A COSMOVISÃO NATURALISTA DO FILME MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA
Atenção o comentário a seguir contem spoiler. Se você não assistiu ao filme é bom não prosseguir.
A crítica aplaudiu com entusiasmo o novo filme Mad Max: estrada da fúria do diretor George Miller. Miller inovou nas cenas de ação movidas pela parafernalha de maquinarias monsters, bem ao gosto da maluquice pós-moderna. O novo Mad Max: estrada da fúria, resume-se em uma grande perseguição no deserto de uma terra pós-apocalíptica infestado por tribos e governado por um tirano que pretende criar uma raça para expandir seu império. Uma de suas guerreiras, a imperatriz furiosa, rebela-se e foge levando as jovens esposas – escravas sexuais de Immortan Joe. Juntas com Max enfrentam o exercito do Senhor da Guerra numa perseguição de tirar o fôlego.
O filme possui seus méritos, pois trabalha vários temas atuais tais como, abuso sexual, escravidão, controle ideológico, fanatismo religioso, ecologia, feminismo e outras peculiaridades de nosso inquietante início de século. Mas não foram as alucinantes cenas de perseguição, o barulho estridente ou mesmo o grotesco cenário inóspito do deserto australiano que me chamou a atenção, mas sim, o principio filosófico que norteia toda a trama. A visão de mundo do diretor é sobreposta à história e aparece fragmentada em diversas falas dos personagens que escancara toda a agonia de um mundo sem Deus. O filme é estruturado na jornada do herói em busca de redenção, aliás, o termo aparece nos diálogos travados entre Tom Hardy e Charlize Theron personagens principais do filme. A religião caricata do filme possui um redentor malévolo que incentiva o fanatismo de seus seguidores em um mundo sem Deus. Em certa altura da perseguição uma das jovens fugitivas começa a rezar desesperadamente, quando então é interpelada por outra: “o que você está fazendo?”, o que ela responde “rezando”, “para qual deus?” insiste, “qual quer um que esteja ouvindo” é a resposta.
O desfecho da história também é surpreendente, no final, a “terra prometida” na qual eles colocaram toda a sua esperança, simplesmente não existe, a única recompensa é voltar para o gueto de onde vieram. A mensagem foi dada, isto é, não há esperança além da nossa mísera existência, não há um mundo além e muito menos um Deus que possa redimi-los. Como diz o filósofo cristão Willian Craig “Assim, se Deus não existe, a própria vida torna-se sem sentido. O homem e o universo não têm nenhum significado maior.”, o máximo de esperança que se pode ter é aquela exposta pelo filósofo ateu Friedrich Nietzsche que em seu niilismo desesperador enxergava toda a existência humana caindo num abismo sem fim com a única diferença de que uns caem gritando, enquanto outros se conformam e caem dançando! Prefiro algo mais concreto – Jesus, minha única esperança.