“A imaginação do homem é uma perpétua fábrica de ídolos.” (Calvino)
Conseqüências da religiosidade de um homem produziram o que tem de melhor em arte visual e o pior no que se refere à teologia. Se o objetivo do cineasta Mel Gibson era agitar Hollywood e se autopromover com o seu filme A Paixão de Cristo, conseguiu, mas biblicamente trouxe sérias implicações.
O jornalista da revista Época, Marcelo Bernardes – correspondente internacional – definiu de forma bem interessante suas primeiras impressões do filme de Mel Gibson ainda na estréia mundial em Nova York: “O Jesus de Gibson foi criado com a intenção de chocar. E consegue. Por mais de uma hora, o profeta (interpretado pelo ator americano Jim Caviezel) é açoitado por legionários romanos. Algumas cenas em câmara lenta, chegam a lembrar os efeitos de Matrix.
Os jornais americanos não chegaram a um consenso. Enquanto o USA Today encontrou ‘poesia’ nas imagens brutais, o Washington Post enxergou-as como ‘um ato pornográfico’. ‘O filme é tão focado na selvageria que se torna muito mais bem-sucedido em agredir o espírito do que em enaltece-lo’, escreveu o crítico do New York Time.” (Época, n? 302, p.88,89)
Certamente, o filme A Paixão de Cristo é a produção artística “religiosa” mais centralizada na violência física de toda a história do cinema. A película narra as últimas horas de Jesus Cristo numa fotografia excelente. O roteiro fictício tem diálogos em latim e aramaico para dar uma atmosfera mais religiosa e romanesca. A violência é surreal e um tanto gratuita.
Mel Gibson defende o seu trabalho se posicionando como um católico “do pé roxo” e diz que o filme é um ato de adoração – este é o seu marketing idólatra – Porém, teologicamente, ele está prestando mais um desserviço a verdade e cooperando para aumentar a operação do erro. Quantos não irão dar crédito à mentira através do emocionalismo?
“Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira,
a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade;
antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.
(2Ts 2.11,12)
“O temor de Deus não só diminui, mas, até mesmo, se extingue, visto que na estupidez das imagens e na sua infeliz e absurda invenção, pode-se facilmente desprezar a majestade divina”. (João Calvino)
Na minha opinião o filme torna-se polêmico não por ser motivo de controvérsias se é ou não anti-semita. O problema também não está no abuso de imagens violentas. O que, de fato, deveria tornar-se polêmico é o que pouca gente enxerga: é um filme que tem o apoio da hierarquia católica, e estrategicamente é lançado entre a quarta-feira de Cinzas e da “semana chamada santa”. Mel Gibson é um idólatra romanista da mesma forma que o evangelista Billy Graham é um idólatra protestante! (baseado em suas últimas afirmações: “que o filme vale mais do que uma vida toda de sermões”). São muitas as distorções.
Outro jornalista da revista Época, Marcelo Musa Cavallari, escreveu o seguinte: “Contemplar a Paixão sempre foi, para os cristãos, parte da devoção a Jesus. Ao longo dos séculos todas as artes se puseram a serviço disso. Gibson, agora, coloca a mágica hiper-realista de Hollywood a fazer esse mesmo papel. Daí a violência crua e brutal de seu filme. Se a música, a poesia e a pintura puderam ressaltar várias facetas emocionais e intelectuais ligadas à Paixão, o cinema atual é capaz de destacar como nunca antes o que há de físico.” (Época, n° 304, p.85).
Cavallari simplesmente coloca todos os cristãos no mesmo balaio. De forma generalizada – e sem conhecimento histórico do cristianismo através dos séculos – diz que “contemplar a Paixão sempre foi, para os cristãos, parte da devoção a Jesus”. A Confissão [cristã] HELVÉTICA (elaborada em 1562 por Heinrich Bullinger, publicada em 1566 por Frederico III da Palatina, adotada pelas Igrejas Reformadas da Suíça, França, Escócia, Hungria, Polônia e outras) cita três nomes de peso da antiguidade para desfazer logo esse mal entendido, os nomes são: Lactâncio, Epifânio e Jerônimo. [E afirma] Por isso aprovamos a opinião de Lactâncio, escritor antigo, que diz: “Indubitavelmente nenhuma religião existe onde há uma imagem”. Afirmamos, também, que o bem-aventurado bispo Epifânio procedeu bem quando, ao encontrar nas portas de uma igreja um véu no qual estava pintada uma figura que se dizia ser de Cristo ou de algum santo, rasgou-o e o arrancou dali, por ver, contra a autoridade da Escritura, a figura de um homem afixada na Igreja de Cristo. (…) essas coisas duvidosas, indignas da Igreja de Cristo e dos fiéis. Além disso, aprovamos esta afirmação de Agostinho sobre a verdadeira religião: “Não seja a nossa religião um culto de obras humanas: os próprios artistas que as fazem são melhores do que elas; no entanto, não devemos adorá-los” (De Vera Religione, IV, 108).
Posterior e acertadamente, o mesmo jornalista da Época, fez uma análise que, ao longo da história todas as artes se puseram a serviço das representações da Paixão de Cristo. Só esqueceu de ressaltar que nem todos os cristãos concordam com a Teologia das Imagens. Sempre existiu iconoclasta na Igreja cristã e sempre existirá. A Igreja de Cristo nunca deixará de ter inimigos implacáveis das imagens e da idolatria.
O mais surpreendente é que este filme não é visto simplesmente pela ótica da arte, mas envolve de forma inevitável toda uma carga mística. De Católicos ortodoxos passando pelas alas carismáticas, e adentrando aos setores Evangélicos todos estão irradiantes porque vêem no filme um enorme potencial a ser usado na evangelização! O Catolicismo Romano é uma religião que fala aos sentidos por meio de imagens. A Teologia das Imagens é um erro popular, atraente e enganoso.
Muitos Evangélicos não perceberam (e talvez nunca venham a enxergar) que A Paixão de Cristo é um filme Católico Romano, feito por um diretor Católico Romano, com orientadores teológicos Católico Romanos, e que ganhou a aprovação informal do papa João Paulo II.
Arte pela arte, tanto faz assistir Mad Max, O Patriota ou A Paixão de Cristo. Teologia por teologia, as imagens do romanismo são inaceitáveis! Como diria o nosso teólogo de Genebra, João Calvino, um iconoclasta por natureza espiritual. Transcrevo resumidamente alguns comentários de sua teologia (As Institutas, Livro I, em linguagem simplificada) Ele concisamente escreveu:
E abominação atribuir forma visível a Deus.
Os que se apartam do Deus verdadeiro, criam ídolos para si
Capítulo 11 das Institutas, ponto I:
REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE IMAGENS É CORROMPER A SUA GLÓRIA
Como as Escrituras levam em conta o limitado e tacanho conhecimento humano, costumam elas expressar-se de modo acessível à mente popular, quando seu objetivo distinguir o Deus verdadeiro dos deuses falsos. Elas contrastam o Deus verdadeiro com os ídolos e, ao fazerem isso, as Escrituras não estão aprovando o que de mais sutil e elegante os filósofos ensinaram, mas estão, antes, desnudando a Loucura do mundo — mais do que isso, a sua completa Loucura—, quando, ao buscar a Deus, cada um, a todo tempo, se apega às suas próprias especulações. [negritos meus]
Por essa razão, a definição que, por toda parte, se mostra a respeito da unicidade de Deus, reduz a nada tudo quanto os homens inventaram para si no que diz respeito à Divindade, pois somente o próprio Deus é testemunha idônea de Si Mesmo.
Por isso, pelo fato de este embrutecimento degradante ter-se apossado do mundo inteiro, de maneira que os homens procurassem representar a Deus de forma visível — forjando deuses de madeira, de pedra, de ouro, de prata ou de outro material qualquer inanimado ou corruptível —, temos de nos apegar ao seguinte princípio: Todas as vezes que se atribui a Deus qualquer forma de representação, a Sua glória é corrompida de ímpio engano. Na Lei, depois de atribuir a Si Mesmo a glória da Divindade, quando quer ensinar que tipo de adoração aprova ou rejeita, Deus acrescenta imediatamente: “Não farás para ti imagens esculpidas, nem semelhança qualquer” (Ex 20.4), palavras com as quais nos proíbe o desenfreamento de tentar representá-lo por meio de qualquer figura visível. E mostra, de maneira breve, todas as formas pelas quais, desde há muito tempo, a superstição dos homens começou a transformar a sua verdade em mentira.
2. REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE IMAGENS É CONTRARIAR O SEU SER
Das razões que Deus acrescenta às proibições é fácil concluir o seguinte: Primeiro, em Moisés (Dt 4.15): “Lembra-te do que o Senhor te falou no vale do Horebe: Ouviste uma voz, não viste corpo; guarda-te, portanto, a ti mesmo, para que não aconteça que, porventura, enganado, faças para ti qualquer representação”, etc. Aí vemos como Deus opõe sua voz abertamente a todas as representações, afim de sabermos que os que buscam representa-lo de forma visível se afastam dEle.
Entre os Profetas, será suficiente citar só Isaías, que é o mais enfático ao demonstrar isto, pois ele ensina que a majestade de Deus é manchada de vil e absurda invenção, quando o incorpóreo é feito semelhante à matéria corpórea, quando o invisível é representado de forma visível ou quando o espírito é feito semelhante à coisa inanimada ou, ainda, quando o imenso é reduzido a um pedaço de madeira, de pedra ou de ouro (Is 40.18; 41.7,29; 45.9 e 46.5). Paulo também raciocina de modo idêntico: “Visto que somos geração de Deus, não devemos pensar que o Divino é semelhante ao ouro, e à prata trabalhada pela arte ou invenção do homem” (At 17.29). Disto fica claro que qualquer estátua que se erige ou imagem que se pinta, para representar a Deus, simplesmente o ofende como também afronta à sua majestade.
O último parágrafo do ponto 3 diz:
Que os judeus, com entusiástica prontidão, se tenham atirado repetidas vezes — a buscar ídolos para si, com a mesma força de abundante manancial de águas borbulhantes —, aprendemos do fato de ser grande a propensão da nossa mente para com a idolatria. Por isso, atirando contra os judeus a pecha de erro que é comum a todos os homens, não durmamos o sono mortal,iludidos pelas vãs seduções do pecado.
O último parágrafo do ponto 4:
No Salmo 115, o Profeta dá ênfase à loucura que significa o fato de homens — a tal ponto dotados de inteligência — saberem que todas as coisas são movidas só pelo poder de Deus e, no entanto, implorarem auxílio de coisas inanimadas e destituídas de sensibilidade. Mas, pelo fato de a corrupção da natureza conduzir a demência tão grosseira, tanto os povos todos quanto cada indivíduo, em particular, o Espírito Santo, finalmente, fulmina com a seguinte maldição: “Tornem-se semelhantes aos ídolos aqueles que os fazem e todos os que neles põem a sua confiança” (Si 115.8). Notemos também que são proibidas não só gravuras, mas também imagens esculpidas e, com isso, refuta-se a improcedente exceção dos gregos, pois pensam que se saem muito bem se não fazem imagem de escultura, que representem a Deus, ao mesmo tempo que se divertem fazendo gravuras desenfreadamente mais do que qualquer outra gente. Pois o Senhor proíbe não apenas que se faça imagem dEle em forma de estátua, mas também que qualquer representação dEle seja modelada por qualquer tipo de artista, visto que, desse modo, Ele é representado de maneira inteiramente falsa e com grave ofensa à sua majestade. [negritos, itálicos e sublinhados meus]
No ponto 6 Calvino cita a opinião de certos representantes da Patrística contra as imagens:
“…Agostinho… expressamente declara como ato abominável não só adorar imagens, mas também levantá-las a Deus. E ele não está dizendo outra coisa senão repetindo o que, muito antes, foi decretado no Concílio de Elvira, cujo cânon trinta e seis diz o seguinte: ‘Resolveu-se que não se tenha nos templos representações pictóricas, de modo que não se pinte nas paredes o que se cultua ou se adora”.
Analisando esta posição de Agostinho citada por Calvino podemos entender um pouco do porquê Agostinho não ser o grande teólogo apoiado pela Igreja Católica Romana hoje, e, sim, Tomás de Aquino. Não é difícil entender.
Tomás de Aquino, reconhecido como o grande teólogo medieval da Igreja Romana, defendia plenamente o uso das imagens,defendendo que elas deviam ser usadas para a instrução das massas que não sabiam ler e que os sentimentos religiosos eram despertados com mais facilidade com o que o povo via do que pelo ouvir.
João Calvino como um bom agostiniano era enfático:
“As imagens são indignas da majestade de Deus, porque diminuem o temor dos homens e aumentam o seu erro”. E mais: “Na estupidez das imagens e na sua infeliz e absurda invenção, pode-se facilmente desprezar a majestade divina”.
Talvez a esta altura alguém levante a seguinte objeção: Calvino não está se referindo, aqui, às imagens do Filho de Deus, e, sim, do Pai, o Deus invisível. Mas vejamos o que se segue:
Institutas 1, cap. 11, ponto 7:
AS IMAGENS DO ROMANISMO SÃO INACEITÁVEIS
Por essa razão, se os papistas tiverem um pouco de pudor, não diqam mais, de agora em diante, que as imagens são os livros dos analfabetos, porque esta afirmação está escancaradamente refutada por numerosos testemunhos da Escritura. Na verdade, mesmo que eu lhes concedesse isto, nem ainda assim, certamente, tirariam muito proveito em defender seus ídolos, pois é notória a espécie de monstruosidade que eles obrigam o povo a aceitar em lugar de Deus! De fato, que são as pinturas ou estátuas que dedicam aos santos, senão corruptíveis exemplares…
Porém, diremos também que esta não é a maneira de ensinar o povo fiel nos lugares sagrados, povo que Deus quer que seja instruído com outro tipo de doutrina. Deus ordenou que aí, nos templos, se proponha uma doutrina comum a todos, na proclamação de sua Palavra e nos sagrados mistérios. Os que são levados pelos olhos à contemplação de ídolos, em derredor —revelam que seu espírito está voltado bem pouco diligentemente para esta doutrina!
A quem, no entanto, os papistas chamam de ignorantes e cuja obtusidade não lhes permite ser ensinados senão só pelas imagens? Na verdade, chamam de ignorantes àqueles a quem o Senhor reconhece como seus discípulos, aos quais considera dignos da revelação de sua celeste sabedoria e que deseja sejam instruídos nos mistérios salvíficos do seu Reino. Certamente, admito que, na atual situação, não poucos são os que não podem dispensar as imagens como “livros”. Contudo, pergunto: De onde vem tal obtusidade senão do fato de serem eles roubados desta doutrina que, sozinha, é apta para instruí-los? E não foi por outra razão que os que presidiam às igrejas deixaram com os ídolos a função de ensinar, senão pelo fato de os próprios ídolos serem mudos! Paulo afirma que, mediante a pregação do Evangelho, Cristo é apresentado ao vivo e, de certo modo, é crucificado aos nossos olhos (Gl 3.1):
Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?
Qual seria o objetivo de, nos templos, erguerem-se, por toda parte, tantas cruzes de madeira, de pedra, de prata e de ouro, se fosse ensinado honesta e fielmente que Cristo morreu na cruz para tomar sobre si a nossa maldição? (G1 3.13):
Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)
Sacrificando o próprio corpo para expiar nossos pecados (Hb 10.10):
Nessa vontade é que temos sido santificados,
mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
E lavá-los com o seu sangue (Ap 1.5):
Da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha,
o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra.
Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados.
Enfim, para reconciliar-nos com Deus, o Pai? (Rm 5.10):
Porque, se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho,
muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
SÓ DESSE FATO PODERIAM APRENDER MAIS DO QUE MIL CRUZES DE MADEIRA OU DE PEDRAS (PODERIAM ENSINAR), visto que os avarentos, talvez, fixam os olhos e a mente nas cruzes de ouro ou de prata, mais do que em quaisquer palavras de Deus![A Paixão de Mel Gibson arrecadou US$ 23,6 milhões em somente um dia de exibição]
Não é à toa que o cineasta recebeu apoio de muitos sacerdotes da igreja romana. Quem sabe Mel Gibson não ganhará uma medalha do Vaticano por corromper a imagem de Cristo por meio fictícios? Não foi assim na história?
Gibson se diz ortodoxo e certamente ele coaduna com a idéia papista de que “as imagens são os livros dos analfabetos.” Mas, quem é o homem para incentivar e legitimar a veneração dos ícones? Sétima arte e arte sacra tem implicações espirituais? O que significa Tradição não-escrita? Será que asseguramos união com Cristo através de imagens? Não será somente por intermédio da Palavra? Assim como está escrito:
Por intermédio da sua palavra;
A fim de que todos sejam um.
(João 17.20-RA)
Os verdadeiros cristãos [iconoclastas] devem compreender que as imagens e a linguagem de “A Paixão de Cristo” surgem diretamente da devoção pessoal de Gibson ao Catolicismo, e tudo foi propositalmente montado tendo por base as raízes históricas e idólatras do romanismo.
Para o inferno os Doutores idólatras do II Concílio de Nicéia! Terríveis corruptores! O Patriarca de Constantinopla Tarásio, moderador do II Concílio Niceno, o apresentar ao Papa Adriano I o relatório do desenvolvimento do Concílio, escreveu: “Depois de termos todos ocupado o próprio lugar, nós estabelecemos ter Cristo como (nosso) chefe. Com efeito, o Santo Evangelho foi colocado em cima de um trono”. Terá sido mesmo Cristo o presidente dessa assembléia conciliar?
De certo se reuniram em seu nome, mas sob sua autoridade? Terá sido um ato de obediência ao Senhor?
Se alguém me ama,
Guardará a minha palavra;
E meu Pai o amará,
E viveremos para ele e faremos nele morada.
Quem não me ama
Não guarda as minhas palavras.
(João 14.23,24-RA)
O infame II Concílio Niceno com sua pretensa autoridade extrabíblica invalidou a assembléia dos iconoclastas, realizada em Hiéria em 754, invalidada porque o Papa de Roma e os Bispos deram o seu consenso idólatra! Acolheram, acataram e seguiram o erro da Teologia das Imagens! Abandonaram a verdade definitivamente.
O grande Concílio de mentira idólatra exaltou a “santíssima” igreja de Roma e a cadeira dourada do apóstolo “Pedro”! Ora, nem santíssima nem apostólica! Triste dia quando o Concílio se pronunciou a favor do culto das imagens, unânimes em legitimidade corruptora!
Os legados romanos colocaram no meio da assembléia um detestável ícone, para que todos pudessem venerar. O aborto da Meretriz fora inevitável! E temos filhotes até hoje, como o cineasta Gibson!
O pseudo-concílio Niceno II proclamou a “tradição eclesiástica escrita e não-escrita” como regra de fé e prática. De fato, Nicéía confirmou contra a Palavra de Deus legitimando a veneração das imagens. O Concílio aprovou isso como sendo verdade essencial!
Negligenciando o mandamento de Deus,
Guardais a tradição dos homens.
E disse-lhes ainda:
Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus
Para guardardes a vossa própria tradição.
Invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição,
Que vós mesmos transmitistes;
E fazeis muitas outras coisas semelhantes.
(Mc 7.8,9,13-RA)
Ensinamentos humanos! Tradição eclesiástica! Tradição não-escrita! Teologia das imagens! O que valem? Ó cegos ecumênicos ouçam: se alguém apresentar um Evangelho diferente daquele que a Igreja de Cristo recebeu dos Apóstolos não o escuteis!
Ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu
Vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado,
Seja anátema.
Assim, como já dissemos, e agora repito,
Se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes,
Seja anátema.
(Gl 1.8,9-RA)
E ainda se dizem sucessores apostólicos! E o leitor não pense que isto é coisa do passado. O Concílio Vaticano II confirmou a tradição supostamente apostólica, dizem: “A tradição é portadora da Palavra de Deus, confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, e transmite-a integralmente aos papas!”
A tão necessária “controvérsia sobre a Teologia das Imagens”, do império bizantino abalou os pilares da igreja romana, mas não os derrubou. Os papas e bispos paganizados em nome de Cristo introduziram práticas idolátricas como admitir que o Senhor Jesus Cristo, Maria, os Mártires e os Santos fossem representados em formas pictóricas ou plásticas para favorecer a oração e a devoção dos fiéis.
A sutileza idólatra está universalmente contida na fórmula de Basílio. E Assinada em baixo pelo Concílio Niceno II, religiosamente decretaram “a honra prestada ao ícone é dirigida ao protótipo”
O Papa Gregório, pedagogo do Diabo, insistiu no caráter didático das pinturas nas igrejas, úteis para que os analfabetos, “ao contemplá-las, possam ler, pelo menos nas paredes, aquilo que não são capazes de ler nos livros”. dominadores escravagistas! Porque não ensinaram o povo a ler como fizeram os Reformadores? Sem dúvida é preferível o povo analfabeto de Bíblia!
Através desta aprovação maligna desenvolveu-se o monstro do culto das imagens dos santos na Igreja de Cristo.
O meu povo está sendo destruído,
porque lhe falta o conhecimento.
Oséias 4:6
Também conservei em Israel sete mil,
todos os joelhos que não se dobraram a Baal,
e toda boca que o não beijou.
1 Reis 19:18
Os iconoclastas, desafiando a tradição da Igreja romana, consideravam a veneração das imagens como um retorno à idolatria. E DE FATO!
COMO RETRATAR CRISTO HOMEM SEM A MÍNIMA FIDELIDADE? COMO RETRATAR CRISTO DEUS SEM REPRESENTAR IDOLATRIA?
Será que a arte pode representar o rosto humano do Filho de Deus, “imagem de Deus invisível”? (Cl 1,15):
Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.
Será que contemplar a arte é ver o Verbo encarnado? (Jo 1,14):
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória,
glória como do unigênito do Pai.
Será que a arte pode representar a forma, a efígie do rosto humano de Deus e levar aquele que o contempla ao mistério inefável do mesmo Deus feito homem para a nossa salvação?
Voltemos ao iconoclasta de Genebra para fecharmos o assunto:
Institutas, Livro 01, Capítulo 11, Ponto 14:
ARGUMENTOS FALSOS QUE SERVEM DE BASE A UMA DECISAO DE NICÉIA (787)
Penso que já teria falado mais do que o suficiente a respeito deste assunto se, de certo modo, o Concílio de Nicéia não tivesse lançado mão sobre mim. Não me refiro ao famosíssimo Concílio reunido por Constantino, o Grande, mas ao que foi realizado há oitocentos anos por ordem e sob os auspícios da Imperatriz Irene. Ora, este Concílio decretou não somente que se devem ter imagens nos templos, mas também que elas devem ser veneradas. O que quer que eu tenha dito pois (sobre este assunto), a autoridade deste Concílio gerará grande preconceito em contrário. No entanto, para falar a verdade, esse fato não me preocupa tanto, quanto a evidência que os feitores terão do quanto se extraviou a sanha dos que foram mais ansiosos para com as imagens, do que convinha a cristãos!
Porém, antes de mais nada, livremo-nos primeiramente dos que hoje defendem o uso das imagens, alegando o apoio desse Concílio Niceno. Há um livro sob o nome de Carlos Magno, de caráter refutatório que, a julgar pelo estilo, parece ter sido escrito na mesma época (do Concílio). Neste livro faz-se referência às opiniões dos bispos que estiveram presentes ao referido Concílio e aos argumentos com que lutaram nas discussões.
João, o legado do Oriente, disse: “Deus criou o homem à sua imagem” e, por isso, devemos concluir que é preciso ter imagens. Ele mesmo, na seguinte afirmação, opinou que as imagens são recomendadas: “Mostra-me a tua face, pois que ela é formosa” (Ct 2.14). Outro, para provar que se devem colocar imagens nos altares, citou o seguinte testemunho: “Ninguém acende uma candeia e a põe debaixo do módio” (Mt 5.15). Um outro, com o objetivo de demonstrar que a contemplação das imagens nos é útil, citou um versículo do Salmo: “Estampada foi sobre nós a luz da tua face, ó Senhor” (Sl 4.6). Um outro recorreu à seguinte analogia: Como os Patriarcas fizeram uso dos sacrifícios dos gentios, do mesmo modo as imagens dos santos devem ocupar, para os cristãos, o lugar dos ídolos dos povos”. Para esse mesmo propósito, torcem a seguinte oração: “Senhor, amei a formosura da tua casa (Sl 26.8). Porém, especialmente engenhosa é a seguinte interpretação: “Como temos ouvido, assim também temos visto”. Portanto, para eles, Deus é conhecido não pelo ouvir da Palavra, mas também pela contemplação das imagens! Semelhante é agudeza do bispo Teodoro: “Maravilhoso”, diz ele, “é Deus nos seus santos” (Sl 68.35) e, daí, diz-se em outro lugar: “Quanto aos santos que estão na terra” (Sl 16.3). Portanto, concluem eles, isto deve referir-se às imagens!
Afinal de contas, são tão disparatadas as suas tolices que até me envergonho de referi-la!
O Concílio Niceno II reafirmou solenemente a sofisticada e sutil distinção entre “a verdadeira adoração (latria)” que é devida somente à natureza divina” e “a prosternação de honra” (timetiké proskynesis), que é prestada aos ícones, “aquele que se prostra diante do ícone, prostra-se diante da pessoa (a hipóstase) daquele que na figuração é representado” Eis o grande sofisma da teologia das imagens! Até os dias de hoje este é o “grande” argumento para dizer que não são idólatras! Mas é um raciocínio falso com aparência de verdade, tão falso quanto a aparência física de Cristo nas imagens!
O idólatra Concílio Niceno II sancionou a tradição segundo a qual “devem expor-se as venerandas imagens sacras, manufaturadas com tintas, com mosaico e com outras matérias idôneas, nas igrejas consagradas a Deus, nos vasos e paramentos sagrados, nas paredes, nas casas e nas ruas; e isto aplica-se tanto à imagem de Nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo bem como às imagens dos anjos e de todos os homens santos e piedosos”
Teólogos de Baal como Nicéforo de Constantinopla e Teodoro Studita foram os grandes apologistas do culto das imagens, eles consideraram a veneração do ícone como parte integrante da Liturgia, à semelhança e em pé de igualdade com a pregação da Palavra. [Billy Graham, na prática, também está fazendo isto!]
Os profetas romanos de Baal dizem: como a leitura dos livros permite a audição da Palavra viva do Senhor, assim a exposição de um ícone figurativo permite àqueles que o contemplam ter acesso ao conhecimento da Salvação mediante o que se vê.“Aquilo que por um lado é manifestado pela tinta e pelo papel – a Palavra – por outro, no ícone, é manifestado pelas várias cores e pelos outros materiais” Na época isto não fora aceito naturalmente, os anos de 825 e 843, os impérios bizantino e franco se demonstraram ambos hostis ao Concílio Niceno II.
No Concílio de Trento – depois da Reforma Protestante -, a Igreja católica reafirmou a doutrina tradicional, contra uma nova forma de iconoclastia que então se manifestava.
Mais recentemente, o Concílio Vaticano II recordou com bastante lucidez a posição constante da Igreja a respeito das imagens, da arte sacra e dos “baalins” em geral.
E a ordem continua a mesma: “manter o uso de expor imagens nas Igrejas à veneração dos fiéis”
Poucos terão o discernimento correto neste mar de superstições! Poucos ficarão apenas com o conhecimento das Escrituras! Poucos terão o temor de Deus!
A cada passo a verdadeira religião foi adulterada. Todos os que querem inventar imagens de Cristo são arrastados ou impulsionados pela vaidade. As falsas invenções artísticas corrompem a Glória do Filho de Deus.
Precisamos de cristãos corajosos que digam o que disseram os nossos irmãos do passado: “rejeitamos não somente os ídolos dos gentios mas também as imagens dos cristãos”.
Os iconoclastas protestantes devem concordar com a Confissão Helvética quanto ao parágrafo Imagens de Cristo, que afirma:“Embora Cristo tenha assumo a natureza humana, não a assumiu para fornecer modelo a escultores e pintores [ou cineastas]. Afirmou que não veio “revogar a lei ou os profetas” (Mat 5.17). E as imagens são proibidas pela lei e pelos profetas (Deut 4.15; Is 44.9) . Afirmou que a sua presença corporal não seria de proveito para a Igreja, e prometeu que estaria junto de nós, para sempre, pelo seu Espírito (João 16.7). Quem, pois, haveria de crer que uma sombra ou semelhança de seu corpo traria qualquer benefício para as almas piedosas? (II Co 5.5). Se ele vive em nós pelo seu Espírito, somos já os templos de Deus (I Co 3.16). Mas, “que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” (II Co 6.16).”
Em oposição direta a verdade bíblica, o Concílio de Trento decretou:
“As imagens de Cristo e da Virgem Mãe de Deus e de outros santos devem ser possuídas e guardadas, especialmente nas Igrejas e devem ser alvo de honra e veneração (Ses 25).
Qualquer representação da imagem de Cristo é falsa! Esta afirmação é direcionada também as igrejas evangélicas, que de muitas formas usam gravuras, desenhos animados e filmes sobre Jesus. Em nenhum lugar nas Escrituras existe alguma referência do aspecto físico de Cristo. Não existe nenhuma figura pintada ou esculpida de Cristo como peça arqueológica da Igreja Primitiva. Nenhum apóstolo ou discípulo retratou por escrito sua fisionomia [nem Judas, o traidor!]. Durantes os quatro primeiros séculos não existiu nenhuma representação pictórica de Cristo. Todas as imagens de Jesus na história da igreja foram produzidas pela criatividade dos artistas. É possível um judeu da Galiléia ter traços de um Europeu?
Deus, em sua Palavra conservou em segredo a fisionomia de Seu Filho, certamente para não alimentar a idolatria dos cristãos – do mesmo modo que ocultou o local da sepultura de Moisés.
Cristo, o Deus vivo e verdadeiro, deve odiar todas as imagens de Sua pessoa. Não existem meias-verdades! Ou Cristo apóia ou não os falsos ensinamentos!
O filme A Paixão de Cristo no que diz respeito a arte cinematográfica poderá levar muitos prêmios com total justiça, mas no que se refere a autenticidade teológica, a imaginação do cineasta está embebida da iconografia Católica Romana. Para os idólatras é um ótimo filme em todos os sentidos. “Nem todas as verdades são para todos os ouvidos” – Umberto Eco, em O Nome da Rosa.
Por Raniere Menezes*
P.S.: Recomendo a leitura do artigo do Rev. Andrew J. Webb.