I – A DOUTRINA DO JUÍZO INVESTIGATIVO
A doutrina do Juízo Investigativo é ensinada no livro “O Grande Conflito”:
“Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo Sacerdote… até direitos aos benefícios da mesma (p.484). “Assim, no grande dia da expiação final e do juízo… o julgamento dos ímpios, constitui obra distinta e separada” (p.484). “Ao abrirem-se os livros de registro no juízo… aceitam-se nomes e rejeitam-se nomes” (p.486). “No tempo indicado para o juízo – o final dos 2.300 dias em 1844… segundo as suas obras (p.489). “O juízo ora se realiza no santuário celestial… há muitos anos essa obra está em andamento” (*). “Esta obra de exame do caráter… obra final do santuário do céu” (p.428).
(*) Em 1884 o Juízo Investigativo estava em andamento por 40 anos. Em 1996, 112 anos são passados (2Tm. 4.1). A teoria do juízo investigativo é errônea e o JI ainda não começou, só começará na vinda de Jesus para julgar os vivos e os mortos.
Tendo em vista as citações feitas acima, estabelecemos o seguinte:
- Que o JI é para determinar quem está preparado para o reino de Deus;
- Que ele precede ou coincide com a expiação, pois é dito que o juízo é para determinar quem pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo tem direito aos benefícios da expiação (p.421);
- Que ele se relaciona somente com os justos e começou em 1844 (p.484);
- Que ninguém sabe quando passará para os casos dos vivos (p.493).
Tomemos esses principais ensinos e o examinemos então à luz das Escrituras:
Primeiro: – “Realizar a obra do juízo investigação e fazer expiação por todos os que se verificarem com direito aos benefícios da mesma” (p.494).
Comentário: A ideia assim expressa parece estar em conflito aberto com alguns dos principais ensinos da Bíblia (Mt.19.28). Se um JI é necessário para determinar quem está preparado para o reino de Deus, como foi que Cristo poderia assegurar de antemão que os seus discípulos iriam assentar-se sobre doze tronos? A verdade é que Cristo sabe perfeitamente, agora, quem está preparado para o reino (Jo. 10.14; 2Tm. 2.19).
Paulo não aguardava um JI, pois escreveu: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2Tm. 4.7-8).
Segundo: – “Destarte, os que seguiram a luz profética viram que, em vez de vir Cristo à terra, ao terminarem em 1844 os 2.300 dias, entro Ele então no lugar santíssimo do santuário celeste, a fim de levar a efeito a obra final da expiação”.
Comentário: Deus não faz primeiro uma investigação e então faz uma expiação por aqueles que foram encontrados dignos. Ele fez a expiação, primeiro, em favor dos indignos (que inclui toda a raça humana (Rm. 5.6,8,10) e a partir de então tem de momento a momento julgado os homes conforme a atitude que eles assumem para com essa expiação.
A entrada de Jesus no lugar santo dos santos não se deu em 1844, maas se deu quando Ele subiu ao céu (Hb. 6:19-20; 8:1, 9:12,24; 10:19-20; Ap. 3:20-21).
Terceiro: – “Começando pelos que primeiro viveram na terra, nosso Advogado apresenta os casos de cada geração sucessivas, finalizando com os vivos” (p.486).
Comentário: Leiamos a Bíblia e vejamos o que a Bíblia diz sobre o assunto:
● Sobre Abel, Hb.11:4 – “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho de seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.
Pode ser possível que cada ato, palavra e pensamento de Abel necessite ser investigado, a partir de 22/10/1844, para manifestar o que ele fez, quando se lê que Deus testifica de seus dons, e que ele era justo no tempo do seu martírio?
● Voltemos agora para Enoque, Hb.11:5 – “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus”.
É concebível que a vida desse homem trasladado, seja objeto de reconsideração no céu? Não tinha Enoque alcançado testemunho de que agradara a Deus? É razoável admitir que em 1844 Deus e os anjos precisassem de um juízo investigativo para saber algo acerca de Enoque?
● Voltemos agora para Noé, Hb.11:7 – “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé”.
Diz o texto que ele tornou-se herdeiro da justiça que é pela fé.
● Voltemos agora para Abraão, Isaque e Jacó, Hb. 11:16 – “Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha dele, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade”.
Diz o texto que Deus já lhes preparou uma cidade, e como admitir que os casos desses homens sejam reconsiderados a partir de 1844?
● Voltemos agora para Gideão, Baraque, Jefté e outros, Hb. 11:32,38,39. Como aceitar que esses homens, qualificados com bom testemunho, registrados entre os santos da Bíblia, sejam objeto de confirmação através de julgamento investigativo? Cristo mesmo avisou aos judeus incrédulos que eles veriam Abraão, Isaque e Jacó e todos os profetas no reino de Deus e eles mesmos lançados fora (Lc. 13:29). De acordo com Jesus, esses casos já foram objeto de aprovação de Deus. O que dizer dos santos da dispensação cristã?
Quando estava próximo de terminar sua carreira na terra, Paulo falou com confiança acerca do seu futuro (2Tm. 4:7-8). Não há necessidade de nenhum JI no caso de Paulo. A coroa fora prreparada para ele. Paulo testificava que a coroa da justiça era tão certa para os cristãos como para ele mesmo.
Quanto aos outros apóstolos, seus nomes estão escritos no fundamento da Nova Jerusalém (Ap. 21:14). Imagine: nomes tão gloriosamente adornaods irão para revisão no julgamento investigativo!
II – EXAME DOS TEXTOS CITADOS COMO APOIO AO JUÍZO INVESTIGATIVO
A) Atos 2:38 – Atos 3:19.
O exame comparativo de At. 3:19 com At. 2:38 mostra que Pedro não tinha em mente um juízo futuro. Pedro estava mostrando precisamente a mesma verdade em ambas as ocasiões. Em At. 3:19 está ele mostrando inquestionavelmente que os seus ouvintes teriam seus pecados apagados naquele momento, no momento em que se convertessem e se arrependessem. Se se convertessem e se arrependessem imediatamente, seguiriam tempos de refrigério na presença do Senhor. Pedro continuou, At. 3:20-21: “E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes foi foi pregado, o qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas desde o princípio”.
Um esforço é feito para justificar o juízo investigativo, no sentido de ligar o apagamento dos pecados, e os tempos de refrigério, com o segundo advento, mais do que com o arrependimento e conversão dos crentes. Isso é torcer as escrituras (2Pe. 3:16). Ambos, o perdão ou apagamento dos pecados, e os tempos de refrigério, foram prometidos ao povo para imediata realização e foram concretizados para aqueles que creram.
B) Daniel 8:14.
Essa profecia é vista como referindo-se ao juízo investigativo. O templo de Jerusalém foi profanado pelo rei grego Antíoco Epifânio no século II a.C. Note as expressões que o livro de Macabeus usa para descrever a palavra ‘restauração’ em 1Macabeus 4:36,41-43,52-53. Nessa passagem é referida três vezes a sua restauração. Uma vez é dita como sendo completada no 25º dia do 9º mês, e não no décimo dia do sétimo mês. Isto prova que a ideia que a purificação do santuário necesariamente refere-se ao dia da expiação é falsa.
C) Daniel 7:9-10.
Uma leitura cuidadosa do capítulo 7 de Daniel revela o fato que o julgamento ali descrito não é um julgamento dos santos, mas do poder simbolizado pelo “chifre pequeno”. A decisão é em favor dos santos e contra o “chifre pequeno”. O domínio do “chifre pequeno” é tirado (v.26) e a justiça é dada aos santos (v.22). “É uma posição muito clara sobre o juízo investigativo que os únicos casos a serem tratados nesse juízo é só dos santos” (O Grande Conflito, p.484).
D) Apocalipse 14:7.
Qual a natureza do juízo aqui apontado? O anúncio da hora de juízo de Deus, em Ap.14:7, é seguido por uma longa série de juízos, alcançando um clímax na parte final de Ap.20 (veja 16:5-7; 17:1; 18:8,10,20; 19:2,11; 20:11-15. Refere-se a um período de angústia das nações que Cristo predisse que se seguiria aos tempos dos gentios (Lc 21:24-26).