo, portanto, é o arquétipo da nossa ‘Cara Metade.’”7
Essa tentativa de associar a crença na Alma Gêmea’ à teoria dos arquétipos de Carl C. Jung, é apenas para lhe dar uma roupagem científica. Mas em que acreditava o psiquiatra Carl C. Jung? Dave Hunt, famoso apologista evangélico norte americano, responde em seu livro A Sedução do Cristianismo:
Acreditava que as imagens formadas na mente eram tão reais quanto àquelas produzidas por objetos externos. Profundamente envolvido com o ocultismo, chegando a participar de sessões mediúnicas para comunicação com mortos, Jung explicou que os “fantasmas” que viu em mais de uma ocasião eram “exteriorizações” de imagens arquétipas de sua própria mente e que se originavam na psique mais profunda da raça humana (p. 143).8
Concluindo diz Hunt: Recusando-se a crer num mundo espiritual real onde há demônios e anjos, os psicólogos fazem jogos mentais com imagens visuais que os crentes, mais tarde, tomam por algo “científico”, alheios ao fato de estarem se expondo a espíritos demoníacos.
Não, não existe “Alma Gêmea”. O que existe é mais um modismo esotérico e uma doutrina de demônios com o propósito, de se possível, enganar os próprios eleitos (1 Tm 4.1).
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Fonte: Livro – Heresias e Modismos – Uma análise crítica das sutilezas de Satanás, Esequias Soares, CPAD, 2006.