A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Já que estamos iniciando esta pesquisa sobre uma religião que, mesmo se dizendo cristã, nega a Transcendência e Santidade Eterna de Deus, o Pai, a divindade de Jesus Cristo, o Filho de Deus, a existência do Espírito Santo como Deus e, portanto, a Trindade, achamos por bem colocar este trabalho na abertura desta Apostila, a fim de que os Cristãos evangélicos possam verificar as heresias do Mormonismo referentes à verdadeira Teologia Cristã. Trata-se da tese de um teólogo americano, cujo nome não conseguimos identificar, mas cujo trabalho achamos por bem traduzir e apresentar aos irmãos em Cristo, embora nos pareça que alguns trechos estejam em falta. Vejamos o que ele escreveu, sem dúvida alguma, com um maravilhoso respaldo bíblico:
Antes de aceitar as declarações das seitas de que a Trindade é uma idéia impingida à Igreja por falsos teólogos, centenas de anos após os fatos terem acontecido no Novo Testamento, devemos pesquisar o claro testemunho das Escrituras. Elas realmente silenciam sobre o assunto, conforme dizem as seitas?
O argumento do silêncio é sempre apresentado a favor daqueles que procuram apenas a palavra Trindade numa concordância e acham que, de fato, ela não aparece na Bíblia. Essa é, todavia, uma evidência meramente artificial, como quando se afirma que não existe uma Rainha no Palácio de Buckingham simplesmente porque o seu nome não aparece na caixa do correio.
Um estudo das Escrituras revela muitas passagens referindo-se a cada um dos três membros da Trindade. Diz o “Interpreter’s Dictionary of the Bible” (Dicionário do Intérprete da Bíblia) que “mesmo não sendo um termo bíblico, a Trindade representa a cristalização do ensino do Novo Testamento”. (1)
A fim de analisar a evidência da Trindade na Escritura e concluir se a Bíblia apresenta ou não bastante evidência para fazer da Trindade uma doutrina da Igreja, devemos responder três perguntas:
1 – Ensina a Escritura que existe um Deus Pessoal e Transcendente?
2 – Ensina a Escritura que existe, por natureza, um único Deus em vez de muitos?
3 – Apresenta e Escritura três Pessoas que, por sua natureza, são um único Deus?
Se a Escritura dá realmente um testemunho da Trindade, esta doutrina deve fazer parte do ensino ortodoxo cristão e todo cristão fica obrigado a defendê-la, vigorosamente. (Judas 3)
Ensina a Escritura que existe um Deus Pessoal e Transcendente?
“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1).
“Disse ainda o Senhor: Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento” (Êxodo 3:7).
A existência de um Ser Pessoal e Transcendente que criou o universo, e dele cuida, raramente é ponto de discórdia entre os cristãos e as seitas – as falsas seitas que se dizem cristãs – porque ambas concordam em que a Bíblia é, até certo ponto, inspirada por Deus. Essa visão não é, entretanto, apoiada pelas seitas embasadas no pensamento das religiões orientais, tais como a Meditação Transcendental, o Movimento Nova Era, a Eckankar, a Hare Krishna e a Teosofia. Algumas seitas de origem ocidental, como a Cientologia, o Espiritismo e a Ciência da Mente também não reconhecem a inspiração divina da Escritura. Então devemos nos dirigir a estas usando as técnicas da Apologética Cristã, a fim de convencê-las da autoridade da Bíblia. (Grande quantidade de livros excelentes sobre Apologética está à venda nas livrarias evangélicas).
Ensina a Escritura que, por natureza, existe apenas um Deus e não muitos?
“Ouve, Israel, o nosso Deus é o único Senhor” Deuteronômio 6:4.
“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e me entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá” Isaías 43:10.
Deus não é obscuro quando revela a sua natureza e estas passagens afirmam claramente que Ele é o único Deus de Israel; nunca houve nem haverá outro Deus. Ele não reparte a sua glória com nenhum outro.
“Eu sou o Senhor e não há outro, além de mim não há Deus…” Isaías 45:5.
Em discussões com muitos adeptos de seitas um crente ortodoxo não deveria se surpreender ao receber total concordância nas respostas sobre as questões acima. A existência e a singularidade de Deus não se constituem em embaraço para a maior parte dos sistemas sectaristas. Mas a pergunta seguinte será motivo de divisão porque ela afeta o ponto de discórdia: Quem é Jesus Cristo? As seitas precisam negar a Trindade a fim de poderem negar a divindade de Jesus Cristo. [Qualquer religião ou seita que negue a divindade de Cristo seja anátema!]
A Escritura mostra que existem três Pessoas que, por sua natureza, são um único Deus?
No Velho Testamento Deus fala de Si mesmo como sendo o único Deus verdadeiro. Contudo, em várias ocasiões a palavra ou frase que a Ele se refere no plural, tais como Eloim (Deus) e Adonai (Senhor). (2) segundo os eruditos Judeus, “ribui hakochot” (ou majestade) deixa claro não apenas da grandeza de um objeto, mas também está explicando e intensificando os atributos desse objeto. O atributo de Deus de “Pessoa” pode ser ampliado. (Mesmo que a validade deste conceito na língua hebraica não seja aceita por todos os eruditos da Bíblia).
Embora os hebreus adorassem um único Deus, o seu uso de nomes no plural para se referir a Ele confundiu os vizinhos politeístas. Por exemplo, quando os Israelitas levaram a Arca do Concerto ao acampamento preparado para enfrentar os filisteus: “E se atemorizaram os filisteus, à voz de júbilo, e disseram: os deuses vieram ao arraial. E diziam mais: Ai de nós! Que tal jamais sucedeu antes. Ai de nós! Quem nos livrará destes grandiosos deuses? São deuses que feriram os egípcios com toda sorte de pragas no deserto” (1 Samuel 4:7-8.)
Os Hebreus poderiam facilmente ter evitado a confusão, usando a forma singular, porém não o fizeram. Aparentemente, a pluralidade do seu Deus singular era muito importante para eles. Quando Moisés declarou ao povo escolhido: “Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor (Deuteronômio 6:4), ele especificou um Deus com a palavra “echad”, um termo generalizado que não implicava coisa alguma no singular ou em solidão. “Uachid” é que teria implicado em tal singularidade. (3) Isso é algumas vezes conhecido como “unidade composta”. (Ver Gênesis 2:24; Números 13:23; Juizes 20:8).
O Velho Testamento dá a tal conceito uma exposição mínima, obscurecendo a total revelação da Trindade, que se expande, gradualmente, desde a primeira página da Bíblia até à sua completa revelação no Novo Testamento.
Referências à Trindade no Velho Testamento
Falando de Deus como mais de um – Gênesis 1:26; 3:22; 11:7 e Isaías 6:8.
Falando de Deus como sendo mais de um Jeová ou Eloim- Gênesis 19:24; Salmos 45:7; Daniel 9:17; Zacarias 12:8; 9:10-12.
Falando de Deus como três – Números 6:24-26; Isaías 48:16.
Falando de Deus como Criador, no plural – Isaías 54:5. (Aqui, também, marido no plural).
O Novo Testamento segue o tema monoteísta do Velho Testamento. Por exemplo, o apóstolo Paulo escreve: “No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus. Porque ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele (1 Coríntios 4:6).
A observação de Paulo sobre “muitos deuses e muitos senhores “, conforme os eruditos do Novo Testamento, igualmente se refere aos governadores humanos com grande poder (muitos dos quais eram adorados como deuses), bem como aos deuses pagãos. Em nenhum caso Paulo os estava igualando ao Deus Criador. O que afirma em sua carta aos Gálatas é: “Ora, o mediador não e de um, mas Deus é um” (Gálatas 3:20).
Outras passagens do Novo Testamento que atestam a unidade de Deus são: João 5:44; 17:3; 1 Timóteo 1:17; 6:15 e Judas 25.
A Escritura nomeia três Pessoas da Divindade?
Deus o Pai – O Velho Testamento contém muito poucas referências a Deus Pai. Mas essa pequena quantidade não deveria ser entendida como silêncio sobre o assunto. Isaías, por exemplo, escreve: “Mas tu és o nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece; Ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antigüidade” (Isaías 67:16). Outras passagens incluem Isaías 64:8 e Jeremias 3:19. Até que Jesus Cristo viesse à terra como o Filho, para revelar o Pai, esta Pessoa da Divindade não era extensivamente discutida.
Logo que Jesus iniciou o seu ministério na terra, o Pai tornou-se objeto freqüente de suas discussões. Em seu Sermão do Monte ele menciona freqüentemente o Pai (Mateus 5:7) e, quando ensina os seus discípulos a orar, ele os instrui a se dirigirem a Deus Pai (6:9), deixando claro que Jesus Cristo não considerava Deus apenas como o Pai dos discípulos, porém também como o Seu Pai.
Paulo também menciona o Pai muitas vezes em cada uma de suas cartas.
“…Glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:6).
“… Há um só Deus e Pai…” (1 Coríntios 8:6).
“… E por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos” (Gálatas 1:1).
“Graça a vós outros e paz da parte de Deus, nosso Pai…” (Efésios 1:2).
“… Da parte de Deus, nosso Pai…” (Filipenses 1:2)
“E toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2:11).
Ver ainda 2 Coríntios 1:2; Colossenses 1:2; 1 Tessalonicenses 1:1-2; 2 Tessalonicenses 1:2; 1 Timóteo 1:2-2; 2 Timóteo 1:2; Tito 1:4; Filemom 9.
“Eu lhe serei Pai e ele me será Filho” (Hebreus 1:5).
“Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai” (Tiago 3:9).
“… Ao pleno conhecimento de Deus e de Jesus” (1 Pedro 1:2).
Ver ainda 2 Pedro 1:17; 1 João 2:22; 2 João 3; Judas 1; Apocalipse 1:6.
Um exame das referências do Novo Testamento sobre Deus Pai parece mostrar que, mesmo que as Pessoas da Divindade sejam iguais, o Pai recebe maior honra e glória e exerce a autoridade final (Mateus 5:16; 11:25-27; 1 Coríntios 15:28; Filipenses 2:9-11). Isto sem dúvida causa algumas vezes perplexidade, se não houver uma visão completa da natureza da Trindade.
Deus Filho – Em seu inigualável estilo, C.S. Lewis dirige aos cépticos que tratam Jesus apenas como um mestre moral, mas não como Deus:
“Um homem que era apenas homem e dizia o tipo de coisas que Jesus dizia jamais poderia ser um mestre moral. Seria de preferência um lunático – do mesmo nível de um homem que diz que é um ovo frito – ou poderia até mesmo ser o diabo do inferno…Você pode rotular Jesus como um tolo, pode cuspir nele, ou matá-lo, como sendo um demônio, ou então cair de joelhos aos seus pés chamando- Senhor e Deus. Mas não me venha com qualquer tipo de bobagem protetora, sobre ser Ele um grande mestre humano”. (5)
Lewis não permite meio termo aqui. A questão mais importante da humanidade “Quem é Jesus Cristo?” exige uma resposta inequívoca.
A menção mais clara do Novo Testamento sobre Deus Filho vem de Isaías, o qual teve o único e divino “insight” da Trindade, visto como seus escritos falam de todos os membros da Trindade.
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal; eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel (Deus conosco) . Isaías 7:14.
O nome Emanuel nessa sentença não precisa significar a Encarnação (Deus se fazendo homem através de Cristo), exceto que ele antecipa claramente a declaração do capítulo 9:6, que diz: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz”.
E. W. Hengstenberg amplifica a descrição de Isaías da criança que iria nascer como “um herói que está infinitamente acima dos heróis humanos, pela simples circunstância de que ele é Deus e nos trouxe a ciência da Majestade Divina (7) Porque a Pessoa é descrita como um Filho dado, inferimos que Ele já possuía a relação de Filho. Por conseguinte, Ele é o Filho de Deus, o Deus Filho, a Segunda Pessoa da Trindade.
A natureza divina de Jesus Cristo tornou-se, então, infinitamente mais clara no Novo Testamento. João, cujo Evangelho foi escrito com este propósito, estabelece o fato em linguagem simples e direta: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
As seitas se reviram em contorções fantásticas, tentando mostrar que este verso diz outra coisa, além do que pretendia dizer. João 3:16 é o texto de prova das seitas para mostrar que Jesus foi um ser criado, o qual, portanto, é único em natureza com Deus Pai.
Uma exegese completa nos dá a significação da palavra “unigênito”. A palavra grega é monogenes, sobre a qual J. H. Thyer escreveria: “…usada para Cristo denota ser Ele o único Filho de Deus, no mesmo sentido em que Ele é o Filho de Deus e não tem irmãos” (8)
Mesmo sendo um Unitarista que negava a divindade de Cristo, Thyer colocou a integridade erudita acima da parcialidade religiosa e assim traduziu a frase honestamente, mesmo que esta contradissesse as suas crenças.
A “Whyclif Bible Encyclopedia” explica o que significa monogenes
“Única em sua espécie” – “única”- “unigênito”. Este termo é usado a respeito de uma criança no Novo Testamento (Lucas 7:14; 8:42; 9:38; Hebreus 11:17) . É usada para Cristo no sentido de que Ele é o único Filho de Deus (João 1:14; 3:16, 18; 1 João 4:9). A raiz da palavra grega – os cuidadosos eruditos em lexicografia vêem agora que não é gennao “nascer, ou gerar”, mas genos e, portanto, sua significação é “o único em sua espécie”, em vez de “o único nascido”. (9)
Então o que significa toda essa discussão sobre uma palavrinha grega? Como o único Filho de Deus, Cristo é único; Como Deus Pai é Divino, assim também é o Seu Filho. Do mesmo modo como um ser humano só pode gerar outro ser humano, ou um peixe só pode gerar outro peixe, então Deus Pai só poderia designar como Filho aquele que com Ele divide Sua natureza.. (Dai por que o termo bíblico “Filho de Deus” equivale a Deus Filho. Portanto, Deus, ao mesmo tempo em que cria seres inferiores a Ele, gera um Ser igual a Si mesmo – o Seu Filho.
A comparação de uma passagem dos Evangelhos (Lucas 4:8) com uma da Carta aos Hebreus (Hebreus 1;6) nos dá outra potente confirmação da divindade de Cristo. Lucas registra a réplica de Jesus a Satanás: “Está escrito: ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele darás culto” (Lucas 4:8) . Como todo judeu naquele tempo sabia, adorar qualquer pessoa ou coisa, além de Deus, seria idolatria. Se isso é verdade, então a ordem em Hebreus de adorar o Filho não seria um deslize na linguagem de Deus. Porque Deus jamais comete erros!
Esses testemunhos da divindade de Cisto são poderosos. Mas o que disse Jesus sobre Si mesmo? Basta dizer que quando ele proclamou sua divindade o povo ficou furioso.
“Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo” (João 8:56-59).
Ao se proclamar a Si mesmo como o “Eu Sou”, Jesus aplicou a Si o nome que era usado exclusivamente para Deus. (Êxodo 3:14). Os líderes judeus a quem Jesus falou ficaram horrorizados com o significado desta afirmativa. Em resposta, eles teriam se prostrado em adoração. Mas, ao invés disso, tentaram apedrejá-lo por blasfêmia.
Embora as seitas modernas literalmente não atirem pedras, elas se esforçam no sentido de desacreditar a divindade de Cristo, pois, como os fariseus, elas não têm outra escolha que não seja deixar de rejeitar Jesus e adorá-Lo.
Algum tempo depois, Jesus fez uma declaração de maneira semelhante e obteve resposta idêntica:
“Eu e o Pai somos um. Novamente pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e, sim, por causa da blasfêmia, pois sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (João 10:30-33). Se Jesus apenas tivesse dito que era um em propósito com Deus, ou que estava realizando a obra do Pai, quando afirmou: “Eu e o Pai somos um”, os brios dos judeus não teriam sido atingidos. Além do mais, eles também criam estar fazendo a vontade do Pai. Mas Ele estava declarando ser Jeová, o Criador do universo, e havia ampla razão para todas as pedras que eles pudessem apanhar e jogar contra Ele. O último livro da Escritura – o Livro de Apocalipse – deixa de lado qualquer dúvida sobre a posição de Jesus Cristo na Divindade. Se aceitarmos a premissa de que a significação de um verso é determinada pelo seu contexto (10). Nos versos de abertura João registra: “Eu sou o Alfa e o Ômega…Todo Poderoso” (Apocalipse 1:8). Alfa e Ômega, a primeira e última letras do alfabeto grego, significam que Deus existe antes de todas as coisas e existirá para sempre. Com essa única feitura de Deus em mente, consideremos a passagem que vem depois, no mesmo capítulo:
“Quando o vi, cai a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: não temas; eu sou o primeiro e o último. Aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1:17-18).
Somente uma Pessoa poderia declarar ter estado morta e agora viva, para sempre, Jesus Cristo. Também Ele proclamou Sua existência eterna, feitura que somente Deus pode proclamar. No final do livro Jesus faz novamente esta declaração:
“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Apocalipse 22:12-13).
Através de toda a Escritura, Cristo é aquele que julgará “os vivos e os mortos”, conforme Ele fala de si mesmo, no verso 12. Ele também afirma ter não apenas autoridade para julgar, mas também existência eterna. Ele não nos deixa escolha alguma, pois não podem existir dois primeiros nem dois últimos. Ele tem que ser Deus!
(Nota: Livros inteiros têm sido escritos sobre a divindade de Cristo, então esta discussão tem de ser breve).
(Para maiores estudos, recomendamos: Miquéias 5:2; Marcos 2:5-10 com João 43:25; João 1:1; 14:6, 8; Romanos 9:5; Colossenses 1:15-18; 1 Pedro 2:4-8; 2 Pedro 1:1; 1 João 1:2 com Apocalipse 5:20; Apocalipse 2:23 com 1 Reis 8:39 e Jeremias 17:10).
Deus Espírito Santo – Ao negar a divindade do Espírito Santo, muitas seitas O retratam como uma força impessoal que Deus usa para fazer as coisas acontecerem na terra. Por que?
Primeiro, elas são forçadas a essa definição porque na Escritura, mesmo no Velho Testamento, Deus e o Espírito Santo são justapostos tão freqüentemente (por ex., em Isaías 63:14), que admitir a personalidade do Espírito Santo seria o mesmo que admitir a Sua divindade.
Segundo, as seitas pecam por falta de erudição bíblica, de modo que as interpretações de passagens da Escritura sobre o Espírito Santo são poucas.
Finalmente, porque as coisas de Deus “se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2:14). Os sectários não podem sequer entender os ensinos básicos do Cristianismo porque “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos” (2 Coríntios 4:4).
Três versos no Velho Testamento usam o termo Espírito Santo – Salmos 51:11; Isaías 69:10 – O segundo verso Lhe concede personalidade: “Pois eles se rebelaram e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles” . Isso não oferece um forte testemunho à divindade do Espírito Santo, porém um estudante honesto deve admitir que somente um ser cognitivo – uma personalidade – pode ter sentimento de tristeza. O Espírito Santo é, portanto, mais do que uma força ativa.
A palavra hebraica “ruach kadsho” (seu Santo Espírito) indica que esta é uma Pessoa, além de Deus Pai, porque não é Ele chamado por nomes comuns como Adonai, Eloim, El Shaddai. A Bíblia, além de tudo, não foi escrita descuidadamente. Cada palavra tem significação.
No Novo Testamento, com os demais membros da Trindade, a divindade do Espírito Santo se torna mais que evidente. Jesus, por exemplo, admoestou: “Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno” Marcos 3:28-29. [N.T. A blasfêmia contra o Espírito Santo, segundo o teólogo Dr. Peter Ruckman, foi a dos judeus, quando eles disseram que Jesus estava possuído do Diabo]
Todos eles, obviamente, sabiam que Deus não podia ser blasfemado. Mas… o Espírito Santo? Objetos sagrados podiam ser retirados do uso sagrado, mas não blasfemados. Mesmo assim Cristo não foi apedrejado por heresia. Ninguém obviamente se ofendeu, pois os judeus não discutiam a personalidade nem a divindade do Espírito Santo.
Em outra ocasião, Jesus deu claro reconhecimento da personalidade do Espírito Santo: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:26). Jesus se refere ao Espírito Santo com um pronome pessoal, não como uma força, tipo a gravidade ou o vento. (Quando foi a última vez que a gravidade trouxe à sua mente um verso da Bíblia?)
Após o Pentecostes, o apóstolo Pedro menciona, entrelaçadamente, o Espírito Santo e Deus:
“Entretanto, certo homem chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade, mas de acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o restante, depositou aos pés dos apóstolos. Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5:1-4).
Verificando esta menção do Espírito Santo no contexto (o que os sectários têm grande dificuldade de fazer), a conclusão parece inescapável: o Espírito Santo é Deus! Porque a Ele se pode mentir, ele tem personalidade. E porque Pedro fala de Deus (verso 4) sem se referir ao Pai nem ao Filho, o Espírito Santo é igualado a Deus. Albert Barnes comenta esta passagem:
“O pecado não pode ser cometido contra um atributo ou uma influência de Deus. Não se pode mentir a um atributo ou contra a sabedoria, ou poder, ou bondade; Nem podemos mentir a uma influência meramente do Altíssimo. O pecado é cometido contra um Ser, não contra um atributo. E como um pecado é aqui atribuído a Ananias contra o Espírito Santo, conclui-se que o Espírito Santo tem existência pessoal; ou existe tal distinção na Essência Divina, como sendo próprio especificar um pecado cometido peculiarmente contra ela. Do mesmo modo, o pecado deve ser apresentado como cometido peculiarmente contra o Pai, quando o Seu nome é blasfemado, quando o seu domínio é negado, quando sua misericórdia em enviar o Seu Filho está em questão. O pecado deve ser representado como cometido contra o Filho, quando sua Reparação é negada, sua Divindade rebatida, seu Caráter maculado ou os Seus convites desprezados.
E assim o pecado deve ser representado como cometido contra o Espírito Santo, quando o Seu trabalho de renovação do coração, ou a Sua santificação da alma é posta em questão. Quando o Seu trabalho é descrito como o de uma influência maligna e outros …” O Espírito Santo é divino!” (Divindade) (11).
Outra passagem em Atos também fala do Senhor e do Espírito Santo, imutavelmente:
“E servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (Atos 13:2).
No meio de sua adoração, o Espírito Santo dá instruções aos líderes da Igreja. Se Ele fosse apenas uma força subserviente ao Pai, teria Ele interrompido a adoração ao mesmo? É obvio que não! Em seguida Ele dá ordens a Paulo e Barnabé para serem comissionados “por mim” para o seu próprio interesse. Este não é o ato de uma força subserviente a Deus, mas de um membro da Divindade.
Evidentemente, ninguém precisa revirar a Bíblia inteira, a fim de encontrar suporte para a divindade do Espírito Santo. Entretanto evidências adicionais podem ser encontradas nas seguintes passagens: João 16:13-14; Atos 5:32; 13:4; 16:6-7; Romanos 1:4; 1 Coríntios 12:11; Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19; 1 Timóteo 4:1; Hebreus 3:7 e 1 Pedro 3:18.
Alguma vez a Escritura justapõe as três Pessoas da Divindade?
Em muitas passagens da Escritura podemos encontrar evidência da divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E freqüentemente duas delas são mencionadas na mesma passagem. Mas também há lugares em que todas três aparecem juntas. A primeira tem lugar no batismo de Jesus: “Batizado Jesus, saiu da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu filho amado em quem me comprazo” (Mateus 3:16-17).
Este incidente também é recontado em Lucas 3:21-22; então fica difícil refutar como cópia ou “erro” de tradução. Em sua grande comissão Jesus apresenta a fórmula trinitariana no contexto batismal: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” Mateus 28:19
Nessa diretriz Cristo coloca as três Pessoas sob um “nome”, o qual só poderia ser o nome que os judeus reverenciavam: Jeová! Negar aqui a Trindade seria o mesmo que negar o ensino de Jesus.
Obviamente, os apóstolos tomaram esta fórmula trinitariana a sério, já que ela foi incluída no Didaquê, suas instruções à Igreja, as quais consideraremos depois, no capítulo 12 deste livro.
Porque as epístolas de Paulo provêem muito mais material para a doutrina cristã, a inclusão da Trindade em seus escritos acrescenta anda mais peso ao já grande corpo de evidência. No fecho de uma Carta aos Coríntios, ele declara: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.
(2 Coríntios 13:13).
Paulo parece ter apanhado a fórmula trinitariana para o batismo, simplesmente expandindo-a para o propósito da bênção. Em sua introdução da Epistola aos Romanos, Paulo escreve: “E foi designado Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de Santidade, pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” Romanos 1:4.
Aos Gálatas, ele afirma: “E porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gálatas 4:6).
O apóstolo Pedro dirigiu-se aos destinatários de suas cartas como povo escolhido “eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue…” (1 Pedro 1:2).
O apóstolo João dá instruções em sua carta:
“Nisto reconhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus” (1 João 4:2).
O argumento das seitas de que a Trindade foi uma fabricação da Igreja, a partir do Século IV, empalidece diante destas declarações dos apóstolos. Certamente a idéia da Divindade plural foi estabelecida ao correr da Igreja em formação. (Outras passagens que aludem à formula trinitariana são: Romanos 15:30; 1 Coríntios 6:11; 12:3 e Hebreus 10:29-30).
“Porque os caminhos de Deus são mais altos que os nossos” (Isaías 55:8), o conceito de três Pessoas como um Deus é difícil de entender, mas a existência de vários elementos em uma entidade não é única. Considerem a água que existe em todos os 3 estados: líquido, sólido e vapor. Este “equilíbrio de 3 fases” é comum a todas as substâncias quimicamente puras e estáveis. (12)
Outras triplas “unidades” incluem a Música, a qual é composta de melodia, harmonia e ritmo. E o fogo, que exige oxigênio, combustível e calor. Como exemplo de uma entidade que contém muito mais pessoas, mesmo sendo uma, considerem a Orquestra. Pode ter dúzias de músicos, mas cada um tem uma parte crítica na performance singular.
Nenhum desses exemplos terrenos pode verdadeiramente ilustrar a composição da Trindade Divina mas pode demonstrar que ela é passível de crédito. Creiamos nisso, mesmo que a resposta do sectário à Trindade seja uma trindade de palavras. “Não é verdade!” Por que responde ele dessa maneira, sem levar em contra que tanto a Escritura quanto a História da Igreja atestam a verdade? É que a existência de uma seita tem pouco a ver com a VERDADE e tudo a ver com a NEGAÇÃO DA VERDADE. Por isso, através da escolaridade bíblica deficiente e da necessidade de provar o erro ortodoxo bíblico do Cristianismo, os sectários perpetuam o debate. A negação da Trindade, portanto, se apresenta faltosa ou prejudicial – e usualmente ambas.