BRASÍLIA- Uma diretora da ONG SITE Intelligence Group, especializada em monitoramento de atividades terroristas pela internet, afirmou nesta segunda-feira que um grupo radical brasileiro declarou apoio ao Estado Islâmico. De acordo com Rita Katz, que rastreia mensagens de extremistas em todo o mundo, o comunicado foi escrito em árabe por meio do aplicativo Telegram, semelhante ao WhatsApp.
Segundo a SITE, o grupo se chama Ansar al-Khilafah Brazil e usou um canal do Telegram que leva seu nome para postar uma promessa de fidelidade ao líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi. Na mensagem, a organização extremista teria escrito: “Se a polícia francesa não conseguiu parar os ataques na França, o treinamento dado à polícia brasileira não servirá”.
Em um outro trecho do comunicado, de acordo com a SITE, o Ansar al-Khilafah Brazil diz que seus integrantes estão “preparados para o sacrifício de se tornarem mártires”.
Por meio de sua conta no Twitter, Rita Katz afirmou que o manifesto do Ansar al-Khilafah Brazil é a primeira promessa de lealdade feita por um grupo da América do Sul ao grupo responsável por vários atentados praticados pelo mundo. “Preocupante: canais do Estado Islâmico de língua ocidental (inglês, português, espanhol, alemão, etc.) vêm mostrando aumento drástico de atividade”, destacou a diretora da SITE.
Procurada para comentar o assunto, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não quis se pronunciar. O Gabinete de Segurança Institucional do governo federal também não se posicionou sobre o suposto risco à segurança dos Jogos.
MINISTRO DESMENTIU AMEAÇA
De acordo com Rita Katz, o Estado Islâmico criou, no fim de maio, seu primeiro canal em português, também no Telegram. Na semana passada, o jornal francês “Libération” informou que, no mesmo mês, autoridades europeias identificaram uma ameaça de atentado no Rio que teria partido de um brasileiro suspeito de integrar o grupo extremista. Após a publicação da reportagem, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, frisou que vem discutindo permanentemente questões relacionadas à segurança dos Jogos com governos estrangeiros e que não há uma ameaça real de ato de terrorismo durante os Jogos.
— Posso dizer que não há uma ameaça real identificada. Nosso plano de segurança foi 100% aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional — afirmou Jungmann na semana passada.
Após o atentado que, na última quinta-feira, deixou 84 mortos e mais de 200 feridos em Nice, na França, o governo brasileiro revisou as estratégias de segurança para a Rio-2016. Agentes da unidade da polícia francesa responsável por ações antiterrorismo coordenaram treinamentos para colegas brasileiros.
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