O CACP, de acordo com a Constituição vigente (Art. 5º) e dentro da sua missão de denunciar os equívocos religiosos, vem a público manifestar-se sobre o caso envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que mais uma vez joga na lama a moral e a ética pregada pelos evangélicos brasileiros.
Desta vez a IURD está envolvida numa apreensão de dinheiro. Segundo o Jornal JB On-line – “A Polícia Federal seguiu uma denúncia anônima e descobriu sete grandes malas recheadas com mais de R$ 10 milhões em notas de R$ 5, R$ 10, R$ 20 e R$ 50. O dinheiro estava em um avião Citation X, fretado pela Igreja Universal do Reino de Deus, no hangar da TAM, em Brasília. O deputado federal João Batista Ramos da Silva (PFL-SP), que estava no avião, foi conduzido junto com outros bispos da igreja para a PF, onde passaram o dia tentando dar explicações. Depois de passar dez horas e meia contando o dinheiro, às 21h30 deste dia 11/07 a PF divulgou o total apreendido: R$ 10.202.690” (01).
A IURD se justifica
A IURD anunciou por meio de uma nota que o dinheiro transportado pelo deputado João Batista tinha como finalidade depósito em São Paulo para o pagamento de despesas da Igreja – como impostos, alugueis, empregados. A direção da Igreja confirma que autorizou as pessoas detidas pela Polícia Federal no avião com o dinheiro a transportar os recursos. “Eles portavam autorização expressa da Igreja para o transporte do dinheiro, inclusive com descrição da origem e finalidade dos valores”, diz a nota. O senador Marcello Crivella (PL-RJ) ocupou também hoje a tribuna do Senado Federal para justificar a origem do dinheiro encontrado pela Polícia Federal em malas que seriam levadas de avião pelo deputado João Batista. Crivella reafirmou que o dinheiro seria utilizado para o pagamento de despesas da Igreja Universal do Reino de Deus. Na avaliação do senador, o dinheiro encontrado com o deputado João Batista “não tem nada a ver com dólar transportado na cueca” – em referência ao dinheiro encontrado na última sexta-feira em posse de José Adalberto Vieira da Silva, assessor parlamentar do deputado estadual do PT cearense José Nobre Guimarães. (02).
Ponderando sobre o caso
Acreditamos que a IURD deveria ser mais prudente com as questões financeiras, pois em qualquer lugar do mundo andar com tanto dinheiro é uma problemática que sempre gerará confusões. Outra ponderação a ser feita é que o dinheiro deveria estar acompanhado pelo tesoureiro da igreja e com os livros de contabilidade de cada congregação onde o dinheiro fora arrecadado, isso evitaria maiores constrangimentos, entretanto, ao invés disso, colocaram como protetor do dinheiro o deputado do PFL João Batista, como se isso garantisse alguma coisa, o que não garantiu, mas só serviu para aumentar o escândalo! Outra grande indagação seria por que não ter depositado tal quantia nos Bancos locais? A verdade é que tudo isso poderia ter sido evitado, todo esse mal estar poderia ser poupado aos próprios membros da IURD, que agora sofrerão o escárnio mais uma vez, e tudo isso por falta de prudência dos seus bispos, prudência esta que foi completamente ignorada!
Agora, caso se prove que a fonte de tal arrecadação é apócrifa, as lideranças evangélicas precisarão dar uma nota em nível nacional, procurando assim mostrar ao povo brasileiro que o trigo não tem nada em comum com o joio.
Nós, do CACP, já denunciamos alguns equívocos teológicos da IURD, e acreditamos que estamos contribuindo com os cristãos brasileiros no aspecto doutrinário do assunto.
Mas a IURD está errada em tirar dízimos e ofertas em seus cultos?
Gostaria de deixar claro que o dízimo e as ofertas são práticas teologicamente aceitas pela maioria dos cristãos (Ml.3:7-18; Mt. 5:20 e 23:23). A IURD de maneira nenhuma erra em ensinar isso ao povo, entretanto tudo o que é em demasia foge do propósito e padrão divino (Ec.7:16). Certo estudioso de religião disse com razão que: “heresia não é totalmente uma mentira, mas um exagero da verdade”. Certa feita fora divulgado pela imprensa um diálogo envolvendo alguns pastores da IURD e a conversa era um tanto constrangedora aos seus interlocutores – “Temos que saber tirar as ofertas, ou dá ou desce”.
É notória que as reuniões da IURD, na maioria das vezes, se resumem somente na mensagem dos “dízimos e ofertas”. Entendemos que a temática sobre contribuição deva ser ensinada, mas sem se esquecer das demais virtudes, como ensinou Jesus Cristo – “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas” (Mt.23:23). O Cristo mostra nesse versículo que não basta só pregarmos sobre os dízimos, temos que falar sobre a justiça, a misericórdia e a fé. Não basta ensinar a Igreja apenas sobre contribuições, mas temos que ter uma Igreja com atitudes santas diante do mundo (Ef.5:27), que conheça o juízo e exerça misericórdia com fé no seu coração, pois só assim as demais coisas serão acrescentadas (Mt. 6:33).
Bibliografia:
01- jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2005/07/11/jorbra20050711001.html
02- news.visaonews.com/templates/readnews.aspx?articleid=333&zoneid=1