A Graça ou a Fé é o dom de Deus?

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Ef 2.8,9: “Vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”

Os fatalistas frequentemente entendem que o sujeito da frase “é dom de Deus” é “ela”, ou seja, a “fé”, mencionada logo antes (a ideia é dizer que o homem está tão inerte espiritualmente que nem pode responder positivamente e com fé ao chamado  de Deus). De fato, essa referência foi usada pelo sínodo calvinista de Dort para provar esse exato ponto. O zeloso defensor do calvinismo extremado R. C. Sproul está tão confiante de que essa é a ideia contida no texto que, triunfantemente, conclui: “Essa passagem deve selar esse assunto para sempre. A fé pela qual somos salvos é um dom de Deus”.

Resposta

O próprio João Calvino declara que esse texto “não quer dizer que z fé é o dom de Deus, mas que a salvação é-nos dada por Deus, ou, que nós a obtemos pelo dom de Deus”. Além disso, não importando quão plausível essa interpretação possa ser, está muito claro no texto grego que Efésios 2.8,9 não está se referindo à fé como um dom de Deus. A palavra grega touto (“isto”), sujeito de “é dom de Deus”, é neutra na forma e não pode se referir à fé, que é feminino. O antecedente de “isto é dom de Deus” é a salvação pela graça por meio da fé (v. 9). Comentando essa passagem, o grande estudioso do Novo Testamento A. T. Robertson observa: “A ‘graça’ é a parte de Deus, a ‘fé’ é a nossa. E “isto” (kai touto), é neutro, não o feminino taute. Portanto, não se refere a pistis (‘fé’) ou a charis (‘graça’), mas ao ato de ser salvo pela graça condicionado à fé de nossa parte”.

Extraído do livro Eleitos, mas livres, Norman Geisler

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