A evangelização dos muçulmanos é um dos maiores desafios da Igreja, isso porque nenhuma religião do mundo odeia tanto a cruz de Cristo como o Islamismo; e, além disso, ensinam seus adeptos a opor-se ao Cristianismo. Alguns muçulmanos, principalmente do MAGREB (Norte da África) não fazem distinção alguma entre fé cristã e cultura européia. Evangelizar os muçulmanos é entrar num verdadeiro campo de batalha, por isso requer-se dos missionários a eles enviados um preparo especial.
- O Problema Cultural
Um grande número de muçulmanos vive em antigas colônias. Podem ser muito suscetíveis ao racismo ou a atitudes paternalistas. Podem manifestar para com os cristãos (os ocidentais) muita desconfiança e hostilidade, que encorajam e reforçam a ignorância e o analfabetismo. As várias formas de pensamento variam através do mundo muçulmano e estão freqüentemente em profundo contraste com o pensamento ocidental. É muito importante estudar a cultura islâmica, para que esses obstáculos sejam ultrapassados.
- O Problema Psicológico
A sociedade muçulmana exige uma conformidade estrita da parte dos seus cidadãos. A opinião do indivíduo conta pouco. O que a comunidade pensa é muito mais importante. O comportamento de um indivíduo é controlado de tal maneira pela sociedade que quase não resta espaço para uma ação independente. Daí resulte que o muçulmano não está habituado a tomar decisões pessoais, como aceitar o Evangelho.
Há um provérbio árabe que diz: num país em que ninguém te conhece podes fazer o que te apetece. É apenas fora de seu país que um muçulmano fica livre das restrições da sua religião e da sociedade. Mas mesmo lá, a influência psicológica da religião e da sociedade tem tendência a continuar e um muçulmano tem dificuldade em agir de forma independente e em aceitar a fé cristã.
- O Problema da Comunicação
A cultura islâmica e a língua árabe determinam a forma de pensamento. Muitas vezes cristãos e muçulmanos atribuem significados diferentes à mesma palavra, por exemplo: (pecado, oração, fé, Filho de Deus). Quem deseja partilhar sua fé com um muçulmano deve procurar utilizar termos simples e defini-los de forma a assegurar que foram bem compreendidos.
Três Requisitos Prévios
Há três áreas, portanto, que são simples, porém de capital importância, que devem ser examinadas antes de movermos a outros temas teológicos que estão também incluídos.
a – Ser Cheio do Espírito Santo
Um dos pontos mais críticos ao testificar a um muçulmano é que devo estar cheio do Espírito Santo. Jesus disse em João 15.26-27: Mas quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio. O sucesso em testificar consiste simplesmente em compartilhar, no poder do Espírito Santo, deixando os resultados a Deus. Deus é soberano e pode operar apesar das nossas imperfeições. Satanás gosta de colocar na mente de quem está pregando que essas pessoas estão longe do Reino de Deus, e que não vale a pena continuar. Para vencer esse pensamento e continuar perseverando devemos ser cheio do Espírito Santo.
b – Orar em Todo Tempo
Devemos orar pedindo que um muçulmano possa entrar no Reino de Deus, se não o fazemos, não vale a pena nem se quer começar. O islã está baseado numa pressuposição: O Cristianismo é falso. O muçulmano declara que sua religião existe porque o Cristianismo tem se corrompido, e se ele aceita que o Cristianismo é a verdade, ele deverá admitir que o islã não tem razão de existir.
Os muçulmanos são as pessoas mais difíceis de evangelizar e haverá momentos que você se sentirá desanimado e terá a tentação. Não desanime! Pare um momento, clame ao Senhor em oração e continue avante com suas forças.
O Islamismo ensina que o muçulmano não deve duvidar em perseguir e ainda matar a uma pessoa que deixe o islã e se converta ao Cristianismo. Quatro ex-muçulmanos no Egito foram processados na corte como traidores ao islã e receberam condenação entre cinco e dez anos de prisão. A corte citou uma lei que proíbe a difamação de qualquer das três religiões: Cristianismo, Islamismo e judaísmo, portanto eles foram acusados de difamar o Islã para converter-se ao Cristianismo. Por exemplo, há pessoas que assassinaram Sadat, o anterior presidente do Egito, porque diziam que seu tratado de paz era uma afronta ao Islamismo. É por esse tipo de hostilidade, não contra nós pessoalmente, mas contra nossa fé, que o muçulmano cresce. Portanto, não se pode evangelizar um muçulmano sem estar cheio do Espírito Santo e sem ter orado previamente.
c – Demonstrar Amor
A mídia no Ocidente tem feito um excelente trabalho para fazer crer que os muçulmanos são odiados. Quando a maioria das pessoas pensa nos muçulmanos geralmente os relaciona com Khomeini, e com os petrodólares. Em geral, não existe compaixão nem interesse para que eles conheçam a Cristo, e tampouco existe consciência de que eles estão perdidos.
Muitas vezes eles são vistos como os terroristas muçulmanos. Mas temos direito de afirmar que cerca de um bilhão da população mundial possa ser todo terrorista? E, ainda que isto fosse verdade, como crentes não podemos odiá-los. Necessitamos do amor cristão para combater essas idéias equivocadas e restaurar nossa carga por aqueles que estão perdidos sem Cristo.
A segunda razão, pela qual necessitamos demonstrar amor, é que somente o amor nos preservará de desanimarmos quando um muçulmano rejeita a Cristo. Sem amor é tão fácil parar de orar por eles, ou de deixar de encontrar-se com eles. Os muçulmanos sentem pena pelos cristãos, eles nos consideram uns blasfemos que têm perdido o rumo. Eles crêem que estão pregando a Deus, e querem levar-nos à verdade, se necessário, até por força. Mas através do amor, eles podem conhecer a Cristo.
Uma terceira razão pela qual necessitamos amor é porque é a única coisa que o muçulmano não pode argumentar. Você pode falar de Iraque e de Irã, duas nações muçulmanas que lutaram entre si por oito anos e eles podem dizer: e o que acontece na Irlanda entre católicos e protestantes? Se você mostrar argumentos da Bíblia eles lhe mostrarão argumentos do Alcorão. Você argumenta sobre Cristo e eles sobre Maomé. Tome qualquer argumento que você quiser e o muçulmano terá uma resposta para contradizê-lo. Mas faça a obra com amor incondicional e aceitação, e verá que eles não poderão fazer nada para devolver-lhe este amor.
Essas três coisas, ser cheio do Espírito Santo, oração e amor são muitíssimo mais importantes do que conhecer tudo sobre o Islamismo ou o Alcorão, se bem que é verdade que nós podemos conhecer mais coisas sobre os muçulmanos. Duvido que alguém possa levar um muçulmano a Cristo, se não estiver cheio do Espírito, sem oração e amor. De modo que estas três coisas serão uma evidência para eles.
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Série Apologética; Editora ICP; 2001; São Paulo