Algumas Doutrinas – Distintivas, mas Dúbias
Algumas das doutrinas mais características da igreja mórmon não são encontradas no Livro do Mórmon mas em alguns outros escritos deles. Neste capítulo discutiremos a visão que os mórmons têm do casamento múltiplo, do inferno, do batismo pelos mortos, dos três céus, da preexistência e dos negros.
Poligamia
No princípio, Deus deu a Adão uma esposa. (Veja Gênesis 2:18-25.) Aqui, de novo, não estamos lidando com especulações ou teorias, mas com fato bíblico.
Deus instituiu o casamento: uma esposa para cada homem. Depois de o pecado ter começado a escurecer o coração do homem, muitas vezes ele tomou mais de uma esposa. A maioria das vezes, isto contribuiu para o seu pesar e também para o pesar de Deus.
Sob a graça do Novo Testamento Deus definitivamente limitou o homem a uma única esposa. Qualquer outra coisa seria adultério. “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar” (1 Timóteo 3:2).
Deus não teve e também não tem um padrão para os bispos (pastores) e outro para os crentes. Isto meramente significa que o bispo devia ser um cristão provado e praticante, esposo de uma só mulher.
O Livro de Mórmon concorda com a Bíblia quanto a este assunto: “Eis que Davi e Salomão, realmente, tiveram muitas mulheres e concubinas, o que foi abominável diante de mim, diz o Senhor” (Jacó 2:24). Jacó 3:5 também afirma que o mandamento do Senhor era que o homem possuísse uma só mulher. Entretanto, o profeta José Smith mais tarde teve uma revelação, registrada em Doutrina e Convênios 132:4. “Pois eis que eu te revelo um novo e eterno [observe esta palavra!] convênio; e se não o obedeceres, então serás condenado.”
Smith então prosseguiu elaborando sobre a doutrina de o homem ter permissão para possuir mais de uma mulher. De fato, se o homem não guardasse essa aliança seria amaldiçoado. Smith prosseguiu dizendo em Doutrina e Convênios 132:38,39 que Deus havia, de fato, dado a Davi e a Salomão suas mulheres. Finalmente, José Smith conclui que o Senhor justificara seus servos Davi e Salomão por terem muitas esposas!
Ora, José Smith recebeu esta revelação mui conveniente no dia 12 de julho de 1843. Ele foi morto em 1844. Vários escritores mórmons afirmam que Smith tinha cerca de 48 esposas. Até mesmo uma posição mais caridosa dificilmente poderia evitar a implicação forte de que José Smtih vivia em adultério muito antes de ter tido sua “revelação”.
É interessante notar que incluso na revelação de José Smith existia uma admoestação para Emma Smith, sua esposa, no sentido de receber as outras esposas. Observe também o tempo verbal. “Receba todas as que foram dadas ao meu servo José…” (Doutrina e Convênios 132:52).
Esta doutrina era contrária à lei do país, e foi responsável por grande parte da perseguição sofrida pelos mórmons.
Talvez em uma tentativa de apoiar a revelação de José Smith, outros líderes mórmons foram até ao ponto de tentar tornar válida esta doutrina. Ao falar do casamento em Caná, Orson Hyde afirma que Jesus Cristo foi casado em Caná de Galiléia; Maria, Marta e outras eram suas mulheres.[1] Isto é ridículo, para não dizer blasfemo. Obviamente o Criador eterno, que Jesus é, não se casaria com a criatura. Em João 2:2 o relato nos diz que Jesus “também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento”. Não é costume a pessoa receber convite para seu próprio casamento. Em João 2:8-10 o noivo e não Jesus, recebe os cumprimentos do mestre-sala pela qualidade do vinho. O mestre-sala não tinha consciência do milagre que Jesus acabara de fazer. Orson Pratt, outro líder mórmon, em Seer (Vidente), página 159 afirmou que Jesus tinha esposas.
Este ensinamento polígamo dos mórmons é mais uma indicação de que os mórmons crêem em um Cristo totalmente diferente do que é ensinado na Bíblia. É outro Cristo. Outro Jesus ou um Cristo falso, admoesta a Bíblia, não pode jamais salvar, não importa quão sinceramente a pessoa o aceite. O Cristo não-eterno dos mórmons que teve de “atingir” a estatura de Deus, que era polígamo, e como também ensinam os mórmons, um ser criado e irmão do diabo, não pode salvar a ninguém. O nome pode ser o mesmo, os termos que os mórmons usam podem ser similares, mas a pessoa é inteiramente outra.
Os mórmons apegaram-se tenazmente à doutrina da poligamia como desposada por seu profeta José Smith até que a pressão da lei tornou-se tão grande que tiveram de desistir da prática. O presidente Wilford Woodruff obteve uma “revelação” conveniente de Deus a tempo de evitar a pressão sempre crescente do governo e a perseguição contra a poligamia. No dia 25 de setembro de 1890, proclamou um manifesto declarando as intenções dos mórmons de obedecer às leis do país quanto ao ter uma única esposa. Os mórmons deram sua palavra de honra que iam guardar essa lei, mas muitos dos líderes mórmons mais tarde admitiram em público que haviam quebrado o voto e tomado outras esposas.
Os mórmons estão num dilema. Brigham Young, o profeta mórmon inspirado disse: “Os únicos homens que se tornam deuses, até mesmo filhos de Deus, são os que aceitam a poligamia.” (2) José Smith havia dito que os que não aceitassem totalmente esta doutrina seriam amaldiçoados. O Livro de Mórmon diz uma única esposa, qualquer outra coisa seria abominação para Deus. O presidente Woodruff disse que Deus lhe havia dito (decida você mesmo se, por revelação como ele afirmava, ou pela pressão do governo) que a aliança eterna estava anulada! De volta à uma esposa!
Parece-nos que no que respeita ao casamento múltiplo os mórmons estão perdidos se o praticam e se não o praticam. Lembre-se, pro favor, Deus disse não ser autor de confusão.
É um tanto difícil compreender como, se a revelação de José Smith era eterna, poderia ela ser anulada, ainda que temporariamente. Isto não torna a palavra “eterna” quase vazia de sentido?
Inferno
Jesus Cristo ensinou muito acerca do inferno. Das 24 vezes que o inferno “e mencionado no Novo Testamento, em 22 destas, Jesus, o amante de nossas almas, é o porta-voz. Sua descrição do hades em Lucas 16 é bastante gráfica.
Jesus falou de um homem chamado Lázaro que morreu e foi “levado para o seio de Abraão”. Certo homem rico, neste relato real, também morreu e foi para o inferno. Não faz nenhuma diferença, quer concordemos ou não, que haja inferno, no que concerne à verdade deste relato. Jesus não mente e ele disse haver um inferno eterno para os perdidos. A Bíblia, clara e definitivamente ensina que há inferno, e descreve sua forma final em Apocalipse 20:15: “E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago do fogo.”
O Livro de Mórmon concorda, bem de perto, com a Bíblia, acerca do inferno. “E a outros ele [o diabo] lisonjeia, dizendo que não há inferno; e diz-lhes: Eu não sou diabo; ele não existe; e isso ele lhes sussurra aos ouvidos, até os agarrar com suas terríveis correntes, das quais não há libertação. Sim, são agarrados pela morte e inferno; e a morte, o inferno, o diabo e todos os que foram seduzidos por ele, deverão apresentar-se diante do trono de Deus e ser julgados pelas suas obras; daí deverão ir para o lugar preparado para eles, um lago de fogo e enxofre, que é tormento sem fim” (2 Nefi 28:22, 23).
A despeito destas declarações claras de Bíblia e do Livro de Mórmon, John A. Widtsoe, escritor e autoridade mórmon notável e também apóstolo, afirma: “Na igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, não há inferno…” (3)
Outras autoridades mórmons ensinam que o inferno não é eterno; terá um fim — uma espécie de purgatório limitado para o perdido de uns mil anos ou mais. Em nossa tentativa de pesquisar o que os mórmons ensinam sobre o inferno fomos desde os apóstolos, mestres e livros inspirados que ensinam o inferno sem fim até outros que ensinam um inferno limitado, e ainda outros que ensinam não existir inferno de jeito nenhum. Assim como acontece com muitas outras crenças mórmons, os líderes mórmons, seus livros e os membros de suas igrejas estão deseperançadamente divididos e parecem não saber no que realmente crêem.
Se você pensa ser este um exagero injusto, verifique os escritos de 10 ou mais apóstolos mórmons sobre o inferno, leia acerca do inferno em três livros mórmons inspirados, depois pergunte a dez mórmons dedicados o que crêem acerca do inferno.
Alguns líderes mórmons, numa tentativa de evadir ao terrível horror do inferno, tentam eliminá-lo explicando que qualquer castigo de Deus é eterno porque Deus é eterno. Portanto, um único momento de castigo de Deus pareceria um eternidade. Da mesma forma, entretanto, não gostam de considerar que a bênção de um minuto seria o mesmo dele uma benção eterna? . Duraria o céu somente um minuto? Jesus disse: “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna” (Mateus 25:46). Deu ele indicação de que a vida eterna e o céu são temporários e passageiros? Se as bênçãos eternas de Deus são para sempre, também o são seus castigos eternos.
A mesma palavra grega aionios, usada para descrever a continuação eterna do inferno é também usada para descrever a eterna continuação de Deus e da continuação eterna do céu! De modo que se Deus é eterno ou para sempre, e se o céu é eterno, então o inferno também o é.
E quando a Bíblia se refere à “segunda morte” (Apocalipse 2:11; 20:14), ao falar dos que vão para o inferno, não significa que cessem de existir. Apocalipse 14:11 e numerosos outros versículos dizem-nos acerca da angústia e tormento eternos dos que estão no inferno. Quando Deus diz que todos os homens estão “mortos nos seus delitos e pecados” (Efésios 2:1) antes de, pessoalmente, virem a Cristo ele não quer dizer que cessem de existir. Embora sintam, pensem, comam e respirem, etc., Deus diz estarem mortos. “Mortos”, nestes exemplos, como “perecer” e “destruir”, refere-se não à perda do ser, mas à perda do bem-estar; não significa extinção, mas ruína.
Lemos no Livro de Mórmon: “Porque, se protelardes o dia do vosso arrependimento para o dia da vossa morte, eis que vos tereis submetido ao espírito do diabo, que vos selará como coisa sua; portanto, o Espírito do Senhor se apartou de vós e não tem lugar em vós, ao passo que a diabo terá sobre vós toda a força; é este o estado final dos ímpios” (Alma 34:35).
Tanto a Bíblia como o Livro de Mórmon ensinam um inferno eterno. Quando os escritores e apóstolos mórmons negam a existência do inferno eterno, entram em completa contradição com a Bíblia e com o Livro de Mórmon.
Batismo
Se o estado final dos ímpios é selado com o diabo no inferno, como ensina o Livro de Mórmon, parece fútil que os mórmons sejam batizados como substitutos daqueles que já morreram.
Os mórmons crêem que o batismo é essencial para a salvação. Os que nunca ouviram o evangelho ou nunca foram batizados, ou viveram e morreram antes de o evangelho ser restaurado, não podem salvar-se a menos que alguém seja batizado por eles. Essa doutrina não foi ensinada no Livro de Mórmon mas é resultado de revelações posteriores de José Smith. Relatos dela são encontrados em Doutrina e Convênios, seções 124 e 128.
Em toda Bíblia, que cobre muitos séculos, não há um único mandamento pelo qual devamos ser batizados pelos mortos por procuração. Em Doutrina e Convênios 128:16, José Smith refere-se a 1 Coríntios 15:29 como apoio à sua doutrina do batismo pelos mortos: “Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?” Eis aqui um exemplo de como os mórmons usam um versículo fora de seu contexto.
O assunto da passagem de 1 Coríntios é a ressureição, não o batismo. O capítulo 15 de 1 Coríntios dá-nos uma linda figura da ressurreição de Cristo e de nossa própria ressurreição se formos cristãos. (A ressurreição dos ímpios é tratada em outros lugares, como Apocalipse 20.) Paulo está respondendo a muitas questões acerca da ressurreição. Diz ele que até os pagãos que se batizam por seus mortos fazem isto por crerem haver uma ressurreição dos mortos. “Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?” (Os itálicos são do autor.) Esses comentários não o identificam ou a qualquer outro cristão com os que se batizam por causa dos mortos. Ele simplesmente reconhece o fato de que até os pagãos crêem na ressurreição dos mortos; quanto mais deveriam os cristãos.
Conhecemos dois grupos pagãos da época de Paulo que batizavam por causa dos mortos, os ceríntios (não coríntios!) e os marcionitas. Nem os cristãos daquele tempo nem os de agora batizam por causa dos mortos. Esta única referência ao batismo por causa dos mortos são beneficiados ou salvos por esse batismo. Paulo usou isto como ilustração.
A Bíblia ensina, sem sombra de erro, que não há oportunidade alguma de os homens serem salvos depois da morte. Na morte o destino dos perdidos é selado imediatamente e para sempre, de uma vez por todas. É por isso que os missionários da cruz saem com tanta urgência em obediência ao mandamento de Cristo. É por isso que se sacrificam e morrem, para que os outros possam ouvir o evangelho. De que adiantaria isso, se depois que os perdidos morressem, o próprio Cristo lhes fosse pregar o evangelho?
Como missionário no Alasca, enfrentei ameaças de morte; vi minha linda filhinha doente com febre reumática enquanto vivíamos numa cabana terriágua corrente. Sofri a agonia de meus filhos e vi minha adorável esposa lutando por sua saúde à medida que tentávamos levar o evangelho aos perdidos. Entretanto o que sofremos, quando comparado com o que outros santos missionários suportam a vida inteira, não por algumas semanas ou alguns rápidos anos, por Jesus Cristo e por seu evangelho precioso, foi algo de pouca importância. Esses missionários estão dispostos a enterrar suas vidas, ambições e deixar suas famílias para arriscar a dureza e morte; tudo isso porque sabem que os homens estão perdidos sem Cristo! Essas pessoas perdidas não têm esperança se não puderem ser alcançadas enquanto estiverem vivas!
Não há oportunidade depois da morte. “Eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação” (veja 2 Coríntios 6:2). “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hebreus 9:27). Não há salvação para os que estão sem Cristo: “Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavía, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3:36).
Todos os homens serão ressuscitados: os salvos para a vida, a vida eterna (veja João 6:40) e os não-salvos para a condenação (veja João 5:29; Apocalipse 20:3-6). Apocalipse 20:15 acrescenta a palavra final acerca dos não-salvos: “E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.”
Céu
Em Doutrina e Convênios 76, José Smith ensina que há três céus ou três graus de glória. O primeiro céu é a glória teleste para onde até mesmo os incrédulos vão. O segundo céu, ou o céu terreste é para as pessoas boas e religiosas que não são mórmons, e também para os mórmons que não preencheram os requisitos de sua igreja para a glória celeste. O terceiro céu é a glória celeste que é somente para os mórmons!
Biblicamente, os mórmons tenteam basear esta doutrina em 1 Coríntios 15:35-54. Parte desta passagem diz: “Nem toda a carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestes; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, outra a glória dos terrestres. Uma é a glória sol, outra a glória da lua, e outra a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor” (1 Coríntios 15:39-41).
Nesta passagem gloriosa sobre a ressurreição, o assunto definitivamente é corpos, não céu ou céus de per se. Nos versículos 35-38, Paulo usa o grão como ilustração da diferença de nossos corpos depois da ressureição. Então ilustra seu ponto fazendo referência à carne diferente dos homens, dos animais, dos peixes e das aves (v.39). Depois ele se refere à diferença dos corpos humanos e possivelmente dos corpos angelicais ou celestiais (v.40). Finalmente, refer-se ele à diferente glória do sol, da lua e das estrelas em seus tipos de glória individuais que se podem identificar pessoalmente (v.41).
Então no versículo 43 Paulo diz que nossos corpos terrestres, que morrem e se decompõem, são diferentes de nossos corpos ressurretos. Nossos corpos de ressurreição são glorificados; ainda assim retêm sua identidade humana e pessoal. Aqui Paulo simplesmente dá ênfase ao fato que há uma grande diferença entre a glória dos corpos celestes e dos corpos terrestres. “Uma é a glória do sol, outra a glória da lua, e outra das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor” (v.41). O assunto ainda é corpos ressurretos, e não três diferentes céus.
Agora Paulo volta ao ponto de sua ilustração no versículo 42: “Pois assim também é a ressurreição, dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.” A diferença principal de glória da qual fala Paulo é a diferença entre o corpo que agora possuímos, nosso corpo natural, e, se somos cristãos, o corpo glorioso, ressurreto e espiritual que teremos.
Repito, o assunto desta passagem é corpos, não céus. Esta passagem não ensina três céus como José Smith e os mórmons afirmam. O contexto não dá apoio algum a tal alegação. Deveras, o mesmo contexto fala acerca de diferenças de glória entre estrela e estrela. Para serem consistentes, então, os mórmons deviam ensinar a existência de milhões de céus e graus de glória diferentes, porque há milhões de estrelas que diferem umas das outras em glória.
Marvin Cowan, missionário aos mórmons diz: “Paulo menciona quatro tipos de carne. Este versículo ensina que há quatro céus? Esse raciocínio é tão válido quanto o que os Santos dos Últimos Días fazem com os próximos dois versículos.”[4]
O ladrão na cruz clamou a Jesus e foi salvo instantaneamente e teve a segurança de que nesse mesmo dia estaria com Cristo no paraíso. Paulo, o missionário mais poderoso que este mundo já conheceu, um tremendo apóstolo, e um dos santos mediante os quais Deus deu sua Palavra,foi levado ao terceiro céu. (Segundo os mórmons, esse é o céu mais alto que existe.) Adivinhe quem já estava lá? É isso mesmo, o ladrão que não fora batizado, não tivera boas obras, trabalho no templo ou qualquer tipo de religião que o recomendasse! Ele fora salvo pelo sangue do Senhor Jesus Cristo. Ele foi salvo instantâneamente e para sempre porque, crendo, clamou a Jesus Cristo e seus pecados foram lavados e sua natureza mudada por Jesus. A prova? O terceiro céu é também chamado paraíso! Leia-o você mesmo! “Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos foi arrebatado até ao terceiro céu, se no corpo ou fora do corpo. não sei, Deus o sabe. E sei que o tal homem, se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe, foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir” (2 Coríntios 12:2-4; itálicos do autor).
Isto contradiz clara e totalmente o que os mórmons ensinam acerca do céu e de como lá chegar. Paulo continua a revelar nesta passagem que foi ele mesmo quem for arrebatado ao paraíso, ao terceiro céu, para onde Jesus levou o ladrão salvo.
Na verdade, há somente um céu de Deus. Tanto a Escritura como o uso hebraico, referem-se a três céus: o primeiro céu é o das nuvens, o segundo é o do sol, da lua e das estrelas e o terceiro é o único céu de Deus.
O céu das nuvens e da atmosfera. “O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo” (Deuteronômio 28:12). “Que cobre de nuvens os céus, prepara a chuva para a terra” (Salmo 147:8).
O céu do sol, da lua e das estrelas. Gênesis 1:17 fala do sol e da lua: “E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra.”
O céu de Deus. “Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono”(Isaías 66:1).
Não existe nenhuma indicação em toda a Bíblia de haver mais de um céu de Deus. Pelo contrário, considere isto: “E quando eu for, e vos preparar lugar [somente um, não três], voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou estejáis vós também” (João 14:3). Jesus fala aqui a todos os cristãos e assegura-lhes que voltará para todos e que todos estarão com ele (e certamente que Jesus estará no “céu mais alto”, o único céu de Deus) em um lugar para sempre!
“E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu” (Marcos 13:27).
“Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4:16,17).
Há um único céu, e um único inferno, e vamos para um ou para o outro, dependendo de nossa atitude para com Jesus Cristo.
Preexistência
Embora esta, do ponto de vista dos mórmons, seja um doutrina complicada, desejamos mencionar somente alguns fatos simples.
Basicamente, os mórmons ensinam que os homens eram inteligências que existiam eternamente, então entraram os homens no mundo dos espíritos pré- -mortais, pelo nascimento, quando Deus teve relações sexuais com uma de suas esposas.[5] Estranho como pareça, este Deus que os mórmons acreditam ter corpo de carne e ossos, teve filhos que são somente espíritos.
Versículos tais como Jeremias 1:5 são tomados, pelos mórmons, para apoiar a doutrina de que existíamos como espírito antes de nascermos como seres humanos: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações.”
Como é de esperar, uma superestrutura tremenda foi construída sobre este fundamento excessivamente fraco e ambíguo.
Uma senhora mórmon esposa de um líder mórmon local, um tanto perturbada por causa de alguns fatos que eu lhe estivera apresentando, telefonou algumas noites atrás e se referiu a esse texto. “Não prova isto que existíamos antes de termos nascido, se Deus nos conhecia antes de termos sido formados no ventre?” –perguntou ela.
Absolutamente não! Da mesma forma que Mateus 7:23 “Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” não prova que existam pessoas das quais Deus não tenha conhecimento.
Há duas possibilidades. Não sabemos o momento exato em que a vida entra no feto. Esta passagem de Jeremias pode referir-se tempo antes de o feto ser completamente desenvolvido no ventre materno, mas ainda assim tem vida. A segunda possibilidade, e do meu ponto de vista, a mais plausível: esta passagem simplesmente fala do conhecimento eterno de Deus. Certamente, os mórmons não crêem que Jeremias, na realidade, tivesse sido ordenado como profeta no mundo dos espíritos antes de ter um corpo! Mas se afirmamos que Deus literalmente conhecia Jeremias antes de ele ter nascido, para sermos consistentes devemos também literalmente aceitar o que Deus disse acerca de o ter ordenado como profeta antes de ele ter recebido um corpo, enquanto ainda estava no mundo para os mórmons é que este versículo não somente diz que Deus conhecia Jeremias e o havia ordenado como profeta antes de ter sido formado no ventre materno, mas também o santificara. Para os mórmons, toda esta vida é um período de provação, mas esta interpretação indicaria que Jeremias teria sido perfeito antes de nascer!
Agora examine atentamente Atos 15:18: ” O Senhor que faz estas cousas conhecidas desde séculos” Isto se refere ao conhecimento que Deus tem de todas as coisas. Certamente não significa que suas obras existissem antes de ele as ter formado! Se Deus conhecia suas obras desde o princípio do mundo, isso certamente inclui a Terra. Não significa que a Terra existisse antes de ele a ter formado! Jeremias é uma das obras de Deus. Certamente não significa que Jeremias existisse antes de ter nascido. As obras de Deus incluíram a criação de Adão. Enfaticamente, não significa que Adão existisse antes de ter sido criado assim como também não significa que a Terra existisse antes de ter sido formada. Romanos 8:28-30 esclarece o maravilhoso pré-conhecimento de Deus, sem o qual ele não seria Deus, e toda nossa segurança para a eternidade seria desfeita.
Deus disse em Gênesis 2:7: “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” Foi aí qua a vida do homem começou. Ele não tinha vida antes, em lugar algum e em tempo algum, Verifique que Deus não colocou em Adão um dos seus filhos espíritos preexistentes que só existem na literatura mórmon. O homem obteve a vida pela primeira vez diretamente de Deus.
Os Negros
A posição mutável dos mórmons acerca dos negros na igreja é ainda outra contradição que grandemente enfraquece a validade da “única igreja verdadeira”.
Em junho de 1978, o presidente Spencer Kimball anunciou que por divina revelação a igreja mórmon está livre para aceitar os pretos em seu sacerdócio. Entretanto por muitos anos não fora esta a posição da igreja. Segundo a doutrina mórmon, por causa de algum pecado preexistente, os negros foram amaldiçoados com a pele preta. Esta maldição foi perpetuada mediante Ham. Por causa disso o negro para sempre (segundo alguns livros e algumas autoridades mórmons) não poderia receber o sacerdócio, nem o céu mais alto, etc.
O escritor mórmon Arthur M. Richardson, declara: “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não foi chamada a levar o evangelho aos pretos, e não o faz.”[6] O ponto de vista de Richardson claramente contradiz Marcos 16:15: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”; (pretos, vermelhos, brancos ou qualquer outra cor). Também contradiz o Livro de Mórmon 2 Nefi 26:28: “Eis que ordenou o Senhor a alguém que não participasse de sua bondade? Eis que vos digo, que não, mas todos os homens têm o mesmo privilégio e a nenhum foi verdade” (itálicos do autor).
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Notas
[1] Orson Hyde, Journal of Discourses, vol.2, p.210.
[2] Brigham Young, Journal of Discourses, vol.11, p.269. (Veja também vol.3, p.266.)
[3] John A. Widtsoe, Evidences and Reconciliation (Salt Lake city: Bookcraft, 1960), p.216.
[4] Marvin E. Cowan, Mormon Claims Answered, p.101.
[5] Milton R. Hunter, Gospel Through the Ages (Salt Lake Ctiy: Deseret Books, 1945), pp.98, 126-129.
[6] Arthur M. Richardson, That Ye May Not Be Deceived, p.13. Citado por Tanner, Mormonism, Shadow or Reality, p.274.
Extraído do livro “A Ilusão Mórmon”, Editora Vida