Cristãos temem forte controle estatal sobre religião na Zâmbia
Representantes cristãos do país se pronunciaram, ressaltando o temor da iniciativa cercear a liberdade religiosa na região
A criação de um novo departamento no Governo na Zâmbia, país da África Austral, com o objetivo de supervisionar “Assuntos Religiosos” está deixando os cristãos em alerta. Isso pelo fato da iniciativa por em risco a liberdade religiosa e de estender o controle estatal até a religião.
O presidente da Zâmbia, Edgar Chagwa Lungu, nomeou o reverendo Godfridah Sumaili, pastor da igreja “Pão da Vida” na capital Lusaka, como chefe do novo ministério de assuntos religiosos, na semana passada.
De acordo com uma rádio local, o presidente havia dito anteriormente para os cristãos não se sentirem ameaçados pela criação do ministério dos assuntos religiosos, que, segundo ele, deverá harmonizar as relações Estado-Igreja.
A iniciativa foi bem acolhida pelo chefe da Associação Evangélica da Zâmbia, o reverendo Pukuta Mwanza, que disse que iria “promover valores cristãos e dar mais significado à declaração da Zâmbia como nação cristã“.
No entanto, dois principais grupos cristãos do país, a Conferência de Bispos Católicos e o Conselho das Igrejas da Zâmbia – que representa as igrejas protestantes do país – se opuseram à iniciativa. Um comunicado conjunto apelou para um “diálogo genuíno”, dizendo: “Isso exige manter um relacionamento saudável entre a Igreja e o Estado. Mas, o Governo só favorece os grupos que aceitam a decisão que executa cada plano que é imposto“.
O texto continuou: “Na visão dos vários desafios financeiros e econômicos que nosso país está enfrentando atualmente, nós não vemos a criação do referido ministério como uma prioridade, nem como uma decisão prudente. Afinal, acreditamos que os zambianos querem que seu país seja uma democracia“.
O comunicado advertiu contra as tentativas por parte do Estado de controlar a Igreja, dizendo que a Igreja “deriva sua autoridade, missão e estrutura da parte de Deus e isso não deve ser confundido com a ordem temporal da política”. Igrejas não podem ser intimidadas para agir segundo a consciência da nação e pedindo justiça social”.
A declaração concluiu: “Ao mesmo tempo, nós nos comprometemos a continuar sendo instrumentos credíveis e fiáveis para a promoção de uma cultura de diálogo, reconciliação, justiça, unidade, desenvolvimento, respeito pelos pontos de vista divergentes e paz na Zâmbia”.
Extraído do site da CPAD News em 28/09/2016