Não são poucos os ataques “teológicos” que os adeptos da doutrina do Aniquilacionismo, doutrina essa que nega que a alma/corpo contida(o) no homem (Zc 12:1) é imortal (Mt 10:28), lançam sobre a doutrina Bíblica da Imortalidade da Alma.
Costumamos dizer que o diabo sistematizou dois ensinos para passar a ideia que os ímpios que rejeitaram, rejeitam e rejeitarão o Evangelho, não sofrerão continuamente no Lago de Fogo, contrariando assim o versículo bíblico que fala exatamente do seu tormento eterno. (Ap 20:10).
Um deles é o Universalismo, ensino esse que afirma que, ainda que os incrédulos possam ir ao Lago de Fogo, num certo período Deus os livrará e os levará para a Sua Morada Celestial para então habitarem com aqueles que passaram toda a sua vida cristã procurando fugir do pecado por temor e amor ao Seu Salvador, Jesus Cristo.
E o outro é o Aniquilacionismo. A crença no Aniquilacionismo, embora tenha como maiores representantes as Testemunhas de Jeová e os Adventistas do Sétimo Dia, como também alguns que estão no meio evangélico, é uma crença bem antiga; ela esteve presente em uma seita da Arábia conforme nos conta Eusébio de Cesaréia, mas ela foi duramente combatida por Orígenes, um dos Pais da igreja, o qual livrou muitos do engano.1 Essa estranha crença, foi adotada também por Arnóbio (final do século IV), mas condenado como um ensino herético pelo Sínodo de Constantinopla, em 543, pelo Segundo Concilio de Constantinopla, em 553, e pelo Quinto Concilio de Latrão, em 1513, conforme nos conta Norman Geisler.2
Isto é, o Aniquilacionismo jamais foi aceito no Cristianismo. Por outro lado, a crença na Imortalidade da Alma sempre esteve de forma majoritária entre os judeus e cristãos que viveram antes e depois de Cristo. A seguir veremos as fontes históricas que provam a nossa assertiva. Leiamos:
Acerca da Crença Judaica sobre o sofrimento eterno, Norman Geisler apresenta o pensamento intertestamentário.
“Na era entre o Antigo e o Novo Testamento, fontes religiosas judaicas faziam referência ao inferno. O autor de 4 Macabeus disse:
Por causa do cruel assassinato que cometestes irás sofrer eternamente nas mãos da justiça divina um adequado castigo pelo fogo […] Por tua impiedade e crueldade irás suportar tormentos até o fim […] [em um] destino eterno. A justiça divina te entrega a um fogo eterno e rápido, e aos tormentos que não te abandonarão por toda eternidade. Uma grande luta e um grande perigo para a alma aguardam em eterno tormento aqueles que transgridem os mandamentos de Deus (9.9; 10.11,15; 12.12; 13.15)”.
Semelhantes às afirmações feitas por Cristo, o historiador judeu Josefo (c. 37-100), escreveu um “Discurso aos Gregos a Respeito do Hades”.
Hades é um lugar do mundo que não foi regularmente terminado; é uma região subterrânea onde a luz desse mundo não brilha; por causa dessas circunstâncias, pois nesse lugar a luz não brilha, não se pode lá estar a não ser em perpétua escuridão. Essa região foi destinada para dar custódia às almas, das quais os anjos foram nomeados guardiões, e a elas eles distribuem castigos temporários, apropriados às suas maneiras e ao seu comportamento.
Nessa região, existe um certo lugar separado, como se fosse um lago de fogo perpétuo, onde supomos que ninguém tenha sido lançado até agora, mas que está preparado para um dia pré-determinado por Deus no qual um justo castigo será aplicado merecidamente a todos os homens […] [Eles receberão] esse castigo eterno por terem dado causa à corrupção, enquanto os justos irão receber um reino incorruptível e eterno. Eles estarão então confinados no Hades, mas não no mesmo lugar onde os injustos estarão confinados […] [Deus permite] um castigo eterno aos amantes de palavras iníquas. A eles pertence esse fogo perpétuo e sem fim, um certo bicho ardente que nunca morre e nem destrói o corpo, mas que continua a emergir desse corpo para que ele nunca cesse de lamentar.3
Flávio Josefo, diga-se de passagem além de historiador foi sacerdote, e falando sobre os fariseus e os essênios evidencia a crença na imortalidade da alma entre eles. Vale salientar que o apóstolo Paulo era fariseu, e João Batista conforme a tradição viveu entre os essênios. Josefo relatou o seguinte:
“A maneira de viver dos fariseus não é fácil, nem cheia de delícias: é simples. Eles se apegam obstinadamente ao que se convencem que devem abraçar.[..] Eles julgam que as almas são imortais. […] A opinião dos saduceus é que as almas morrem com o corpo […]Os essênios [..] Crêm que as almas são imortais.”4
E entre os cristãos temos as seguintes declarações:
Clemente de Roma.
Nascido em Roma no ano 35 nos arredores do Coliseu, de família hebraica, foi ordenado pelo apóstolo Pedro à líder da igreja de Roma conforme diz Tertuliano:
Porque é assim que as igrejas apostólicas transmitem suas listas: como a igreja de Esmirna, que sabe que Policarpo foi colocado lá por João, como a igreja de Roma, onde Clemente foi ordenado por Pedro. Assim, todas as outras igrejas que tiveram lhes mostram em que tem as raízes apostólicas, tendo recebido o episcopado pela mão dos apóstolos. (Prescrição contra os Hereges, 32, 1)5
Segundo Clemente de Alexandria e Orígenes, Clemente de Roma Foi sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente aos Coríntios.
Irineu de Lyon corrobora com a informação anterior:
“Os bem-aventurados apóstolos que fundaram e edificaram a igreja [de Roma] transmitiram o governo episcopal a Lino’, o Lino que Paulo lembra na carta a Timóteo (2Tm 4:21) . Lino teve como sucessor Anacleto. Depois dele, em terceiro lugar, depois dos apóstolos, coube o episcopado a Clemente, que vira os próprios apóstolos e estivera em relação com eles, que ainda guardava viva em seus ouvidos a pregação deles e diante dos olhos a tradição.” (Irineu de Lyon, Contra as Heresias, Livro III, capítulo III, verso III, versículo acrescentado, grifo nosso).6
Eusébio de Cesaréia nos informa que Clemente andou com apóstolo Paulo:
“ Paulo também atesta que Clemente – instituído terceiro bispo da Igreja de Roma – foi seu colaborador e companheiro de luta. (Fp 4:3)7
Em sua epístola aos crentes de Corinto, Clemente os informa que os heróis espirituais, Pedro e Paulo, após sofrerem perseguições, apedrejamento, cárcere, partiram para o lugar de Glória ou Santuário, ou seja, para a Presença de Deus.8
Em (2Clem 17:7) é dito que os que negaram a Cristo por meio de obras e palavras, serão punidos com tormentos cruéis em um fogo inextinguível. 9
Policarpo de Esmirna.
Policarpo nasceu em uma família cristã da alta burguesia no ano 69, em Esmirna, Ásia Menor, atual Turquia. Segundo Irineu de Lyon, Policarpo foi discípulo do apóstolo João e teve a oportunidade de conhecer os apóstolos que ainda se encontravam vivos.10
Policarpo ao escrever aos crentes de Filipos, mostrou que concordava com Clemente, ao dizer que Paulo, Rufo Inácio e Zózimo, já estão nos seus devidos lugares, isto é, junto ao Senhor:
“ Exorto-vos pois todos a obedecer e exercitar toda a paciência, a que vistes com vossos olhos não somente nos bem-aventurados Inácio, Rufo e Zózimo, mas também em outros dos vossos, e no próprio Paulo e nos demais apóstolos, persuadidos que não correram em vão, mas na fé e na justiça, e que já estão no lugar que lhes é devido, junto ao Senhor, com a qual padeceram”.11
Inácio de Antioquia.
Inácio foi amigo de Policarpo, conheceu o apóstolo João e foi bispo em Antioquia ao suceder o apóstolo Pedro conforme nos diz Eusébio de Cesaréia:
“Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da igreja em Hierápolis, Inácio, o homem mais celebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia.”12
Inácio ao escrever aos crentes de Trales, mostrou que cria que após sua morte ele continuaria a se sacrificar pelos trálios:
“Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus. Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. Que sejais encontrados nele sem reprovação.”13
Ora, como alguém que acreditava em uma sã consciência ao chegar à Presença de Deus poderia não crer na imortalidade da alma e não discordar duramente do sono da alma e do aniquilacionismo?
Vale salientar que Clemente, Policarpo e Inácio foram discípulos diretos dos apóstolos, e se eles defendiam o acesso direto e consciente a Deus, é porque foram instruídos dessa forma, pois esse é o ensino bíblico (Gn 5:24; 2Rs 2:1-11; Lc 23:43; Fp 1:21-23; Ap 6:9).
Outras citações acerca da imortalidade da alma contidas na história da Igreja
Inácio (falecido c. 110 d. C.)
“Se aqueles que corrompem meras famílias humanas são condenados à morte, muito mais merecedores de um castigo eterno são aqueles que se dedicam a corromper a Igreja de Cristo, pela qual o Senhor Jesus, o Unigênito Filho de Deus, sofreu a cruz e se submeteu à morte! Qualquer um que, “engordando”, e se “tornando grosseiro”, desprezar a doutrina do Senhor, irá para o inferno “(EIP, 4).
Teófilo (c. 130-190)
“Admitindo, portanto, a prova de tais eventos que aconteceram como foi previsto, não tenho dúvidas, creio em Deus e o obedeço; e você também deve se submeter por fé, para não continuar como um incrédulo, e se convencer depois, quando estiver sendo atormentado pelos castigos eternos que foram previstos pelos profetas. Os poetas posteriores e os filósofos roubaram estas palavras das Escrituras sagradas para tornarem as suas doutrinas dignas de crédito” (TA, 1.14).
Policarpo (final do século II)
“Tu me ameaçaste com um fogo que queimou durante uma hora, e que pouco depois se extinguiu; mas ignoras o fogo do futuro juízo e do castigo eterno, reservado para os infiéis” (EECS, 11).
Epístola a Diogneto (final do século II)
A alma imortal habita em uma tenda mortal; os cristãos também habitam, como estrangeiros, em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada no comer e no beber, a alma se aprimora; também os cristãos, maltratados, se multiplicam mais a cada dia. Esta é a posição que Deus lhes determinou; e a eles não é lícito rejeitá-la”.2
Irineu (c. 125-c. 202)
“A separação de Deus consiste na perda de todos os benefícios que Ele reservou […] Agora, as boas coisas são eternas e nunca terão fim perante Deus; portanto, a sua perda também é eterna e nunca termina” (AH, 4.39.4)
O corpo morre e é decomposto, mas não a alma, ou o espírito. Pois morrer é perder força vital, e tornar-se, consequentemente, sem fôlego, inanimado e sem movimentos, e decompor-se naqueles componentes dos quais também se originou a sua existência. Mas este evento não acontece com a alma, pois ela é o sopro da vida; nem com o espírito, pois o espírito é simples e não composto, de modo que não pode ser decomposto, e ele é a vida daqueles que o recebem (AH, 5.7.1).
Como o Senhor “se afastou no meio da sombra da morte”, onde estavam as almas dos mortos, e, contudo, posteriormente, Ele ressuscitou no corpo, e depois da ressurreição foi levado ao céu, fica claro que as almas dos seus discípulos também […] entrarão no lugar invisível que lhes foi destinado por Deus, e ali permanecerão até a ressurreição, esperando por ela; então, recebendo os seus corpos, e ressuscitando em sua totalidade, isto é, de modo corpóreo, assim como o Senhor ressuscitou, eles assim irão à presença de Deus” (ibid., 5.31.2).
Tertuliano (c. 155-c. 225)
“O, vós, pagãos, que têm e merecem a nossa piedade, vede que colocamos perante vós a promessa que o nosso sistema sagrado está oferecendo. Ele garante vida àquele que o segue e obedece; por outro lado, ele ameaça com o castigo eterno e um fogo perpétuo aqueles que são profanos e hostis. A ressurreição dos mortos é igualmente pregada a ambas as classes (AN, 1.1.7).
Se, portanto, alguém supuser que a destruição da alma e da carne no inferno leve ao extermínio total das duas essências e não ao seu tratamento penal (como se devessem ser consumidas, e não castigadas), é preciso que esse alguém se lembre de que o fogo do inferno é eterno, e foi expressamente anunciado como um castigo perpétuo. E que ele então admita que é devido a essa circunstância que essa “morte” perpétua é mais formidável que um simples assassinato humano, que é apenas temporal” (ORF, 35).
Justino Mártir (c. 100-c. 165)
“Uma vez que a sensação continua para todos os que já viveram, e a punição eterna está armazenada (isto é, para os ímpios), tome cuidado para não negligenciar ser convencido, e agarre-se à sua fé de que estas coisas são verdadeiras (FA, 18).
Os ímpios, nos mesmos corpos, se unirão outra vez com seus espíritos que agora deverão enfrentar a eterna punição; e não somente, como disse Platão, por um período de mil anos (ibid., 8).
Isso […] é o que esperamos e aprendemos de Cristo, e ensinamos. E Platão, da mesma maneira, costumava dizer que Rhadamanthus e Minos iriam castigar os iníquos que estivessem à sua frente; e nós dizemos que a mesma coisa será feita, mas através das mãos de Cristo e sobre os iníquos, no mesmo corpo unido novamente ao seu espírito que então sofrerá um castigo eterno; e não será somente, como disse Platão, por um período de mil anos (FAJ, 8).
Mas, como esta sensação permanece para todos aqueles que já viveram, e a punição eterna está reservada (para os iníquos), certifique-se de não deixar de se convencer por negligência, conservando, como sua crença, que essas coisas são verdadeiras (ibid., 18).
Da Apologia de Justino, podemos reunir uma substancial lista de versos que dão fundamento ao castigo eterno para os pecadores (citados em Froom, CFF, 1.819):
Sofrer um castigo eterno (op. cit., 8).
Ao eterno castigo do fogo (12).
Sofrer o castigo do fogo eterno (17).
O castigo eterno foi assegurado (18).
Haverá a consumação de todos [os pecadores] (20).
São castigados com o fogo eterno (21).
Causa o castigo eterno pelas chamas (45).
Castigados com o fogo eterno (SA J, 1).
No fogo eterno sofrerão seu justo castigo e punição (ibid., 8).
Os iníquos serão punidos no togo eterno (ibid.).”
Orígenes (c. 185-c. 254)
“O ensinamento apostólico é que a alma, tendo uma essência e vida própria, depois da sua partida deste mundo será recompensada, segundo o seu merecimento, sendo destinada a obter uma herança de vida eterna e bênção, se as suas ações o merecerem, ou será entregue ao fogo eterno e à punição, se a culpa de seus crimes for resumida a isto. E, além disto, haverá um tempo de ressurreição dos mortos, quando este corpo, que agora está semeado “em corrupção, ressuscitará em incorrupção”, e aquele que está semeado “em ignomínia, ressuscitará em glória” (DP, prefácio).
Eusébio de Cesaréia acrescenta o seguinte sobre Orígenes e o aniquilacionismo:
“Pela mesma época de que falamos surgiram novamente na Arábia outros introdutores de uma doutrina alheia à verdade, os quais diziam que a alma, enquanto durar o tempo presente, morre no transe derradeiro juntamente com os corpos e com eles se corrompe, mas que um dia reviverá novamente com eles no momento da ressurreição. Pois bem, também então reuniu-se um concílio de bom tamanho e novamente chamou-se a Orígenes, que teve alguns discursos em público sobre o assunto debatido, e de tal forma se conduziu que aqueles que primeiro haviam sido enganados mudaram sua opiniões”. (História Eclesiástica. p. 142).
Epitáfio de Catacumba do Século III
“Alexandre não está morto, mas vive entre as estrelas, e o seu corpo descansa nesta sepultura” (citação em Schaff, CC, 7.86).
Metódio (c. 260-311)
“E a carne que morre; a alma é imortal. Assim, se a alma é imortal, e o corpo for o cadáver, aqueles que dizem que existe uma ressurreição, mas não na carne, negam qualquer ressurreição; porque não é o que permanece que fica em pé, mas o que caiu e está deitado que é estabelecido; de acordo com o que está escrito: “Aquele que cai não se levanta outra vez ? E aquele que se desvia não retorna?” (DR, 1.7).
Crisóstomo (347-407)
“[…] nem os corpos dos perdidos, que se tornarão imortais, nem suas almas experimentarão o fim de seus sofrimentos. Nem o tempo, nem a amizade, nem a esperança, nem a expectativa da morte, nem mesmo o ato de presenciar as outras almas infelizes partilhando de sua triste sorte aliviará seus sofrimentos.” (Patrística, p. 368).
Agostinho (354-430)
“Se a alma vive num castigo eterno, pelo qual também todos os espíritos impuros serão atormentados, isso representa mais uma morte eterna do que uma vida eterna. Pois não existe morte maior ou pior do que quando ela nunca termina. Mas como a alma — que pela sua própria natureza foi criada imortal — não pode existir sem alguma forma de vida, sua morte derradeira será uma alienação da vida de Deus, em uma eternidade de punição (CG, 6.12).
Se ambos os destinos são “eternos”, devemos, então, entender a ambos ou como sendo permanentes, e que por fim irão terminar, ou que serão ambos perpétuos. Pois eles estão correlacionados; de um lado, o castigo eterno, e de outro, a vida eterna. E falar, num único e mesmo sentido, que a vida eterna será interminável, mas que o castigo eterno terá fim, representa um absurdo. Dessa forma, assim como a vida eterna dos anjos será perpétua, também o castigo eterno daqueles que foram condenados não terá fim” (ibid., 21.23)
João de Damasco (676-754)
“Novamente [Deus disse] a Moisés: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó: Deus não é Deus dos mortos (isto é, aqueles que estão mortos e já não existirão), mas dos vivos, cujas almas realmente vivem em sua mão, mas cujos corpos retornarão à vida por meio da ressurreição” (EEOF, 4.27).
Anselmo (1033-1109)
“Consequentemente, assim como a alma gentil irá se regozijar na eterna recompensa, da mesma maneira a alma desdenhosa irá se lamentar em um eterno castigo. E, assim com a primeira irá experimentar uma imutável suficiência, a última irá experimentar uma inconsolável indigência” (M, 71).
Tomás de Aquino (1225-1274)
“Foi para o bem da alma que ela foi unida a um corpo […] No entanto, é possível que ela exista separadamente do corpo” (ST, 1.89.1).
Também devemos saber que a condição dos condenados será exatamente o contrário da condição dos. abençoados. Seu estado será de castigo eterno, o que denota uma quádrupla e terrível condição. O corpo dos condenados não será brilhante: “O seu rosto será rosto flamejante” [Is 13.8]. Da mesma maneira, eles serão passíveis porque nunca irão deteriorar e, embora queimem eternamente no fogo, nunca serão consumidos: “O seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará”. (CISTA, 62).
Martinho Lutero (1483-1546)
“No intervalo [entre a morte e a ressurreição], a alma não dorme, mas está desperta e desfruta da visão de anjos e de Deus, e conversa com eles” (LW, 25.32).
A fornalha ardente é acesa simplesmente pela insuportável aparição de Deus e dura eternamente. Pois o Dia do Juízo Final não irá durar apenas um momento, mas irá permanecer através da eternidade e, portanto, nunca irá terminar. Constantemente os pecadores serão julgados, constantemente eles irão sofrer dor e constantemente haverá uma fornalha ardente, isto é, eles serão torturados por uma suprema aflição e angústia (WLS, 2.621).
João Calvino (1509-1564)
“Quão vil é o erro de converter um espírito, formado à imagem de Deus, em um sopro evanescente, que anima o corpo somente nesta vida moribunda, e reduzir o templo do Espírito Santo a nada. Em resumo, é algo vil roubar o distintivo da imortalidade daquela parte de nós mesmos na qual a divindade é mais brilhante, e as marcas da imortalidade são mais conspícuas, tornando a condição do corpo melhor e mais excelente do que a da alma (ICR, 3.25.6).
Se a alma não deve sobreviver sem o corpo, como ela poderia estar presente com o Senhor, estando separada do corpo? Mas um apóstolo remove toda a dúvida quando diz que nós chegamos “aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23) […] E se a alma, quando desprovida do corpo, não retivesse a sua essência, e não fosse capaz de receber em si a glória que é uma grande bem-aventurança, o nosso Salvador não teria dito ao salteador: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43) (ibid.).
Jacó Armínio (1560-1609)
“A origem [da alma] […] é a partir do nada, criada por infusão, e infundida por criação, com um corpo sendo devidamente preparado para recebê-la, a fim de que possa se moldar à forma da matéria, e, depois de unida ao corpo por um elo nativo, possa também, formar uma unidade com ele. […]A substância [da alma] […] é simples, imaterial e imortal. Simples, ao meu ver, não no que diz respeito a Deus; pois ela consiste de ato e poder (ou capacidade), de ser e essência, de sujeito e acidentes; mas é simples no que diz respeito a coisas materiais e componentes.
Ela é imaterial, porque pode subsistir por si mesma, e, ao se separar do corpo, pode operar por si própria. Ela é imortal, na verdade, não por si própria, mas pela graça sustentadora de Deus.” (W JA , 11.26.63)
A Confissão de Fé de Westminster (1648)
“Os corpos dos homens, depois da morte, retornam ao pó, e veem corrupção: mas as suas almas, que não morrem, nem dormem, tendo uma subsistência imortal, retornam imediatamente ao Deus que lhes deu esta subsistência; as almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas em santidade, são recebidas nos mais altos céus, onde contemplam o rosto de Deus em luz e glória, esperando a completa redenção de seus corpos. E as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde permanecem em tormento e completa escuridão, reservadas para o juízo do grande dia “(30.2.1).
Jonathan Edwards (1703-1758)
“As almas dos verdadeiros santos, quando eles deixam seus corpos na morte, partem para estar com Cristo […] Elas não ficam reservadas em algum lugar diferente do mais alto céu; um lugar de descanso, onde estão guardadas até o dia do juízo, como imaginam alguns […] mas vão diretamente ao céu propriamente dito” (“FSDO”, in: WJE, 3).
John Wesley (1703-1791)
“Considere algumas circunstâncias que irão acompanhar o julgamento de todos. A primeira é a execução da sentença pronunciada sobre os bons e os maus: “Estes irão partir para um castigo eterno, e os justos para a vida eterna”. Deve-se observar que a mesma palavra é usada tanto na primeira como na segunda oração: segue-se que o castigo dura para sempre, ou a recompensa também terá um fim. Não, jamais! A recompensa na eternidade só terminaria se o próprio Deus pudesse ter um fim, ou se a sua misericórdia e a sua verdade pudessem falhar. “Então, os justos resplandecerão como o sol, no Reino de seu Pai, e beberão eternamente da corrente das delícias que estão à mão direita de Deus” (WJW, 5.15.3.1).
Nesse ínterim, os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus. Eles, “por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder”. Eles serão “lançados no ardente lago de fogo e de enxofre”, originalmente “preparado para o diabo e seus anjos”; onde irão ranger os dentes com angústia e dor, eles amaldiçoarão ao seu Deus, olhando para cima. Lá os cães do inferno — o orgulho, a malícia, a vingança, a ira, o horror, o desespero — irão devorá-los continuamente. Lá “a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite” (ibid.).
Charles Spurgeon (1834-1892)
“A luz da natureza é suficiente para nos dizer que a alma é imortal, de modo que o infiel que duvida é um tolo pior até mesmo do que um pagão, pois, antes que a revelação fosse feita, a tinha descoberto — existem alguns lampejos de sabedoria nos homens de entendimento que ensinam que a alma é algo tão maravilhoso que deve ser eterna” (SSC, 66). 14
Primeiro a verdade, depois as nossas opiniões sobre ela.
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Notas:
- História Eclesiástica, p 142.
- Teologia Sistemática. Vol 2. p. 805.
- Op Cit p. 752-753.
- História dos Hebreus. Livro Décimo Oitavo. Cap 2.p. 826-827.
- <http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Clemente_I>
- História Eclesiástica. p. 53.
- Patrística. p. 352.
- <https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=37>
- História Eclesiástica. p. 72.
- Op cit. p. 71.
- Teologia Sistemática. vol 2. pp, 32, 693-696, 769-779,805-806 .
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Bibliografia:
CESARÉIA, Eusébio. História Ecleciástica. 2002. NOVO SÉCULO.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. 2010. CPAD.
KELLY, J.N.D. Patrística. 2009. VIDA NOVA.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 2013. CPAD.