“O Espírito e a noiva dizem: Vem!”
Por Saullo Stan, palestrante da 1° Conferência Pré-Tribulacionista
Apocalipse não é um livro de mistérios, mas de revelação; é o desvendar de um plano de salvação e reino feito na eternidade e descortinado, progressivamente, em cada página das Sagradas Escrituras. É em Apocalipse que encontramos a plenitude de todas as coisas, pois o texto nos revela os efeitos da obra redentiva de Cristo e sua vitória final sobre os três principais inimigos do homem: o diabo, o pecado e a morte. A mensagem central do livro é o triunfo definitivo de Deus Pai e de seu Filho Jesus, o Cristo, sobre as forças de Satanás, do anticristo, do falso profeta e de seus seguidores. É a implantação do aspecto terrestre e literal do reino de Deus e de seu domínio eterno sobre todas as coisas. As páginas de Apocalipse estão tintas de sangue do início ao fim: é nele que vemos a expressão “um Cordeiro, como havendo sido morto” (Ap 5:6; 7:14; 22:3), que nos remete ao sacrifício do Redentor. Em seus capítulos finais, são reveladas três verdades sobre o estado eterno: em primeiro lugar, a criação de um novo céu e uma nova terra; em segundo lugar, o estabelecimento de uma nova cidade – a nova Jerusalém; e, finalmente, a instauração de um novo jardim do Éden, pois a cidade santa é semelhante em seu aspecto ao horto plantado por Deus para o homem, com a diferença de ser ela glorificada. Portanto, é essencial que todo cristão leia, ouça e guarde as palavras deste livro.
Tendo apresentado acima um resumo do conteúdo do livro de Apocalipse, agora comentarei o verso sete, do capítulo primeiro:
Comentário em Apocalipse 1:7
“Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.”
A passagem acima conecta dois textos do Antigo Testamento: Daniel 7:13 e Zacarias 12:10 (em ordem invertida, se comparados às palavras de Cristo em Mateus 24:30: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.” Ver também Jo 19:37; At 1:9-11; Fp 2:10, 11).
A sequência dos eventos relacionados à vinda de Cristo é a seguinte:
Dn 7:13: em primeiro lugar, Cristo vem com as nuvens; em segundo lugar, ele apresenta-se ao ancião de dias.
Zc 12:10: em primeiro lugar, olharão para ele a quem traspassaram; em segundo lugar, prantearão sobre ele.
Mt 24:30: em primeiro lugar, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; em segundo lugar, todas as tribos da terra se lamentarão; em terceiro lugar, verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu.
Ap 1:7: em primeiro lugar, ele volta com as nuvens; em segundo lugar, todo o olho o verá; e em terceiro lugar, todas as tribos da terra se lamentarão.
Muitos estudiosos do tempo do fim têm se arriscado ao marcar datas ou tempos para o retorno de Cristo, e todos os que enveredaram por esse caminho acabaram se frustrando. Ao olharmos pelo retrovisor da história do cristianismo, vemos que isso se repetiu de tempos em tempos, sempre com base em fatos contextuais. Permaneço acreditando na doutrina da iminência, ensinada e respaldada pelas Escrituras Sagradas. Vejamos, agora, quatro pontos a serem considerados no texto de Apocalipse 1:7:
Eis que vem com as nuvens:a vinda de Cristo é pessoal, visível e literal. Se atentarmos nas Sagradas Escrituras constataremos isso, mas é importante não confundir esse texto, o qual fala da segunda vinda gloriosa de Cristo, com o arrebatamento da Igreja (1Ts 4:16, 17). No arrebatamento, Cristo tirará a Igreja da Terra antes de iniciar-se o período de ira que há de vir sobre os que estão em trevas (1Ts 1:10 e 5:1-11). Já a segunda vinda refere-se ao momento em que o Senhor retornará à Terra com a Igreja e seus anjos, para fazer justiça em favor de Israel e implantar o aspecto terrestre e literal do seu reino (Ap 19 e 20). Não acredito em três vindas de Cristo, mas em uma segunda vinda em duas fases: a primeira será o arrebatamento, e a segunda, seu retorno com a Igreja ao final dos sete anos de tribulação. O tempo do fim pode ser resumido em quatro grandes eventos: o arrebatamento, a Tribulação, o retorno de Cristo com a Igreja ao final dos sete anos tribulacionais, e a implantação do aspecto terrestre e literal de seu reino (o Milênio).
Todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram:não significa que talvez todos o vejam, mas que todo o olho o verá! Sejam vivos, mortos, demônios ou anjos, todos serão obrigados a ver o Cristo traspassado (Fp 2:10-11). Há uma tensão teológica quanto ao trecho “até os mesmos que o traspassaram”: Será que se refere apenas ao soldado romano que lhe traspassou com uma lança, ou seria uma alusão aos judeus? Se aos judeus, a quais: os que já morreram, ou os descendentes judaicos que presenciarão, vivos, esse Dia? Caso seja o soldado ou os judeus do tempo de Jesus, teria que haver ressurreição antes? Esse pranto é de juízo ou de arrependimento? Se os mesmos que o traspassaram forem os que estão mortos, o lamento não pode ser de arrependimento. Vamos observar todos os textos correlatos:
“Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés.”(Sl 22:16).
“Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.”(Zc 12:10).
“E se alguém lhe disser: Que feridas são estas nas tuas mãos? Dirá ele: São feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos.”(Zc 13:6).
“Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.”(Jo 19:34).
“E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram.” (Jo 19:37).
De alguma maneira, aqueles que traspassaram o Senhor o verão e lamentarão; mas também, de alguma forma, toda a humanidade estava com a sua mão naquela lança do soldado romano… Estou convencido de que a expressão todo resolve a questão.
Todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele:talvez a chave para entender se esse lamento expressa arrependimento ou resposta a um juízo condenatório esteja em aceitar as duas coisas. O texto de Zacarias 12:10-14 refere-se ao arrependimento de Israel, mas o de Mateus 24:30 não faz menção a isso, apresentando um tom de reclamação ou horror em face de um julgamento.
Amém:aqui não há apenas uma concordância, como a ideia de assim seja, mas o sentido é que será de fato assim, tem que ser assim, ou, como é comum em Apocalipse, deve acontecer.
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