A doutrina do Deus-Adão é um espinho para a igreja dos Santos dos Últimos Dias. Espinho esse que gostariam que desaparecesse. Brigham Young ensinou que Adão era Deus. Ele apresentou esta doutrina por mais de 20 anos em muitos sermões diferentes. A igreja mórmon acreditava nela, aceitou-a e ensinou-a pelo menos por 50 anos. Os mórmons de hoje, em geral, negam essa doutrina.
O “Profeta Vivo” e atual presidente dos Santos dos Últimos Dias, Spencer W. Kimball, agora chama esta doutrina do Deus-Adão de “doutrina falsa”. Se os mórmons seguem a Brigham Young nesta doutrina herética de Adão ser Deus, revelam que a igreja dos Santos dos Últimos Dias é falsa, inegavelmente. A doutrina Deus-Adão contradiz o Livro de Mórmon. Contradiz a Bíblia. Não somente isto, também é contra-senso puro e completo. Entretanto, é um fato inegável que Brigham Young ensinou esta doutrina! Abandonar a doutrina e preservar a integridade do “profeta” é impossível. Isto despedaçaria a lógica, emascularia a honestidade, e denudaria a verdade.
Deixe-me resumir. Crer que Brigham Young foi um profeta de Deus e aceitar sua revelação do Deus-Adão é admitir que o “profeta” de hoje Spencer W. Kimball e a igreja dos Santos dos Últimos Dias são falsos. Rejeitar a doutrina Deus-Adão é negar o “profeta” que a apresentou–Brigham Young–e admitir que ele era profeta falso. Esta contradição doutrinária prova que a igreja dos Santos dos Últimos Dias é uma igreja falsa, liderada por vários anos por um profeta falso.
Agora examinemos breve mas honestamente as evidências. Preste atenção às datas à medida que prosseguimos.
A Doutrina do Deus-Adão
Brigham Young evidentemente introduziu esta doutrina num sermão que pregou no dia 9 de abril de 1852. Leia-o no contexto no Journal of Discourses: “Agora ouvi, ó habitantes de terra, judeus e gentios, santos e pecadores! Quando nosso pai chegou ao jardim do Éden, entrou nele com um corpo celestial, e trouxe consigo Eva, uma de suas esposas. Ele ajudou a organizar este mundo. Ele é Miguel, o Arcanjo, o Ancião de Dias! Acerca de quem santos homens têm escrito e falado–ele é nosso pai e nosso Deus, e o único Deus com quem devemos lidar” (vol. 1, p.50, 51, itálicos do autor).
Repetidas vezes Brigham Young ensinou que Adão era Deus. Isto não foi uma tirada única e isolada.
Agora leia a contradição clara do atual presidente e profeta vivo dos mórmons, Spencer W. Kimball: “Prevenimos-vos contra a disseminação de doutrinas que não são segundo as escrituras e que supostamente foram ensinadas por algumas das Autoridades Gerais das gerações passadas. Tal é o caso, por exemplo, da teoria do Deus-Adão. Denunciamos tal teoria e esperamos que todos tomem precaução contra esta e outros tipos de doutrinas falsas ” (1) (itálicos do autor).
Os mórmons gostariam que seu povo e os de fora acreditassem que Brigham Young foi citado erradamente ou mal compreendido. Gostariam de pensar que esta doutrina do Deus-Adão fosse uma tentativa de difamar o seu profeta, por parte dos antimórmons.
Não obstante, qualquer mórmon honesto e que esteja disposto a encarar os fatos pode descobrir por si mesmo exatamente o que Brigham Young ensinou sobre o assunto no Journal of Discourses e outros escritos mórmons. Para os que não têm acesso ao Journal of Discourses, Melaine Layton, Jerald e Sandra Tanner e Bob Witte trazem, em seus respectivos livros, fotocópias dos sermões de Brigham Young acerca de Adão ser Deus.
Adão, Quem é Ele?
Mark E. Peterson, apóstolo mórmon, escreveu um livro intitulado Adam, Who Is He? Afirmava ele que o apóstolo mórmon Charles C. Rich ouviu, no dia 9 de abril de 1852, o sermão que Brigham Young pregou sobre a doutrina do Deus-Adão e ouviu Brigham Young dizer algo diferente sobre o ponto que realmente estava registrado. Segundo o apóstolo Rivh, Brigham dissera: “Que idéia erudita! Jesus, nosso irmão mais velho, foi gerado na carne pelo mesmo personagem que esteve no jardim do Éden, e que conversou com nosso Pai do céu.” Examinemos esta afirmativa e verifiquemos sua exatidão e honestidade históricas.
O historiador mórmon, Leonard J. Arrington, escreveu um livro intitulado Charles G. Rich, Mormon General and Western Frontiersman. Nesse, livro, Arrington conta de uma viagem que Rich fez. Diz ele que Rich deixou San Bernardino, na Califórnia, no dia 24 de março de 1852, em direção ao vale de Salt Lake, com um carroção carregado de suprimentos. De Salt Lake ele retornou a San Bernardino, chegando aqui no dia 20 de agosto de 1852, em 22 dias, “a viagem mais rápida de que se tem registro”, segundo Arrington.[2] Obviamente, se Rich levou 22 dias para ir de Salt Lake City a San Bernardino – e essa foi a “viagem mais rápida de que se tem registro”, ele teria levado pelo menos 22 dias para ir de San Bernadino ao Vale de Salt Lake. Portanto, se ele saiu de San Bernardino no dia 24 de março, teria sido impossível que Charles C. Rich chegasse a Salt Lake City no dia 9 de abril a tempo de ouvir o sermão de Brigham Young. Os escritores mórmons nem mesmo conseguem conciliar suas evasões da verdade!
Brigham Young disse que quando seus sermões eram corrigidos, eram escritura.[3] Ele falou como o “profeta vivo” oficial da igreja dos Santos dos Últimos Dias, dando a seu povo, ostensivamente, a revelação que Deus tinha para eles. Um ano depois de ele pregar este sermão, o ponto central deste mesmo sermão acerca do Deus-Adão foi publicado no Millenial Star mórmon, enfatizando que Brigham Young havia ensinado que Adão era Deus. O sermão logo foi reproduzido no Journal of Discourses, onde Brigham Young tinha de aprová-lo. Ele não o mudou nem o rejeitou em parte alguma. Desde 1852 até à morte de Brigham Young, em 1877, o sermão permaneceu intacto como ele permitira que fosse reproduzido no Journal of Discourses, Ainda está lá.
A afirmação de Mark Peterson foi, simplesmente, uma de muitas tentativas para encobrir o ensino de Brigham Young acerca do Deus-Adão. Temos apresentado algumas das evidências quanto ao fato de Brigham Young ter inegavelmente ensinado a doutrina herética de que adão foi Deus, e ter acrescentado que Adão era “o único Deus com quem devemos lidar”. Isto elimina Jesus, Eloim e todos os outros deuses mórmos.
Rejeitamos a idéia de que Brigham Young foi citado erradamente ou compreendido mal em sua mensagem de 9 de abril de 1852. Chamamos atenção ao fato de que Brigham Young ainda ensinava a mesma doutrina do Deus-Adão 21 anos mais tarde! Numa citação de um jornal mórmon, The Deseret News, de 18 de junho de 1873, 21 anos depois do primeiro sermão de Brigham Young sobre o Deus-Adão, em 9 de abril de 1852, Young disse: “Quanta descrença existe nas mentes dos Santos do Últimos Dias em relação a uma doutrina particular que a ele revelei, e que me foi revelada por Deus…a saber que Adão é nosso Pai e Deus… Nosso Pai Adão ajudou a formar esta terra, ela foi criada expressamente para ele e depois de ter sido ela criada ele e seus companheiros para aqui vieram. Ele trouxe consigo uma de suas esposas, chamada Eva, por ser a primeira mulher sobre esta terra. Nosso Pai Adão é quem está no portão e tem as chaves da vida eterna e da salvação a todos os seus filhos que já vieram e que virão à terra… ‘Bem’, diz alguém ‘Por que Adão foi chamado Adão’? Ele foi o primeiro homem sobre a terra, e seu estruturador e criador. Ele, com a ajuda de seus irmãos, trouxe-a à existência. Então disse ele: ‘Desejo que meus filhos que estão no mundo dos espíritos venham e habitem aqui. Uma vez já vivi numa terra parecida com esta, num estado mortal. Fui fiel, recebi munha coroa de exaltação [tornou-se um “Deus” segundo o ensino mórmon]. Tenho o privilégio de estender minha obra, e o seu aumento não terá fim. Desejo que meus filhos que me nasceram no mundo dos espíritos venham e tomem tabernáculos na carne, que seus espíritos possam ter uma casa, um tabernáculo ou uma habitação como o meu tem, e onde está o mistério?'”[4]
A Criação de Deus
Seria difícil conseguir mais contradições com a Bíblia numa afirmação curta como esta. Leia o simples relato de Gênesis 1-2 que afirma que Deus criou o homem, soprou nele o alento da vida – o que, se ele já estivesse vivo, teria sido desnecessário. Esta criação então tornou-se o primeiro homem, Adão, alma vivente. Eva foi criada por Deus, aqui nesta terra, do corpo de Adão; ela obviamente não foi trazida aqui por Adão como “uma de suas esposas”. Adão não teve absolutamente nada que ver com a criação da terra. Ele era uma mera criatura insignificante feita por Deus depois de ter sido formada a terra.
(A propósito, Deus deu uma esposa a Adão, não mais que uma. O homem quebrou este padrão de monogamia mais tarde, para seu própio pesar como para o de Deus. No Novo Testamento Deus claramente afirmou seu plano para o casamento, em passagens tais como Mateus 19:5. Ao falar do homem deixar seu pai e sua mãe e apegar-se à sua esposa, disse ele, os dois serão uma carne. Cristão algum no Novo Testamento todo jamais disse ter mais do que uma esposa de cada vez; e aos bispos, anciãos e diáconos, como cristãos comprovados, era terminantemente proibido ser marido de mais de uma mulher [ver 1 Timóteo 2-3; Tito 1]. Sob a nova aliança – o Novo Testamento – com maior luz e com o Espírito Santo habitando seu povo, Deus proíbe terminantemente a prática de se ter mais de uma esposa, o que ele havia “deixado passar” nos dias do Antigo Testamento [Atos 17:30].
Historicamente, os líderes mórmons têm ignorado e quebrado o mandamento explícito de Deus com relação ao casamento. Muitos dos fundadores mórmos – José Smith, Brigham Young, e seus bispos e anciãos – tiveram mais de uma esposa. Isto significa que não eram qualificados para o cargo que possuíam, e que todas as suas afirmações de autoridade eram espúrias aos olhos de Deus!)
Brigham Young não somente introduziu em 1852 a doutrina do Deus-Adão, mas continou a ensiná-la por muitos anos, como prova outro sermão de 1857;[5] e ele ainda a pregava em 1873. Outras fontes mórmons também substanciam este fato. A doutrina do Deus-Adão de Brigham Young foi citada exata e largamente em publicações mórmons por muitos anos. Brigham Young viu muitas, se não todas, destas citações, bem como seus sermões no Journal of Discourses. Ele teve anos e anos de oportunidade para corrigir qualquer citação errada nessas publicações; não o fez. Isto prova, efetivamente, que ele ensinou e queria dizer que Adão é Deus, e o “único Deus com quem devemos lidar”! Ai do mórmon que não crer no “profeta vivo” e em sua “revelação”! E ai do mórmon que nele crê!
F.D. Richards, mórmon preeminente, disse: “A respeito da doutrina de Adão ser nosso Pai e Deus… o profeta e apóstolo Brigham a declarou, e essa é a palavra do Senhor.”[6]
E então Diary of Hosea Stout: “Outra reunião esta noite. O presidente B. Young ensinou que adão foi o Pai de Jesus e o único Deus para nós.”[7]
O líder mórmon George Q. Cannon ensinou que “Jesus Cristo é Jeová”, e que “Adão é seu Pai e nosso Deus”.[8]
Um comentário muito interessante foi feito pelo mórmon A.F. MacDonald em “Minutes of the School of the Prophets, Provo, Utah, 1868-1871” (pp.39,39) muitos anos depois do primeiro sermão de Brigham Young sobre o Deus-Adão em 1852: “A doutrina pregada pelo presidente Young alguns anos atrás na qual ele diz que Adão é nosso Deus – o Deus que adoramos – nisso crê a maioria do povo… Orson Pratt disse não crer nela, …se o presidente faz uma afirmação não é nossa prerrogativa disputá-la… quando ouvi pela primeira vez a doutrina de Adão ser nosso Pai e Deus, fiquei favoravelmente impressionado – gostei dela e a vi como uma nova Revelação – pareceu-me razoável que como pai de nossos espíritos, ele nos trouxesse aqui.”
O mórmon Edward W. Tullidge escreveu: “Adão é nosso Pai e Deus. Ele é o Deus da terra; assim diz Brigham Young.”[9]
O ponto está estabelecido: Brigham Young deveras ensinou que Adão era Deus, “o único Deus com quem devemos lidar”. Como diz Melaine Layton, uma ex’mórmon de grande conhecimento, em seu excelente livro Mormonism, ainda não publicado: “É verdade que os mórmons de hoje não acreditam nisso; entretanto, vários mórmons disseram-me que o crêem. A maior parte dos restantes ou nunca ouviram falar de tal coisa ou dizem simplesmente que não é verdade. Entretanto permanecem os fatos: Por mais de 50 anos (1852-1903), os escritores oficiais do mormonismo ensinaram, sem hestitação, que Adão é nosso Deus, e a grande maioria das pessoas acreditou nisto!”
O Profeta Contraditório
Considere, outra vez, a contradição incrível do presidente e “profeta vivo”, Spencer W. Kinmball: “Admoestamo-vos contra a disseminação de doutrinas que não estão de acordo com as escrituras e que supostamente foram ensinadas por algumas das Autoridades Gerais das gerações passadas. Tal é o caso, por exemplo, da teoria do Deus-Adão. Denunciamos tal teoria e esperamos que todos tomem cautela contra esta e outras espécies de doutrinas falsas” (itálicos do autor). Como sabiamente diz Wally Tope referindo-se a esta afirmação: “Ou Spencer W. Kimball está mentindo; não fez seu trabalho de casa; ou recusa-se a crer na linguagem clara. Todas as alternativas são inescusáveis.
Simplesmente não existe saída. É impossível e totalmente desonesto fingir que Brigham Young foi citado erradamente ou compreendido mal por mais de 50 anos pelos líderes mórmons e milhares de pessoas. Se suas “revelações” foram contraditadas em data posterior, por que ter um “profeta vivo”? Como sabem os mórmons que não estão interpretando mal seu profeta atual? Quantidade alguma de desculpas vai satisfazer um Deus Santo que exige a verdade de acordo com sua verdadeira Palavra, a Bíblia. A doutrina do Deus-Adão é falsa, por um profeta falso, numa igreja falsa.
Esta doutrina falsa levou a outras doutrinas blasfemas que Brigham também ensinou. Entre estas está a que diz ter sido Adão o pai de Jesus, como resultado de relações sexuais com a virgem Maria, de modo que Jesus realmente não nasceu de uma virgem como declara claramente que “Jesus Cristo não foi gerado pelo Espírito Santo”.[11]
A Bíblia diz: “O que está concebido nela é do Espírito Santo.”Sabemos que nenhum profeta verdadeiro de Deus contradiz a Palavra de Deus. Entretanto, já lidamos com este assunto e o mencionamos aqui meramente para mostrar a que ponto a doutrina do Deus-Adão de Brigham Young o levou. Certamente, o Jesus que os mórmons conhecem não é o Jesus da Bíblia.
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Notas
[1] Church News, 9 de outubro de 1976.
[2] Leonard J. Arrington, Charles G. Rich, Mormon General and Western Frontiersman (Salt Lake : BYU Press, sem data), p. 173.
[3] Journal of Discourses, vol. 13, p. 95.
[4] The Deseret News, 18 de junho de 1873.
[5] Journal of Discourses, 1857, vol. 5, p. 331.
[6] Millenial Star, 26 de agosto de 1954, vol. 16, p. 534.
[7] Diary of Hosea Stout, 9 de abril de 1852, vol. 2, p. 435.
[8] Diary Journal of Abraham H. Cannon, 23 de junho de 1889, vol. 11, p.39.
[9] The Women of Mormondom, 1877, pp. 79, 179, 196, 197.
[10] Wally Tope, “Maximizing Your Witness to Mormons”, p. 20.
[11] Journal of Discourses, vol. 1, pp. 50, 51.