A identificação de falsos profetas

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Os falsos profetas existem desde o tempo do Antigo Testamento, como agentes que procuram contrapor os profetas legítimos. São chamados também de falsos apóstolos e de obreiros fraudulentos. Como agentes de Satanás, conseguem transfigurar-se “em ministros da justiça” (2Coríntios 11.15) e vivem da aparência. Muitas vezes têm o apoio da população (Lcas 6.26), outros são até conselheiros de governantes. Trata-se de líderes religiosos encarregados pelo Príncipe das Trevas para desencaminhar o povo da verdade. Seus descendentes ainda estão por aí, mas como identificá-los?

Quando alguém se posicionava como profeta de Deus em Israel, o povo ficava atento à sua palavra, pois o não cumprimento dela era prova de que Deus não o enviou e o tal era tido pela população como falso profeta. Esse era o teste estabelecido na Lei de Moisés, em Deuteronômio 18.20-22. Ainda hoje, ele é usado como instrumento aferidor para identificar a procedência espiritual de um profeta. Com base nesse modelo, os apologistas costumam considerar a Sociedade Torre de Vigia, organização das Testemunhas de Jeová, como uma organização de falsos profetas, pois seus dirigentes reivindicam a mesma autoridade dos profetas e apóstolos da Bíblia, falam em nome de Jeová.

Todavia, essa não é a única maneira de se identificar um falso profeta, porque, às vezes, é possível que entre muitas previsões alguma coisa venha a se cumprir. As “profecias” de Nostradamus, por exemplo, são tão vagas que seus exegetas aplicam-nas a praticamente todos os acontecimentos de repercussão internacional.

Os falsos profetas sempre usam o sobrenatural como recurso para atrair as pessoas. O teste de Deuteronômio 18.20-22 só é decisivo quando a palavra não se cumprir. Se o profeta passar no teste, será necessário investigar o seu conteúdo doutrinário. O simples fato de uma profecia ou previsão cumprir-se ou mesmo de uma operação de maravilhas ocorrer não é reconhecer a legitimidade de um profeta. Daí a necessidade dos avisos solenes ao povo de Deus contra as suas ciladas. Jesus advertiu os seus discípulos dizendo que eles “vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mateus 7.15).

As Escrituras ensinam que Deus pode provar seu povo, permitindo a manifestação do sobrenatural de fontes estranhas. É até possível, às vezes, o cumprimento das palavras ou profecias deles, mas sob a permissão de Deus (Deuteronômio 13.2). Jesus advertiu, no sermão profético, que o Anticristo virá fazendo sinais, prodígios e maravilhas. No Livro de Apocalipse, lemos que a besta será adorada e admirada por todos os moradores da terra por causa dos seus sinais sobrenaturais. Portanto, não é somente o cumprimento de uma palavra ou uma operação de maravilhas que vai autenticar um profeta.

Nem sempre é possível distinguir o produto falso do verdadeiro apenas pela embalagem, mas pelo seu conteúdo. Assim, ensinou Jesus que eles serão identificados pelos frutos, ou seja, pelo conteúdo, e não pela aparência. É, pois, necessário compreender o que ele estava dizendo com a expressão: “Por seus frutos os conhecereis”. Será que Jesus falava de uma vida piedosa lá muitos piedosos e, em sua ignorância, apesar da honestidade e boa conduta, são adeptos de religiões falsas e de seitas sectárias. Os frutos de que Jesus Tala estão ligados ao conteúdo dos ensinos.

A chave principal descobrir a procedência espiritual de um profeta é saber qual a sua posição teológica. Como a Bíblia é vista por ele, qual o seu pensamento em relação à Pessoa de Jesus, se realmente crê na humanidade e divindade de Cristo e se crê que Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou corporalmente dentre os mortos. O que ensina sobre a Trindade? E sobre a salvação? E sobre o pecado e a Igreja? Mesmo assim, convém fazer uma investigação criteriosa, pois os falsos profetas são peritos na arte do disfarce, usam os mesmos termos cristãos, mas com sentido diferente.

O movimento patrocinador do jornal Árvore da Vida, por exemplo, usa constantemente o termo “trindade” em sua literatura, mas são unicistas. O seu conceito de trindade destoa daquele expresso no Credo de Atanásio.

A Adivinha de Filipos falava a verdade quando declarou abertamente que Paulo e Silas eram servos do Deus Altíssimo e anunciavam aos homens a salvação, mas a que salvação aquele espírito se referia? Atualmente, esses agentes usam a mesma perícia. Quando os mórmons afirmam ser Jesus o Filho de Deus, não estão pregando a mesma mensagem cristã que pregamos, pois, segundo eles, “como o homem é, Deus foi; como Deus é o homem poderá vir a ser”. Em sua doutrina, Deus é um homem exaltado. Assim, ensinam que Jesus não foi gerado pelo Espírito Santo.

As Testemunhas de Jeová usam com frequência o termo “ressurreição”, mas o seu conceito destoa da ortodoxia cristã. Ensinam que Jeová vai recriar a pessoa, com a mesma aparência e característica, um clone. Rejeitam a ideia de levantar dentre os mortos, como sugere o próprio termo próprio termo grego. Por isso negam a ressurreição de Jesus, afirmam que Jeová clonou Jesus. Assim, o corpo da ressurreição não foi o mesmo que foi sepultado.

Os falsos profetas são personagens que se apresentam como enviados de Deus, mas profetizam falsamente e introduzem, sorrateiramente, heresias de perdição (2Pedro 2.1-3). Os cristãos devem levar esse assunto a sério, pois quem realmente experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores. Deus permite o sobrenatural de fontes estranhas. O cristão, porém, não deve ir atrás do sobrenatural e nem de vantagens, mas ficar na Palavra.

Pr. Esequias Soares – Líder da AD em Jundiai (SP); Teólogo-apologista – Membro da Comissão de Apologia da CPAD.

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