A Mordomia Do Dízimo

“Trazei todos os dízimos a casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 3.10).

O dízimo é um hábito regular pelo qual um cristão fiel, põe à parte, pelo menos dez por cento de suas rendas, como reconhecimento pelas bênçãos de Deus.

Há doutrinas destacadas na Bíblia, como as que tratam de Deus, da Trindade, de Cristo, Espírito Santo, do Homem, da Salvação, da Escatologia e tantas outras, mas algumas doutrinas são de vital importância no campo das ciências teológicas e das práticas cristãs. A doutrina da Mordomia Cristã, por exemplo, que tem uma abrangência formidável, sempre destacou a doutrina do dízimo como uma que mereceu atenção e apreciação do próprio Senhor Jesus Cristo. A ques­tão do dinheiro sempre foi tratada por Jesus mais que outros assun­tos. Em seus ensinos e pregações Ele falou sobre batismo 17 vezes, das quais 12 são figuradas. Sobre a Igreja não mais de 3 vezes nos Evangelhos e 18 vezes nas suas palavras no último livro da Bíblia, o Apocalipse. Falou do inferno 11 vezes e do Hades, 4. Falou 21 vezes sobre arrependimento; 2 vezes de salvação, 47 vezes de vida eterna, 7 vezes de eleição, 72 vezes de pecado e pecadores, e 27 vezes acerca do Espírito Santo. Sobre o reino de Deus falou muitas vezes, mas sobre dinheiro, só no Sermão do Monte com 107 versículos, falou 28 vezes. Das 49 parábolas que ensinou, 16 vezes falou sobre dinheiro ou bens materiais. Segundo um pesquisador, mais ou me­nos, a quarta parte de tudo quanto falou neste mundo foi concernente a dinheiro e dízimo. Ora, se Jesus deu tanta importância a esse assun­to como doutrina é porque tem importância na experiência cristã.

Todas as organizações humanas demandam recursos financeiros para a sua manutenção e para que, consequentemente, possam pre­encher as suas finalidades essenciais. Não é diferente com a Igreja de Cristo. Ela é uma instituição divina, mas tem a forma de organização humana porque é constituída de pessoas. Por isso, dízimos e ofertas fazem parte da vida da Igreja como contribuição voluntária e espon­tânea da parte de seus membros.

A IMPORTÂNCIA DO DÍZIMO NO CRISTIANISMO

O dízimo é a argamassa que cimenta o grande edifício do Cristianis­mo para impedir que o materialismo penetre na Igreja. Quando um trabalhador recebe o seu salário no final do mês, ele tende a cultuar o seu dinheiro nas coisas temporais de que precisa. Mas quando ele separa os dez por cento (10%) do seu dinheiro ganho honestamente, está reconhecendo a soberania de Deus sobre sua vida material, espe­cialmente, sobre seu dinheiro. Ao separar o dízimo e entregá-lo na casa de Deus, o crente destrói todas as barreiras levantadas pela avareza e pela ganância. Ao entregar o seu dízimo na casa de Deus, o crente desfaz qualquer vestígio de arrogância que valoriza a ideia de auto- suficiência. Ao entregar o dízimo ao Senhor o crente dá testemunho que Deus existe e está presente e vivo no mundo. É, na verdade, o reconhecimento de que Deus mantém por seu poder todas as coisas.

Entregar o dízimo não significa comprar favores de Deus, mas é reconhecer seu poder pelas suas dádivas àqueles que o servem neste mundo. Nós, cristãos, somos mordomos dos bens que Ele nos tem dado e, nos resta, tão somente, administrar esses bens, entregando a Ele aquilo que lhe é devido. A prática da entrega do dízimo deve ser espontânea e livre de qualquer tipo de pressão.

Através da história, especialmente do Cristianismo, alguns ferre­nhos inimigos tem se levantado para deter o avanço do evangelho de Cristo na terra. Naturalmente, a expansão do evangelho de Cristo requer dinheiro e o sistema bíblico de ofertas e dízimos tem sido repelido pelos amantes do dinheiro. São inimigos intelectuais, mas antes de tudo, espirituais.

O primeiro inimigo declarado é o secularismo. Não vou me de­ter em aprofundar sobre o secularismo, mas é preciso destacá-lo como um ferrenho inimigo do Reino de Deus na terra. Objetivamente falan­do, entregar o dízimo é tido por uma prática religiosa pelos secularistas. Fiquei pasmo quando li que os Estados Unidos da América, país iden­tificado como cristão, tem hoje menos da metade de sua população de confissão cristã. Sem dúvida aquele país que desenvolveu assusta­doramente a ciência e a tecnologia tem abandonado a Deus. O secularismo tornou-se a bandeira de fé daquele povo. Uma socieda­de secular é uma sociedade sem Deus. É um mundo onde as coisas materiais tornam-se os ditadores. A posse de coisas, o consumismo fácil e a satisfação dos sentidos são a base da felicidade dessa socie­dade. A Bíblia fala dos “amantes do presente século”.

Malaquias aparece no Antigo Testamento como o último dos pro­fetas. Ele viveu aproximadamente 400 anos antes de Cristo, e no meio do seu povo foi um profeta corajoso para falar a Israel de bên­çãos e maldições. A casa de Deus estava empobrecida e a sua manu­tenção abandonada, porque o povo deixou de ser fiel nos dízimos e nas ofertas alçadas. A mensagem profética de Malaquias expôs o pro­blema, reprovando o pecado e desafiando o povo a uma nova atitu­de, para que fosse outra vez abençoado.

DEUS PROPÔS A ISRAEL A RESTAURAÇÃO DA MORDOMIA

Restauração moral. Segundo o texto declara nos versículos 1 a 6, Israel estava sendo acusado de abandonar os princípios morais da obediência e da fidelidade a Deus, tocante aos dízimos e as ofertas alçadas. O Senhor lhes disse: “Vos me roubais, e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas”. O apego às coisas materiais tem sido o elemento de maior dificuldade de muitos servos de Deus ao longo da história. O amor ao dinheiro que supera o amor a Deus é um tropeço na vida cristã. Quando as pessoas se afastam das leis de Deus, estabelecidas na sua Palavra, haverá necessidade de restauração moral e espiritual.

O ponto de partida para a restauração é o arrependimento. Ora, o que significa arrependimento? Significa mudança de atitude e tristeza para com o pecado cometido. Israel havia pecado contra o Senhor, e somente o retorno sincero e pleno de arrependimento haveria perdão e recuperação. Deus disse a Israel: “Tornai-vos para mim, e eu tornarei para vos” (Ml 3-7). No Novo Testamento, isto significa o que está escrito: “Se confessarmos os nossos pecados, ele e fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1.9).

A obediência é o passo seguinte para a restauração. Deus acu­sou Israel de ter abandonado as suas leis e princípios e de desobedece-los. O Senhor diz: “Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes” (Ml 3-7). Aprendemos que as bênçãos de Deus em nossa vida estão vinculadas a uma vida de obediência à sua Palavra. Israel aprendeu que “obedecer e melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22). Se quisermos que as “janelas do céu” se abram sobre nós, devemos reconhecer nossos pecados e arrepender-nos, bem como obedecer aos estatutos divinos.

O SIGNIFICADO DO DÍZIMO NA BÍBLIA

O sentido literal do dízimo. “O dízimo é o hábito regular pelo qual um cristão, procurando ser fiel à sua crença, põe à parte, pelo menos dez por cento de suas rendas, como um reconhecimento das dádivas divinas. Ele reconhece, assim, que Deus é o Senhor de todas as fontes terrenas”, escreveu G. Ernest Thomas (1 Co 10.26; Ag 2.8; SI 50.10,11; Os 2.8,9; Cl 2.16). O dízimo é o mínimo que o crente dispõe para Deus. Com ele as barreiras da arrogância, da avareza e do ego­ísmo são quebradas, pois o ato de dar o dízimo atesta a presença de Deus no mundo, e Ele dá ao indivíduo a oportunidade de testemu­nhar suas crenças na sabedoria divina. O dízimo deve ser uma redescoberta espiritual para prosperidade material.

O sentido conceituai do dízimo. Dízimo é a décima parte de um todo. A expressão “dar o dízimo” não significa que estaremos fazen­do qualquer tipo de negociata com Deus. Não significa comprar favo­res de Deus, mas significa pagar tributo à fonte de todo bem, que é nosso Deus. Ele é a fonte de toda a possessão material. Quando o crente reconhece as dádivas de Deus, separando um décimo de seus rendimentos, expressa assim a sua convicção de que Deus é doador de tudo que ele tem. É importante perceber que Deus continua sen­do o dono das posses materiais confiadas ao homem, e este é tão somente o mordomo. Que patrão neste mundo daria 90% dos rendi­mentos das suas posses e ficaria com apenas 10%? Só Deus, rico e bondoso é capaz de fazer dessa forma. Tudo o que Ele requer é que o mordomo cumpra com lealdade a sua mordomia, e lhe dê a única parte exigida — a décima parte.

O sentido moral acerca do dízimo. O dízimo é um testemunho da bondade criadora de Deus. Quando entregamos o dízimo prova­mos a nossa dependência de Deus e de suas bênçãos. A entrega do dízimo para a “casa de Deus” é o reconhecimento à fidelidade de Deus. Não se trata de uma opção para o crente, mas significa o reco­nhecimento pela bondade de Deus a sua vida. Quando um crente se recusa a entregar o dízimo ao Senhor é porque ainda não reconheceu plenamente o senhorio de Deus. Quando tributamos a Deus estamos reconhecendo, automaticamente, o senhorio do nosso Deus (1 Co 10.26; Ag 2.8).

O sentido espiritual do dízimo. Apresento aqui três razões para entregar o dízimo ao Senhor: a) Reconhecimento pelas bênçãos divi­nas. O dízimo é um reconhecimento de que Deus é o doador de tudo na vida. O homem pertence a Deus (Gn 1.27; Ez 18.4). A terra perten­ce a Deus (SI 24.1; Hb 11.3; Cl 1.17; SI 104.30). b) Adoração. Faz parte da adoração cristã a contribuição feita pela Igreja para a obra de Deus através dos “dízimos e ofertas” (1 Co 16.1-4). c) A Fé. Que valor terá a entrega dos dízimos sem o exercício da fé? A entrega do dízimo sem fé é um legalismo religioso sem fruto. Quando o crente separa um décimo dos seus rendimentos, deve fazê-lo com fé, isto é, com a convicção de que Deus é o Senhor de todas as coisas e que o dízimo é tributo espontâneo que se faz a Ele.

A DIMENSÃO HISTÓRICA DO DÍZIMO NA BÍBLIA

No Antigo Testamento

a) O exemplo de Caim e Abel (Gn 4.2-7). A raiz da doutrina do dízimo é identificada ainda nos primórdios da criação. Após a queda, começou novo diálogo entre Deus e o homem. Caim e Abel, nossos primeiros irmãos, foram ensinados a que fossem leais ao Criador e oferecessem, espontaneamente ao Senhor alguma coisa do produto do seu trabalho, em gratidão pela sua bondade. Caim trouxe do fruto da terra a sua oferta ao Senhor, e Abel “trouxe o primogênito das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn 4.3,4). Adão e Eva desde cedo ensina­ram aos seus filhos a lealdade ao Senhor e o reconhecimento que deveriam ter pela sua providência. É um exemplo positivo que nossos primeiros pais (Adão e Eva) nos dão. Devemos ensinar desde tenra idade os nossos filhos a serem agradecidos a Deus pelo pão, pelo vestuário, pela habitação, pelo ar que respiram, reconhecendo tudo isso como bênção do Todo-Poderoso.

b) O exemplo de Abraão (Gn 14.18-24). De fato a primeira menção específica do dízimo no Antigo Testamento ocorre quando Abraão trouxe sua oferta ao Senhor e a entregou ao rei Melquisedeque que era “sacerdote do Deus Altíssimo”. Notemos que Abraão o fez espontaneamente em atitude de reconhecimento da sua mordomia a Deus (Gn 14.22).

c) O exemplo de Jacó (Gn 28.18-22). Com a mesma característica da atitude de seu avó Abraão, seu dízimo era voluntário e expressava sua gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas. Observa-se que Jacó já recebera instruções acerca do dízimo através dos seus pais, Isaque e Rebeca. É um exemplo positivo para a família cristã hoje, ensinar os filhos a serem fiéis e agradecidos a Deus com seus dízimos e ofertas.

d) O exemplo de Moisés. A prática do dízimo foi incorporada à Lei para o povo de Israel. Todos os filhos de Israel adotaram o dízimo como um padrão de gratidão ao Senhor Todo-poderoso. Na lei ve­mos por três vezes a citação do dízimo. A primeira referência ao dízimo (Lv 27.30-32) é o estabelecimento oficial da prática do mesmo pelo povo de Deus. Essa lei sancionou, com a autoridade divina, a questão do dízimo. Cada judeu temente a Deus deveria dar a décima parte de tudo que a terra produzisse, vegetal ou mineral. A segunda referência sobre o dízimo esclarece a finalidade dele: era para o sus­tento do sacerdócio (Nm 18.20-32).

e) O exemplo na história de Israel. Houve um período da vida religiosa dos judeus em que o desleixo espiritual e a rotina dos servi­ços religiosos provocaram esquecimento da responsabilidade espiri­tual do povo. Os levitas tiveram que deixar os afazeres sagrados para ganharem o sustento de suas famílias. Posteriormente, o rei Ezequias reorganizou a vida religiosa do seu povo, porque entendia que o sucesso do seu reino dependia totalmente de Deus. Organizou as turmas de sacerdotes e levitas e despertou o seu povo à fidelidade na entrega dos seus dízimos. O povo obedeceu à palavra de Ezequias e com liberalidade trouxeram seus dízimos, de modo que, como diz o texto: “e se fizeram muitos montões” (2 Cr 31.5,6).

O dízimo no Novo Testamento

O dízimo é doutrina apenas para o Antigo Testamento? Alguns gru­pos cristãos negam a doutrina do dízimo, afirmando que a referida prática pertence ao Antigo Testamento e nada tem a ver com o Novo. Entretanto, o dízimo passou a ter uma nova perspectiva da graça. Na lei de Moisés, o dízimo tinha uma conotação moral relacionada com a prosperidade. O princípio de que Deus é o dono e a Ele tudo pertence explicita o dízimo, pois ele é a expressão do reconhecimen­to pelas bênçãos recebidas.

a) O exemplo de Jesus (Jo 13.15; Mt 6.33). Jesus deu uma nova dimensão a mordomia do dinheiro e dos dízimos. Ele destacou, pri­mordialmente, a necessidade de ter o coração desprendido dos bens materiais. O culto a Mamom, deus da riqueza material, além de falso escravizava o coração do homem. A mordomia cristã tornou-se mais forte e com dimensão maior, porque a questão do dízimo passou a ser o mínimo da contribuição cristã. Observe o preceito da mordomia estabelecida por Jesus (Mt 6.19,25,33; Mt 7.12; Mc 12.17; Lc 12.15,33,48; Mt 10.3; At 20.35; Mc 8.37).

b) O exemplo da igreja primitiva (At 4.32; 2 Co 8.7). Sem dúvida o derramamento do Espírito Santo nos primórdios da Igreja quebrou as amarras da avareza e do egoísmo, e os crentes contribu­íam alegremente com tudo quanto tinham. Hoje, as igrejas locais às vezes passam por apertos financeiros por causa de duas classes de crentes existentes no seu seio: os crentes onerosos e os crentes ho­norários. Os crentes onerosos são aqueles crentes que não contri­buem financeiramente com nada. Quando dão alguma coisa fazem toda sorte de cobrança aos pastores. Os crentes honorários são aque­les que em nada contribuem, mas gostam de ser vistos e figuram em tudo na igreja. Após o dia de Pentecostes, a Igreja multiplicou-se com muitos crentes. Muitos estrangeiros se converteram naquele dia. A perseguição foi iniciada contra os primeiros cristãos, e estes perderam propriedades e outros bens. A Igreja promoveu um aten­dimento filantrópico aos necessitados, e sob a força do Espírito San­to aqueles primeiros crentes se uniram e reconheceram a necessida­de da mordomia e, diz a Bíblia: “e tinham tudo em comum” (At 4.32-35). A contribuição arrecadada era consagrada ao serviço de Deus e os necessitados eram atendidos.

c) O exemplo da igreja da macedônia (2 Co 8.1-9). A Igreja na Macedônia resultou dos trabalhos missionários de Paulo. Era uma igreja constituída, na sua maioria, de crentes pobres materialmente, mas era rica em generosidade. Paulo solicita à Igreja na Macedônia que contribua financeiramente para ajudar a Igreja em Jerusalém, e isto foi de modo maravilhoso aceito entre aqueles crentes. Tinham o coração aberto para dar, por isto, também recebiam muitas bênçãos da parte de Deus. Aqueles crentes foram tomados de tal modo pelo amor fraternal que chegaram a contribuir com muito mais do que se esperava e do que podiam, movidos pelo amor (Fp 2. 2,3; 1 Co 4.17).

3.A prática do dízimo ensinada no Novo Testamento.

Há três refe­rências do dízimo no Novo Testamento. Duas delas são paralelas e se referem ao ensino de Jesus dado aos fariseus, conforme já abordados (Mt 23. 23; Lc 11.42). A terceira referência encontra-se na carta aos Hebreus (Hb 7.1-10). Existe uma teoria anti-dizimista que utiliza esse texto para rejeitar a prática do dízimo na dispensação da graça. O texto está provando a superioridade de Cristo sobre a velha dispensação, e de modo particular, sobre o sacerdócio judaico. O texto diz que Abraão pagou seu dízimo a Melquisedeque, que era sacerdote do “Deus Altíssimo”. Ora, isto foi muito antes da instituição da Lei do Antigo Testamento. Se Melquisedeque era figura de Cristo, Abraão lhe deu o dízimo. Assim sendo, hoje, os crentes em Cristo lhe dão os dízimos, pois Ele é Sacerdote Eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Se Melquisedeque recebeu os dízimos de Abraão, por que Cristo não re­cebería o dízimo de seus fieis para a propagação do evangelho?

4.O sustento do ministério cristão (1 Co 9-1-13).

Paulo declara e ensina à igreja em Corinto que os que trabalham no ministério cristão também devem que viver do ministério (1 Co 9-13). Destaca também que o princípio do sustento do ministério sacerdotal na dispensação da lei é o mesmo na dispensação da graça. Paulo estava discutindo o seu direito ao seu sustento por parte das igrejas com as quais estava traba­lhando. Com esse argumento ele estabelece o princípio entre as duas dispensações, a lei e a graça, e diz: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9-14).

O PADRÃO NEOTESTAMENTÁRIO DO DÍZIMO

A doutrina da mordomia de Paulo.

Paulo tinha convicções defini­das acerca do dinheiro e do seu uso pelos crentes em Cristo. Sua teoria se resumia no seguinte: o dinheiro deve ser ganho honestamente (1 Ts 4.12); deve-se trabalhar, e não pedir ou roubar (Ef 4.28); se alguém não quer trabalhar não coma também (2 Ts 3.10); o crente deve ser econô­mico e juntar o necessário para seu sustento (1 Ts 5.8) e deve contri­buir para as causas dignas e pessoas necessitadas (Ef 4.8).

O sistema da contribuição exposto no Novo Testamento (1 Co 16.2-4). A contribuição cristã deve obedecer a uma sistematização pessoal de cada crente. Note a ordem do sistema paulino: 1) “no primeiro dia da semana” (ofertas semanais) “cada um de vós” (todos têm responsabilidade no sustento da obra de Deus) “ponha de parte” (prepare-se para fazer a contribuição, de modo consciente) “o que puder juntar” (contribuição proporcional); portanto, o dízimo é a única proporção conhecida na Bíblia (1 Co 16.2).

a) Deve ser feita com alegria (2 Co 9.7). Paulo destaca que o crente que ama ao Senhor deve contribuir com abundância de gozo, “não com tristeza nem por necessidade, porque Deus ama ao que dá com alegria”. Essa alegria refere-se ao prazer de poder contribuir na obra e de ser participante dela.

b) Deve ser voluntária, e “não por necessidade” — expressão que dá idéia de uma obediência irracional e legalista. Contribuir para provar que contribui; não faz por fé, nem com voluntariedade. Con­tribuição voluntária implica vontade e decisão. Não se deve contri­buir com pressão ou fugaz entusiasmo, mas com prazer e alegria.

c) Deve ser conforme o seu ganho real (1 Co 16.2). O dízimo é uma questão de fé e obediência. A fé não duvida das promessas do Senhor e a obediência propicia o cumprimento dessas promessas divinas. Quando o crente recebe o seu salário mensal, quinzenal ou semanal, deve, imediatamente separar o que pertence ao Senhor. Não use o dinheiro do dízimo para outra coisa, mas entregue-o à “Casa do Senhor” para que lá haja mantimento (Ml 3-10).

d) Deve ser feito com fidelidade. Um dos grandes tropeços es­pirituais de muitos crentes está no fato de que, quando tudo transcor­rem bem na vida cotidiana, eles contribuem com seus dízimos, mas quando vêm as dificuldades, o dízimo é facilmente esquecido. A fide­lidade para com Deus, em relação ao dízimo, deve ser exercida em todas as circunstâncias da vida.

e) Deve ser feito com regularidade. Veja o que Paulo ensina: “No primeiro dia da semana, ponha de parte o que puder ajuntar” (1 Co 16.2). O texto estabelece o princípio da fidelidade com regularida­de. Significa que deve ser sistemática e regular; não de forma esporá­dica e sujeita a uma série de contingências.

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LIVRO: MORDOMIA CRISTÃ, ELIENAI CABRAL

 

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