Comentário do Pr. Natanael Rinaldi sobre as exigências da Igreja Católica para santificação da Madre Teresa de Calcutá
A Igreja Católica Apostólica Romana estabeleceu algumas exigências para que a Madre Teresa de Calcutá seja declarada santa. Vejamos se essas exigências encontram apoio bíblico
A primeira diz que o processo de santificação só pode ter início cinco anos após a morte do candidato e depende da aprovação do bispo local. A segunda diz que a aprovação será feita em Roma. O candidato primeiro é declarado oficialmente “servo de Deus” e então será investigado com rigor. Os bispos locais, religiosos da base da pirâmide, fazem a investigação da vida do candidato e enviam um relatório para a análise do Vaticano. Em Roma, um relator da “Congregação para a Causa dos Santos” escreve uma biografia do aspirante, e um relatório de suas virtudes, que serão analisados por teólogos, junto com relatos de supostos milagres. A terceira etapa é a coleta de testemunhos e provas, que devem demonstrar pelo menos um milagre para que o servo passe à condição de “beato”. A quarta e última exigência à santificação depende de um segundo milagre e, finalmente, da aprovação do Papa. A declaração de santidade é feita por um decreto papal.
O trabalho de Madre Teresa no campo social pode até servir de exemplo para muita gente, mas não é por causa do trabalho realizado em qualquer campo de atividade social, que se recebe o beneplácito do céu. A Bíblia declara que somos salvos pela graça de Deus, independentemente de obras humanas (Ef 2.8-9; Tt 2.11-12; Tt 3.5). Paulo ainda ensinou que é possível entregar o corpo para ser queimado, e nada disso aproveitaria (ICo 13.3).
Sem dúvida a santificação é parte vital da doutrina e experiências cristãs. Está escrito: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (lTs 4.3); “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade” (IITs 2.13); “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Assim, a santificação faz parte da experiência de ser salvo, sem a santificação nunca veremos em paz a face de Deus, e devemos diligentemente segui-la por toda a vida na terra.
O caminho da santidade apresentado na Bíblia é diferente das exigências da Igreja Católica Romana. Primeiro, para ser aceito por Deus o caminho é Jesus Cristo (Jo 14.6). Ir a Deus de outra maneira é impossível. O pecador tem de crer nele como seu único e todo suficiente Salvador (Jo 5.24; At 4.12). Segundo, ser testemunha de Cristo em qualquer lugar (At 1.8; Mc 10.32-33). Terceiro, é a vontade de Deus a nossa santificação (Hb 10.10). Quarto, todos os crentes eram chamados e reconhecidos como santos, não apenas alguns tinham essa condição (Rm 1.7; ICo 1.2; ICo 6.2; Ef 5.3; Ef 5.27; Fp 4.21; IPe 1.16). Em lugar nenhum na Bíblia é exigido que para ser santo algúem tenha que realizar milagres, embora creiamos em milagres. Praticamos as boas obras como fruto da nossa salvação e santificação, porque fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras (Ef 2.10).
De acordo com a Bíblia, o que é, ou o que significa, santidade ou santificação? É a separação do crente em Jesus Cristo para Deus, por obra e graça do Espírito Santo, mediante a verdade e a consagração. Suas ideias são: separação e dedicação, ambas implicam em separar-nos totalmente para Deus, em cumprimento do seu propósito para nossas vidas. Então, santo é todo crente genuíno, separado para Cristo. A nossa santificação começa na regeneração (At 26.18).
Entretanto, existem várias distorções populares da palavra santo: Primeira, santo é toda pessoa que a Igreja Católica Romana canoniza, para ser objeto de culto nos seus altares e passa a chamar “são”, “santo” ou “santa”. Segunda, santo é uma pessoa imaculada, perfeita, sem pecado. Terceira, santo é aquela pessoa tristonha, hipócrita, ascética, inimiga da alegria, “santinho”, “beata”, “santarrão”.
Jesus, o modelo ideal que todo crente santo almeja ser, brincava com as crianças, gostava de acompanhar os pescadores, banqueteava nas festividades (Jo 17.1; Hb 1.9).
A palavra santo significa “separado para Deus”.
_______________
Matéria publicada na Revista VEJA, pág. 58, em 17/09/1997.