“Livres do medo! Já resgatados! Cristo morreu por nossos pecados! Na sua cruz o pacto se fez, fomos remidos de uma vez.
Sim de uma vez! Amigo, acredita, no Salvador tens sorte bendita! Cristo na cruz a Lei satisfez e redimiu-nos de uma vez!”[2]
Meu amigo, esse é um dos hinos que mais me toca o coração porque ele expressa a sublime verdade da expiação dos nossos pecados. E é disso que vamos conversar… Os ASD não podem cantar esse hino. Eles não têm como falar que foram remidos de uma vez… É essa triste realidade que iremos ver agora, com relação à questão da expiação no seio ASD.
Bom, a questão da expiação dos pecados na teologia ASD é muito complicada, haja vista que essa questão está direta e intimamente relacionada com a questão do Juízo Investigativo.
No conceito ASD, Cristo estaria repassando a vida de cada um dos supostos candidatos à salvação! Examinando para ver se eles teriam condições(!) de serem salvos! Isso implica no fato de que como disse EGW, cada um de nós em tese, na teologia ASD, tem um caso pendente, em aberto, para ser julgado. Isso compromete a questão da Soberania de Deus, mas a questão vai além. Isso compromete também todo o ensino deles sobre a doutrina da Expiação. Vamos dar uma olhada no conceito ASD de Expiação??
“Durante dezoito séculos este ministério continuou no primeiro compartimento do santuário. O sangue de Cristo, oferecido em favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, semelhantemente, antes que se complete a obra de Cristo para redenção do homem, há também uma expiação para tirar o pecado do santuário”[3]
“Ao revelar-se a cruz do Calvário, com o infinito sacrifício pelos pecados dos homens, viram que nada, senão os méritos de Cristo, seria suficiente para a expiação de suas transgressões; somente esses méritos poderiam reconciliar os homens com Deus. Com fé e humildade, aceitaram o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Pelo sangue de Jesus tiveram a “remissão dos pecados passados””[4]
“A intercessão de Cristo no santuário celestial, em prol do homem, é tão essencial ao plano da redenção, como o foi Sua morte sobre a cruz. Pela Sua morte iniciou essa obra, para cuja terminação ascendeu ao Céu, depois de ressurgir”[5]
“Semelhantemente, ao completar-se a obra de expiação no santuário celestial, na presença de Deus e dos anjos do Céu e do exército dos remidos, serão então postos sobre Satanás os pecados do povo de Deus; declarar-se-á ser ele o culpado de todo o mal que os fez cometer”[6]
“A morte de Cristo não tem significado expiatório para o pecador à parte de Sua intercessão sacerdotal… O Calvério pagou integralmente o débito do pecado do mundo (1 João 2:2). Cristo “morreu uma vez por todas” (ephapax, leitura literal de Hebreus 7:27) e jamais morrerá de novo. Mas a expiação objetiva feita pela Divindade na cruz não salva ninguém automaticamente””[7]
Creio que por aí dá para se ter uma idéia do conceito ASD de expiação. A expiação para eles não se consumou no Calvário. A expiação no adventismo só será de fato concluída quando se terminar o Juízo Investigativo.
Segundo essa linha de teologia que os ASD seguem, você teria seus pecados perdoados, porém não cancelados. Eles só seriam cancelados quando forem postos sobre o que seria o bode emissário de Levítico 16, que na teologia ASD representa Satanás! Ou seja, ele indiretamente, participa da Expiação na teologia ASD! Uma outra peculiaridade que você deve ter notado em uma citação de EGW acima, é que na Cruz, pelo sangue de Cristo nós teríamos tido perdão dos pecados passados! Mas não de todos! Por isso a ênfase em se ter uma vida estrita de obediência, porque isso seria levado em conta nesse hipotético Juízo!
Agora perguntamos ao leitor: isso é bíblico?? Tem sustentação nas Escrituras a idéia de que nós temos nossos pecados perdoados e não cancelados? Que esses pecados estariam ainda diante de Deus, apesar de perdoados? E por acaso é bíblico Satanás levar os nossos pecados? É bíblico pregarem que a expiação não está completa? Que ela não se consumou na cruz??
É isso que nos propomos a analisar agora acuradamente com você.
Pecados perdoados, mas não cancelados?
Por conta do que vimos anteriormente, a teologia ASD vincula a cruz ao suposto ministério que Cristo estaria exercendo no Santuário Celestial. Bom, isso tem implicações mais profundas, como no caso do perdão dos pecados. Veja o que EGW diz:
“O sangue de Cristo, ao mesmo tempo em que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até à expiação final”[8]
“Visto que os mortos são julgados pelas coisas escritas nos livros, é impossível que os pecados dos homens sejam cancelados antes de concluído o juízo em que seu caso deve ser investigado”[9]
Veja que ela (os ASD também, por conseqüência), crê que o sangue de Cristo livra o pecador da condenação. Mas não cancela o pecado! Mais! Ela diz que é impossível que os pecados dos homens sejam cancelados, em face de que eles estão ainda sendo julgados por Deus! Perceba, que isso compromete todo o ensino ASD da expiação como veremos mais adiante, de modo irreparável. Existe, por acaso, base bíblica para se afirmar isso e outras coisas mais, como ela faz?
A Bíblia é prolixa quando trata do perdão dos nossos pecados, e de como Deus age em relação a eles. No entanto, EGW fala que não podemos ter nossos pecados perdoados antes do término de tal “juízo”… Vejamos como as Escrituras retratam a atitude de Deus face ao nosso pecado:
Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniqüidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar. (Mq 7.19)
Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro. (Is 43.25)
Apaguei as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi. (Is 44.22)
E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados. (Jr 31.34)
Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. (Hb 8.12)
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR (At 3.19)
E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. (Hb 10.17)
Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. (Rm 4.17)
Interessante… Veja, leitor, que as Escrituras falam claramente que Deus esquecerá os pecados do Seu povo! Não fala que de repente Ele vai sacar esses tais pecados que foram perdoados para fazer menção a eles novamente. As Escrituras não dão apoio a essa teoria… Isso seria pôr em xeque a misericórdia de Deus. E também, está escrito: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Nm 23.19). Graças a Deus, o nosso Senhor Jesus não está ocupado em ficar pesando nossas faltas e acertos, pois “ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Sl 103.14). E ademais as Escrituras nos declaram com segurança: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). Ou seja, Deus não torna atrás no que fala! Crer o contrário é duvidar do Seu caráter, do Seu perdão, é com certeza uma blasfêmia…
Curioso um detalhe… Nas passagens citadas de Isaías, Jeremias e Hebreus, é frisado que Deus perdoou e não se lembrará mais! Ou seja, quando Ele perdoa, assunto encerrado. Deus não tem o costume de “desenterrar defuntos” como se diz por aí. O que passou, passou.
E um detalhe básico. A Expiação, (que veremos mais em detalhes logo mais), dos nossos pecados quando foi feita na cruz, não foi só de pecados passados. Mas também dos futuros! Deus não pagou o preço só da metade! Por isso Paulo diz que o nosso escrito de dívida foi cancelado na cruz: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14, ARA). Na Bíblia NVI, esse texto fica ainda mais claro: “E cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz”. Essa cédula, ou escrito de dívida, é uma clara menção ao pecado. Que dívida que nós tínhamos? O pecado… E um dos meios no AT para remediar o problema eram as ordenanças cerimoniais… Porque eram “soluções” paliativas, que não resolviam. E na cruz, tudo isso foi cancelado. Pois acabou a dívida!
Interessante que as duas versões desse texto falam de tirar o elemento de condenação (o pecado) de cena de forma definitiva! Por que será, né? Com certeza, porque o que havia até então (as leis cerimoniais) só faziam isso de forma temporária… Não definitiva! Não havia uma expiação de fato pelos pecados. Aqueles rituais só apontavam para a realidade da cruz, Aí sim veio a expiação de fato…
Satanás levando pecados??
Você pode estranhar a pergunta… Mas ela é uma realidade no adventismo. Vamos entrar num pormenor básico da doutrina do Juízo Investigativo. E muito herético! É, mais propriamente uma blasfêmia! E o leitor irá concordar comigo que não teria como ser de outra forma. Você lembra que EGW diz que nossos pecados são perdoados, mas não cancelados (o que já mostramos ser antibíblico), e ficariam registrados no Santuário… Vamos ver então, segundo a teologia ASD, quando ocorre de fato o cancelamento desses pecados.
Vejamos novamente EGW:
“Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final”[10]
“Quando o sumo sacerdote, por virtude do sangue da oferta pela transgressão, removia do santuário os pecados, colocava-os sobre o bode emissário. Quando Cristo, pelo mérito de Seu próprio sangue, remover do santuário celestial os pecados de Seu povo, ao encerrar-se o Seu ministério, Ele os colocará sobre Satanás, que, na execução do juízo, deverá encarar a pena final”[11]
“Verificou-se também que, ao passo que a oferta pelo pecado apontava para Cristo como um sacrifício, e o sumo sacerdote representava a Cristo como mediador, o bode emissário tipificava Satanás, autor do pecado”[12]
Quero que você perceba a gravidade do que ela disse aqui! Ela diz que a obra de Cristo se encerrará com a “purificação” do Santuário e a final deposição dos pecados sobre Satanás!! Ou, seja, na teologia ASD, Satanás é co-participante da redenção e expiação! Meu Deus!… Mas isso não basta… Lembra que vimos anteriormente que os pecados na teologia ASD não são cancelados? Sabe quando o povo ASD pode se considerar, de fato livres (remidos) do pecado? Veja:
“Antes que o bode tivesse desta maneira sido enviado não se considerava o povo livre do fardo de seus pecados”[13]
Meu Deus… Só quando Satanás “tomar sobre si” os pecados, os ASD poderão ter a certeza de estarem livres deles? Você percebe o absurdo, a blasfêmia que está embutida nessa doutrina? Sim… Pois isso é parte essencial da doutrina do Juízo Investigativo (ou Santuário).
Pergunto agora: isso é bíblico, amado leitor?? Você pode considerar como cristão alguém que crê que Cristo depende de Satanás para completar a Sua obra redentora por nós?? Fale honestamente.
Vamos às Escrituras mostrar a falácia e a heresia dessa doutrina ASD. Não podemos fazer de outra forma, somente indo às Escrituras.
Antes de tudo, leve em conta, que eles não tem previsão de quando esse “Juízo” termina. O gozado é que se fossemos seguir o princípio que eles usam para profecias (um dia por um ano), esse “Dia da Expiação” não termina nunca, né? Bem, mas a questão é mais séria… O fato é que o dia da Expiação só terminava quando o Sumo Sacerdote mandava o bode para o deserto. Ok? E esse bode na teologia ASD é Satanás.
O argumento deles é o seguinte: um dos bodes era “pelo Senhor” e Deus é um ser pessoal, então “Azazel” também tem que ser um ser pessoal. E detalhe, para eles era um em contraposição ao outro. Por isso, raciocinam, só quem pode preencher o simbolismo desse bode é Satanás.
Vamos começar por ver se esse bode podia ser Satanás de fato. As Escrituras são claras sobre o fato de quem fez expiação por nós foi Cristo. Eles argumentam que esse bode não fazia expiação. Mas será isso que nos mostra a Escritura? Vamos ao texto bíblico de Levítico 16.1-10, 20-22:
1E FALOU o SENHOR a Moisés, depois da morte dos dois filhos de Arão, que morreram quando se chegaram diante do SENHOR. 2Disse, pois, o SENHOR a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório. 3Com isto Arão entrará no santuário: com um novilho, para expiação do pecado, e um carneiro para holocausto. 4Vestirá ele a túnica santa de linho, e terá ceroulas de linho sobre a sua carne, e cingir-se-á com um cinto de linho, e se cobrirá com uma mitra de linho; estas são vestes santas; por isso banhará a sua carne na água, e as vestirá. 5E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto. 6Depois Arão oferecerá o novilho da expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa. 7Também tomará ambos os bodes, e os porá perante o SENHOR, à porta da tenda da congregação. 8E Arão lançará sortes sobre os dois bodes; uma pelo SENHOR, e a outra pelo bode emissário. 9Então Arão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo SENHOR, e o oferecerá para expiação do pecado. 10Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissário, apresentar-se-á vivo perante o SENHOR, para fazer expiação com ele, a fim de enviá-lo ao deserto como bode emissário. 20Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, e pela tenda da congregação, e pelo altar, então fará chegar o bode vivo. 21E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e envia-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. 22Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto.
Esse é o texto controvertido. Vamos ver o que de fato ele nos diz. Se sustenta a tese ASD sobre ser o bode emissário/Azazel um tipo de Satanás. Vejamos alguns detalhes reveladores. O texto, contrariamente ao que os ASD dizem, mostra-nos que os dois bodes são destinados a fazer expiação com eles! A palavra no hebraico é kõper. Isso nos revela muito. Significa resgate ou dádiva para obter favor.
“O verbo é sempre empregado com relação à remoção do pecado ou contaminação, com exceção de Gênesis 32.20, Provérbios 16.14 e Isaías 28.18, onde se pode observar o sentido correlato de “apaziguar com um presente”… O sacrifício de animais na teologia do AT não era uma mera expressão de gratidão à divindade por parte de um povo criador de gado. Era a expressão simbólica da vida inocente dada em lugar da culpada. Esse simbolismo fica ainda mais claro com o gesto em que o adorador colocava as mãos sobre a cabeça do animal a ser sacrificado e confessava seus pecados sobre aquele animal (cf Lv 16.21; 1.4; 4.4 etc) o qual era sacrificado ou então enviado para longe como bode expiatório”[14]
Interessante é o fato de que o sentido dessa palavra é relativo à remoção dos pecados. O verso 10 mostra-nos que o bode emissário tinha finalidade clara de fazer expiação com ele. Mas creio que fica mais clara a questão ao lermos os versos 21 e 22, pois eles mostram que o Sumo Sacerdote colocava todos os pecados do povo sobre aquele bode, e nos é dito que aquele bode “levará sobre si” os pecados do povo… Isso não lembra algo ao leitor? Vou dar uma mão…
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos…. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores. (Is 53.6, 11-12)
O leitor percebe o paralelo claro traçado pelas Escrituras? Inclusive, se vamos ler esse texto de Levítico, veremos que temos essa referência a Isaías no pé da página de nossa Bíblia… Os ASD enrolam e falam muito para dizer que esse bode tinha outra finalidade que não expiação de pecados. Mas o texto é por demais claro para permitir outra interpretação! O fato de o sacerdote colocar sobre esse bode os pecados do povo e o bode levar sobre si esses pecados ao deserto o torna certamente um símbolo de nosso Salvador.
Agora, o que poderá ser o significado de “Azazel”?? Vamos ver…
“Essa palavra aparece quatro vezes no AT, todas usadas em Levítico 16(8, 10, 26), em que se descreve o ritual do Dia da Expiação Depois de o sacerdote ter feito expiação em favor de si mesmo e de sua família, ele deve apresentar dois bodes para representar Israel. Um deve ser sacrificado ao Senhor, o outro será o “bode emissário”(ARA) ou “bode expiatório”, ou seja, o bode para Azazel Em todas as ocorrências da palavra ela é prefixada pela preposição “para”. A palavra tem sido entendida e traduzida de diversas maneiras. As versões antigas (LXX, Símaco, teodócio e vulgata) entenderam que a palavra indica o “bode que vai” … ela tem sido traduzida como “pura remoção total” (IDB, loc. cit.). A interpretação rabínica em geral tem considerado que essa palavra designa o local aonde o bode era enviado: um deserto, um local abandonado ou um ponto elevado de onde o animal era atirado (cf Lv 16.22)… Uma possibilidade final é colocar o vocábulo como a designação de um ser pessoal de modo a contrapor-se à palavra “Senhor”… O verdadeiro uso e significado dessa palavra em Levítico 16 é, na melhor das hipóteses incerto. No entanto seja qual for o significado exato, o fato relevante é a remoção de pecados mediante a imposição deles sobre o bode”[15]
Perceba que não é da forma como eles falam… Até uma das interpretações seria a que eles falam de um ser pessoal, mas o relevante aí, de fato é a remoção dos pecados, que era efetuada por meio desse bode. Isso por si, mostra que é impossível retratá-lo de modo a ser Satanás, pois então Satanás estaria participando da expiação dos pecados, o que é uma blasfêmia e um insulto ao que Cristo fez no Calvário. O Calvário teria sido então somente um teatro onde Jesus teria sido um grande marionete! Percebem onde isso nos levaria?
Além do que teria uma grande incoerência a mais. Esse santuário que hipoteticamente está sendo “purificado” segundo os ASD está no Céu. Pergunto: há como haver qualquer espécie de impureza (quiçá pecado!) no Céu? Percebem como é algo totalmente fora dos padrões das Escrituras??
Como isso afeta o conceito bíblico de expiação?
Bom, vimos até aqui, que será impossível sustentar a teoria ASD da expiação à luz do ensino geral das Escrituras. Mas quero ir um pouco além com você, leitor! Quero que você perceba como isso afetaria o ensino bíblico de expiação e redenção. Quero só trazer à sua memória, o fato de que eu falarei de redenção e de expiação sob a ótica reformada. Não quero aqui fazer um ensaio sobre o mérito dessa ou de outra posição, mas sim, mostrar o quanto o adventismo deprecia a doutrina da redenção e da expiação, e isso o farei como crente reformada que sou[16].
A doutrina bíblica da expiação não coaduna com o que temos visto sobre expiação no adventismo. Porque? Por que temos alguns pressupostos no adventismo que se sustentados, levariam a uma compreensão errônea da obra de Cristo. Vamos ver alguns deles…
1- O primeiro é a questão da Soberania de Deus. Ao afirmarem os ASD, que há a necessidade de um juízo pré-advento para que Deus faça uma “lista” dos que serão salvos, isso compromete a sua onisciência. E um “Deus” que não é onisciente e não sabe de todas as coisas, do futuro, enfim, não pode ser Deus! Não é assim que as Escrituras nos apresentam a Deus! Antes, elas nos mostram um Deus onisciente, ao qual nada é surpresa, e que conhece não só o futuro, mas antes de tudo, conhece os que são Seus! Vejamos:
a) Ele não é pego de surpresa, antes, conhece todas as coisas
Porque os seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e ele vê todos os seus passos (Jó 34.21)
Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido (Jó 42.2)
Senhor , diante de ti está todo o meu desejo , e o meu gemido não te é oculto (Sl 38.9)
Tu , ó Deus , bem conheces a minha estultice ; e os meus pecados não te são encobertos (Sl 69.5)
Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces (Sl 139.4)
Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade (Is 46.10)
b) Ele conhece os que são Seus
O Senhor é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele (Na 1.7)
Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido (Jo 10.14)
Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele (1 Co 8.3)
Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade (2 Tm 2.19)
Vemos portanto que fica insustentável diante do testemunho claro das Escrituras quanto à onisciência de Deus, crer que Ele precise dar uma “olhadinha” nos livros de registro para ver quem é dEle de fato ou não! Isso beia a blasfêmia. É insinuar que Deus não conhece o futuro, que Ele fica como um grande espectador, que não poucas vezes deve sair frustrado. E as Escrituras dão um testemunho muito nítido, que é totalmente contrário a esse pressuposto.
2- O segundo ponto, é que se parte de um pressuposto que os salvos não podem jamais ter segurança de sua salvação, haja vista que estão sedo julgados. Portanto isso compromete um outro ensino claro das Escrituras que é o da segurança eterna dos crentes. Vamos ver?
Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora (Jo 6.37)
A vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia (Jo 6.39)
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai (Jo 10.27-29)
Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11.29)
O qual vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor (1 Co 1.8s)
Graças a Deus que podemos ter a certeza da salvação em Cristo Jesus! Colocar a salvação como algo condicional nos levaria a um sistema de justificação pelas obras, onde eu teria que fazer por merecer o que me estaria sendo oferecido e não dado! Ou seja, tornaria a salvação um negócio que faríamos com Deus e não um presente, não um dom, pois graça é favor imerecido. E como pensar em graça, com crentes sendo “analisados” para ver se são “dignos” de ter seus nomes no livro da vida!! Vimos portanto, que é impossível se crer nesse ensino à luz das Escrituras, uma vez que ele coloca os crentes sob julgamento e põe em cheque o que nas Escrituras é uma certeza: a condição do crente como salvo em Cristo Jesus!
3- Um outro pressuposto muito grave, e que não tem apoio nas Escrituras é o de que a nossa redenção/expiação foi incompleta na cruz. As Escrituras são sobejas em nos mostrar que é na cruz que foi consumada a nossa redenção. Jesus não está a terminar algo que Ele declarou estar “consumado” (Jo 19.30). Vejamos então de maneira clara o testemunho das Escrituras quanto à nossa expiação.
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus (Rm 3.24s)
O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação. (Rm 4.25)
Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida (Rm 5.10)
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus (Cl 1.20)
Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz (Cl 2.14)
De novo, temos o testemunho insofismável das Escrituras a respeito. A nossa expiação foi consumada na cruz! Por isso estamos, como diz Paulo, “reconciliados” com Deus”. Caso contrário, Jesus teria sido um grande ator! Ele teria encenado algo sem valor real! E não foi isso que Ele fez! Ele de fato nos remiu ali! Não precisamos esperar 1844, e nem ficar temerosos pelo nosso futuro! São as Escrituras que nos dão essa tranqüilidade:
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1)
Então meu amado leitor, podemos saber que a doutrina bíblica da expiação não condiz com o ensinado pelos ASD. Ao contrário. Biblicamente, sabemos que Ele foi o nosso substituto penal! Ele pagou integralmente o preço pelos nossos pecados na cruz.
Biblicamente todos pecamos e somos culpados por isso. Teríamos que fazer expiação por nossas culpas e pecados, mas não temos nem recursos e nem poder para isso. Ofendemos ao nosso Deus que é Santo e odeia o pecado (Jr 44.4; Hc 1.13). quem tem pecado não pode ser aceito com Deus e ter comunhão com Ele, a menos que seja feita expiação! Não há como nós sermos retos e inculpáveis perante Deus (Is 64.6).
Mas sabendo que por nós mesmos não temos como resolver a situação, cristo veio e pagou o preço da nossa expiação, da nossa libertação (Rm 3.24; Gl 4.4s; Cl 1.14). Pela morte de Cristo fomos reconciliados (Rm 5.10). Ou seja a morte de Cristo na Cruz tirou os nossos pecados de diante de Deus. Lembra que vimos que expiação é tirar fora o pecado, né? Então Cristo fez isso.
Mas Ele não fez só isso, Ele nos deixou com “crédito” pois Ele obedeceu a Lei de modo perfeito em nosso lugar! Não só tivemos nossa dívida quitada com Deus. Mas mais do que isso, nós ganhamos um crédito imenso!
Se ele tivesse somente morrido em nosso lugar, teríamos voltado à situação de Adão, ou seja, estaríamos zerados com Deus, porém teríamos que obedecer de modo perfeito se quiséssemos ter a salvação. Pois teríamos tido, se isso tivesse sido assim, só nossa dívida quitada e mais nada. Dependeria de nós a salvação. Mas não foi isso que Cristo fez! Ele fez mais! Não precisamos obedecer para sermos salvos!
Somos salvos pela graça! Ele obedeceu em nosso lugar de modo perfeito. Pois Ele sabe que por mais que nos esforcemos para obedecer, jamais chegaríamos à obediência perfeita. Isso é graça. Não falo que por estarmos salvos, e debaixo da graça, iremos sair pecando. Não (Rm 6.15)! Iremos obedecer porque amamos. Sabemos que será imperfeita e que não seremos justificados por ela.
Por isso, amado leitor, apegue-se à Palavra de Deus e mais nada. Não se deixe levar por homens. Ele já pagou o preço em nosso lugar. Essa é a verdade mais preciosa que podemos encontrar nas Escrituras, e deve reger e animar cada segundo da nossa vida.
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[1] Juliana Fragetti Ribeiro Lima, 31 anos, é convertida ao evangelho desde 1998. Foi Adventista do Sétimo Dia por 8 anos e hoje serve a Deus na Igreja Presbiteriana Ebenézer. Em sua vida secular, é ceramista.
[2] (Hinário Novo Cântico, hino 150 “Salvação Perfeita”, Cultura Cristã, p.126) grifos meus
[3] (O Grande Conflito, p. 421) grifos meus
[4] (Idem, p. 461) grifos meus
[5] (Cristo em Seu Santuário, p. 118) grifos meus
[6] (Idem, p. 657 e 658) grifos meus
[7] (Frank B. Holbrook, O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo, CPB, p. 1 e 16) grifos meus
[8] (Cristo em Seu Santuário, p. 38) grifos meus
[9] (Grande Conflito, p. 485) grifos meus
[10] (Cristo em Seu Santuário, p. 39) grifos meus
[11] (Idem, p. 96) grifos meus
[12] (Grande Conflito, p. 422) grifos meus
[13] (Cristo em Seu Santuário, p. 36) grifos meus
[14] (R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Bruce K. Waltke, Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, Edições Vida Nova, p. 744) grifos meus
[15] (Idem, p. 1593 e 1594) grifos meus
[16] Maiores informações sobre o ponto de vista da doutrina da salvação adotado pela autora, pode ser obtido pela leitura de alguns livros, a saber: Eleitos de Deus, de R. C. Sproul, Editora Cultura Cristã e Salvos pela Graça, de Anthony Hoekema, da mesma editora, entre outros.