Rastros de sofrimento e dor de verdadeiros cristãos que enfrentaram a forte intolerância religiosa da Igreja Católica Romana
Igreja caída tornou-se tão abertamente corrupta na Idade Média, que podemos entender porque, em muitos lugares, os homens se levantaram em protesto. Muitas almas nobres rejeitaram as falsas reivindicações do papa e, em lugar disso, olharam para o Senhor Jesus para terem salvação e verdade. Estes foram chamados “hereges” e perseguidos amargamente pela Igreja Católica Romana.
O desumano Ad exstirpanda, emitido pelo papa Inocêncio IV, em 1252 foi um dos documentos que oficializou a perseguição. Este documento afirmava que os hereges deveriam ser “esmagados como serpentes venenosas”. Ele formalmente aprovou o uso da tortura. Autoridades civis foram ordenadas a queimar os hereges. “A antes mencionada Bula ‘Ad exstirpanda’ permaneceu daí em diante como um documento fundamental da Inquisição, renovado ou reforçado por vários papas tais como Alexandre IV (1254-61), Clemente IV (1265-68), Nicolau IV (1288-92), Bonifácio VIII (1290-1303), e outros. As autoridades civis, portanto, eram ordenadas pelos papas, sob pena de excomunhão, a executarem as sentenças que condenavam os hereges impenitentes ao poste.
Devesse notar que a excomunhão em si mesma não era uma coisa simples pois, se a pessoa excomungada não se livrasse da excomunhão dentro de um ano, passava a ser considerada herética, e incorria em todas as penalidade que afetavam a heresia”. (The Catholic Encyclopedia, vol. 8, pág. 34)
Os homens ponderavam em como poderiam inventar métodos que produzissem maior tortura e dor. Um dos mais populares era o uso da manjedoura, uma longa caixa na qual o acusado era amarrado pelas mãos e pés, de costas, e esticado por cordas e sarilhos. Este processo deslocava as juntas e causava grande sofrimento.
Grandes torqueses eram usadas para arrancar as unhas e ferros aquecidos ao rubro eram aplicados em partes sensíveis do corpo. Muitos foram rolados sobre superfícies cheias de lâminas afiadas. Havia o parafuso de polegares para desarticular os dedos e “Botas Espanholas”, que eram usadas para esmagar as pernas e os pés. A “virgem de ferro” era um instrumento oco com o tamanho e a forma de uma mulher. Facas eram arrumadas de tal maneira e sobre tal pressão que o acusado era lacerado em seu abraço mortal. Este instrumento de tortura era benzido com “água benta” e inscrito com as palavras latinas que significavam “Glória seja dada somente a Deus”. (Homer W. Smith – Man and His Gods. Boston: Little, Brown, and Co, 1953)
Além de as vítimas terem suas roupas rasgadas, seus braços eram amarrados atrás das costas com uma corda dura. Pesos eram postos em seus pés. A ação de uma roldana suspendia-os no ar ou deixava-os cair e levantava- os com violência deslocando as juntas do corpo. Enquanto tal tortura estava sendo empregada, sacerdotes sustentando crucifixos tentavam levar os hereges à retratação.
A História do Mundo de Ridpath inclui uma ilustração da Inquisição na Holanda. Vinte e um protestantes aparecem pendurados em uma árvore. Um homem em uma escada está quase sendo enforcado e, abaixo dele, está um padre segurando um crucifixo. (Ridpath ’s History of the World, vol. 5, pág. 304).
“No ano de 1554, Francis Gambá, um lombardo, da “persuasão protestante”, foi preso e condenado à morte pela sentença de Milão. No local da execução, um monge apresentou um crucifixo a ele, para quem Gambá disse, “minha mente está tão cheia dos verdadeiros méritos e da verdadeira bondade de Cristo que não quero um pedaço de pau sem sentido para fazer-me pensar Nele”. Por causa dessa expressão sua língua foi arrancada e ele foi em seguida queimado (Fox’s Book of Martyrs, pág. 103).
Alguns que rejeitaram os ensinamentos da igreja romana tiveram chumbo derretido derramado dentro dos ouvidos e boca. Alguns foram forçados a pular de abismos para cima de paus-a-pique onde, estremecendo em dores, morriam lentamente. Outros eram sufocados até a morte, engolindo pedaços retalhados dos seus próprios corpos, engolindo urina, ou excremento. À noite, as vítimas da Inquisição eram acorrentadas bem pregadas ao solo ou a parede onde eram presas indefesas de ratos e vermes que enchiam aquelas sangrentas câmaras de tortura.
A intolerância religiosa que incitou a Inquisição causou guerras envolvendo cidades inteiras. Em 1209 a cidade de Beziers foi tomada por homens que tinham recebido a promessa do papa que, entrando na cruzada contra os hereges, eles, ao morrerem, desviando-se do purgatório, entrariam imediatamente no céu. Reporta-se que sessenta mil pereceram pela espada enquanto o sangue fluía nas ruas. Em Lavaur, em 1211, um governador foi enforcado e a esposa lançada dentro de um poço e esmagada com pedras. Quatrocentas pessoas nesta cidade foram queimadas vivas. Os cruzados assistiram à missa solene pela manhã, em seguida passaram a tomar outras cidades da área. Estima-se que cem mil albigenses (protestantes) caíram em um só dia. Seus corpos foram amontoados juntos e, em seguida, queimados.
No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas em um celeiro, ao qual atearam fogo. Se qualquer uma pulasse das janelas, seria recebida na ponta das lanças. Mulheres foram ostensivamente e dolorosamente violentadas. Crianças foram assassinadas diante de seus pais, impotentes para protegê-las. Algumas pessoas eram lançadas de abismos ou arrancavam suas roupas e arrastavam-nas pelas ruas. Métodos semelhantes foram usados no massacre de Orange em 1562. O exército italiano foi enviado pelo papa Pio IV com ordem de matar homens, mulheres e crianças.
Dez mil huguenotes (protestantes) foram mortos no sangrento massacre em Paris no Dia de São Bartolomeu, em 1572. O rei francês foi à missa para agradecer o fato de tantos hereges terem sido mortos. A corte papal recebeu as novas com grande regozijo e papa Gregório XIII, com grande procissão, foi à Igreja de São Luis para agradecer! Ele ordenou que a casa da moeda papal fizesse moedas comemorando este acontecimento. As moedas mostraram um anjo com a espada numa mão e uma cruz na outra, diante de quem um grupo de huguenotes, com horror nas faces, estava fugindo. As palavras Ugonottorum Stranges 1572, que significam “A matança dos Huguenotes, 1572” aparecem nas moedas.
Uma ilustração do livro Ridpath ’s History of the World, mostra a obra da Inquisição na Holanda. Um protestante está pendurado pelos pés em um tronco. O fogo está aquecendo um ferro de marcar para marca-lo e cegar seus olhos. (Ridpath s History of the World, vol. 5, pág. 297).
Alguns dos papas, que hoje são aclamados como “grandes” pela igreja romanista, viveram e prosperaram materialmente durante aqueles dias. Porquê eles não abriram as portas dos subterrâneos e apagaram os fogos assassinos que escureceram os céus da Europa durante séculos? Se a venda de indulgências, ou pessoas adorando está tuas como ídolos, ou papas vivendo em imoralidade pode ser explicado como “abusos” ou desculpados, porquê estas coisas eram feitas contrárias às leis oficiais da igreja? O que pode ser dito a respeito da Inquisição? Ela não pode ser explicada muito facilmente, pois embora algumas vezes a tortura fosse levada além do que realmente era prescrito, o fato permanece que a Inquisição foi ordenada por decreto papal e confirmada papa após papa! Pode alguém acreditar que tais ações foram representativas Dele, que disse para darmos o outro lado da face, perdoar nossos inimigos, e fazer bem àqueles que nos desprezam?
A Inquisição no Brasil
Os professores da Universidade de São Paulo (USP), João Cruz Costa e Lourival Gomes Machado insistiam que, enquanto não se conhecesse a história dos cristãos brasileiros e da Inquisição, ninguém poderia escrever corretamente a história do Brasil, pecando por omissão, engano ou falta de conhecimento. Para explorar mais o assunto no dia 20 de maio de 1987 foi realizado o Primeiro Congresso Internacional sobre a Inquisição, na USP. A historiadora Anita Novinski, estimulada pelos dois professores, levantou pesquisa desvendando documentos que comprovam o massacre de cristãos no país.
Os brasileiros condenados pelo “Santo Ofício” foram presos; suas famílias postas na rua; tiveram suas casas trancadas e foram embarcados para Portugal, onde ficaram nos cárceres da Inquisição, até serem julgados sem direito de defesa, sendo alguns condenados à fogueira. A lista, que ainda está sendo levantada pela historiadora, é enorme. Cerca de 500 brasileiros, a maioria crentes, passaram por este calvário. Em um trecho do artigo da doutora Anita, publicado no jornal O Estado de São Paulo, está o relato do massacre de brasileiros: “Os inquisidores, crentes que o corpo humano era residência do mal, desenvolveram todo o tipo de artifício criativo para chicoteá-lo, despedaçá-lo, esquartejá-lo, para esmagar os dedos e estourar os ventres dos fiéis.
Instaurado no Brasil logo depois da invasão holandesa na Bahia, que a igreja julgou trazer o seu rebanho na América, desvios da fé, dado ao protestantismo dos invasores, que chegavam da Holanda, fugindo da perseguição católica naquele país. O Santo Tribunal fez mais de 500 vítimas em apenas 20 anos no Brasil. Há registros de 21 pessoas queimadas em praça pública, meia centena que viveram grande parte de sua vida em calabouços, com seus bens confiscados. Este foi o grande alvo da Igreja Católica Romana. Foram 300 anos de Inquisição”.
Grande parte dos condenados pelo Santo Ofício eram do Rio de Janeiro, mas há registros de condenados de todo o Brasil. Rios de sangue se derramaram em holocausto trazendo muita dor, destruição e um prejuízo incalculável para a humanidade.
Bibliografia
– Babilônia Mistério Religioso antiguo y moderno – Ralph Woodrow Evangelistic. Association
– Riveside Calif. USA.
– The Catholic Encyclopedia
– Ridpaths History of Martyrs
– Fox’s Book of Martyrs
– Smith. Man and His Gods
– A Bíblia e o Catolicismo Romano
– Dreyer e Weler
– A Face Oculta do Catolicismo Ramano
– Pr. Sebastião Leone
FRANCISCO EURICO – FONTE: REVISTA FIEL ANO 1 – N°2