Segundo Geisler: “No que diz respeito à Bíblia, não há papel algum para as relações sexuais antes do casamento… Na realidade, é um pecado que a Bíblia chama de fornicação (cf. G15.19; 1 Co 6.18)” (Ética Cristã, p. 170). Diz, ainda o referido autor-, “Se a pessoa não está pronta para tomar sobre si as responsabilidades de uma pessoa e família, não deve mexer com o sexo” (ibidem, p. 171). Concordamos com esse entendimento. O sexo, atualmente, tem sido um instrumento do Diabo para a destruição de vidas, ao lado das drogas, do crime e de outros meios destrutivos. A infidelidade conjugal tem assumido proporções alarmantes. Certas pesquisas dão conta de que metade das mulheres, no país, já praticou o adultério. Percentagem maior é observada entre os homens que traem suas esposas. Tal comportamento, reprovado pela ética cristã, tem sido incentivado nas novelas e filmes, exibidos na TV. Infelizmente há muitos cristãos que “dão ibope” a Satanás. A seguir, temos um resumo das práticas condenadas pela Bíblia, do sexo pré e extramarital.
FORNICAÇÃO: É a prática do sexo entre solteiros (Pequena Enciclopédia Bíblica}. Esta prática está sobremaneira arraigada entre adolescentes, no Brasil, e nos países do chamado primeiro mundo. Dados oficiais indicam que a cada ano, mais de um milhão de meninas engravidam, muitas vezes antes mesmo de chegarem à adolescência, e sem terem o mínimo de preparo para ser mães. E isso, em grande parte, é fruto da chamada “educação sexual nas escolas”. Isto porque tal “educação” apenas se vale de ensinamentos técnicos, de forte inspiração materialista e hedonista. Sob o argumento de que o jovem ou o adolescente deve ter conhecimento do seu próprio corpo, e usá-lo para o prazer, os falsos ensinadores apenas transmitem informações. É um tipo de “educação” meramente informativa cujo ponto alto é o slogan “use a camisinha”, de modo simplista e irresponsável.
Não tem nada de valores éticos ou morais. Mas a ética cristã discorda totalmente desse tipo de ensino. Esta é baseada em princípios espirituais, éticos e morais. Tem valores e princípios, e objetiva formar mentes limpas e santas. É uma educação formativa, e não meramente informativa.
A Bíblia, como Palavra de Deus, nos adverte solenemente: “Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicador, ou impuro… tem herança no Reino de Cristo e de Deus” (Ef 5.5a); e também que “a lei não foi feita para o justo, mas… para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina” (1 Tm 110). No Apocalipse, lemos: “Mas, quanto aos… incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores… a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap 21,8).
ADULTÉRIO: É a relação sexual entre pessoas casadas com pessoas que não são seus cônjuges. Um jovem, casado há alguns anos, ficou revoltado, quando descobriu que sua esposa o traíra com um amigo seu, conhecido de muito tempo. Ao demonstrar sua revolta, sua sogra, racionalizando o acontecido disse: “Mas isso hoje é muito comum…”. O adultério não é mais visto, na legislação do país, como sendo crime. A sociedade já o vê como uma opção para o cônjuge que não está satisfeito com seu casamento.
A mídia encarrega-se de apresentar as relações extraconjugais sendo algo muito normal em nossos dias. Pessoas que são consideradas “ídolos” da juventude apresentam-se com muita desenvoltura, na TV, em novas companhias. Num ano, são vistas como casadas. No outro, já não vivem mais sob o mesmo teto. Uns separam-se pelo divórcio. Outros simplesmente mudam de endereço, passando a viver com outros cônjuges ou companheiros.
Entretanto, o cristão não se guia nem se orienta pelos valores invertidos e controvertidos da sociedade sem Deus. Esta, muitas vezes se autodenominando cristã, nada tem de Cristo em seu comportamento. Os que servem a Deus têm a Bíblia como regra de fé e prática, como bem defendia a Reforma. O Livro Sagrado considera o adultério como pecado grave, passível de severo castigo.
Jesus, em sua ética, esposada no Sermão do Monte, doutrinou: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.27). Se alguém imaginava que a “lei do amor”, a “lei da graça”, trazida por Cristo, seria mais condescendente com os pecados sexuais, deve ter-se enganado totalmente. Enquanto no Antigo Testamento, a lei dizia que seria condenado quem cometesse o ato de adultério, no Novo Testamento, Jesus apresentou uma forma mais restrita em relação a esse tipo de transgressão. Ele não somente condenou o adultério prático, mas até mesmo o adultério imaginado, considerando culpado aquele que apenas cobiça uma mulher em seu coração, ou seja, na sua mente. Na ética de Cristo, não há concessão: “cometeu adultério com ela”.
No Antigo Testamento, o ato de adultério já era considerado perigoso e grave pecado. Em Provérbios, lemos:
Filho meu, atende à minha sabedoria; à minha razão inclina o teu ouvido; para que conserves os meus avisos, e os teus lábios guardem o conhecimento. Porque os lábios da mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite; mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois fios. Os seus pés descem à morte; os seus passos firmam-se no inferno. Ela não pondera a vereda da vida; as suas carreiras são variáveis, e não as conhece (Pv 5-1-5). É solene a advertência contra a “mulher estranha”, com quem o envolvimento sexual pode parecer agradável, comparado ao degustar de favos de mel, e da macieza do azeite, mas cujo fim é amargoso, e “agudo como espada de dois fios”; o sábio ensina que os pés da adultera “descem _ morte” e “os seus passos firmam-se no inferno”.
Certamente, nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo que o ser humano é falho e tendente ao pecado, quis, em sua ética, prevenir o adultério na fonte, isto é, no coração, ou na mente do homem. Sua ética é preventiva, mais do que corretiva. Ele adverte de modo claro e direto contra o adultério.
Adultério é infidelidade conjugal em seu mais alto nível de pecaminosidade. João, o evangelista, dirigindo sua terceira epístola a Gaio, diz: “Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para com os estranhos” (3Jov.5). O oposto disso, ou seja, a infidelidade, orno expressa no adultério, é um terrível inimigo, que tem destruído inteiramente muitos lares e famílias. Neste aspecto, avulta com maior gravidade, a conjugal: o esposo, o pai de família, sendo infiel à esposa e vice-versa. O adultério é um mal que não é de hoje, mas que, nos tempos atuais, tem-se tornado muito comum nos lares sem Cristo, e também tem atingido muitos lares cristãos. A infidelidade conjugal não passa de um instrumento diabólico para a destruição e desagregação da família. A Bíblia diz que o marido deve amar a sua esposa da mesma forma que Cristo ama Igreja. Ora, o Senhor ama a Igreja com sinceridade e, sobretudo com fidelidade. Esta fidelidade é tão grande, que “se formos infiéis ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2 Tm 2.13)
Mas Satanás diz ao esposo: “Ora, não é nada demais procura unir-te a outra mulher; a tua já não te agrada. No fim, tudo dará certo. Os teus amigos não possuem outras mulheres?” Com isso o inimigo procura desfazer o plano de Deus para a vida conjugal. E muitos homens, mesmo cristãos, tem cedido a essa tentação diabólica, cometendo adultério e prostituição, e desprezando o lar, a esposa, os filhos e seu próprio nome e, o que é pior: desprezando a Deus.
A infidelidade, inimigo cruel, não acontece de repente. É necessário estar alerta para as ciladas do inimigo. Muitas vezes, a causa do adultério, ou melhor, dos fatores que contribuem para a infidelidade, está sendo fomentada dentro do próprio lar: Com o passar dos anos, o esposo e a esposa deixam de cultivar o amor verdadeiro. Aquelas expressões de carinho dos primeiros tempos ficam esquecidas. O afeto vai desaparecendo entre os dois. No entanto, a necessidade de afeto continua a existir em cada um. É a chamada carência afetiva, que leva muitos a se decepcionarem com o casamento. As lutas do dia-a-dia também tendem a desfazer o clima amoroso entre o casal, se não forem adotadas providências para cultivá-lo.
O lar, em muitos casos, passa a ser uma espécie de pensão, na qual o marido é o hóspede número um. Proceder fielmente em tudo é uma característica marcante dos verdadeiros cristãos.
Então Satanás, que não dorme, entra em ação. Começa a falar ao coração que é hora de experimentar um caso de amor, um romance, mesmo passageiro. O cônjuge, mesmo sendo cristão, diante de tal sedução, entra em conflito consigo mesmo. A mente começa a estampar a crise de afeto que existe no lar, a falta de carinho, a indiferença do outro cônjuge. A consciência bate forte, lembrando a condição de cristão, lavado e remido no sangue de Jesus. Nas primeiras investidas, o servo de Deus pensa, recua, vence. Mas, dia após dia, as coisas se agravam. A voz do inimigo soa mais forte e sedutora; a concupiscência se aquece. Vem a queda, o ato, o pecado, a morte espiritual. Depois, entre desespero e reações evidentes, o coração explode. O lar, que antes estava ruim, fica pior. A culpa não dá paz. Os conflitos aumentam. Só há dois caminhos: abandonar o lar, a esposa, os filhos e viver na nova “pensão” ou continuar enganando a todos (mas não a Deus). Em qualquer caso, todos sofrem. O cônjuge infiel, o cônjuge fiel, os filhos, a família, a igreja. Para evitar esse tipo de contribuição à infidelidade, é necessário que o casal se mantenha debaixo da orientação da Palavra de Deus. O esposo, amando sua esposa de toei coração. como Cristo à Igreja. A esposa, amando o esposo da mesma forma e lhe sendo submissa pelo amor. Em termos práticos, é necessário cultivar, tratar, regar e cuidar da planta do amor, para que as ervas daninhas da infidelidade, causadora do adultério, não germinem no coração de um dos cônjuges.
É bom que os cristãos casados saibam que a santidade do Cristianismo não faz ninguém deixar de ser humano. Nesta vida, precisamos de amor, de alegria, de paz, de carinho, de afeto. O leito conjugal precisa ser bem aproveitado, e a união sexual, legítima entre os casados, deve continuar sendo fator de integração, não apenas física, afetiva, mas também espiritual. Deus se agrada da união entre os casados, especialmente entre cristãos: Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula” (Hb 13.4 1 diz a Palavra. Reconhecemos que há muita infidelidade que começa F■ r mera tentação, para o que o outro cônjuge, às vezes, em nada contribui. Mas havemos de reconhecer que o casal bem unido em torno do Senhor Jesus terá condições de vencer o inimigo.
O Senhor Deus, repreendendo a Israel, dizia que não aceitava mais sinas ofertas. Por quê? “Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira c a mulher do teu concerto” (Ml 2.14 — ênfase minha). Esse trecho nos mostra que Deus rejeita aquele que é infiel à sua esposa, e o rejeita, não aceitando suas ofertas e seus sacrifícios. Até as orações não são recebidas IP’, r Deus, quando o marido não coabita com sua mulher com entendimento, e vice-versa.
Desejamos aqui relembrar algumas recomendações da Bíblia quanto a infidelidade. Paulo doutrinou bastante sobre o assunto. Dirigindo-se à igreja em Corinto, disse: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós é santo” (1 Co 3.16,17). O homem ou a mulher cristã deve tomar em consideração esta advertência solene e grave da Bíblia: Se alguém destruir o seu próprio corpo, pelo pecado, Deus o destruirá. Mas clara, ainda, é a exortação, quando lemos o trecho de 1 Coríntios 6.18.-20: “Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (ênfase minha).
Vemos, então, que a infidelidade conjugal, geralmente tornada em adultério, é considerada o maior pecado contra o corpo. Isto porque o corpo é “templo de Deus”, “templo do Espírito Santo”. Havendo o verdadeiro amor, não haverá frieza sexual. Haverá interesse, atração mútua; haverá prazer no ato sexual. É necessário evitar a infidelidade sob qualquer forma ou pretexto.
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Fonte: Ética Cristã – Confrontando as questões morais do nosso tempo, Elinaldo Renovato de Lima, 1ª Edição/2002, CPAD.