Calvário e pentecoste, dois fatores na vida do cristão que jamais podem separar-se; não poderá haver o segundo sem o primeiro. Apesar de alguém pregar ou ensinar que pentecostes não se repete mais, continuamos a dizer, pregar e ensinar que ele existe e se repete cada dia. A promessa pertence a tantos quantos nosso Senhor chamar (At 2:39). O calvário, sim, esse não se repete mais, pois o sacrifício de Cristo é insubstituível (Hb 9:28; 10:12). Não existe sacrifício incruento.
Quando aceitamos Cristo como nosso Salvador, diz Myer Pearlman, como pecador aceitamos Cristo, e como crentes em Jesus aceitamos o espirito Santo. Com o perdão dos nossos pecados começamos a sentir os efeitos benéficos do calvário – uma nova vida, um desejo ardente de servir a Deus. O calvário não vem a nós; nós é que vamos a ele quando recebemos Cristo.
Calvário e Pentecoste, duas coisas distintas, mas homogêneas. Calvário é a causa, Pentecoste é o efeito. No Calvário há lágrimas, no Pentecoste alegria; no Calvário o pecador arrependido sente tristeza da sua vida velha, no Pentecoste ele regozija-se com a alegria da salvação. No Calvário o pecador deixa o pecado, no Pentecoste ele tem alegria e vitória sobre o pecado. No Calvário nascemos de novo, no Pentecoste somos revestidos de poder.
No Calvário somos batizados em Cristo (Mat. 20:22; I Cor. 12:13), no Pentecoste somos batizados com o Espirito Santo (At. 1:5). No Calvário recebemos o Espirito Santo (João 20:22), no Pentecoste somos cheios do Espírito Santo (At. 2:4). No Calvário ouvimos línguas estranhas (Mat. 27:46; Luc. 23:38), no Pentecoste falamos línguas dos anjos e dos homens (At. 2:6; I Cor. 14:2). No Calvário ficamos em Jerusalém (Luc. 24:49), no Pentecoste vamos por todo o mundo (At. 1:8). No Calvário os demônios obedecem-nos (Luc. 10:17), no Pentecoste expulsamo-los (Marc. 16:17).
O que tem acontecido ou está a acontecer, é que muitos crentes não passaram pela experiência do Calvário, não nasceram de novo, e sem estes requisitos não recebem o Pentecoste. Muitos ficam de longe e até batem no peito (Luc. 23:48), outros fogem temerosos da tribulação e da crítica (At. 2:13), e para esses não existe Pentecoste. Só para aqueles que passaram pela experiência do Calvário existe Pentecoste. Muitos passam margeando o rio, tendo medo de entrar; outros contentam-se com água pelos artelhos (Ez. 47:3-6) e dizem como a mulher samaritana “o poço é fundo”.
Pentecoste não é renovação, porém uma porta aberta para uma vida abundante e de triunfo. Pentecoste é a promissória que garante aos filhos de Deus que a recebem, trabalharem com mais interesse nos bens do seu Senhor. É o caminho de renovação espiritual via batismo no Espírito Santo. Pentecoste é a dinâmica para uma vida vitoriosa.
Para provarmos que o Pentecoste se repete nos nossos dias, não precisamos citar o caso de Cornélio, nem tão pouco o de Samaria ou de Éfeso (At. 19), e nem evocar os testemunhos dos grandes homens de Deus através dos tempos. É bastante contemplar o grande Movimento Pentecostal em todo o mundo, e verificar como Deus tem usado homens desprovidos de homilética e sem nenhum preparo teológico, tão-somente cheios do Espírito Santo, aquecidos pelo fogo do altar, e o resultado aí está: a grande colheita.
Sem medo de errar podemos afirmar que entre dez pentecostais, sete são batizados com o Espírito Santo, e outros três estão esperando. Dizer-se que a ocorrência da casa de Cornélio foi um suplemento do dia de Pentecoste para que Pedro soubesse haverem os gentios sido recebidos por Deus, são evasivas daqueles que olham o Calvário de longe…
Pedro, um dos primeiros a ser batizado com o Espírito Santo, não sabia acaso que as promessas de Deus são verdadeiras? Ele que dissera que “as promessas pertencem a vós, e a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At. 2:39), e que respondera com firmeza às perguntas: “Que quer isto dizer?” e “Que faremos nós?” (At. 2:12,37). É duvidar do dom de discernir que ele possuía (At. 5:3,9).
Calvário e Pentecoste, dois fatores na vida do cristão que jamais poderão separar-se. Calvário e Pentecoste, dois elos que não se separam!
JOSÉ APOLÓNIO, REVISTA “NOVAS DE ALEGRIA”