As Diferentes Alianças na Bíblia e Porque a Igreja Adventista do 7º Dia Ainda Continua Guardando o Sábado.
Existem algumas questões na Bíblia que são de fácil entendimento para a maioria dos cristãos, no entanto, para os que são adventistas do sétimo dia não funciona assim, a exemplo disso está a compreensão sobre as diferentes alianças na Bíblia. Isso por que toda a interpretação bíblica adventista está fundamentada na sua profetisa Ellen White. Ela, que como co-fundadora desta organização, interpreta as Escritura Sagradas. Como a igreja a reconhece como profetisa verdadeira e usada pelo Senhor, é evidente que as palavras e suas visões em seus escritos devem ser vistas como verdadeiras, mesmo que tenha que fazer interpretações esdrúxulas para validar seus escritos de acorda à Palavra de Deus.
No livro Testemunhos Seletos na página 23, ela afirma o que santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna. Logo, os que a reconhecem como profetisa verdadeira, são obrigados a guardar o sábado como meio de salvação, mesmo que digam o contrário. Isso advém também de outras interpretações dela que afirma que esse dia é o selo de Deus, conforme está escrito no livro Testemunhos Seletos Volume III na página 17, O Grande Conflito na página 640 e Eventos Finais página 163. Essas afirmações claramente contrariam o que está em Efésios 1.13 e Efésios 4.30 que diz que somos selados com o Espírito Santo.
Mas, por que para Ellen White e para os adventistas o sábado é entendido como sendo o selo de Deus? É óbvio que é devido a uma má interpretação de Ezequiel 20.20 e Êxodo 31.16 e 17, que afirma que o sábado é o sinal entre Deus e seu povo. Pois ela afirma o seguinte:
“Ao livrar o Senhor, do Egito, o Seu povo Israel, e confiar-lhes Sua lei, ensinou-lhes que, pela observância do sábado, deveriam distinguir-se dos idólatras. Este deveria ser o sinal da diferença entre os que reconheciam a soberania de Deus e os que recusavam aceitá-Lo como seu Criador e Rei […] Assim como o sábado foi o sinal que distinguiu Israel quando saiu do Egito para entrar em Canaã, é, também, o sinal que deve distinguir o povo de Deus que sai do mundo para entrar no repouso celestial. O sábado é um sinal de afinidade entre Deus e o Seu povo, sinal de que este honra Sua lei. É o distintivo entre os fiéis súditos de Deus e os transgressores” (Testemunhos Seletos, Pág. 16 e 17).
Logo para entrar em conformidade com o que ela diz, os membros desta igreja entendem que o sábado é o sinal ou selo de Deus e que distingue os verdadeiros cristãos dos falsos.
Se o sábado é o sinal identificador entre Deus e seu povo, por que a maioria dos cristãos entende que não devemos guardar mais o sábado em nossos dias? Estaria Ellen White certa? Seria a Igreja adventista do Sétimo Dia a única ou uma das únicas igrejas verdadeiras, por compreender que o sábado deve ser guardado em nossos dias? Para entender o termo sinal, precisamos entender as alianças na Bíblia. Quais foram as principais alianças apresentadas na Bíblia e quando elas perderam a suas validades?
A primeira menção a uma aliança na Bíblia é feita em Gêneses 9.8-12. Após um período de dilúvio catastrófico que deu cabo de toda vida na terra, sobrevivendo somente Noé e sua família e os animais que com eles estavam na arca, Deus então entra em aliança com Noé e todos os seres vivos, prometendo não mais destruir a terra com outro dilúvio. Fica estabelecido então um arco que sempre apareceria no céu após um período de chuva, pois assim diz: porei nas nuvens do céu um sinal da aliança entre mim e a terra (Genesis 9.13). Fica evidente então que esse arco seria o sinal da aliança de Deus para com a terra.
A segunda menção a aliança, nós encontramos também em Gênesis 15.12-21 e17.9-14 entre Deus e seu servo Abraão. Nessa aliança, Deus promete a Abraão que a terra de Canaã iria ser dada a sua descendência. No capítulo 17 Deus retoma o assunto da aliança estabelecendo um sinal: Circundareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal da aliança entre mim e vós (Genesis 17.11). A semelhança de Noé, aqui também é feita uma aliança de Deus com Abraão e estabelecido um sinal, a circuncisão.
A terceira menção a aliança feita na Bíblia está em Êxodo 24. Após um período de mais de quatrocentos anos de escravidão na terra do Egito, o povo é liberto por Deus através de Moisés e seu irmão Arão. Durante a peregrinação no deserto, Deus faz uma aliança com aquele povo dando as suas leis. Em êxodo 24 o povo se compromete em guardar as leis do Senhor, estabelecendo assim uma aliança com Deus (Êxodo 34.28). Já no capítulo 31.12-18 é apresentado o sinal dessa aliança, pois assim diz: Pelo que os filhos de Israel guardarão o sábado, celebrando-o por aliança perpetua as suas gerações. Entre mim e os filhos de Israel é sinal para sempre. Êxodo 31.16-17.
Em Ezequiel 20.20 é retomado o assunto da aliança, pois assim diz: santificai os meus sábados, pois servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus. Aqui também está no contexto de guarda dos estatutos de Deus por parte do povo de Israel. Aquele povo havia trabalhado durante quatrocentos anos sem um devido descanso. Deus precisava reeducar aquele povo, por isso era necessário estabelecer um dia de comunhão com Israel, por isso ele estabelece o sábado.
Alguns afirmam que o sábado foi estabelecido no Éden, por isso, defendem a ideia de que esse dia já era guardado antes do Sinai. Na Bíblia não é feita nenhuma menção a qualquer um dos patriarcas guardando o sábado, muito menos Adão. Os que assim creem, fazem por meio de conjecturas a partir de Gênesis 2.3 ou pelo que Ellen White fala de acordo a suas supostas visões: “O sábado foi confiado a Adão, pai e representante de toda a família humana” (Patriarcas e Profetas, pág. 20). Sem Ellen White não há como afirmar que o sábado fora guardado pelos nossos primeiros pais.
O argumento usado pelos adventistas para defender o sábado antes do Sinai encontra-se em Êxodo 16 em que diz que o povo recolhia o maná, porém no sexto dia tinha que pegar em dobro, pois o dia seguinte era sábado. Isso não prova a defesa adventista por que no capítulo 15 do mesmo livro, quando Deus fala com Moisés junto às águas de Mara, o Senhor dá estatutos e uma ordenança ao povo (Êxodo 15.25), logo depois desse episódio, o povo começa a guardar o sábado, que posteriormente será o sinal da aliança entre Deus e o povo de Israel.
Uma nova aliança é então estabelecida em Mateus 26.27-29, Marcos 14.22-26, Lucas 22.14-20 e I Coríntios 11.23 – 25. A velha aliança apontava para Cristo. O contexto desses versos mostra que estava terminando o seu ministério na terra e que já estava provado que ele era o Messias prometido e estabelece então uma nova aliança entre os seus discípulos, que deveria ser levada para o mundo, pois assim diz o verso de Mateus: a seguir tomou um cálice e, tendo dado graças, deu aos discípulos, dizendo: bebei dele todos, por que isto é meu sangue, o sangue da NOVA ALIANÇA, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados (Mateus 26.27 e 28). Examinando todos os versos acima, fica evidente que nós hoje vivemos em uma NOVA ALIANÇA, a aliança que foi estabelecida por Cristo Jesus, tendo o seu sangue como garantia da nossa Salvação.
Em todo livro de Hebreus, fica claro que o povo de Israel falhou com a antiga aliança, necessitando então de uma aliança superior e eficaz. “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa da sua fraqueza e inutilidade, pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos achegamos a Deus” (Hebreus 7.18 e 19). “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Por que, se a primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira nenhuma estaria sendo achado lugar para a segunda” (Hebreus 8.6 e 7). Sendo assim, o ministério de Cristo é superior a antiga aliança. A antiga aliança fica então invalidada.
O que Paulo fala, já havia anteriormente sido dito pelo profeta Jeremias: “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jeremias 31.31-34), também citado por Paulo em Hebreus 8.9-12. Paulo ainda termina o capítulo dizendo o seguinte: “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar (Hebreus 8.13)”
Mas ainda surgem os seguintes questionamentos: “o sábado era um sinal eterno” conforme citado em Êxodo 31.16-17. Verdade! Porém a Bíblia também diz que a circuncisão também era um sinal eterno conforme Genesis 17.7 e 13. As festas dos Pães Asmos também eram perpetuas, conforme Êxodo 12.17. As festas anuais da expiação em Levíticos 16.29-34. As Primícias em Levíticos 23.14. As festas de Pentecostes em Levíticos 22.21. Perpetuo nesses versos, significa enquanto durar ou prefigurar o estatuto, aquela lei ou ordenança. Apesar desses versos, não encontramos nenhum adventista preocupado em fazer a circuncisão, celebrar as festas dos Paes Asmos ou fazer qualquer uma dessas ordenanças citadas acima. O problema está na interpretação que Ellen White fez sobre o sábado dando status de salvação.
Mas Jesus guardou as leis, Jesus guardou o sábado. Essas são algumas afirmações usadas pelos adventistas. A resposta é “Sim!” Também Jesus fez a circuncisão. Logo, não deveríamos praticar a circuncisão já que Jesus foi circunciso? Na realidade é bem diferente, os adventistas entendem que o sábado é para ser guardado, porém as outras ordenanças que recebem as mesmas instruções não são guardadas. O verso de Tiago 2.10 que os adventistas usam para defender a guarda do sábado, cabe bem aqui nesse momento: “Porque qualquer que guarda toda a lei e tropeça num só ponto, torna-se transgressor de toda a lei (Lucas 2.10)”. Se eles guardam o sábado, deveriam fazer de acordo as instruções estabelecidas por Deus por intermédio de Moisés. Precisam também guardar todas as outras ordenanças.
Não precisamos mais guardar a lei? Podemos matar, roubar, adulterar…? E o sábado? Essas são as principais indagações feitas pelos adventistas ao ser a eles apresentado o evangelho da graça. E as respostas são simples: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei (Mateus 11.28)”. Na nova aliança o sábado ganha um novo significado conforme Mateus 11.28 e Hebreus 4.7. Entramos então no descanso de Deus pela fé e não pela guarda de um dia que os próprios judeus falharam. Na nova aliança não nos limitamos a apenas a um dia de descanso. O sábado é ressignificado tornando o próprio Cristo como o nosso descanso supremo eterno. “E Jesus disse-lhe: Amará o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22.37-39)”; “Se vós, contudo , observais a lei Régia segundo à Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem (Tiago 2.8)” A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; por que quem ama aos outros cumpre a lei […] o amor não pratica o mal contra o próximo, de sorte que o cumprimento da lei é o amor (Romanos 13.8-10)”. Portanto, a partir do momento em que eu aceito Cristo como o meu Salvador, estou cumprindo o primeiro mandamento, pois só quem o ama se entrega a ele. Quando nós amamos o nosso próximo, automaticamente obedecemos o segundo mandamento, pois naturalmente não iremos matar, roubar ou fazer qualquer coisa contra o nosso irmão.
Fica evidente então que o sábado não faz parte da nova aliança. O descanso sabático era exclusivo ao povo de Israel e aos estrangeiros que com eles estavam de acordo a Deuteronômio 5.14 e 15 que deveria ser guardado como lembrança da libertação da escravidão do Egito . A aliança que está escrita em nosso coração segundo o livro de Hebreus, tem como sinal o sangue de Cristo, aquele que é o nosso verdadeiro descanso e libertador da condenação do pecado. A Igreja Adventista Do Sétimo Dia, por mais que em sua literatura discorra sobre o assunto da nova aliança, não consegue compreende-la, pois, permanecem sob o jugo da antiga e frágil aliança.
Escrito por Sandoval Costa (ex-adventista do 7º dia)