A base dos 5 pontos Arminianos

Embora a famosa expressão “os cinco pontos do arminianismo” tenha a ver com Jacó Armínio, ela só surgiu depois da morte desse exímio teólogo através de um documento que levou o nome de Remonstrância escrito por “quarenta e seis ministros e leigos holandeses respeitados”1 chamados de Remonstrantes. Nesse documento, havia e há, 5 artigos que, fizeram e fazem, oposição aos ensinos do teólogo francês João Calvino (o sistematizador da doutrina Calvinista), contidos, por exemplo, nas Institutas da Religião. Vejamos:

Art. I

Que Deus, por um decreto eterno e imutável em Cristo, antes que o mundo existisse, determinou eleger para a vida eterna, dentre a raça caída e pecadora, aqueles que, através de sua graça, creem em Jesus Cristo e perseveram na fé e obediência; e que, opostamente, resolveu rejeitar os inconversos e os descrentes para a condenação eterna (João 3:36);

Art. II

Que, em decorrência disso, Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que ele obteve, pela morte na cruz, reconciliação e perdão pelo pecado para todos os homens; de tal maneira, porém, que ninguém senão os fiéis, de fato, desfrutam destas bênçãos (João 3:16, I João 2:2);

Art. III

Que o homem não podia obter a fé salvífica de si mesmo ou pela força de seu próprio livre-arbítrio, mas se encontrava destituído da graça de Deus, através de Cristo, para ser renovado no pensamento e na vontade (João 15:5);

Art IV

Que esta graça foi a causa do início, desenvolvimento e conclusão da salvação do homem; de forma que ninguém poderia crer nem perseverar na fé sem esta graça cooperante, e consequentemente todas as boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Todavia, quanto ao modus operandi desta graça, não é irresistível (Atos 7:51);

Art. V

Que os verdadeiros cristãos tinham força suficiente, através da graça divina, para enfrentar Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e a todos vencê-los; mas que se por negligência eles pudessem se apostatar da verdadeira fé, perder a felicidade de uma boa consciência e deixar de ter essa graça, tal assunto deveria ser mais profundamente investigado de acordo com as Sagradas Escrituras 2.

Esses artigos atualmente são intitulados pelos os seguintes nomes, a saber, Depravação Total, Eleição Condicional, Expiação Ilimitada, Graça Resistível e Perseverança ou Preservação dos Santos. Embora Jacó Armínio não tenha escrito os artigos supracitados, ele escreveu a base para os tais em

suas Obras3. Vejamos alguns textos que fazem parte dessa base:

Depravação Total

“O livre arbítrio é incapaz de iniciar ou de aperfeiçoar qualquer bem verdadeiro e espiritual sem, a graça. Para que eu não possa ser considerado, como Pelágio, como usando de mentiras com respeito à palavra “graça”, quero dizer, com isto, aquilo que é a graça de Cristo e que diz respeito à regeneração.” Vol 2. P. 406.

Eleição Condicional

“…Deus não pode ‘amar previamente e considerar, afetuosamente, como seu’, a nenhum pecador, a menos que Ele o conheça previamente em Cristo, e o considere como um crente em Cristo.” Vol 3. P. 303.

Expiação Ilimitada

“Portanto, Cristo também morreu por todos, sem nenhuma distinção entre eleitos e reprovados. Vol 3. P. 425.

Graça Resistível

“Por que as representações da graça que as Escrituras contêm são descritas como podendo ser resistidas (At 7:51) e recebidas em vão (2Co 6:1);…”. Vol 1. P. 209.

Perseverança ou Preservação dos Santos

“Se Davi tivesse morrido no momento em que pecou contra Urias por adultério e homicídio, ele teria sido condenado a morte eternal.” Vol 2. P. 433.

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1- <https://arminianismo.wordpress.com/2012/09/05/o-que-foi-a-remonstrancia/>

2-<https://historiadaigreja.space/2014/09/03/os-cinco-pontos-do-arminianismo-remonstrancia/>

3- As obras de Armínio. 2015. CPAD.

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