A Assembleia de Deus, a Lei e o Sábado – Parte 2

A ASSEMBLEIA DE DEUS, A LEI E O SÁBADO – Parte 2

Mais um exemplo de desonestidade intelectual

FALÁCIAS DE LÓGICA

Vamos analisar agora a estrutura do discurso introdutório que o autor constrói com o intuito de preparar o leitor a aceitar mais facilmente as “provas” textuais acumuladas. Vejamos o que diz a introdução do artigo:

A razão é que, por todos os lugares, os membros das Igrejas têm uma forma de entender a Bíblia, que nem sempre se encaixa naquilo que ensinam os seus líderes – pastores, professores, evangelistas e escritores. Por isso, chamamos a atenção para o conselho bíblico, que diz: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus. … Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas” (Hebreus 13:7, 17). Se o conselho bíblico é que as ovelhas devem lembrar-se e sujeitar-se aos seus pastores, QUANDO ELES ENSINAM A PALAVRA DE DEUS, nada mais correto do que saber o que ensinam alguns pastores. Por exemplo, o que ensinam os líderes religiosos da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, a respeito de assuntos que falam da obediência? O que dizem a respeito da Lei de Deus? E sobre o sábado? O que eles deixaram registrado, para a sadia orientação de seus rebanhos? Vamos conferir?

À primeira vista, o argumento parece exibir certa coerência, mas se analisarmos mais minuciosamente veremos que ele conduz o leitor através de uma armadilha de silogismos, misturando verdades e mentiras. O argumento é empacotado de tal forma que a armadilha na conclusão final fica oculta, pois que camuflada com a Palavra de Deus. Esta é a famosa falácia de forma: raciocina-se errado com dados corretos. A introdução do artigo foi construída utilizando veladamente o seguinte silogismo:

Premissa 1: Pastores estão certos quando pregam a Palavra de Deus.

Premissa 2: O rebanho deve obedecer aos seus pastores.

Premissa 3: Pastores da AD exaltaram a lei e o sábado.

Conclusão: O rebanho da Assembleia de Deus deveria obedecer aos seus líderes exaltando também a lei e o sábado.

Observe como se dá o processo argumentativo do autor e suas falácias: Primeiro, o leitor é engenhosamente ludibriado com uma sequencia de duas premissas verdadeiras, respaldadas pela Palavra de Deus, portanto, dignas de confiança. No entanto, quando chega à premissa três ele não percebe que ela foi adulterada no seu contexto geral, é uma afirmação duvidosa, carente de fundamentação, pois não reflete o pensamento integral de seus autores, portanto, falsa, mas tomada como verdadeira pela força das citações cuidadosamente selecionadas no decorrer do artigo, a “favor” da lei e do sábado. O leitor menos atento não consegue visualizar o engano. Quando ele aceita como verdadeiras as três premissas, está aberto para aceitar a conclusão final, isto é, que o rebanho assembleiano deverá igualmente exaltar a lei e o sábado. O pensamento velado por trás do artigo é que os adventistas estão corretos na guarda do sábado. Ademais, a afirmação de que “os membros das Igrejas têm uma forma de entender a Bíblia, que nem sempre se encaixa naquilo que ensinam os seus líderes”, serve como chantagem psicológica, pois, se o leitor assembleiano, mesmo depois de ler as citações de sua liderança alegadamente a favor da lei e do sábado, ainda optar por permanecer contra, estará supostamente em franca desobediência à Bíblia. Outrossim, essa frase possui outro erro de lógica chamado de “generalização apressada”, isto é, pelo fato de existir membros de Igrejas com uma forma de entender a Bíblia, que nem sempre se encaixa naquilo que ensinam os seus líderes, não significa necessariamente que esta situação aplica-se no caso específico sobre a lei e o sábado. Primeiro, eles precisam provar três fatos para aplicar a generalização, provar que: a) os teólogos assembleianos concordavam com a vigência do sábado e da lei mosaica na Nova Aliança, b) que eles ensinaram isso em seus escritos e, c) que o rebanho assembleiano como um todo entende a Bíblia, neste particular, diferente do que realmente ensinam seus líderes.

Portanto, eu, enquanto assembleiano, rejeito a lógica adventista por dois motivos: primeiro, por ela conter vício de origem e, segundo, por induzir o leitor a uma heresia conhecida como sabatismo.

Leia as demais matérias sobre o tema:

A Assembleia de Deus, a Lei e o sábado Parte 1

A Assembleia de Deus a Lei e o Sábado Parte 3

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