Pergunta: O que é o ensino das maldições hereditárias?
Resposta: O ensino das maldições hereditárias, conhecido como maldição de família ou pecado de geração, é um ensino que tem surgido ultimamente no meio evangélico. Os pregadores desse falso ensino afirmam que se alguém tem algum problema com alcoolismo, pornografia, depressão, adultério, nervosismo e muitos outros, é porque algum antepassado viveu aquela situação ou praticou aquele pecado e transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente. A pessoa deve então orar a Deus, a fim de que lhe seja revelado qual é a geração no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual é a geração, pede-se perdão por aquele antepassado, ou pela geração revelada, e o problema estará resolvido, estará desfeita a maldição.
Os defensores desse ensino creem que se o poder maligno ou a maldição de um pai ou avô não forem especificamente descobertos e removidos, e assim renunciados, um crente pode ser oprimido por uma maldição hereditária. Também creem que se você, ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a ‘maldição hereditária’ e está se transmitirá a seus filhos. Os pecados dos pais podem passar à outra geração e assim consecutivamente.
Pergunta: Quais são os textos bíblicos mais usados pelos pregadores da maldição hereditária para defender esse ensino?
Resposta: Eles citam Êxodo 20.4-6. Vamos examinar essa passagem: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos”.
Em primeiro lugar, de que trata, afinal, essa passagem? Trata de alcoolismo, pornografia, depressão ou problemas afins? É óbvio que não. O texto fala de idolatria e não oferece qualquer base para se afirmar que nós, crentes, herdamos maldições espirituais de nossos antepassados em qualquer área das dificuldades humanas.
Em segundo lugar, é errado presumir que esse texto bíblico se refira à visitação de Deus sobre “a iniquidade dos pais nos filhos”, por causa de herança, e não porque cada geração sucessiva decide seguir nos passos de seus antepassados. Ezequiel 18.2-20 afirma que Deus amaldiçoa cada israelita individualmente por causa de seus próprios pecados, e não especificamente por causa de algo que seus antepassados tenha feito. Deus afirmou especificamente no versículo 4 “eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá”. Deus termina afirmando que se o filho praticar o que é reto, em contraste com os pecados dos antepassados, certamente viverá.
É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os pais que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será seguido por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear também ceifará” (Gálatas 6.7). Isso poderá acontecer até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus, e entre num relacionamento de amor com ele através de Jesus Cristo. Cessa aí toda maldição.
Em terceiro lugar, note que no final do versículo 5 de Êxodo 20 a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se parece com o cristão. Não deve ser esquecido também que o autor da maldição, ou punição, é Deus, e que ele é a manifestação da justiça. A ideia que um crente precisa ser especificamente libertado de uma maldição ou punição, ou de um poder ocultista, que a salvação de Cristo não elimina, não se encontra na Bíblia. Na verdade, meus irmãos, não há um exemplo sequer, em toda a Bíblia, de uma pessoa salva estar sob uma maldição satânica que precisasse ser quebrada por exorcismo cristão ou confissão específica. Essa tentativa, de transformar a responsabilidade por fracassos presentes para outras pessoas, relembra a tentativa feita por Adão de jogar a culpa do seu pecado sobre Eva.
Os pregadores desse ensino errôneo dizem, em outras palavras, que a obra de Cristo não perdoou todos os nossos pecados. Isso, porém, é diabólico e completamente contrário a todo o ensino das Escrituras, que nos diz que Cristo morreu por todos os pecados – passados, presentes e futuros – e que somos perdoados e libertos de todos os nossos pecados no momento da salvação.
Pergunta: Os que advogam esse ensino também usam o texto de João 9.2-3, para afirmar que os discípulos acreditavam na maldição de família.
Resposta: Isto está correto. É preciso lembrar que os discípulos nem sempre estiveram certos no período de treinamento que passaram junto a Jesus. Certa vez, em alto mar, quando Cristo se aproximava, eles pensaram ser ele um fantasma (Mateus 14.26). Felizmente, os discípulos estavam errados em suas conclusões, pois eram humanos, sujeitos a erros. É óbvio que não erraram quando falaram e escreveram inspirados pelo Espírito Santo.
Quanto ao cego de nascença, Jesus destruiu qualquer superstição ou crença que os discípulos pudessem ter de que a cegueira fora provocada pelos pecados de seus antepassados, e o próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o cego de nascença: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” ele respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais, mas foi para que se manifeste nele as obras de Deus ” (João 9.2-3).
Pergunta: É verdade que há nomes próprios que estão carregados de maldição?
Resposta: Não há base bíblica para esse ensino. A Bíblia está cheia de pessoas ímpias com nomes de bons significados, enquanto outras são boas, mas com nome de significados nada recomendáveis. Veja o caso de Abia, que quer dizer “Jeová é pai”, filho de Samuel, um homem de Deus. Apesar de ter um bom nome e um bom pai, a Bíblia diz que ele não andou nos caminhos de Samuel e se corrompeu (1Samuel 8.3).
Absalão quer dizer “pai de paz”. Embora tendo um nome tão pacífico, ele tentou usurpar o trono de seu pai Davi, teve uma vida tumultuada e morreu de forma trágica (2Samuel 3.3 e 18- 9.19).
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FONTE: PROGRAMA CONSULTANDO A BÍBLIA – IEPAZ