O cessacionismo é a crença segundo a qual os dons extraordinários, especialmente a profecia e glossolalia, ficaram restritos ao primeiro século da Era Cristã. Paradoxalmente o cessacionismo no Brasil faz barulho, e muito barulho! Talvez porque vivemos na maior nação carismática do mundo e é naturalmente que a reação seja igualmente grande. Neste texto quero apontar sobre o porquê da decadência do cessacionismo e como isso explica a virulência das suas manifestações.
Não faz muito tempo o famoso pastor batista fundamentalista John MacArthur Jr. lançou uma conferência para combater o pentecostalismo, como se esse fosse um câncer perigoso ao cristianismo. Nas palestras não havia distinção entre as loucuras do Benny Hinn com o gracioso ministério de David Wilkerson, por exemplo. Para John MacArthur e os demais conferencistas, se alguém fala em línguas a hipótese mais benevolente é que essa pessoa seja uma desequilibrada ou, em alguns casos, até mesmo endemoninhada.
No Brasil não é diferente. O pastor batista fundamentalista Marcos Granconato, uma espécie de cópia de MacArthur (de nível bem mais baixo ou quase sem nível), dedica boa parte do seu ministério a demover pentecostais ou continuístas de sua própria crença. E aqui falo em cópia no sentido positivo e negativo do termo, logo porque o autor em nada manifesta pensamento próprio senão na repetição de argumentos do pastor californiano. Ele se comporta como uma espécie de evangelista cuja missão é arrancar jovens das “trevas carismáticas”. Como um Dom Quixote, esses teólogos se aventuram a combater inimigos imaginários com toda a força e vontade. Ou seja, um verdadeiro desperdício para a causa do Reino de Deus. Além disso, esse debate parecia até superado na década de 1980, mas há sempre certo espírito reacionário que insiste em velharias e disputas mesquinhas.
Esse comportamento histérico é explicado pela degradação da teologia cessacionista. Essa teologia foi dominante nos círculos protestantes no final do século XIX e na primeira metade do século XX, mas especialmente a partir da década de 1960 a aceitação vem sendo de uma fração cada vez mais diminuta de cristãos, sejam eles protestantes ou católicos. E isso não somente entre a teologia popular e seus expoentes nos púlpitos periféricos, mas o carisma do Espírito também chegou à academia com toda a força de um vento que assopra onde quer.
O continuísmo, ou seja, a crença que todos os dons neotestamentários são válidos para a contemporaneidade é hoje exposta por teólogos de primeira linha. Nomes como J. Lee Grady, Wayne Grudem, Jack Deere, Craig Keener, Jon Ruthven, Sam Storms, Doug Oss, Mel Robeck, Paul Elbert, Randy Clark, Robert Menzies, J. P. Moreland, Gary Greig, Mark Rutland, Michael Brown, Gary Shogren, William De Arteaga, William K. Kay, Melvin Hodges, N. T. Wright, D. A. Carson, John Piper, Mark J. Cartledge, Roger Olson, Gordon D. Fee, Krister Stendahl, Grant. R. Osborne, Jon Mark Ruthven, James K. A. Smith, Amos Yong, Wilf Hildebrandt etc.
O interessante nessa lista é enxergar expoentes das mais diversas correntes concordando em um ponto: o dom do Espírito é também para hoje. Outro ponto alto é ver grandes especialistas em hermenêutica e exegese, Novo Testamento e teologia paulina como continuístas. Há, também, diversas confissões representadas: luteranos, anglicanos, batistas, presbiterianos, metodistas e assembleianos.
O debate, em termos bem mais civilizados, também chegou ao seio católico. O teólogo francês Yves Congar (1904-1995), considerado um dos maiores especialistas em pneumatologia, era um continuísta entusiasmado. Congar, enquanto vivia, era muito amigo do maior teólogo católico do último século: Joseph Ratzinger. Poucos sabem, mas Ratzinger, considerado um clérigo bem conservador, tem uma perspectiva aberta sobre o exercício contemporâneo da profecia para além do magistério ou dos sacramentos. Veja a concepção de profecia do teólogo alemão em: RATZINGER, Joseph. Ser Cristão na Era Neopagã. Vol. 3. 1 ed. Campinas: Ecclesiae, 2016. pp 131- 150.
O que mais irrita nos cessacionistas brasileiros é esse tom de superioridade, a arrogância de quem pensa ser o suprassumo da teologia. Quanta tolice de quem está a perder o bonde da história, logo porque o século XXI tem como marca a expansão do cristianismo com face carismática. Além disso, esses sempre estão prontos a gracejos e piadas de mau gosto, especialmente envolvendo a manifestação da glossolalia. Alguns, que nem sabem usar minimamente a gramática da língua pátria, querem insinuar que os outros não conseguem discernir o delírio da linguagem.
Que o Espírito Santo venha sobre nós com graça, serviço e sabedoria!
— Gutierres Fernandes
Labaxurias não é dom de línguas
essas labaxúrias neopentecostais realmente são um escárnio total, mas provavelmente o irmão desconhece por evidência esse dom. Faça uma pesquisa científica na igreja e veja testemunhos reais do que Deus faz separando o joio do trigo amigo, como todo bom cientista faz..equivocado estarás!
EXATAMENTE.
Mas isso não prova nada, concorda?
OU melhor… prova, que alguns são crianças e não tem idéia do que fazem.
Caros amigos pentecostais.
Não sabia que vcs estavam preocupados com uns poucos teólogos que não vem a continuidade dos dons hj. Talvez porque tais dons hj falham muito. E a boca de muitos picaretas da fé está cheia deles. Vcs deveriam estar mais preocupados com seus fieis cheios de dons…
se converte em uma igreja cessacionista este não vai atrás daquele para dissuadi-lo a mudar de igreja e doutrina. Da graças a Deus e pensa dentro de “BOM TAMBÉM”. Deixemos existir, afinal trouxemos o evangelho até aqui.
Grato por publicarem.
H N.
Amado, devemos entender que: – Se alguns, logo todos?
Porque alguns, pecam, logo, todos pecam?
Porque alguns, manipulam a fé, ou, falseiam dons, eles não existem e pronto?
Veja o que dizem os reformadores, na confissão de westminster, eles não descriam dos dons, mas, da relevação continuada
Muito bom esse estudo. Já vejo alguns cessacionistas se pronunciando com o velho ar de soberba e arrogância, onde sabemos muito bem que são eles que perseguem nós Pentecostais.