O padre católico André Carbonera em um artigo denominado de Pascoladas declara algo que vai mais além do que uma crítica aos evangélicos em decorrência da nossa posição bíblica com relação aos títulos e honrarias que os católicos tributam a Maria.
Muitos afirmam crer em Jesus, mas têm ódio da Mãe do mesmo Jesus… Ah, eu adoro Jesus! Tenho Jesus no meu coração. Jesus é meu tudo. Entretanto, desconhecem, negam, rejeitam e insultam a Mãe deJesus… em nosso peregrinar terráqueo, quanto mais pistolões houver, melhor! Por que jogar fora, então, aqueles que pedem e rezam por nós, bem pertinho de Deus e de Jesus, como Maria e os Santos? Seria uma inútil auto-suficiência e uma enorme burrice…!
Primeiramente deixamos claro que não odiamos Maria, mãe de Jesus. Só queremos vê-la no seu próprio lugar indicado na Bíblia. Como poderíamos odiar Maria? E uma acusação sem fundamento. Em toda a literatura evangélica sobre a identidade de Maria não pode ser encontrado algo que possa justificar essa acusação tão absurda. Amamos Maria como a mãe de Jesus como apresentada na Bíblia.
Para desfazer esse equívoco, nada melhor do que apresentar o que a Bíblia realmente fala de Maria e depois confrontar com a posição católica sobre Maria.
Para esse confronto vamos examinar o livro “Glórias de Maria” de S. Afonso de Ligório, doutor da Igreja e fundador da congregação do Santíssimo Redentor. O nome da editora é Editora Santuário, de Aparecida, onde se situa o Santuário da Conceição Aparecida. Os editores informam que o livro é uma das obras mais conhecidas do santo doutor. Um livro que, em 237 anos, teve 800 edições, ainda que marcado pelo tempo, não precisa de justificativas para ser reeditado. Abordando o valor do livro o tradutor assim se pronuncia: Com as Glórias de Maria ergueu Afonso um perene monumento de seu terno a vivíssimo amor a Mãe de Deus (“Glórias de Maria”. S. Afonso de Ligório, Editora Santuário – Aparecida – SP, p. 13).
Diz ainda o tradutor: São freqüentes no presente livro as referências e Revelações. Que pensar sobre tais Revelações? Tais Revelações feitas por Deus mesmo, ou por meio de anjos e santos, são possíveis, são reais, e sempre existiram na Igreja. Pertencem à categoria das graças extraordinárias de Deus (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário, Aparecida – SP, p. 15).
Não pode ser alegado, pois, que se trata de obra não reconhecida pela Igreja Católica Romana.
Nesse confronto verificamos que os títulos e honrarias prestados a Jesus na Bíblia são transferidos a Maria, colocando-a, em diversas oportunidades, como alguém que se deve recorrer, de preferência, à pessoa augusta e soberana de nosso Senhor Jesus Cristo.
Maria é deusa para os católicos?
Os católicos manifestam seu sentimento de profunda tristeza quando afirmamos que Maria é reconhecida como deusa no catolicismo. Dizem que não estamos sendo honestos nessa declaração, mas os fatos falam por si mesmos. O livro “Glórias de Maria” atribui a Maria toda a honra e toda a glória que a Bíblia confere ao Senhor Jesus Cristo. Chama Maria de onipotente e por outros atributos divinos.
Sois onipotente, ó Maria, visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis. Os pecadores só por intercessão de Maria obtêm o perdão. Ó, mãe de Deus, vossa proteção traz a imortalidade; vossa intercessão, a vida. Em vós, Senhora, tenho colocado toda a minha esperança e de vós espero minha salvação, …Maria é toda a esperança de nossa salvação, …acolhei-nos sob a vossa proteção se salvos nos quereis ver pois só por vosso intermédio esperamos a salvação (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário – Aparecida – SP, edição de 1989, pp. 76-77,147).
Pedro recomenda: Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém (2 Pe 3.18). Quando conhecemos melhor o Jesus da Bíblia não podemos concordar com os títulos e honrarias que se prestam a Maria, pois acreditamos que nem mesmo Maria aceitaria a transferência para ela das honras que são exclusivas ao seu Filho – nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Posição de Maria na Bíblia
Maria procurou interferir na obra salvífica de Jesus por três vezes durante o seu ministério. A primeira vez que Maria assim o fez foi quando Jesus visitou o templo, na idade de 12 anos. E quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos. E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? (Lc 2.48-49).
Na segunda vez foi na festa de casamento, em Caná da Galiléia: E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher; que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora (Jo 2.3-4).
E a terceira vez foi em Cafarnaum, quando Jesus estava pregando: Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando de fora, mandaram-no chamar. E a multidão assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Portanto qualquer que fizera vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha mãe (Mc 3.31-35).
Mesmo quando Jesus foi interrompido no seu discurso por uma mulher que elogiava Maria por lhe ter amamentado e lhe dado à luz, Jesus não elogiou a mulher: Disse a mulher: Bem aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste! Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam (Lc 11.27-28). Jesus assim falando, afirmou que existe mais bem-aventurança em ouvir a Palavra de Deus e guardá-la do que ter sido filho de Maria.
Em outras ocasiões mencionadas na Bíblia onde Maria aparece, notamos o seguinte:
1. Maria, ao receber a notícia que seria mãe do Salvador, se pronunciou como necessitada de um Salvador: Disse, então, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador (Lc 1.46-47).
2. Quando os magos visitaram Jesus, na sua infância, dirigiram-se a Jesus e não a Maria. E o que lemos em Mateus 2.11: E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Como se vê, os magos não adoraram Maria, mas adoraram Jesus.
3. A última referência bíblica a Maria é a que se vê em Atos 1.14 quando ela se encontrava em oração com os demais seguidores de Jesus: Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos. Fora isso, nada mais se lê no livro de Atos sobre Maria, assim como em todo o restante do Novo Testamento.
Títulos e Honrarias
Existem cerca de 150 títulos dados a Jesus Cristo na Bíblia e que os cristãos precisam conhecer. Se não todos, pelo menos alguns deles devem ser conhecidos. Certamente isso evitará que aceitemos que os títulos atribuídos a Jesus sejam passados para Maria, sua mãe.
Confronto entre a Posição de Maria na Igreja Católica Romana e a Posição Bíblica
Declarações Blasfemas:
Isso motiva então as palavras de Eádmero ao afirmar que nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário – Aparecida – SP, edição 1989, p. 208).
Nota: Hebreus 7.25 afirma que a nossa salvação é efetuada inteiramente por Jesus.
Há muito tempo teria já cessado de existir o mundo, assevera Fábio Fulgêncio, se não o tivesse Maria sustentado com suas preces (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário -Aparecida – SP, edição 1989, p. 209).
Nota: Lemos em Hebreus 1.3 que o mantenedor do universo é Jesus.
Podemos, entretanto, ir seguramente a Deus e dele esperar todos os bens, diz Arnoldo de Chartres, agora que temos o Filho como nosso medianeiro, junto ao Pai, e a Mãe como nossa medianeira junto ao Filho. Como poderia o Pai deixar desatendido ao Filho, quando este lhe mostra as chagas recebidas por amor aos pecadores? E como poderia o Filho desatender à Mãe, mostrando-lhe esta os seios que o sustentaram? (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário -Aparecida – SP, edição 1989, p. 209).
Maria livra do inferno a seus devotos. Um verdadeiro devoto de Maria não se perde (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário – Aparecida – SP, edição 1989 p. 182).
É impossível salvar-se quem não é devoto de Maria e não vive sob sua proteção, diz S. Anselmo, e também é impossível que se condene a Virgem, e por ela é olhado com amor (“Glórias de Maria”, S. Afonso de Ligório, Editora Santuário – Aparecida – SP, edição 1989, p. 183).
Nota: Em relação a esse ensino, a posição evangélica é a de que há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1Tm 2.5). Ouvindo a Palavra de Deus: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.17), o Espírito Santo convence o pecador do pecado da incredulidade (Jo 16.7-9) e ele recebe a Cristo como Senhor e Salvador dele e recebe o perdão de pecados e a certeza de que agora é filho de Deus (Jo 1.12; 1 Jo 2.1-2,12; 3.1-3), com direito à herança no céu (Jo 14.2-3). Jesus nos livra da ira vindoura (Mt 25.34; Rm 8.1; Hb 7.25).
No livro “Sereis Batizados no Espírito”, Haroldo J. Rahm, S.J. e Maria J.R. Lamego, Edições Loyola, São Paulo 1992, 6ª edição, p. 38 o escritor apresenta as vantagens da renovação carismática para os católicos, ao dizer: Nova Apreciação da Igreja, da Liturgia, da Eucarística, de Maria.
O Padre Marcelo declara: Maria nunca foi motivo de vergonha para Deus, mas motivo de muita alegria. Em sua humildade, fidelidade e capacidade de amar, tornou-se divina. Encontrou-se a si mesma no mistério profundo do amor do Senhor. Aqui veremos o que fazer para ter contato maior com a nossa Mãe que, em todos os momentos, por sua intercessão, nos guarda em seu coração e nos conduz à santidade (“Aprendendo a dizer sim com Maria”, Pe. Marcelo M. Rossi, Editora Vozes, 1998, p. 7).
Assunção de Maria
O ensino católico é:
Na festa da Assunção da Santíssima Virgem, a Igreja celebra a morte preciosa e a gloriosa assunção da Virgem Maria ao Céu. Com a alma de Maria foi levada ao Céu também o seu corpo. A assunção de nossa Senhora em corpo e alma ao céu foi definida pelo Santo Padre Pio XII, em 1o de novembro de 1950 (“Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã”, Editora Vera Cruz Ltda., 1ª edição, agosto de 1976; p. 219, resposta às perguntas 173, 175).
Nota:Jesus é chamado as primícias dos mortos (1 Co 15.20) e a próxima ressurreição, em corpo glorificado, se dará na segunda vinda de Jesus (1 Co 15.22-23, 51-54; 1 Ts 4.16-17).
Mãe de Deus
O catolicismo romano, contrariando o Evangelho de João 2.1-2 – mãe de Jesus, considera Maria como se ela tivesse atributos da divindade, atribuindo-lhe os títulos: co-Redentora; Advogada; Refúgio dos Pecadores; Arca de Noé; Medianeira etc.
Resposta Apologética:
Um dos motivos desse entendimento católico se dá devido à interpretação incorreta do título Theotókos (mãe de Deus) dado a Maria. No Evangelho de João 2.1-2, diz: mãe de Jesus, que na língua grega é meter ton Iesous. O título Mãe de Deus do grego Theotókos, foi dado a Maria no Concílio de Éfeso, em 431 a.C. Theotókos, Deípara, era menos assustador do que o português Mãe de Deus, realçava mais a divindade do Filho do que o privilégio da mãe. Exaltava a pessoa de Jesus, reafirmando sua divindade (basta verificar nos documentos da Igreja Os Anátemas de Cirilo de Alexandria, que toda ênfase é dada à pessoa de Jesus). O importante documento intitulado Tomo de Leão declara: o Senhor tomou da mãe a natureza, não a culpa. Leão, bispo de Roma (440-461), acreditava que Maria deu a Jesus a natureza humana e não cria na Imaculada Concepção de Maria, já que ele acertadamente diz que o Filho não herdou a culpa da mãe. Finalmente, temos de considerar ainda que o título Theotókos foi aplicado como: mãe de Deus, segundo a humanidade. Assim disse o Concílio de Calcedônia: em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado, gerado, segundo a divindade, antes dos séculos pela Paz, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis (“Definição de Calcedônia”- 451). Portanto, o título dado a Maria não tencionava ensinar que, de alguma maneira misteriosa, Maria dera à luz a Deus; o termo fazia parte de um argumento contra a cristologia duvidosa dos nestorianos. A intenção da mensagem era: Maria não deu à luz a um mero homem. Mas não havia qualquer intenção de ensinar que Maria era a origem da natureza divina de Cristo. Assim sendo, Maria não possui atributos divinos. Os títulos Redentor; Advogado; Refúgio dos Pecadores; Salvador; Mediador etc.são exclusivos do Senhor Jesus (Mt 1.21; 1 Jo 2.1; Mt 11.28-30; Jo 14.6; 1 Co 3.11; 1 Tm 2.5).
Extraído da Séria Apologética, Vol 1, Editora ICP