É corriqueiro ouvirmos de membros da Congregação Cristã no Brasil (daqui ora frente CCB) que a comida servida lá é melhor, isso pelo fato de sair na hora. Ali Deus fala na boca do ancião no instante em que ele abre a Bíblia, enquanto que os pastores servem comida fria aos seus membros, pois precisam ficar estudando a Bíblia para poder falar ao povo.
O culto na CCB parece mais uma reunião de adivinhos do que um culto de louvor e adoração a Deus. Seus membros ficam esperando que Deus abra a boca do ancião e fale através dele. Dessa maneira, ficam esperando soluções imediatistas de seus líderes. Abrem a Bíblia aleatoriamente e onde cair o texto é feito um breve comentário. São os profetas do óbvio! Profetizam e pregam aquilo que é patente aos olhos de todos. Por exemplo, na hora das revelações é dito pelo ancião que: “Aqui existem irmãos que estão passando por grandes lutas, mas Deus manda lhes dizer que vai lhes dar vitória!” Assim, o adepto sai com a impressão de que “Deus falou” com ele. Diante desse quadro estereotipado de uma suposta manifestação do Divino, entendemos por que os membros da CCB não estudam a Bíblia. O contexto em que Deus é ali procurado ou invocado não passa de uma cópia do esoterismo, desfocado da teologia bíblica. O que é extrinsecamente revelado nesse contexto não passa de um codilho manipulador de mentes fabulosas.
Sem dúvida, o Espírito Santo opera poderosamente na vida de sua Igreja. Contudo, a fé nos ensina a crer no Espírito Santo e nos submeter à sua direção. É essa crença que nos leva a preparar-nos pelo exame das Sagradas Escrituras, que é a Palavra de Deus. Diz-nos a Bíblia:
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim”(João 5.39)
“”Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (I Tm 4.13)
“Quando vieres traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, especialmente os pergaminhos” (II Tm. 4.13)
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”(II Tm. 2.15)
“Antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei (a Bíblia) medita ( estuda, lê) de dia e noite” (Sl. 1.2) {grifo meu}
“Buscai no livro do Senhor e lede” (Is. 34.16)
“Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita (lê, estuda) nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido” (Josué 1.8)
A CCB não valoriza e nem incentiva o estudo sistemático da Palavra de Deus. Pelo contrário, dizem que o cristão não precisa estudar a Bíblia, pois na hora “H” o Espírito Santo falará instantaneamente pela boca do crente. Os textos acima falam por si e explicitam que devemos estudar a Bíblia e até lermos bons livros cristãos. Outra coisa que a CCB esquece é que o Espírito só usa um cristão que tem prazer na Bíblia e que nela medita dia e noite. Jesus disse: “Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito” (João 14.26).
Conjecturando: O que o Espírito lembrará? A resposta é “o que Jesus falou”. E onde está relatado o que Jesus falou? É lógico, na Bíblia. Concluímos que quem não estuda a Palavra de Deus e livros afins não tem como ser usado pelo Espírito de Deus eficazmente. O Espírito Santo não tem como lembrar algo que nós não conhecemos e não estudamos!
OBJEÇÕES:
Geralmente quando estamos dialogando com um adepto da CCB, não é raro granjearmos como respostas textos bíblicos como Lucas 12.12 e João 14.16,17. Fazem isso para demonstrarem que seus ensinamentos estão baseados na Bíblia. Entretanto, tais argumentos não resistem a um exame minucioso do texto bíblico, pois foram tirados fora de seu contexto. Vejamos o primeiro:
“Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.” Lc 12.12
RESPOSTA: Este versículo de maneira alguma está ensinando o crente não estudar a Bíblia.
Ele está dentro de um contexto em que Jesus incentiva seus discípulos a confiarem em Deus nas horas da tribulação que viria, nos tribunais perante os homens. Isto se cumpriu integralmente na vida dos apóstolos, por exemplo, em Atos capítulo 4; 5.27 em diante; 22.30 e capítulo 23 em diante; capítulo 24 em diante. Nota-se em todos esses textos que a sabedoria com que falavam provinha, é claro, do Espírito Santo; no entanto eles fazem citações de profecias registradas no Velho Testamento. Uma pessoa que não estudasse as Escrituras ficaria impossibilitada de citar tantos versículos assim.
“A letra mata, mas o espírito vivifica”
Costumam citar ainda o velho e costumeiro jargão: “A letra mata, mas o espírito vivifica”; baseiam-se para isso em II Co 3.6.
RESPOSTA: Novamente os adeptos da CCB incorrem em grave erro por não conhecerem as Escrituras. O apóstolo está discutindo neste capítulo sobre as duas alianças, os dois ministérios: o da graça e o da lei dada por Moisés. Ele diz realmente que a letra mata, mas qual letra? Estaria o apóstolo ensinando com isso que não se deve estudar a Bíblia? Não. O verso 7 responde: “Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual se estava desvanecendo”. O que foi gravado com letras em pedras? Êxodo 32.16 e 34.1 respondem: “E virou-se Moisés, e desceu do monte com as duas tábuas do testemunho na mão, tábuas escritas de ambos os lados; de um e de outro lado estavam escritas.” “E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas” e “Então disse o Senhor a Moisés: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nelas as palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste.”
O espírito que o apóstolo diz que vivifica é o espírito da nova aliança dentro da dispensação da graça. Na lei de Moisés qualquer um que a infringisse morreria, ou seja, a letra da lei matava, condenava, julgava. Todavia, na dispensação da graça ou do Espírito, não há morte, mas vida. Cristo nos dá poder para vencer, o que a lei de Moisés não podia fazer. Se não podemos estudar a palavra de Deus (a letra), porque isso, segundo eles, seria lançar mão de obras da carne, perguntaríamos: Então por que os músicos estudam as letras das músicas? Não é o Espírito que ilumina na hora certa? A letra não mata? Na verdade os membros da CCB conhecem muito mais seu hinário do que a Bíblia!
“Além disso, filho meu, sê avisado. De fazer muitos livros não há fim; e o muito estudar é enfado da carne”. Eclesiastes 12.12
RESPOSTA: O escritor de Eclesiastes não diz que estudar a lei de Deus, que naquele tempo constituía a Palavra de Deus ou a Bíblia dos Hebreus, era enfado da carne. Mas o estudar as coisas seculares do mundo! No capítulo 1.18 ele diz: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza”. Mas de qual conhecimento ele está a falar? É claro que é somente do conhecimento do mundo e da carne. O autor explicita isso nos versos a seguir: “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem. Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão. O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode enumerar. Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vão.”
Porque devemos estudar a Bíblia
a) Ela é o manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor. O crente foi salvo para servir ao Senhor (IPe 2.9; Ef 2.10). Sendo a Bíblia o livro-texto do cristão, é importantíssimo que este a maneje bem para o eficiente desempenho na missão de pregar o evangelho. Esse é o chamado do cristão. Todo bom profissional sabe usar bem a sua ferramenta de trabalho – e todo bom crente deve manejar bem a sua Bíblia (I Tm 2.15).
b) A Palavra de Deus alimenta a nossa alma. Disse Jesus: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).
c) A Palavra de Deus é a espada que o Espírito Santo usa: “e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Ef 6.17).
d) Só através do estudo da Bíblia é que iremos conhecer a vontade de Deus para nossas vidas. Quem não estuda a Bíblia não sabe o que Deus quer ou como Deus quer direcionar a sua vida. Só na Palavra encontramos a verdade – “Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7)
Extraído do livro “Como Responder aos Argumentos da CCB” editado pelo CACP
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