De maneira que algum homem se tenha deitado com ela, e for oculto aos olhos de seu marido, e ela o tiver ocultado, havendo-se ela contaminado, e contra ela não houver testemunha, e no feito não for apanhada, E o espírito de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado, ou sobre ele vier o espírito de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, não se havendo ela contaminado, Então aquele homem trará a sua mulher perante o sacerdote, e juntamente trará a sua oferta por ela; uma décima de efa de farinha de cevada, sobre a qual não deitará azeite, nem sobre ela porá incenso, porquanto é oferta de alimentos por ciúmes, oferta memorativa, que traz a iniquidade em memória. E o sacerdote a fará chegar, e a porá perante a face do Senhor. E o sacerdote tomará água santa num vaso de barro; também tomará o sacerdote do pó que houver no chão do tabernáculo, e o deitará na água. Então o sacerdote apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá a cabeça da mulher; e a oferta memorativa, que é a oferta por ciúmes, porá sobre as suas mãos, e a água amarga, que traz consigo a maldição, estará na mão do sacerdote. E o sacerdote a fará jurar, e dirá àquela mulher: Se ninguém contigo se deitou, e se não te apartaste de teu marido pela imundícia, destas águas amargas, amaldiçoantes, serás livre. Mas, se te apartaste de teu marido, e te contaminaste, e algum homem, fora de teu marido, se deitou contigo, Então o sacerdote fará jurar à mulher com o juramento da maldição; e o sacerdote dirá à mulher: O Senhor te ponha por maldição e por praga no meio do teu povo, fazendo-te o Senhor consumir a tua coxa e inchar o teu ventre. E esta água amaldiçoante entre nas tuas entranhas, para te fazer inchar o ventre, e te fazer consumir a coxa. Então a mulher dirá: Amém, Amém. Nm 5.13-22
PROBLEMA: Paulo condena as “fábulas profanas de velhas caducas” (1 Tm 4:7). Mas aqui Moisés ordena a prática de uma superstição que não tem base científica alguma. A esposa acusada seria considerada culpada depois de beber uma água amargosa, caso o seu estômago inchasse. Mas tanto a mulher inocente como a culpada tomavam da mesma água amargosa, e assim não havia uma base química ou biológica para que uma inchasse e a outra não.
SOLUÇÃO: O texto não diz que a diferença na condição de culpa da mulher tinha uma causa química ou biológica. De fato, ele mostra que a causa era espiritual e psicológica. A “culpa” não constitui uma causa física. A razão por que o ventre de uma mulher culpada incharia pode ser facilmente explicada pelo que cientificamente se sabe sobre condições psicossomáticas (a mente agindo sobre o corpo). Muitas mulheres já passaram por uma “falsa gravidez”, quando seu estômago e seus seios se desenvolvem sem estarem grávidas. Há quem já tenha até passado por cegueira, por causas psicológicas. Experiências com placebos (pílulas contendo apenas açúcar, sem medicamento algum), têm mostrado que muitas pessoas com doenças terminais obtêm com eles o mesmo alívio que é dado pela morfina. Assim, é um fato científico que a mente pode ter um grande efeito nos processos do corpo humano.
Bem, dado que o texto diz que a mulher era posta em “juramento” perante Deus com a ameaça de uma maldição (v. 21), caso fosse realmente culpada, a água amargosa podia funcionar mais ou menos como um detector psicossomático de mentiras. A mulher que acreditava que seria amaldiçoada e que sabia ter culpa assim seria afetada. Mas aquelas que sabiam que eram inocentes, não se afetariam.
Além disso, o texto não diz que qualquer pessoa tenha de fato tomado aquela água e ficado com o estômago inchado. Ele simplesmente diz “se”(cf. vv. 14,28) a mulher estiver em tal situação, então isso resultará. Sem dúvida apenas a crença de que tal coisa pudesse acontecer e de que isso demonstraria sua culpa certamente convenceria a mulher culpada de nem mesmo querer se sujeitar a esse processo.