As Sagradas Escrituras ensinam em suas páginas que o homem deve viver uma vida de santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor. Mediante o poder repartido pelo Espírito Santo, poderemos obedecer o mandamento que diz: “Sede santos, como eu sou santo.” Deus deseja que o crente experimente completa santificação, e dita santificação deve-se procurar seriamente mediante a obediência ao Senhor.
Hebreus 12.14; I Pedro 1.15, 16; I Tessalonicenses 5.23, 24; I João 2.6.
Certo escritor de muito talento disse numa oportunidade: “Se a regeneração corresponde à nossa natureza, a justificação à nossa situação, e a adoção à nossa relação (como parentesco — somos filhos de Deus), logo a santificação tem que ver com nosso caráter e conduta. Mediante a justificação somos declarados justos, a fim de que cheguemos a sê-lo na santificação. A justificação é o que o Senhor faz por nós, enquanto que a santificação é o que faz em nós. A justificação nos coloca em relação justa com Deus, enquanto que a santificação exibe os frutos de dita relação, ou seja uma vida separada do mundo pecaminoso e dedicada a Deus”.
A santificação tem um significado duplo: a — Separação do mal; b — Devoção a Deus. I Tessalonicenses 4: 3. “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição”. Leia-se ainda II Crônicas 29: 5, 15-18; II Timóteo 2: 21; Exôdo 19: 20-22. Na santificação devemos limpar-nos de toda imundície da carne e do espirito e ao mesmo tempo aperfeiçoar a santidade no temor de Deus. II Coríntios 7: 1. Mas não é suficiente separar-se do mal, senão que aquele que tem sido santificado deve ser dedicado ao uso e ao serviço de Deus. Desta maneira lemos com respeito à santificação de uma casa a fim de que fosse santa para o Senhor; e a santificação de um terreno para uso do Senhor. Os primogênitos deviam ser santificados para Jeová, e até o mesmo Jesus foi separado — santificado — pelo Pai para que cumprisse sua vontade no mundo. Leia-se Levíticos 27: 14-16; Números 8: 17; João 10: 36.
Num sentido a santificação é uma obra instantânea. “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas foste justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus”. I Coríntios 6: 11. “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”. “Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”. Hebreus 10: 10, 14. Quando cremos no Senhor Jesus Cristo e o aceitamos como nosso Salvador, somos justificados pela fé nele e nos apresentamos diante de Deus sem condenação alguma na alma. Somos regenerados, isto é, nascidos de novo por intermédio da operação do Espírito Santo e a palavra de Deus, e nos temos convertido em novas criaturas. “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. I João 1: 7, e por nossa própria vontade nos separamos para servir a Deus, e Cristo é agora nossa “sabedoria, e justiça, e santificação e redenção”. I Coríntios 1: 30. Por esta razão, todos os crentes são denominados “santos” no Novo Testamento, e Paulo escreve aos crentes coríntios, que estão longe de ser perfeitos, denominando-os “santificados”. I Coríntios 1: 2.
Em outro sentido, a santificação é uma obra progressiva, que por intermédio do Espírito Santo, o Senhor mesmo leva a cabo em nosso ser, até lograr em nós uma perfeita semelhança com Ele. Quando cremos, a santidade do Senhor Jesus nos é imputada e estamos assim “aperfeiçoados” no Senhor, Colossenses 2: 10, contando em nosso haver com toda a sua justiça. Leia- -se também Colossenses 1: 28. Mas outra coisa é fazer que a Santidade do Senhor se converta em uma realidade em nossa vida.
Quiçá seja este um longo processo durante o qual o crente tenha que passar por muitas situações de diversa índole, algumas das quais envolvam o castigo corretor do Senhor. Em Hebreus 12:10 se nos diz com toda a clareza que Deus nos castiga para o propósito específico de que sejamos participantes de sua santidade. Pedro nos exorta: “Crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. II Pedro 3: 18. Em II Coríntios 3: 18 temos um texto muito esclarecedor que demonstra a forma como Cristo opera em nós por intermédio do Espírito Santo, para transformar-nos gradualmente até obtermos sua gloriosa imagem. Em I Tessalonicenses 5: 23, 24, Paulo ora por estes cristãos de Tessalônica, dizendo: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará”.
O processo de santificação é realizado por agentes divinos e humanos. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”. I Tessalonicenses 5: 23. O Senhor Jesus disse a seu Pai o seguinte: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. João 17: 17. Deus purifica nossos corações com a fé. Atos 15: 9. Cristo foi feito “justificação” para o crente, I Coríntios 1: 30, e pelo sacrifício de si mesmo na cruz, santifica aos crentes de uma vez para sempre, Hebreus 10: 10. “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. Efésios 5 : 25, 26.
Nossa santificação não se realiza em nós sem a obra do Espírito Santo. I Pedro 1: 2. “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito”. O Espirito Santo vem a nosso ser para fazer-nos participantes da santidade de Deus, e a ensinar-nos a verdade, tal como está apresentada nas Sagradas Escrituras e esclarecer nossa percepção espiritual, de maneira que possamos contemplar ao Senhor, esse mesmo Espírito cria em nosso coração o anelo profundo de nos parecermos com nosso Mestre. Romanos 15: 16.
Necessitamos cooperar amplamente com a Trindade para obtermos nossa completa santificação. Somos santificados pela fé em Cristo. Leia-se Atos 26: 18. Devemos limpar-nos de toda imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus. II Coríntios 7: 1. Por sua parte o apóstolo João nos diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro”. I João 3: 2, 3.
Em Filipenses 3: 12-14 Paulo afirma que não tem conseguido ainda a perfeição absoluta e que trata de alcançar o alvo para o qual havia sido chamado pelo Senhor, e acrescenta: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.
Deus tem proporcionado meios que estão a nosso alcance para obtermos completa Santificação. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. João 17: 17. O estudo das Sagradas Escrituras acompanhado da oração e de ouvir atentamente as mensagens da Palavra de Deus, pregadas por servos ungidos do Espírito Santo, está destinado a ser um meio para nossa santificação. Efésios 4: 11,12 nos demonstra que o Senhor deu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres para a igreja, com o especifico propósito de aperfeiçoar aos santos. Em Hebreus 12: 14 se nos aconselha seguir “a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. No mesmo capítulo vimos que o castigo administrado pelo Pai tem o fim de produzir em nós “fruto de justiça”. (V. 11). Em ‘Romanos 6 e em II Coríntios 6, e em outras numerosas passagens o crente é exortado a separar-se de todo o mal e dedicar-se a Deus e sua obra sem nenhuma reserva, cooperando desta forma com Deus em sua santificação, a fim de obter a medida da plenitude de Cristo. Efésios 4: 13.
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LIVRO DOUTRINAS BÍBLICAS – P.C.NELSON – LIVRARIA DOS EVANGÉLICOS