DEFINIÇÃO da Palavra Alma: Do hebraico Nephesh e do grego psyche, a alma é a parte imaterial (espiritual) que, segundo as Escrituras Sagradas, sobrevive à morte do corpo, mantendo-se consciente.
Aparece esta palavra na bíblia com vários outros significados secundários: como sangue (Lv17.14), como vida (Gn2.7), como forma psíquica (Is1.14),etc.
A BÍBLIA, QUANDO MENCIONA A CRIAÇÃO DE ADÃO, NÃO DECLARA QUE ELE POSSUÍA UMA “ALMA”, MAS QUE ELE ERA UMA “ALMA” (Gn 2.7).
A Bíblia, como qualquer outra obra literária, possui várias figuras e formas de linguagem, e não seria diferente, principalmente num texto como o de Gênesis. O escritor, Moisés, usa a expressão como uma forma de linguagem chamada metonímia, que se refere à parte pelo todo. Por exemplo, quando alguém diz: “Tenho cem cabeças de gado”, não está se referindo apenas às cabeças dos animais, mas a todo ser. Da mesma forma, a expressão “alma vivente”, no texto, significa o ser como um todo, se referindo a parte (alma) como o todo (o ser completo) – 1 Pe 3.20. Que alma e corpo são partes distintas a Bíblia declara claramente (Mt 10.28; 1 Ts 5.23)
A BÍBLIA DECLARA QUE OS MORTOS NÃO SABEM DE COISA ALGUMA (Ec 9.5). SENDO ASSIM, NÃO PODEM ESTAR CONSCIENTES APÓS A MORTE E, CONSEQUENTEMENTE, NÃO PODE HAVER ALMA IMORTAL CONSCIENTE?
O texto de Eclesiastes 9.5 não está declarando de forma alguma que os mortos não possuem consciência, como afirmam alguns, assim como não está negando também as recompensas futuras (“…nem tampouco terão eles [os mortos] recompensas”). Se interpretarmos o texto sem o seu contexto, diríamos não somente que os mortos estão inconscientes, como também que não possuirão nenhuma recompensa por seus atos neste mundo. O que é negado pelo próprio Senhor Jesus em Mateus 16.27.
A expressão “debaixo do sol” aparece 29 vezes no livro de Eclesiastes e se refere ao mundo físico e temporal no qual vivemos , e não à eternidade, que é uma outra fase de existência do ser. Esta mesma expressão aparece em Ec 9.3-6, o contexto do verso 5, demostrando que esse verso 5 refere-se apenas à existência física e não à eterna. Os mortos não sabem nada do que ocorre neste plano, pois não tem acesso a ele (Ec6.12). E assim também não terão recompensas físicas deste mundo na eternidade.
ENTRE MORTE E A RESSURREIÇÃO, OS MORTOS PERMANECEM INCONSCIENTES (DORMINDO)?
As Escrituras Sagradas nos informam que após a morte continuamos conscientes das coisas que nos cercaram durante a vida (Lc 16.27-30). O apóstolo Paulo desejava partir para estar com o Senhor, o que segundo ele era incomparavelmente melhor do que esta vida (Fp 1.22-26). Como poderia ser melhor se após a morte não houvesse consciência alguma? Se dizer que a morte era um estado melhor do que viver e trabalhar pra Cristo (Fp1.22,23)? Poderia a inatividade ser melhor do que a atividade consciente na obra do Senhor? Também o apóstolo Pedro afirmou que estava prestes a deixar seu “tabernáculo” (2Pe 1.13,14), que segundo o próprio apóstolo Paulo é o corpo (2 Co 5.1-2, 4,6-8). Se Pedro e Paulo não cressem que havia uma parte espiritual no homem que sobreviveria à morte do corpo, como poderiam usar a expressão “deixar o corpo”?
Se não existisse nenhuma parte imaterial do homem que sobrevivesse a morte do corpo, que “ser” seria este que deixaria o corpo?(Como Paulo, o apóstolo, poderia estar em dúvidas se foi arrebatado ao terceiro céu “no corpo” ou “fora” dele se não houvesse tal possibilidade (2 Co 12.2-4)?
O livro de Apocalipse declara que almas continuavam conscientes sobre o seu passado e vindicavam a justiça de Deus debaixo do seu altar (Ap 6.9-11) As Escrituras nunca mencionam “almas dormindo”, antes “corpos que dormiam” (Mt 27.51-53).
O SALMO 146.4 DECLARA QUE NA MORTE PERECEM TODOS OS NOSSOS “PENSAMENTOS”. PORTANTO, NÃO PODE HAVER ALGO CONSCIENTE APÓS A MORTE, CHAMADO “ALMA”?
As palavras “pensamento” ou “plano” que aparecem no texto é ‘eshtõnâ’ no hebraico, que aparece também em Isaías 55.7 e não se refere a algum tipo de inconsciência na morte, pois este texto declara: “deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos [‘eshtõnâ]; converta se ao Senhor…” Ficariam os ímpios inconscientes na conversão por deixarem os seus “pensamentos”? Claro que não!
A expressão encontrada no Salmo 146.4 simplesmente nos informa que na morte todos os “projetos” ou “planos” que possuímos perecem conosco, como ilustrou muito bem o Senhor Jesus (Lc 12.16-21). O texto de Isaias não trata da imortalidade da alma, mas da falibilidade dos projetos humanos.
A HISTÓRIA DO RICO E LÁZARO É APENAS UMA PARÁBOLA E NÃO RETRATA A VERDADE DO QUE OCORRE APÓS A MORTE (Lc 1,6.19-31)?
Acreditar que a história do rico e Lázaro é apenas uma parábola não se harmoniza com o contexto geral das parábolas contadas pelo Senhor Jesus. Em nenhuma parábola alguém é mencionado por nomes reais, mas nesse relato mencionam-se os nomes Lázaro (v.20) e Abraão (v. 23,24). E, nenhum lugar na Bíblia declara-se que o texto é uma parábola, como é comum em algumas narrativas bíblicas de parábola. Mas por que algumas traduções bíblicas, em que há divisões temáticas entre os versículos, chamam o texto de Lucas 16.19-31 de parábola? Deve-se notar que tais divisões temáticas não se encontram no texto grego, mas foram colocados pelas publicadoras bíblicas para facilitar aos leitores a localização dos textos relacionados aos temas mencionados nas Escrituras. O início da narrativa nos faz lembrar outras histórias literais (Samuel [1Sm 1.1] e Jó [Jó 1:1])). E Mesmo que a narrativa fosse uma parábola, o texto não anularia a crença na imortalidade e o que ocorre após, a morte, pois parábola não é mito (narrativa de um conto imaginário ou irreal), mas sim uma história possível (Jesus nunca contou uma parábola de fatos inexistentes ou impossíveis [As dez virgens — Mt 25.1-13; Os talentos – Mt 25. 14-29; A.ovelha perdida – Lc 15.1 -7; A moeda perdida – Lc 15.8-9] etc.).
A PRÓPRIA BÍBLIA DECLARA QUE A ALMA MORRE (Ez 18.20). SENDO ASSIM, NÃO PODE HAVER UMA ALMA IMORTAL.
A palavra “morte” no texto de Ezequiel 18.20 não se refere à morte física como pensam alguns. Antes, deve ser compreendida como a quebra de comunhão (separação) com Deus, como ocorreu no caso de Adão (Gn 3.3). O texto de Ezequiel 18.20 não se refere à morte física, pois nos versos seguintes vemos que mesmo após a pessoa ter cometido pecado e consequentemente ter recebido a “morte”, o transgressor, se arrependido, poderia viver (Ez 18.21, 22).
A BÍBLIA DECLARA QUE OS ANIMAIS TAMBÉM SÃO “ALMAS” (Lv 24.18; Ap 16.3), SENDO ASSIM, ESTÃO NA MESMA CATEGORIA DO SER HUMANO COMO UM SER VIVENTE QUE NÃO POSSUI NADA IMATERIAL QUE SOBREVIVA À MORTE DO CORPO?
Apesar de a Bíblia usar a mesma palavra “alma” (Hb. néfesh e.Gr. psyché) para retratar outros seres que não são humanos, não devemos concluir com isto que sejam seres da mesma categoria espiritual O apóstolo Paulo, falando à Igreja de Corinto, declara que o espírito do homem possui conhecimento sobre o seu próprio ser (1 Co 2.11), o que não ocorre certamente entre os animais. Além disso, as Escrituras Sagradas, no AT, fazem uma distinção entre o que ocorre na morte dos animais, e o que ocorre na morte dos homens (Ec 3-21; 12.7).
Que existe uma diferença entre a alma humana e a dos animais é evidente pela declaração do apóstolo Pedro na sua epístola: “…oito pessoas (psychaí [almas] no grego), foram salvas, através da água” (1 Pe 3,20). Se as almas humanas fossem da mesma categoria da dos animais, então dizer que somente oito almas foram salvas seria um grande erro numérico da parte do apóstolo Pedro, pois em Gênesis sabemos que além da família de A Noé, muitos animais foram também salvos na Arca (Gn 6.18-22). Teria Pedro errado em não contar as almas dos animais juntamente com as humanas? Ou as Escrituras fazem diferença de categoria?
A BÍBLIA DECLARA QUE O ÚNICO QUE POSSUI IMORTALIDADE É DEUS (1Tm 6.15,16), SENDO ASSIM, A CRENÇA NA IMORTALIDADE DA ALMA E UMA USURPAÇÃO DE UMA QUALIDADE EXCLUSIVAMENTE DIVINA?
O texto de 1 Timóteo 6.15, 16 não está declarando que somente Deus possui imortalidade, antes afirma que somente Deus é o único que possui “imortalidade inata” (não recebeu de ninguém esta qualidade). A própria Bíblia declara que os anjos também são imortais (Lc 20.36).Estaria ela sendo contraditória a este respeito?
A DOUTRINA DA “IMORTALIDADE DA ALMA” POSSUÍA SUA ORIGEM NA FILOSOFIA GREGA, E NÃO NO CRISTIANISMO BÍBLICO.
Esta afirmação repousa sobre uma interpretação errada por parte de alguns niilistas (aqueles que acreditam que nada sobrevive à morte da matéria). Em sua concepção o cristianismo foi influenciado pelo dualismo grego (crença que admite a existência, de princípios co-eternos em conflito e direta oposição [bem e mal, grande e pequeno, corpo e espírito etc]). Já os cristãos que creem na imortalidade da alma, não admitem que o corpo humano seja naturalmente oposto ao espírito, mas que ambos dão existência a um único ser, o homem (Tg 2.26; Mt 10.28). De acordo com a Bíblia, o homem não é um espírito que habita num corpo, mas sim um todo, constituído pela junção de corpo e espírito (por isso que quando vemos um corpo sem vida não estamos vendo um homem, ou uma mulher, e sim apenas um corpo humano). E sobre a unidade do ser , que repousa a nossa crença na ressurreição dos mortos, senão teríamos apenas de admitir que não existiria necessidade para uma ressurreição do corpo, visto que na morte vamos para o Senhor, segundo a Bíblia (2 Co 5,1-8 comp. 2 Pe 1.13, 14 [o tabernáculo é o corpo]; Fp 1.23).
O motivo que levou os gregos que ouviram Paulo falar sobre a ressurreição zombar dele em Atenas era a sua compreensão dualista do ser humano (At 17.16-18, 32-34). Além disso, o dualismo grego acreditava na criação ex-materia (o universo foi criado a partir da matéria pré-existente e eterna), e não ex-nihilo (do nada) com ensinam as Escrituras Sagradas (Hb 11.3). Portanto, não podemos considerar a crença na “imortalidade da alma” como uma crença dualista grega.
A CONSCIÊNCIA ESTÁ LIGADA ÀS FUNÇÕES CEREBRAIS DO SER HUMANO, PORTANTO NA MORTE DO CÉREBRO A MENTE SE EXTINGUE, NÃO HAVENDO NADA QUE SOBRE DE FORMA CONSCIENTE. A MEDICINA NÃO TEM PROVADO QUE EXISTA NENHUMA PARTE HUMANA CONSCIENTE QUE SOBREVIVA À MORTE DO CORPO.
Acreditar que a mente só pode sobreviver com a existência do cérebro, é acreditar que somente através da matéria podemos entrar em contato como o mundo físico, e para se saber isto seria necessário conhecer todas as propriedades da mente e de suas conexões com a matéria, e não as conhecemos. A matéria bruta não pode por si produzir raciocínio, conhecimento, vontade e livre-arbítrio, pois se pudesse, os cientistas produziriam isso em laboratórios através da manipulação da matéria, e isso seria uma boa razão para crermos que o cérebro é um veículo da mente, e que poderia também não ser o único. O renomado, pai da moderna, neurocirurgia Wilder Penfield, um dos mais importantes pesquisadores nas áreas de pesquisa cerebral do século XX, comprovou, através de estudos com pacientes portadores de epilepsia (estimulados com pequenos choques elétricos) existir uma diferença entre ‘mente’ e ‘cérebro’, tendo ambas as existências independentes. Ele próprio afirmou: “O paciente pensa de si mesmo como tendo uma existência separada de seu corpo [,,, ] Não há local [no cérebro] onde estímulos elétricos possam fazer um paciente crer ou decidir” (The Case for a Creator, p. 258). ,O nosso “estado cerebral” não é acerca de algo, mas o nosso estado mental o é, o que demonstra a clara distinção entre ‘mente’ e ‘cérebro’. Portanto de onde viria este “estado mental”, se o mesmo não fosse distinto do cérebro?
O fato de toda a medicina não ter provas consistentes e definitivas da consciência fora da matéria não deve ser razão suficiente para negarmos esta possibilidade, pois toda forma de ciência possui suas limitações, e ausência de evidência não é evidência de ausência.
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Livro: MANUAL DE RESPOSTAS BÍBLICAS, PAULO SÉRGIO BATISTA