Paquistão anula processo contra jovem acusada de profanar Alcorão
Rimsha, de 14 anos, queimou páginas de livro sagrado sem querer e foi presa
A justiça paquistanesa anulou as acusações contra Rimsha, uma jovem cristã acusada de ter profanado o Alcorão, um caso que provocou grande comoção no país e no exterior. O Tribunal de Islamabad declarou Rimsha inocente, segundo Akmal Bhatti, um dos advogados da jovem, libertada após o pagamento de fiança em setembro e colocada desde então em prisão domiciliar.
Rimsha, uma jovem analfabeta de 14 anos, foi acusada em agosto por vizinhos de ter queimado folhas nas quais estavam escritos versículos do Alcorão, crime que pode ser punido com a prisão perpétua no Paquistão, de acordo com a lei da blasfêmia. Segundo um relatório médico realizado por uma comissão oficial, ela tem idade mental de sete anos.
O caso teve uma virada espetacular quando a polícia acusou o imã de uma mesquita próxima da residência da jovem de ter introduzido pessoalmente páginas do Alcorão entre os papéis queimados, que haviam sido levados por um vizinho, com o objetivo de expulsar os cristãos de um bairro de Islamabad.
Legislação — A lei da blasfêmia foi estabelecida no período de dominação britânica para prevenir choques religiosos, mas nos anos 1980, com uma série de reformas feitas pelo ditador Zia-ul-Haq, começou a ser usado como forma de perseguição religiosa. Em 2011, foi assassinado o ministro cristão Shahbaz Bhatti, que havia se manifestado contra a lei de blasfêmia.
Fonte: Revista Veja – Divulgação: www.juliosevero.com