NOTA: O texto abaixo é extraído do livro “Descortinando o Adventismo” de Gleyson Persio – clique aqui pra adquirir
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“No sistema cerimonial mosaico… o grande dia da expiação, ocorria no décimo dia do sétimo mês judaico (Levítico 16:29-34), … O décimo dia do sétimo mês, o grande dia da expiação, tempo da purificação do santuário, que no ano 1844 caía no dia vinte e dois de outubro…” Ellen White, O Grande Conflito, pág. 400.
Após toda essa longa exposição e remoção de máscaras tanto bíblicas como históricas que argumentamos em favor da verdade e contra as invenções, ciladas e embustes perpetuados pela instituição Adventista do Sétimo Dia (que por enquanto foram aqui apresentadas somente dentro do âmbito do juízo investigativo) trazemos a luz agora, talvez a mais vergonhosa de todas as gafes cometidas por essa igreja.
Como já dito, e corroborado pela própria profetisa e pioneira adventista, Ellen White, e até mesmo pela esmagadora maioria dos formadores de opinião, dirigentes e pastores da instituição adventista, sem a veracidade do juízo investigativo não existe Igreja Adventista do Sétimo Dia. Toda a premissa de sua existência está ligada a ideia de que essa é a igreja remanescente de Deus, a quem foi dada uma “nova e mais verdadeira luz”, que trouxe ao mundo a importância das três mensagens angélicas, da restauração da guarda do sábado e de antigos costumes judeus como, por exemplo, a sua forma kosher de alimentação, e a quem foi revelado que no dia 22 de outubro de 1844 se iniciou um juízo investigativo no céu.
Mas o mais importante fator, a espinha dorsal central por assim dizer, e aquilo que liga todas as bases da igreja entre si é sem sombra de dúvidas, a doutrina do santuário celestial e do juízo investigativo.
Caso o caro leitor não se lembre, nós apresentamos em algumas páginas anteriores desse livro que o descobridor dessa data, ou melhor, aquele a quem Deus “revelou” esse dia tão importante foi o pioneiro adventista Samuel Snow. Aquele que logo após o fiasco do dia do Grande Desapontamento apresentou alto nível de insanidade mental e teve que ser internado num hospital psiquiátrico. Pois ele passou a acreditar ser a própria reencarnação do espírito do profeta Elias a quem Cristo disse que
haveria de voltar a terra – mesmo sem saber que, biblicamente, essa pessoa já havia vindo, pois Cristo havia se referido, no caso, ao profeta João Batista que teria vindo com o mesmo caráter e poder de Elias.
Enfim, os próprios pioneiros adventistas da época resolveram afastar a imagem deles, e da igreja, da figura de Samuel Snow, pois realmente qualquer ligação com Snow não seria muito proveitosa para a instituição do ponto de vista de marketing e de relações públicas. Afinal de contas quem gostaria de dizer que uma pessoa com esse nível de desequilíbrio mental foi o responsável pela descoberta da data mais importante da história de sua igreja?
De fato, essa estratégia acabou sendo algo bom, pois o passar do tempo se mostrou ser ainda mais cruel com a participação de Samuel Snow como sendo um dos pioneiros adventistas. Ocorre que os anais da istória simplesmente não têm como apagar tal conexão.
Mas o que aconteceu de tão pior assim com a imagem de Samuel Snow?
Vejamos: Samuel Snow foi o responsável por iniciar o chamado “movimento dos sete meses” que se deu em março de 1844, após convencer Guilherme Miller que Cristo haveria de voltar no “dia da expiação” ou Yom Kippur daquele ano, que deveria cair no décimo dia do sétimo mês do calendário judaico e que por isso ele não teria vindo até então. A teoria fazia sentido para muitos, afinal de contas estava ligada a purificação do santuário e, ademais, essa seria uma forma de estender um pouco mais a validade da imagem pública do “pequeno rebanho” adventista. Sendo assim, Miller topou a ideia e iniciou mais uma cruzada de seminários apocalípticos e incendiou ainda mais todo aquele caos social e religioso que nós já apresentamos anteriormente.
Nós já sabemos que Cristo não veio também em 22 de outubro de 1844, e sabemos também de todas as desastrosas consequências na vida de várias pessoas em virtude desse fiasco profético. Sabemos ainda do remendo doutrinário chamado “juízo investigativo”, e de como a Igreja Adventista conseguiu reverter parte do revés criado através do sagaz engenho dessa doutrina.
Muito bem. O que ninguém esperava é que a data de 22 de outubro não é a data correta no calendário judaico no ano de 1844 para o dia da expiação desse ano! É isso mesmo. Essa data está totalmente incorreta de acordo com o calendário rabínico judeu. A data correta para o dia da expiação desse ano caiu, na verdade, no dia 23 de setembro! Ou seja, talvez por um relapso mental ou por falta de estudo mais aprofundado (ou seria uma intervenção divina para nos deixar uma pista?) Samuel Snow simplesmente errou a data do dia da expiação. E ninguém que fazia parte do movimento Millerita daquela época se deu o trabalho de checar para ver se realmente a data estava correta!
Mas como nós podemos afirmar com tanta certeza que a data correta não caiu em 22 de outubro, mas sim em 23 de setembro, no ano de 1844?
Simples. Enciclopédias Judaicas, Almanaques do século XIX, programas modernos computadorizados que verificam calendários do passado, cálculos astronômicos, documentação histórica e até mesmo datas em lápides de cemitérios judeus concordam entre si, e estabelecem sem sombras de dúvidas que a data no calendário rabínico judaico para o dia da expiação no ano de 1844 caiu no dia 23 de setembro!
O fato é que essa descoberta pegou a comunidade de teólogos adventistas de surpresa, muita surpresa. Nenhum deles esperava por esse golpe do destino. Imediatamente os “advogados” da igreja passaram a se ocupar, dia e noite, a fim de encontrar uma forma decente de defesa para tamanho problema. Infelizmente, ao invés de admitirem os seus erros, mais uma vez um outro erro teve de ser levantado para tapar mais esse outro falso ensino. Esse é o “looping” eterno criado pela instituição adventista. O modus operandi já culturalmente estabelecido pela igreja com o objetivo de manter a máquina rodando.
Contudo, dessa vez, a sua base de defesa realmente não conseguiu criar nada muito engenhoso. A sua fraca tentativa de defesa apresenta apenas duas “cortinas de fumaça”.
Cortina de fumaça número 1:
Primeiramente, a IASD afirma que o calendário usado por Samuel Snow para determinar a data do dia da expiação daquele ano, não foi o calendário Rabínico Judaico, mas sim o calendário Caraíta Judeu. Sendo assim, o dia correto não seria 23 de setembro, mas sim 22 de outubro.
Façamos um breve parêntese para explicar rapidamente quem eram os judeus Caraítas.
Os judeus Caraítas são uma ramificação obscura do judaísmo, pouco conhecida. A palavra caraíta (do hebraico םיארק , qaraim ou bnei mikra, “Seguidores das Escrituras”), designa uma das ramificações do judaísmo que defende unicamente a autoridade das Escrituras Hebraicas como fonte de Revelação Divina.
Eles rejeitam livros do judaísmo rabínico como, por exemplo, o Talmude e a Mishná. Não seguem costumes judaicos rabínicos como o uso de peiot, tefilin e afins.
Por que cargas d’agua teria Samuel Snow escolhido essa tribo para utilizar de seu calendário específico para a data do dia da expiação do ano de 1844? Ninguém sabe. Até porque não faria nenhum sentido que essa tribo poderia ter seu calendário mais corretamente alinhado com o calendário divino que o calendário dos Judeus Rabínicos.
Enfim, mesmo que esse fosse o caso, veremos mais a frente que mesmo assim a data não seria correta.
Continuando.
Cortina de fumaça número 2:
Se a primeira não funcionar (e não funciona), a segunda teoria é de que um calendário babilônico pode comprovar que a data de 22 de outubro é a data correta para o dia da expiação de 1844.
Sobre essas duas defesas, temos o seguinte a apresentar:
Em primeiro lugar, Ellen White em nenhum momento afirmou que tal data estaria ligada a um calendário Caraíta Judeu ou a um calendário Babilônico. Lembrando que todo esse esforço empregado pela Igreja Adventista se dá exatamente para defender a reputação de Ellen White, a profetisa oficial da igreja. Vejamos novamente então, o que foi que ela escreveu a respeito:
“No sistema cerimonial mosaico… o grande dia da expiação, ocorria no décimo dia do sétimo mês judaico (Levítico 16:29-34), … O décimo dia do sétimo mês, o grande dia da expiação, tempo da purificação do santuário, que no ano 1844 caía no dia vinte e dois de outubro…”Ellen White, O Grande Conflito, pág. 400.
Note que ela menciona o “sistema cerimonial mosaico”. Esse sistema foi o sistema que o próprio Jesus utilizou em sua época para guardar as cerimônias e festas judaicas. Esses cálculos de datas foram formulados, precisamente, pelos Judeus Rabínicos em harmonia com as leis mosaicas. E foram exatamente eles que taxativamente declararam que o dia da expiação do ano de 1844 caiu no dia 23 de setembro.
Contudo, com o intuito de derrubar qualquer tentativa de “enrolação” por parte da Instituição Adventista a respeito do assunto, nós iremos, graciosamente, presumir por um momento que esse argumento do calendário Caraíta possa ser válido. E analisaremos, então, mais a fundo qual seria a data do dia da expiação de acordo com o calendário dessa desconhecida seita judaica.
Vejamos o que dizem os experts no assunto, no caso, Judeus Rabínicos modernos:
“Se os Adventistas do Sétimo Dia querem afirmar que todas as autoridades judaicas estão erradas e que somente uma micro-seita caraíta possui o único verdadeiro e correto calendário Judaico, eu gostaria de ver um certificado com a assinatura de Deus atestando tal argumento!” Will Linden “É impossível que o Yom Kippur (O dia da expiação/Dia 10 do mês Tishri) tenha caído no dia 22 de outubro do calendário Hillel.” Tracey Rich “O Dia da Expiação nunca caiu tão tardiamente durante o ano, nunca nem perto do dia 22 de outubro.” Susan Prohofsky, Professora da Purdue University de Lafayette, Indiana. ( Cleveland, Sydney, White Washed, pág. 166.)
Para que o leitor possa ter uma ideia melhor da pouquíssima diferença entre o calendário Judeu Rabínico e o Judeu Caraíta, segue uma demonstração de suas datas de acordo com as fases da lua. Fazemos questão de apresentar toda e qualquer evidência para que não haja qualquer dúvida quanto a esse assunto, afinal de contas o que está em jogo aqui é toda a credibilidade de uma instituição que possui mais de 20 milhões de membros.
Cálculos das fases da Lua para o ano de 1844:
Datas Caraítas | Datas Rabínicas
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Lua Nova | 12 de setembro de 1844 | 14 de setembro de 1844
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Lua Cheia | 28 de agosto de 1844 | 28 de agosto de 1844
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Ou seja, caso houvesse algum tipo de discrepância entre um calendário e outro, essa seria no máximo de alguns poucos dias, não de 29 dias como alega a IASD.
A situação ainda fica pior para a IASD quando nós analisamos a opinião dos próprios Judeus Caraítas a respeito do assunto. Uma carta escrita por um Rabino Caraíta, Yusuf Ibrahim Marzuk ao pesquisador e escritor E.S. Ballenger foi publicada em seu livro The Gathering Call. Bellenger introduz a carta do Rabino Marzuk com os seguintes comentários:
“22 de outubro de 1844 foi um dia crucial para os Adventistas doSétimo Dia pelo fato de que seus pioneiros acreditavam piamente que seria o dia da segunda vinda do Senhor Jesus; e eles ainda se seguram firmemente nessa data mesmo com todas as evidências contrárias a ela. O dia da expiação caiu no dia 23 de setembro em 1844 e não no dia 22 de outubro. Isso pode ser facilmente demonstrado consultando qualquer almanaque judeu da época ou qualquer autoridade ortodoxa judaica. Eles celebraram o dia da expiação no dia 23 de setembro no ano de 1844.”
Ele continua:
“Os defensores da fé adventista declaram que mesmo que os Judeus Rabínicos talvez tivessem celebrado o dia da expiação no dia 23 de setembro, os Judeus Caraítas teriam observado a data do dia 22 de outubro. Nós fizemos uma cuidadosa investigação a respeito do assunto e nós descobrimos que essa assertiva é falsa. O Rabino líder dos Caraítas de Cairo, Egito, Yusuf Ibrahim Marzuk respondendo a nossa pergunta a respeito do dia da expiação do ano de 1844, escreveu: Sobre as datas da Páscoa e do Dia da Expiação (Yom Kippur) elas foram as seguintes: No ano de 1843 o Yom Kippur caiu numa Quarta-Feira dia 4 de outubro, no mesmo dia que o calendário Rabínico. Já no ano de 1844 o dia da expiação caiu no dia 23 de setembro, uma Segunda-Feira, tanto no calendário Caraíta quanto no calendário Rabínico.”(Cleveland, Sydney, White Washed, pág. 168
Carta redigida pelo Rabino Yusuf Ibrahim Marzuk para o Sr. C.L. Price em 30 de Março de 1939, confirmando que tanto no calendário Rabínico como no calendário Caraíta,o dia da expiação (10o dia do mês Tishiri) caiu no dia 23 de Setembro no ano de 1844 e não no dia 22 de outubro. Assim sendo, a alegação de Samuel Snow sobre a celebração Caraíta do dia da expiação ter caído em 22 de outubro de 1844 é falsa. Ellen White confirmou a data apresentada por Samuel Snow diversas vezes em seus escritos, confirmando-a mais uma vez como uma falsa profetisa. A IASD mesmo sabendo do erro, nunca o expôs publicamente, pois eliminaria completamente o grande pilar doutrinário da igreja.
Note que tanto em 1843 quanto em 1844 as datas relacionadas ao dia da expiação são exatamente as mesmas em ambos os calendários. Mas vamos admitir por um momento que o calendário Caraíta pudesse estar absurdamente discrepante em 29 dias. Ellen White em nenhum momento falou absolutamente nada a respeito do calendário Caraíta! O Calendário mencionado por ela foi o sistema Moisaco/Rabínico! Ou seja, não importa para que lado olhamos, as evidências são incontestáveis.
O fato é que não houve discrepância nenhuma entre esses calendários.
Ellen White errou o ano, errou o mês, errou o dia, errou a doutrina, errou a profecia, errou tudo! Mais a frente veremos, aliás, em um capítulo específico, que Ellen White nunca acertou nenhuma de suas profecias! Mas o que dizer a respeito da segunda teoria adventista que defende que o calendário correto seria o babilônico? Simplesmente, não há como levar a sério uma argumentação como essa.
O calendário babilônico nunca fez parte do sistema mosaico judaico para determinar feriados anuais. Nem os Judeus Rabínicos nem s Caraítas se utilizaram sequer uma vez do calendário babilônico. O calendário Judaico criado por Deus através de Moisés nunca teve nada relacionado com o calendário babilônico. Ele somente soa importante por ser “Babilônico” e isso engana aqueles que não se aprofundam no assunto.
Nada mais do que isso. Sendo assim dispensaremos por falta de mérito, qualquer aprofundamento maior a respeito dessa teoria.
Para finalizar o assunto fica claro, portanto, que a gafe criada em cima dessa data é um vergonhoso fato histórico que mancha ainda mais a já combalida imagem da IASD. A data de 22 de outubro de 1844 nada mais é do que aquilo a que foi publicamente taxada: um Grande Desapontamento que acabou se desdobrando num enorme e contínuo embuste doutrinário, histórico, religioso, financeiro, espiritual e social que gera até os dias de hoje, graves consequências, com fiéis acorrentados em fortes cadeias espirituais e psicológicas. Apelamos, assim, a consciência dos líderes e pastores dessa igreja que se levantem contra toda essa mentira e esse mal que já prejudicou e continua prejudicando, tantas almas incautas.
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Texto retirado do livro “Descortinando o Adventismo”, Gleyson Persio, Ed Jocum.
Eu ainda não perdi a esperança pelo esclarecimento de adventistas!Que Deus faça com que prestem atenção a isso e ponderem!
D’us lhe abençoe e te proteja nesta jornada árdua