Perdoe, Senhor, a minha tolice, minha imaturidade, minha falta de sabedoria. Perdoe-me por pensar que minha correria vale mais que minha oração, que minha fadiga vale mais que meu louvor, por pensar que correr em teu nome é o mesmo que amá-lo. Quantas vezes eu te amei pelo que Tu podias fazer por mim ao invés de amar-te por quem Tu és. E por causa disso eu pensava que querias não a mim, mas meus serviços. Quanto engano.
Corri para agradar-te quando devia aquietar-me e ouvir-te. Fiz bolhas nas mãos e nos pés quando deveria ter calos nos joelhos. Querias os meus ouvidos e meus olhos em Ti e não tiveste, por isso não tiveste também meu coração. Eu estava ocupada demais para reconhecer, como fez minha irmã, que aquele tempo era especial.
Sempre critiquei os que não se agitavam como eu. Sempre reclamei daqueles que viviam de joelhos e pareciam produzir tão pouco. Nunca percebi que o brilho de seus rostos e a unção de suas vozes faziam muito mais do que meu cansaço. Eram fruto do tempo que gastavam contigo. Falava de sua oração sem ação quando o meu problema era minha ação sem oração. Eles moveram Tua mão, que moveu o mundo, ao passo que eu movi apenas a minha própria e fraca mão. Muito fiz, pouca coisa transformei.
De que vale meu serviço sem comunhão contigo? Minha agitação sem adoração? O preço de Tua glória é nosso tempo em Tua presença, tempo que não paguei, tempo que eu disse não ter, tempo ao qual não dei valor porque acreditava que toda minha correria podia substituir a capacitação que vem de Ti. Tolice, tolice, tolice.
Sei que há tempo para todo propósito. Sei que há momentos para agir, para fazer, para realizar em Teu nome e para tua glória. Só não percebi que esses momentos, quando excessivos e indevidos, roubam os momentos preciosos de estar em tua presença para adoração, comunhão, oração.
Eu devia ter parado naquele dia, naquela hora, naquele instante. Tu estavas ali me esperando, mas eu não estava à Teus pés. Tinhas palavras preciosas para o meu coração, mas eu não tinha ouvidos para elas. Eu precisava de tanto e esse tanto estava em Ti. E eu estava longe, com minha mente e meu coração. Era o tempo de Tua visitação e eu não a aproveitei.
Quantos momentos preciosos como esses eu perdi? Quantas vezes minha ansiedade me levou à agitação ao invés de me levar aos Teus pés? Quantas vezes o orgulho pelos resultados do que fiz por Ti, me afastou de Ti mesmo e me deixou sozinho comigo?
Perdoe-me Pai, por não ouvir-Te quando me falavas, não receber o que me davas e não enxergar-Te quando de modo maravilhoso querias revelar-Te a mim. Perdoe-me por substituir a oração pela agitação e por não desejar como Maria a melhor parte que ninguém pode tirar.