Nos dias em que João Batista apareceu às margens do Rio Jordão pregando o arrependimento e mostrando ao povo a necessidade de mudança de atitudes para que pudesse entrar no Reino de Deus, uma grande multidão vinha ao seu encontro confessando os seus pecados. Para que ficassem categorizados o desejo e a decisão de trilhar uma nova vida, reta e justa, as pessoas se submetiam ao batismo, isto é, à imersão nas águas do rio.
A cobertura total do corpo pelas águas simbolizava a morte para o mundo e o seu levantamento pelo profeta aludia à novidade de vida que o convertido passaria a exercer. Assim, aquele que era batizado se integrava ao discipulado, isto é, ao grupo dos que, dali por diante, iriam corrigir seus passos, pautar a sua vida pelos ensinamentos bíblicos, com vistas ao Reino do Messias.
Desse modo, João Batista, na sua pregação, afirmava: “Eu vos batizo com água para (confirmar o) arrependimento, mas o que vem após mim vos batizará com o Espírito Santo“.
Necessidade
Embora não se possa dizer que haja uma interdependência dos batismos, parece-nos justo acreditar que o batismo nas águas é uma necessidade para confirmar a disposição do convertido de viver para Deus, a partir de sua confissão e que todos os casos foi uma consequência dessa confissão. Não se encontra no Novo Testamento casos de conversão sem que tão logo o convertido fosse batizado, a não ser o caso do ladrão da cruz. O leitor dos Evangelhos e do Livro de Atos terá subsídios suficientes para verificar nossas assertivas.
A necessidade se torna mais patente ao verificarmos que Jesus começou o seu ministério batizando seus discípulos e passando-lhes essa incumbência à medida que o grupo foi se avolumando (Jo 3.2,26; 4.2).
O batismo torna-se, assim, sinal visível do arrependimento dos que buscavam a remissão dos seus pecados. Antes de ascender ao Céu, Jesus comissionou seus discípulos à evangelização, ordenando-lhes que batizassem os que pela sua Palavra cressem Nele (Mt 28.19 e Jo 17.20).
Benefício
De fato o batismo estabelece um contato maior do crente com a comunidade cristã, uma vez que o introduz na intimidade da comunhão. Aquele que é recebido pelo batismo nas águas passa a participar da Ceia do Senhor, das reuniões particulares dos membros, tem possibilidade de ingressar nas atividades da obra de Deus. Poderão ser admitidos nos departamentos de louvor, coros, bandas, conjuntos musicais, serão escolhidos como auxiliares, pastores, diáconos, presbíteros, missionários, professores de Escola Dominical, à medida que a sua perseverança na doutrina os fizer confiáveis, e alcançarem a aprovação do Espírito Santo para estas funções.
As irmãs farão parte dos departamentos de louvor, dos departamentos femininos, dos grupos socorristas, dos grupos de visitas, de aconselhamento, dos círculos de oração, Escola Dominical etc.
Os rapazes e moças formarão nas uniões de mocidade, nos grupos evangelísticos, nos departamentos de louvor e intercessão. Terão acesso aos cursos teológicos, ao pré-ministério, isto é, ao ensino nos estudos bíblicos, na Escola Dominical e em outras atividades.
Todas essas atribuições concorrem para a estabilização e crescimento da igreja e são uma decorrência da operosidade de seus membros, através da contribuição que fazem do seu tempo, da sua disposição e do seu dinheiro. Porque até mesmo a contribuição de dízimos e ofertas é uma atribuição daqueles que nela ingressam como membro através do batismo.
Afirmação da fé
O batismo nas águas é uma afirmação de fé. Aquele que se decide pelo batismo está demonstrando sua veracidade, sua fé genuína, sua aceitação dos princípios da igreja e da Bíblia Sagrada.
O crente batizado nas águas tem maior autoridade para falar àqueles que não são crentes. Não estamos dizendo que o não batizado tenha uma fé mentirosa, isso não, porque muitos anseiam e esperam durante muitos anos essa oportunidade.
A forma do batismo
Batismo por si mesmo significa imersão, e mesmo que algumas facções persistam em realizá-lo de outra maneira, não vemos como caracterizar a morte e ressurreição do crente através do batismo a não ser pela imersão total do corpo. Não há como acreditar que João Batista estivesse munido de uma vasilha para jogar água na cabeça dos que vinham a ele para ser batizados, estando ambos dentro do rio. No batismo de Jesus, diz a Palavra que estava na água. Isto se infere do texto que diz: “quando saiu da água“, Mc 1.10.
Filipe ao encontrar-se com o eunuco (At 8.26) bem poderia tê-lo batizado com algumas gotas da água que ele por certo levava para beber durante a viagem. Entretanto, o batismo do oficial somente foi realizado quando chegaram ao lugar onde a água era suficiente para um batismo real como o diácono-evangelista presenciara desde que fora oficiado por João Batista, por Jesus e adotado pela Igreja.
Cremos que assim se deve ensinar e proceder para que não haja dúvidas nem discrepância num ato que é primordial para o crescimento físico da igreja.
Deste ensino e deste procedimento vão depender o erro ou o acerto daqueles que alcançarem posição de liderança diante do povo de Deus. Importante também é incutir nos novos convertidos a necessidade de se decidirem pelo batismo nas águas.
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Fonte: Miguel Vaz – Março/1986 (Artigos Históricos – Mensageiro da Paz /Vol.3)