A Cruz de Cristo

Quando viajamos quer por Portugal, quer por outros países da Europa, ficamos impressionados com a quantidade de cruzes que encontramos.

Há cruzes à beira das estradas. Há cruzes no meio das praças. Há cruzes nos vitrais das igrejas. Há cruzes sobre o peito de numero­sos homens e mulheres.

Para a maioria das pessoas, a cruz funciona como um sinal de segurança ou como um amuleto de proteção contra tudo o que é negativo.

A cruz é amada por uns e odiada por outros. Alguns esfor­çam-se por preservá-la e outros por destrui-la.

A cruz revela o amor de Deus, porém mostra o horror do pe­cado. A cruz é o símbolo da fé cristã e da obra redentora de Cristo, a qual numerosas pessoas têm experimentado, porém mui­tas ainda desconhecem.

Conhecer o significado da cruz de Cristo é bom, mas experimen­tar o seu poder operativo nas nossas vidas é de facto a bênção mais sublime que o ser humano experimenta.

Quando temos uma com­preensão correta da cruz de Cristo e do seu significado, então tornamo-nos pessoas transfor­madas e consagradas a Ele e à Sua obra.

A fim de compreendermos a cruz e o seu significado, deixo nas linhas que se seguem alguns subsídios.

EXPRESSÕES DA CRUZ

A cruz expressa um tipo de amor que está muito para lá da compreensão humana. “Aquele que nem mesmo o seu próprio Filho poupou…”; “Porque Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgres­sões; e nos encarregou da pala­vra de reconciliação”.

Paulo reforça esta verdade di­zendo: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: ‘maldito todo aquele que for pendurado no madeiro “. O apóstolo vai um bocadinho mais longe quando afirma: “Aquele que não cometeu pecado, Ele o fez pecado por nós para que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus”.

Jesus, todavia, quando passava pelo momento mais difícil e dramático da Sua vida, a grande preocupação não era consigo próprio mas com os outros, e nesse caso especifico a Sua mãe, expressando a mais bela mani­festação de amor e carinho. “Es­tavam em pé junto à cruz de Je­sus, a sua mãe e a irmã de sua mãe, e Maria mulher de Cléopas, e Maria Madalena. Ora Jesus vendo ali sua mãe e o discípulo a quem Ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Então disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe. E desde aquela hora o dis­cípulo a recebeu em casa”.

A cruz é a referência máxima que nos indica e nos leva no ca­minho do trono. Por isso inquiriu Paulo: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte o teu aguilhão? (…). Mas graças á Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.”

OFERTAS DA CRUZ

Quando nos apoderamos da paz da cruz, não é mais possível viver de costas voltadas para ela. “E que havendo por Ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio d’Ele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão no céu”.

A cruz ofereceu um substituto por nós. A cruz não era de Jesus; era de cada um de nós individualmente. Ela, contudo, tornou-nos propícios ao Senhor. “E Ele é a propiciação pelos nossos pe­cados, e não somente pelos nos­sos próprios, mas também pelos de todo o mundo”.

A redenção inclui livramento da escravidão do pecado. Inclui perdão dos pecados, justificação, santificação, nova vida em Cristo. A redenção inclui participação da vida de Cristo, participação da Sua herança, participação da Sua natureza santa, etc.

Diz a Escritura Sagrada: “Sa­bendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, a qual por tra­dição recebestes dos vossos pais”; “Tendo sido sepultados juntamente com Ele no baptismo, no qual fostes igualmente ressuscitados mediante a fé no po­der de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós outros que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com Ele, perdoando todos os vossos delitos”.

O Senhor Jesus ganhou isso para nós, conforme está escrito: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”; “O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” O apóstolo Pedro corrobora essa verdade quando declara acerca de Jesus: “Carregando Ele mesmo no seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que mortos para os pecados vi­vamos para a justiça; e pelas suas pisaduras fostes sarados.”

Agostinho de Hipona afirmou: “ O homem tem dentro de si um vazio em forma de Deus, e só Deus pode preencher esse vazio”. Jesus foi à cruz com o propósito de preencher esse vazio, dando-nos a possibilidade de termos comunhão com Deus. Como está escrito: “Mas agora em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo”; “Pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé n’Ele”.

A cruz abriu-nos as portas para podermos entrar no lugar San­tíssimo, com ousadia, certos que o Deus de toda a consolação ja­mais está demasiado ocupado ou desinteressado de nós.

Amigo leitor, a cruz é realmente algo de impressionante, porque nos mostra quão longe foi o ho­mem no seu pecado, mas igual­mente mostra-nos até onde Deus pode ir por causa do pecador com o propósito de o salvar.

“Deus estava em Cristo recon­ciliando consigo o mundo”, re­conciliando portanto a mim e a si, prezado leitor. Não pense mais na cruz como algo do passado, mas sim como uma realidade presente, poderosa e transfor­madora, e dê o seu coração a Jesus!

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ANTÔNIO GONÇALVES – FONTE: REVISTA “ NOVAS DE ALEGRIA” – 1995

 

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