NÃO HÁ DÚVIDA de que Calvino impôs à Bíblia certas interpretações errôneas oriundas da sua formação católica romana. Muitos líderes calvinistas concordam que os escritos de Agostinho eram a real fonte da maioria dos ensinos do que hoje é conhecido como Calvinismo. Os calvinistas David Steele e Curtis Thomas apontam que “as doutrinas básicas da posição calvinista foram vigorosamente defendidas por Agostinho contra Pelágio no século quinto”.[1]
Em seu livro revelador, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), Laurence M. Vance detalhadamente documenta que “João Calvino não deu origem às doutrinas que levam o seu nome…”.[2] Vance cita numerosos e bem-conhecidos calvinistas para esse fim. Por exemplo, Kenneth G. Talbot e W. Gary Crampton escrevem, “O sistema de doutrina que leva o nome de João Calvino não foi, de maneira nenhuma, originado por ele…”.[3] B. B. Warfield declarou, “O sistema de doutrina ensinado por Calvino é apenas o Agostinianismo comum a todo o grupo dos Reformadores”.[4] Assim, é também reconhecido o débito que os credos oriundos da Reforma devem a Agostinho. Isto não é surpreendente diante do fato que a maioria dos Reformadores fez parte da Igreja Católica Romana, da qual Agostinho foi um dos mais conceituados “santos”. John Piper reconhece que Agostinho foi a maior influência tanto sobre Calvino quanto sobre Lutero, que continuaram a reverenciá-lo e também suas doutrinas, mesmo depois que se separaram do Catolicismo Romano.[5]
- H. Spurgeon admitiu que “talvez o próprio Calvino o derivou [o Calvinismo] principalmente a partir dos escritos de Agostinho”.[6] Alvin L. Baker escreveu, “Dificilmente existe uma doutrina de Calvino que não leve as marcas da influência de Agostinho”.[7] Por exemplo, o seguinte trecho de Agostinho soa como um eco repercutindo através dos escritos de Calvino:
Assim como Ele os nomeou para serem regenerados… àqueles a quem Ele predestinou para a vida eterna, como o mais misericordioso doador da graça, enquanto que àqueles a quem ele predestinou para a morte eterna, Ele é também o mais justo recompensador da punição.[8]
- Gregg Singer disse, “As principais características da teologia de Calvino são encontradas nos escritos de Santo Agostinho a tal ponto que muitos teólogos consideram o Calvinismo como uma forma mais completamente desenvolvida do Agostinianismo”.[9] Tais afirmações são declarações surpreendentes diante do fato indiscutível que, como salienta Vance, a própria Igreja Católica Romana tem uma melhor reivindicação sobre Agostinho do que os calvinistas.[10] O próprio Calvino disse:
“Agostinho está tão inteiramente comigo, que se eu quisesse escrever uma confissão de minha fé, eu poderia fazê-lo com toda a plenitude e satisfação para mim mesmo a partir de seus escritos”.[11]
Agostinho e o Uso da Força
Os donatistas[12] do quarto século acreditavam que a igreja deveria ser uma pura comunhão dos verdadeiros crentes que demonstravam a verdade do evangelho em suas vidas. Eles vieram a desprezar a apostasia que havia chegado à igreja quando Constantino casou o Cristianismo com o Paganismo a fim de unificar o império. O clero comprometido eram “sacerdotes maus trabalhando de mãos dadas com os reis da terra, que mostram que eles não têm rei senão César”. Para os donatistas, a igreja era um “pequeno corpo de salvos cercado pela massa não-regenerada”.[13] Esta é, obviamente, a visão bíblica.
Agostinho, por outro lado, via a igreja de seus dias como uma mistura de crentes e incrédulos, em que se devia permitir a existência da pureza e do mal lado a lado em prol da unidade. Ele usou o poder do Estado para obrigar a frequência à igreja (como Calvino também faria 1.200 anos mais tarde): “Quem quer que não fosse encontrado dentro da Igreja, não se perguntava o motivo, mas devia ser corrigido e convertido…”.[14] Calvino seguiu o seu mentor Agostinho ao forçar a frequência à igreja e à participação nos sacramentos através de ameaças (e coisas piores) contra os cidadãos de Genebra. Agostinho “identificou os donatistas como hereges… que poderiam ser sujeitos à legislação imperial [e à força] exatamente da mesma forma que outros criminosos e hereges, incluindo os envenenadores e os pagãos”.[15] Frend diz de Agostinho, “O jovem sensível e questionador tornou-se o pai da inquisição”.[16]
Embora tenha preferido a persuasão quando possível, Agostinho apoiava a força militar contra aqueles que eram rebatizados como crentes após a conversão a Cristo e outros supostos hereges. Em sua controvérsia com os donatistas, utilizando uma interpretação distorcida e não-cristã de Lc 14.23,[17] Agostinho declarou:
Por que, então, a igreja não usaria a força ao compelir os seus filhos perdidos a retornar?… O próprio Senhor disse: “Saí pelos caminhos e valados a compeli-los a entrar…”. Portanto, é o poder que a Igreja recebeu… através do caráter religioso e da fé dos reis… o instrumento pelo qual aqueles que são encontrados nos caminhos e valados – isto é, em heresias e cismas – sejam compelidos a entrar, e que eles não reclamem de serem compelidos.[18]
Infelizmente, Calvino colocou em prática, em Genebra, os mesmos princípios de punição, coerção e morte que Agostinho defendeu e que a Igreja Católica Romana exerceu consistentemente ao longo dos séculos. Henry H. Milman escreve: “O Agostinianismo foi desenvolvido em um sistema ainda mais rígido e inflexível através do intelecto severo de Calvino”.[19] E ele se justificava através da interpretação errônea de Agostinho de Lc 14.23. Como poderia alguém que tem Calvino como um grande exegeta aceitar tal abuso dessa passagem?
Compelir? Não é esse o trabalho de Deus através da Eleição Incondicional e da Graça Irresistível? Compelir aqueles por quem Cristo não morreu e que Deus predestinou para o tormento eterno? Este versículo refuta o Calvinismo, não importa como ele seja interpretado!
A Influência Dominante de Agostinho
Não há dúvida quanto ao importante papel desempenhado por Agostinho na moldagem do pensamento, teologia e ações de Calvino. Isto é particularmente verdadeiro no que diz respeito às bases fundamentais do Calvinismo. Warfield refere-se a Calvino e Agostinho como “dois homens extraordinariamente talentosos [que] se elevam como pirâmides sobre o cenário da história”.[20] As Institutas da Religião Cristã de Calvino fazem repetidas referências favoráveis a Agostinho, frequentemente citando seus escritos como confiáveis e usando a expressão “Confirmado pela autoridade de Agostinho”.[21] Calvino frequentemente dá créditos a Agostinho por ter formulado os conceitos-chave, os quais ele em seguida expõe em suas Institutas. Os seguintes trechos são apenas uma amostragem muito pequena dessas referências:
“Chegamos”, diz Agostinho, “ao caminho da fé; mantenhamo-lo com firme constância”.[22]
Mais poderosa é a verdade de Deus, tanto neste aspecto como nos demais, para que recue ante a maledicência dos ímpios, como também vigorosamente contende Agostinho…. Agostinho não dissimula estar acostumado a ser censurado por pregar a predestinação com extrema franqueza, mas, porque lhe era fácil, refuta a acusação sobejamente…. Ora, também isso disse Agostinho (Sobre o Gênesis em sentido literal, livro V, capítulo III, 6) judiciosamente, a saber, que podemos seguir a Escritura com segurança….[23]
Agostinho, pois, diz retamente, explicando esta passagem….[24]
Com Agostinho afirmo que foram criados pelo Senhor aqueles a quem sabia, sem dúvida, de antemão que haveriam de ir para perdição, e que fez isto porque assim o quis..[25]
Se tua mente se sente perturbada, não te acanhes em abraçar o conselho de Agostinho….[26]
Portanto, não hesitarei, com Agostinho, em simplesmente confessar que… aquelas coisas que previu verdadeiramente haverão de vir à existência…. [E] é igualmente certo que a ruína [dos não-eleitos] em que caem pela predestinação divina é justa..[27]
O próprio Agostinho, em principalmente dois lugares, descreve [favoravelmente] a forma do monasticismo antigo. [Calvino então passa a citar as recomendações de Agostinho dos primeiros monges.][28]
Portanto, estas afirmações de Agostinho se enquadram mui esplendidamente….[29]
Tudo isso tomei fielmente de Agostinho. Mas, visto ser bem provável que suas
palavras sejam de mais autoridade que as minhas, então que venham a lume os próprios termos que nele se lêem….[30]
Agostinho quer que essa classe de pessoas, e com toda razão, não tem nada a ver com a Igreja, visto que carecem do dom de ensinar e atemorizam as pessoas simples ignorantes.[31]
Poderíamos multiplicar muitas vezes mais os exemplos acima da influência de Agostinho sobre Calvino entre as dezenas de vezes que Calvino extensivamente faz citações dos escritos de Agostinho. Líderes calvinistas admitem que as crenças básicas de Calvino já estavam formadas, através dos escritos de Agostinho, enquanto ele ainda era um devoto católico romano – uma influência que permaneceu com ele durante toda sua vida.
Os ensinamentos agostinianos que Calvino apresentou em suas Institutas incluíam a soberania que tornava Deus a causa de tudo (incluindo o pecado), a predestinação de alguns para a salvação e de outros para a condenação, a eleição e a reprovação, a fé como um dom irresistível de Deus – de fato, os conceitos-chave centrais do Calvinismo.
Procuramos em vão por evidências de que Calvino alguma vez desaprovou quaisquer das heresias de Agostinho. O calvinista Richard A. Muller admite, “João Calvino fazia parte de uma longa linhagem de pensadores que fundamentava a sua doutrina da predestinação na interpretação agostiniana de São Paulo”.[32] Em cada edição ampliada das suas Institutas, Calvino cita e se fundamenta em Agostinho mais do que nunca.
Será que o Calvinismo É Realmente uma Crença Protestante?
Que hoje muitos evangélicos proeminentes ainda estão sob o feitiço de Agostinho é evidente – e surpreendente, considerando suas numerosas heresias. Agostinho disse, “Eu não deveria crer no Evangelho a não ser que eu fosse movido a fazê-lo através da autoridade da Igreja [Católica]”.[34] Essa declaração foi citada com grande satisfação pelo Papa João Paulo II, no ano de 1986, na festa de aniversário do décimo sexto centenário da conversão de Agostinho. O Papa passou a dizer:
O legado de Agostinho… são os métodos teológicos a respeito dos quais ele permaneceu absolutamente fiel… integralmente unido à autoridade da fé… revelada através da Escritura, da Tradição e da Igreja…. Da mesma forma o profundo senso de mistério – “pois é melhor”, ele exclama, “ter uma ignorância fiel do que um conhecimento presunçoso…”. Quero expressar mais uma vez o meu desejo ardente… de que a autoridade do ensino desse grande doutor e pastor possa florescer sempre mais satisfatoriamente na Igreja….[35]
Em meu debate com James White, ele afirma que “Calvino refutou esta mesma passagem nas suas Institutas e qualquer leitura honesta dos próprios escritos de Agostinho desmente essa deturpação de Hunt”.[36] De fato, Calvino reconheceu a autenticidade da declaração e tentou defendê-la como raciocínio legítimo para aqueles que não tinham a certeza da fé dada pelo Espírito Santo.[37]
Vance oferece inúmeras citações surpreendentes dos calvinistas elogiando Agostinho: “Uma das maiores mentes teológicas e filosóficas que Deus assim achou por bem dar à Sua Igreja”.[38] “O maior cristão desde os tempos do Novo Testamento… o maior homem que já escreveu em latim”.[39] “[Suas] obras e escritos, mais do que os de qualquer outro homem na época em que viveu, contribuíram para a promoção da sã doutrina e para o restabelecimento da verdadeira religião”.[40]
Warfield acrescenta, “Agostinho estabeleceu de uma vez por todas a doutrina da graça”.[41] No entanto, ele [Agostinho] acreditava que a graça vinha através dos sacramentos da Igreja Católica Romana. Essa abundância de elogios calvinistas a Agostinho facilita compreender por que eles amontoam os mesmos elogios sobre Calvino.
Quanto à formação das doutrinas e práticas do Catolicismo Romano, a influência de Agostinho foi a maior da história. Vance nos lembra que Agostinho foi “um dos quatro originais ‘Doutores da Igreja’ do Catolicismo [com] um dia de festa [dedicado a ele] na Igreja Católica em 28 de agosto, o dia de sua morte”.[42] O Papa João Paulo II chamou Agostinho de “o pai comum da nossa civilização cristã”.[43] William P. Grady, por outro lado, escreve, “O iludido Agostinho (354-430) foi tão longe a ponto de anunciar (através de seu livro, A Cidade de Deus) que Roma tinha tido o privilégio de inaugurar o reino milenar (de outra forma conhecido como a ‘Idade das Trevas’).”.[44]
Extraindo de um Córrego Poluído
Sir Robert Anderson lembra que “a Igreja [Católica] Romana foi moldada por Agostinho na forma que desde então ela tem mantido. De todos os erros que séculos mais tarde desenvolveram nos ensinamentos da igreja, dificilmente há um que não seja encontrado de forma embrionária em seus escritos”.[45] Esses erros incluem o batismo infantil para a regeneração (bebês que morrem sem batismo estão condenados), a necessidade do batismo para remissão dos pecados (o martírio, como no Islã, também faz remissão de pecados), purgatório, salvação somente na Igreja através de seus sacramentos e perseguição daqueles que rejeitam os dogmas católicos. Agostinho também aceitou os livros apócrifos (que ele admitia que até mesmo os judeus rejeitavam), a interpretação alegórica da Bíblia (assim, o relato da criação, os seis dias, e outros detalhes em Gênesis não são necessariamente literais) e a rejeição do reinado literal e pessoal de Cristo na Terra durante o milênio (nós estamos agora, supostamente, no reino milenar de Cristo, com a Igreja reinando e o demônio atualmente amarrado).
Agostinho insiste que Satanás está agora “amarrado” baseado em que “até agora os homens são, e sem dúvida até o fim do mundo serão, convertidos da incredulidade, na qual ele [Satanás] os mantém, à fé”. Que ele vê a prometida amarração de Satanás no “abismo” (Ap 20.1-3) de forma alegórica está claro. Surpreendentemente, Satanás “está amarrado em cada caso no qual ele é saqueado de um dos seus bens [isto é, alguém que crê em Cristo]”. E ainda mais surpreendente, “o abismo no qual ele está amordaçado” é algo interpretado por Agostinho como estando “nas profundezas” dos “corações cegos” daqueles que rejeitam a Cristo. É assim que Satanás está continuamente amordaçado como em um abismo.[46]
Agostinho não tenta explicar como ele chegou a essa incrível conclusão, muito menos como um abismo poderia existir em milhões de corações ou como, estando “amarrado” lá, Satanás ainda estaria livre para cegar aqueles em cujos “corações” ele está supostamente amarrado (2Co 4.4). Ele também não explica como ou por que, apesar de Satanás está sendo mantido aprisionado,
Cristo comissionou Paulo para converter judeus e gentios “do poder de Satanás para Deus” (At 26.18)
Paulo podia entregar o fornicador de Corinto a Satanás (1Co 5.5)
Satanás pode transformar-se “em anjo de luz” (2Co 11.14)
Paulo alertaria os crentes de Éfeso a não “dar lugar ao Diabo!” (Ef 4.27) e a instá-los e a nós hoje a “permanecer firmes contra as astutas ciladas do Diabo” (Ef 6.11)
Satanás ainda podia estar ao derredor “como um leão rugindo… buscando a quem possa tragar” (1Pe 5.8)
Satanás ainda podia ser capaz de continuamente acusar os cristãos diante de Deus e, com os seus anjos, ainda guerrear nos céus contra “Miguel e seus anjos” e, finalmente, ser lançado do céu à Terra (Ap 12.7-10)
Agostinho foi um dos primeiros a colocar a autoridade da tradição no mesmo nível que a Bíblia, e a incorporar muita filosofia, especialmente o Platonismo,[47] em sua teologia. Expondo a tolice dos que elogiam Agostinho, Vance escreve:
Ele acreditava na sucessão apostólica de Pedro como uma das marcas da verdadeira igreja, ensinava que Maria era sem pecado e promoveu o seu culto. Ele foi o primeiro a definir os assim chamados sacramentos como um sinal visível da graça invisível…. O memorial da Ceia do Senhor tornou-se o da presença espiritual do corpo e sangue de Cristo. Para Agostinho a única igreja verdadeira era a Igreja Católica. Escrevendo contra os donatistas, ele afirmou: “Somente a Igreja Católica é o corpo de Cristo… Fora deste corpo, o Espírito Santo não dá vida a ninguém… [e] não é participante do amor divino aquele que é inimigo da unidade. Portanto, aqueles que estão fora da Igreja não têm o Espírito Santo”.[48]
E é este o homem que alguns classificam de “um dos maiores pensadores cristãos de todos os tempos”. Pelo contrário, Calvino extraiu de um córrego altamente poluído quando abraçou os ensinamentos de Agostinho! Como alguém poderia mergulhar em tal heresia contaminante sem se tornar confuso e infectado? No entanto, essa confusão desconcertante de especulação e Catolicismo Romano em desenvolvimento é reconhecida como a fonte do Calvinismo – e é elogiada por líderes evangélicos. Chega-se a ficar chocado diante do amontoado de elogios tanto a Calvino quanto a Agostinho por líderes cristãos em outros casos confiáveis.
Uma Incrível Contradição
O quase completo acordo entre Calvino e Agostinho e os repetidos louvores de Calvino a Agostinho não pode ser negado. Calvino chamou a si mesmo de “um teólogo agostiniano”.[49] De Agostinho ele disse, “a quem citamos com frequência, como sendo a melhor e a mais fiel testemunha de toda a antiguidade”.[50]
Os próprios calvinistas insistem na ligação entre Calvino e Agostinho. McGrath escreve: “Sobretudo, Calvino considerava seu pensamento como uma exposição fiel das principais ideias de Agostinho de Hipona”.[51] Wendel admite, “Nos pontos doutrinários ele (Calvino) toma emprestado de Santo Agostinho com as duas mãos”.[52] Vance escreve:
Seja como for, para provar conclusivamente que Calvino era um discípulo de Agostinho, não precisamos olhar além do próprio Calvino. Ninguém consegue ler cinco páginas nas Institutas de Calvino sem ver o nome de Agostinho. Calvino cita Agostinho mais de quatrocentas vezes nas Institutas apenas. Ele chamou Agostinho por títulos como “homem santo” e “pai santo”.[53]
Como Vance aponta adicionalmente, “os calvinistas admitem que Calvino foi fortemente influenciado por Agostinho na formação da sua doutrina da predestinação”.[54] Como poderia um dos líderes da Reforma abraçar tão plenamente as doutrinas de alguém que tem sido chamado o “principal criador teológico do sistema latino-católico distinto do… protestantismo evangélico…”?[55]
A admiração de Calvino por Agostinho e a sua acolhida de grande parte de seu ensino é apenas uma das várias e grandes contradições em sua vida, que serão totalmente documentadas neste livro. A situação é contraditória pelo lado católico também. Seus dogmas rejeitam algumas das mais importantes doutrinas sustentadas pelo mais famoso dos seus santos – as mesmas doutrinas agostinianas que Calvino abraçou.
Aqui nos deparamos com uma estranha anomalia. Warfield declara que “foi Agostinho quem nos deu a Reforma”[56] – porém, ao mesmo tempo, ele também reconhece que Agostinho foi “em um verdadeiro sentido, o fundador do Catolicismo Romano”[57] e “o criador do Santo Império Romano”.[58]
Estranhamente, Calvino aparentemente falhou em reconhecer que Agostinho nunca compreendeu a salvação pela graça somente, através da fé somente, e em Cristo somente. Philip F. Congdon escreve, “Outro paralelo curioso é evidente entre a teologia calvinista clássica e a teologia católica romana. As duas compartilham a inclusão das obras na mensagem do evangelho, e uma impossibilidade de segurança da salvação… Ambas sustentam a primazia da graça de Deus; ambas incluem a necessidade de nossas obras”.[59] As heresias de Agostinho, especialmente sua visão romanista da fé em Cristo sendo suplementada pelas boas obras e pelos sacramentos, não se perderam com Lutero, que escreveu: “No começo, eu devorava Agostinho, mas quando… entendi o que era realmente a justificação pela fé, descartei-o”.[60]
No entanto, líderes calvinistas sugerem que eu estou lado a lado com o Catolicismo Romano ao rejeitar o Calvinismo, não obstante o Calvinismo tenha vindo em grande medida do maior católico romano, Agostinho. Aqui está a forma como um escritor se expressou a mim:
E visto que a posição que você defende é, de fato, totalmente oposta ao coração da mensagem dos Reformadores, e está, pelo contrário, de acordo com a visão romana a respeito da vontade do homem e da natureza da graça, eu acho a sua posição extremamente incoerente de sua parte. Você fala muitas vezes de oposição às tradições dos homens, e na verdade, neste caso, você abraça as mesmas tradições que estão no coração do “evangelho” de Roma.[61]
Pelo contrário, os Reformadores e seus credos é que estão infectados de ideias que vieram do maior católico romano, o próprio Agostinho. Além do mais, a rejeição da Eleição, Predestinação e Preservação dos Santos como definidas pelos calvinistas dificilmente é abraçar “o coração do ‘evangelho’ de Roma”. O verdadeiro coração do evangelho de Roma são as boas obras e os sacramentos. A retenção por parte de Calvino do sacramentalismo, da regeneração batismal para as crianças e da honra dada ao sacerdócio católico romano como válido, certamente se constitui em uma forma mais grave de abraçar o falso evangelho do Catolicismo. A rejeição do Calvinismo não implica em qualquer acordo com nenhuma parte das doutrinas heréticas de Roma a respeito da salvação.
Parece incompreensível que a influência predominante sobre a teologia e os credos reformados pudesse estar tão estreitamente ligada ao próprio Catolicismo Romano contra o qual os Reformadores se rebelaram. No entanto, aqueles que deixam de se submeter a esses credos estão, supostamente, “equivocados”. Como os credos protestantes passaram a ser dominados pela doutrina calvinista é uma história interessante.
O Papel da Vulgata Latina
Juntamente com os escritos de Agostinho, a Vulgata Latina também moldou o pensamento de Calvino como está expresso em suasInstitutas da Religião Cristã. Fluente em latim, Calvino usou por muito tempo essa corrompida tradução da Bíblia, que, desde a sua composição por Jerônimo no início do quinto século, foi a Bíblia oficial dos católicos romanos. Foi novamente assim declarada pelo Concílio de Trento em 1546, quando Calvino tinha 37 anos de idade. Mais do que isso, sua influência chegou ao movimento protestante: “Por mil anos a Vulgata foi praticamente a única Bíblia conhecida e lida na Europa Ocidental. Todos os comentários eram baseados no texto da Vulgata… Pregadores baseavam seus sermões nela”.[62]
A Vulgata foi permeada com as visões agostinianas da predestinação e a rejeição do livre-arbítrio. De acordo com Philip Schaff, “A Vulgata pode ser acusada, na verdade, de inúmeras falhas, imprecisões, contradições e tratamento arbitrário nos particulares”.[63] Outros manifestaram a mesma opinião. Samuel Fisk cita Samuel Berger, que na Cambridge History of the English Bible (História da Bíblia Inglesa de Cambridge), Vol. 3 (S. L. Greenslade, ed. Cambridge, Inglaterra: University Press, 1963, 414), chamou a Vulgata de “o texto mais vulgar e ilegítimo imaginável”.[64]Grady diz: “Dâmaso comissionou Jerônimo a ressuscitar a arcaica Bíblia Latina Antiga em 382 A.D… a monstruosidade acabada ficou conhecida como a ‘Vulgata’ Latina… e foi usada pelo Diabo para inaugurar a Idade das Trevas”.[65] Fisk nos lembra:
Exemplos bem conhecidos de erros de longo prazo incluem todo o sistema de “penitência” católico, extraído a partir do “fazer penitência” da Vulgata… quando o latim deveria ter seguido o grego – arrepender-se. Da mesma forma, a palavra “sacramento” foi uma leitura deturpada da Vulgata da palavra original para mistério. Ainda mais significativo, talvez, foi a tradução da palavra presbítero (ancião) como “sacerdote”.[66]
Agostinho descreveu o problema que levou à produção da Vulgata: “Nos primeiros dias da fé, quando um manuscrito grego chegava às mãos de alguma pessoa, e ela pensava que possuía um pouco de fluência nas duas línguas, ela se aventurava a fazer uma tradução [para o latim]”.[67] Como consequência de tal esforço individual, Bruce diz, “Chegou o momento, entretanto, quando os vários textos [em latim, das Escrituras] se tornou por demais inconveniente de ser tolerado por mais tempo, então o Papa Dâmaso… comissionou o seu secretário, Jerônimo, a realizar o trabalho” de revisão para produzir uma versão latina autorizada.
Bruce continua: “Disseram a ele [Jerônimo] para ser cauteloso por causa dos ‘irmãos mais fracos’, que não gostavam de ver seus textos favoritos adulterados, mesmo no interesse de uma maior precisão. Mesmo assim, ele foi longe demais para o gosto de muitos, enquanto ele próprio estava convicto de que não estava indo longe o suficiente”.[68] O Unger’s Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Unger) comenta:
Por muitos séculos ela [a Vulgata] foi a única Bíblia geralmente usada… Na época da Reforma a Vulgata [influenciou] versões populares. A versão de Lutero (Novo Testamento em 1523) foi a mais importante e nela a Vulgata teve grande peso. A partir de Lutero a influência do latim chegou à nossa própria Versão Autorizada [King James Version (KJV) – Versão do Rei Tiago].[69]
As Bíblias de Genebra e do Rei Tiago e os Credos Protestantes
De não pouca importância ao nosso estudo é o fato de que esta tradução corrupta teve influência sobre as igrejas protestantes na Europa, Inglaterra e América. Essa influência foi transferida para a Bíblia de Genebra (que tem problemas adicionais, como veremos abaixo), bem como para outras versões antigas da English Bible, e até mesmo para a King James Bible de hoje.
Da mesma forma que a Vulgata estava cheia de Agostinianismos, a Bíblia de Genebra estava cheia de Calvinismo, tanto no seu texto como nas volumosas notas. A General Biblical lntroduction (Introdução Geral da Bíblia) de H. S. Miller diz, “Ela foi uma revisão da Bíblia de Tyndale,[70]com uma introdução de Calvino… a obra dos reformadores ingleses, assistida por Beza, Calvino e possivelmente outros”. J. R. Dore, em Old Bibles: An Account of the Early Versions of the English Bible (Bíblias Antigas: Um Relato das Primeiras Versões da Bíblia Inglesa), 2ª edição, acrescenta que “quase todo capítulo [da Bíblia de Genebra] tem volumosas notas cheias da doutrina calvinista”. Andrew Edgar, em The Bibles of England (As Bíblias da Inglaterra), declara: “À época, quando a Bíblia de Genebra foi publicada pela primeira vez, Calvino era o espírito dominante em Genebra. Todas as características de seu sistema teológico, eclesiástico, político e social estão, portanto, refletidas nas anotações marginais… A doutrina da predestinação é proclamada como sendo a principal pedra angular do evangelho”.[71]
- Hoare diz em The Evolution of the English Bible (A Evolução da Bíblia Inglesa), “Considerada como um todo literário, ela [a Bíblia de Genebra] tem sobre si o caráter de um manifesto calvinista… um livro com um propósito especial”. F. F. Bruce acrescenta:
As notas da Bíblia de Genebra… são, com certeza, francamente admitidas, calvinistas na doutrina… O povo da Inglaterra e da Escócia… aprendeu muito da sua exegese bíblica a partir dessas notas. A Bíblia de Genebra imediatamente ganhou, e manteve, generalizada popularidade. Ela se tornou a Bíblia familiar dos protestantes de língua inglesa… Ela se tornou a Bíblia autorizada na Escócia e foi trazida à América, onde teve uma forte influência.[72]
Butterworth assinala: “Na linhagem da Bíblia do Rei Tiago, esta [a Bíblia de Genebra] é por todos os meios a obra mais importante… A Bíblia de Genebra… teve uma influência muito grande na formação da Bíblia do Rei Tiago”.[73] Robinson é ainda mais enfático:
Uma grande parte de suas [da Bíblia de Genebra] inovações estão incluídas na Versão Autorizada [King James Version (KJV) – Versão do Rei Tiago]… Às vezes, o texto e a margem da Bíblia de Genebra são como um só; às vezes o texto torna-se a margem e a margem torna-se o texto. Às vezes a margem torna-se o texto e nenhuma outra alternativa é oferecida. Muito frequentemente, a margem da Bíblia de Genebra se torna o texto da Versão Autorizada com ou sem mudança verbal.[74]
Documentação adicional poderia ser dada, mas isso deve ser suficiente para traçar rapidamente a influência daquele maior católico romano, Agostinho, através da Vulgata Latina e de seus escritos, sobre Calvino – e através de Calvino, para a Bíblia de Genebra e dela para a King James Bible (KJV) – Bíblia do Rei Tiago. E, por fim, para púlpitos e lares dos protestantes em toda a Europa, Inglaterra e Estados Unidos. Não é de admirar, então, que aqueles que, como Armínio, ousaram questionar o Calvinismo, foram oprimidos com oposição. É claro, vários sínodos e assembleias foram organizados para formular os credos aceitos e punir os dissidentes, mas as condições eram favoráveis ao Calvinismo, e nenhuma influência para atenuar esse erro era permitida. Isto será documentado nos capítulos 5 e 6.
A Nova Bíblia de Estudo de Genebra e a Verdade da Reforma
A moderna Nova Bíblia de Estudo de Genebra (recentemente reimpressa como The Reformation Study Bible (A Bíblia de Estudo da Reforma) está sendo amplamente divulgada em um esforço para infundir nos leitores as doutrinas do Calvinismo. A tradução da New King James Bible (NKJV – Nova Bíblia do Rei Tiago) é atraente. Da mesma forma que a Bíblia de Genebra original, entretanto, as notas são tratados calvinistas. Em seu prefácio, R. C. Sproul escreve:
A Nova Bíblia de Estudo de Genebra é assim chamada porque ela representa a tradição da Bíblia de Genebra original… A luz da Reforma era a luz da Bíblia… A Bíblia de Genebra foi publicada em 1560 [e] dominou o mundo de fala inglesa por uma centena de anos…. Peregrinos e puritanos levaram a Bíblia de Genebra às margens do Novo Mundo. Colonos norte-americanos foram educados com a Bíblia de Genebra… A Nova Bíblia de Estudo de Genebra contém uma reafirmação moderna da verdade da Reforma em seus comentários e notas teológicas. Sua finalidade é apresentar novamente a luz da Reforma.
Na verdade, seu objetivo é infundir nos leitores as doutrinas do Calvinismo, o que é inapropriadamente comercializada como “a verdade da Reforma” – como se Calvinismo e Protestantismo fossem idênticos. Houve, na verdade, muito mais na Reforma além do Calvinismo, não obstante as alegações calvinistas.
A Necessidade de Esclarecer a Confusão
Atualmente, o Calvinismo está experimentando um ressurgimento. No entanto, existe um grande desconhecimento do que Agostinho e Calvino realmente ensinaram e praticaram. Será que a verdade foi suprimida para favorecer uma teologia particular? Considere a declaração de Boettner: “Calvino e Agostinho facilmente são classificados como os dois mais proeminentes expositores sistemáticos do sistema cristão desde São Paulo”.[75] Spurgeon também declarou: “Agostinho obteve seus pontos de vista, sem dúvida nenhuma, através do Espírito de Deus, a partir do estudo diligente dos escritos de Paulo e Paulo os recebeu do Espírito Santo, a partir de Jesus Cristo”.[76] Não podemos deixar de ver essas declarações com espanto. Como é incrível que Loraine Boettner, um dos primeiros apologistas a se opor à Igreja Católica Romana, elogie Agostinho, que deu à Igreja Católica Romana muitas de suas doutrinas básicas e que atualmente está entre os mais honrados dos seus “santos”.
Quanto a Spurgeon, será que ele teria considerado que o ensino de Agostinho a respeito da salvação somente pela Igreja Católica Romana, através de seus sacramentos apenas, começando com a regeneração pelo batismo infantil; o uso da força até a morte contra os “hereges”; a aceitação dos Livros Apócrifos; a interpretação alegórica da criação e das profecias a respeito de Israel; uma rejeição do reino literal de Cristo sobre o trono de Davi; e tantas outras falsas doutrinas, teriam sido todas recebidas do Espírito Santo? Como poderia Agostinho – e Calvino, que abraçou e transmitiu muitos dos seus maiores erros – estar tão errado em tanta coisa e ainda ser biblicamente coerente no que diz respeito à predestinação, eleição, soberania, etc.? Será que não há motivo suficiente para examinar cuidadosamente esses ensinos fundamentais do Calvinismo?
Só se pode responder a isso de forma afirmativa. Por essa razão, as doutrinas fundamentais do Calvinismo serão apresentadas nas páginas que seguem e comparadas cuidadosamente com a Palavra de Deus.
[1] David N. Steele e Curtis C. Thomas, The Five Points of Calvinism (Os Cinco Pontos do Calvinismo) (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1963), 19.
[2] Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo) (Pensacola, FL: Vance Publications, edição revisada, 1999), 37.
[3] Kenneth G. Talbot e W. Gary Crampton, Calvinism, Hyper-Calvinism and Arrninianism (Calvinismo, Hiper-Calvinismo e Arminianismo) (Edmonton, AB: Still Water Revival Books, 1990),78.
[4] Benjamin B. Warfield, Calvin and Augustine (Calvino e Agostinho), edição de Samuel G. Craig (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1956), 22.
[5] John Piper, The Legacy of Sovereign Joy: God’s Triumphant Grace in the Lives of Augustine, Luther, and Calvin (O Legado da Soberana Alegria: A Graça Triunfante de Deus nas vidas de Agostinho, Lutero e Calvino) (Wheaton, I.L: Crossway Books, 2000), 24-25.
[6] Charles Haddon Spurgeon, editor, Exposition of the Doctrine of Grace (Exposição da Doutrina da Graça) (Pasadena, CA: Pilgrim Publications, sem data.), 298.
[7] Alvin L. Baker, Berkouwer’s Doctrine of Election: Balance or Imbalance? (A Doutrina da Eleição de Berkouwer: Equilíbrio ou Desequilíbrio?) (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing CO., 1981), 25.
[8] Santo Agostinho, A Treatment On the Soul and its Origins (Um Tratamento Sobre a Alma e suas Origens), Livro IV, 16.
[9] C. Gregg Singer, John Calvin: His Roots and Fruits (João Calvino: Suas Raízes e Frutos) (Abingdon Press, 1989), VII.
[10] Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 40.
[11] João Calvino, “A Treatise on the Eternal Predestination of God” (Um Tratado sobre a Eterna Predestinação de Deus), em John Calvin, Calvin\’s Calvinism (João Calvino, o Calvinismo de Calvino), tradução de Henry Cole (Grandville, MI: Reformed Free Publishing Association, 1987), 38; citado em Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 38.
[12] Nota do Tradutor: O Donatismo (cujo nome advém de Donato de Casa Nigra, bispo da Numídia e posteriormente de Cartago) foi uma seita religiosa cristã, considerada herética e cismática pelo Catolicismo. Surgiu nas províncias do Norte da África na Antiguidade Tardia. Iniciou-se no início do século IV e foi extinta no final do século VII. Os autores que mais influenciaram os donatistas, em termos de doutrina religiosa, foram São Cipriano, Montano e Tertuliano. Assim como o Novacionismo, fundado pelo Antipapa Novaciano no século III, os donatistas eram rigorosos, e sustentavam que a Igreja não devia perdoar e admitir pecadores, e que os sacramentos, como o batismo, administrados pelos traditores (cristãos que negaram sua fé durante a perseguição de Diocleciano em 303-305 e posteriormente foram perdoados e readmitidos na Igreja) eram inválidos. Em 311 os bispos africanos opuseram-se à eleição do arcediago Ceciliano como novo bispo de Cartago. Ceciliano era acusado de ter sido um “traditor”, uma vez que havia entregue exemplares das Sagradas Escrituras às autoridades durante uma perseguição anterior recente. Insatisfeitos, os bispos escolheram como novo bispo a Donato de Casa Nigra, dando origem a um cisma. Em 313, uma comissão nomeada pelo Papa Melquíades condenou os donatistas, mas eles continuaram a existir, e consideravam-se a única igreja verdadeira. Apesar da condenação imperial, o Donatismo permaneceu como religião dominante na África romana até o começo do século V, quando enfraqueceu devido a atos de coerção. O bispo de Hipona, Santo Agostinho, fez campanhas contra esta crença e foi principalmente graças aos seus esforços que a seita foi extinta. A controvérsia tem início em dois escândalos monásticos. Por volta de 422, Santo Agostinho se envolveu numa espécie de escândalo com um bispo chamado Antonino e posteriormente com Januário. A discussão parece ter sido causada porque Agostinho achava que a chamada “caridade monástica” pudesse semear a discórdia, dividir e fazer com que se aproveitasse da Igreja. Ele chegou a fazer campanhas contra o Donatismo. Com a ocupação vândala do norte de África, o donatismo voltou a ter, aí, alguma preponderância, o que continuou a acontecer depois da reconquista bizantina destes territórios por Justiniano. Desconhece-se quanto tempo persistiu depois da conquista muçulmana. (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Donatismo).
[13] Leonard Verduin, The Reformers and Their Stepchildren (Os Reformadores e Seus Enteados) (Sarasota, FL: Christian Hymnary Publishers, 1991),33.
[14] Answer to the Letters of Petilian, Bishop of Cirta (Resposta às Cartas de Petilian, Bispo de Cirta [Contra litteras Petiliani]) II. 85.189; citado em W. H. C. Frend, The Rise of Christianity (A Ascensão do Cristianismo) (Philadelphia, PA: Fortress Press, 1984), 671.
[15] W. H. C. Frend, The Rise of Christianity (A Ascensão do Cristianismo), 671.
[16] Idem, 672.
[17] F. F. Bruce, Light in the West (Luz no Ocidente), Volume 3 em The Spreading Flame (A Chama que Propaga) (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co, 1956), 60-61.
[18] E. H. Broadbent, The Pilgrim Church (A Igreja Peregrina) (Port Colborne, ON: Gospel Folio Press, reimpressão 1999), 49.
[19] Henry H. Milman, History of Christianity (História do Cristianismo) (New York: A. C. Armstrong and Son, 1886), 3:176.
[20] Benjamin B. Warfield, Calvin and Augustine (Calvino e Agostinho), edição de Samuel G. Craig (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1956), v.
[21] João Calvino, índice das Institutas da Religião Cristã, tradução de Henry Beveridge (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1998 ed.), III: xxiii, IV: xvii, etc.
[22] Calvino, Institutes (Institutas), III: xxi, 2.
[23] Idem, xxi, 4.
[24] Idem, xxiii, 1.
[25] Idem, xxiii, 5.
[26] Idem, xxiii, 5.
[27] Idem, xxiii, 8.
[28] Idem, IV: xiii, 9.
[29] Idem, III: xxiii, 11.
[30] Idem, III: xxiii, 13.
[31] Idem, III: xxiii, 14.
[32] Richard A. Muller, Christ and the Decree (Cristo e o Decreto) (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1988), 22.
[33] Norman L. Geisler, What Augustine Says (O Que Diz Agostinho) (Grand Rapids, ML: Baker Book House, 1982),9.
[34] Agostinho, Against the Epistle of Manichaeus Called Fundamental (Contra a Epístola dos Maniqueus Chamada Fundamental) (Contra epistulam Manichaei quam vocant fundamenti), capítulo V.
[35] Papa João Paulo II, Soberano Pontífice, Augustineum Hyponensem (Agostinho de Hipona) (Carta Apostólica, 28 de agosto de 1986. Disponível em: www.cin.org/jp2.ency/augustin.html).
[36] Dave Hunt e James White, Debating Calvinism (Debatendo o Calvinismo), (Sisters, OR: Multnomah Publishers, 2004),244.
[37] Calvino, lnstitutes (Institutas), I: vii, 3.
[38] Talbot e Crampton, Calvinism, Hyper-Calvinism (Calvinismo, Hiper-Calvinismo), 78; citado em Vance, The Other Side of the Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 39.
[39] Alexander Souter, The Earliest Latin Commentaries on the Epistles of St. Paul (Os Primeiros Comentários Latinos sobre as Epístolas de São Paulo) (não paginado, 1927), 139.
[40] N. L. Rice, God Sovereign and Man Free (Deus Soberano e o Homem Livre) (Harrisonburg, VA: Sprinkle Publications, 1985), 13.
[41] Benjamin B. Warfield, “The ldea of Systematic Theology” (O Conceito de Teologia Sistemática), em The Princeton Theology (A Teologia de Princeton), edição de Mark A. Noll (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publisb.ing Co., 1983),258.
[42] Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 41.
[43] Richard N. Ostling, “The Second Founder of the Faith” (O Segundo Fundador da Fé) (Time, September 29, 1986).
[44] William P. Grady, Final Authority: A Christian’s Guide to the King James Bible – Autoridade Final: Um Guia Cristão para a Bíblia do Rei Tiago(Knoxville, TN: Grady Publications, 1993),54.
[45] Sir Robert Anderson, The Bible or the Church (A Bíblia ou a Igreja) (London: Pickering and Inglis, 2ª edição, sem data.), 53.
[46] Agostinho, The City of God (A Cidade de Deus), tradução de Marcus Dods. Em Great Books of the Western World (Grandes Livros do Mundo Ocidental), edição de Robert Maynard Hutchins e Mortimer J. Adler (Encyclopaedia Brittanica, Inc., 1952), XX:7,8.
[47] Nota do Tradutor: O Platonismo é uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão. Indica a filosofia de Platão e da sua escola, isto é, os filósofos que se situam entre o século IV a.C. e a primeira metade do século I a.C.. Cerca de um século depois da morte de Platão, em 348 a.C., a Escola enveredou para o ceticismo sob a direção de Arciselau (século III a.C.). A Academia platônica assemelhava-se a uma congregação religiosa, consagrada a Apolo e às musas. Platão afirmava a existência de uma verdade suprema: as Idéias das formas ideais, eternas, imutáveis e incorruptíveis, das quais se origina o mundo sensível, tal como o percebemos, e que é sujeito ao devir, à corrupção e à morte. A Academia foi fundada por Platão em 387 a.C.. Seu nome é alusivo ao herói de guerra Academo, que havia doado aos atenienses um terreno, nos arredores de Atenas, onde se construiu um jardim aberto ao público. De uma maneira geral, os elementos centrais do pensamento platônico são: 1) A doutrina das idéias, onde os objetos do conhecimento se distinguem das coisas naturais; 2) A superioridade da sabedoria sobre o saber, uma espécie de objetivo político para a filosofia; 3) A Dialética, enquanto procedimento científico. O platonismo é geralmente dividido em três períodos: 1) Platonismo antigo propriamente dito; 2) Médio platonismo, que remonta aos séculos I e II d.C.; 3) Neoplatonismo, desenvolvido no final da Antiguidade no período helenístico: mais que um período do platonismo, é considerado por muitos como uma verdadeira corrente filosófica propriamente dita. Os estudiosos falam de médio platonismo para caracterizar a interpretação dada à filosofia de Platão durante os primeiros séculos da era imperial. A palavra médio encerra certo preconceito em relação aos pensadores dessa época, considerada como simples transição entre o platonismo cético da época helenística e o neoplatonismo, desenvolvido a partir do século III. Somente nas últimas décadas os historiadores da filosofia (J. Dillon, The Middle Platonists – Os Platonistas Médios, Cornell University Press, Ithaca, N.Y. 1977) começaram a reavaliar a filosofia da era imperial, percebendo a originalidade e a especificidade dos pensadores médio-platônicos. Esta subdivisão foi operada por estudiosos dos tempos recentes. Todos, médios ou neoplatônicos, embora ampliando e modificando o significado originário da filosofia de Platão, pretendiam estar em linha de continuidade com a doutrina do mestre. Consideravam-se sobretudo como simples exegetas, mais do que inovadores. Assim como todos os pensadores que, ao longo dos séculos, filiaram-se ao pensamento platônico (Plotino, Agostinho, Ficino), os neoplatônicos eram convencidos de que a verdade fosse algo que se descobria e não se inventava. Portanto o modo mais autêntico de fazer filosofia consistiria na reflexão sobre as verdades eternas, imutáveis e universais das Idéias – primeiramente descobertas por Platão. Pode-se dizer, portanto, que o platonismo foi sempre entendido pelos platônicos como uma única corrente filosófica, que sempre permaneceu fiel a si mesma, ora como forma de interpretação e reelaboração do pensamento de Platão. Em relação a Agostinho a influência pelo platonismo e neoplatonismo, e particularmente por Plotino, foi muito grande. Por sua vez, a influência de Agostinho foi importante para o “batismo” do pensamento grego e a sua entrada na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Platonismo).
[48] Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 55.
[49] Talbot and Crampton, Calvinism, Hyper-Calvinism (Calvinismo, Hiper-Calvinismo), 79.
[50] Calvino, lnstitutes (Institutas), IV:xiv, 26.
[51] Alister E. McGrath, A Vida de João Calvino (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2004), 178.
[52] Francois Wendel, Calvin: Origins and Development of His Religious Thought (Calvino: Origem e Desenvolvimento do Seu Pensamento Religioso) (Grand Rapids, MI: Baker Books, 1997), 124.
[53] Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo); citando Calvino, Institutes (Institutas), 139, 146, 148-49.
[54] Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 113; citando Wendel, Calvin: Origins and Development of His Religious Thought (Calvino: Origem e Desenvolvimento do Seu Pensamento Religioso), 264, e Timothy George, Theology of the Reformers(Teologia dos Reformadores) (Nashville, TN: Broadman Press, 1988), 232.
[55] Philip Schaff, History of the Christian Church (História da Igreja Cristã) (New York: Charles Scribner\’s Sons, 1910; Grand Rapids, Ml: Wm B. Eerdmans Publishing Co., reimpressão de 1959), III: 1018.
[56] Benjamin B. Warfield, Calvin and Augustine (Calvino e Agostinho), edição de Samuel G. Craig (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1956), 322.
[57] Idem, 313.
[58] Idem, 318.
[59] Philip F. Congdon, “Soteriological lmplications of Five-point Calvinism” (Implicações Soteriológicas dos Cinco Pontos do Calvinismo), Journal of the Grace Evangelical Society, outono de 1995, 8:15, 55-68.
[60] Timothy George, Teologia dos Reformadores (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1993), 70.
[61] James R. White responde a Dave Hunt, 4 de agosto de 2000. Em arquivo.
[62] David Schaff, Our Father’s Faith and Ours (A Fé de Nossos Pais e a Nossa), 172; citado em Samuel Fisk, Calvinistic Paths Retraced (Os Caminhos Calvinistas Retraçados) (Raleigh, NC: Biblical Evangelism Press, 1985), 68.
[63] Philip Schaff, History of the Christian Church (História da Igreja Cristã), II:975-976.
[64] Samuel Fisk, Calvinistic Paths Retraced (Os Caminhos Calvinistas Retraçados) (Raleigh, NC: Biblical Evangelism Press, 1985), 68.
[65] William P. Grady, Final Authority: A Christian’s Guide to the King James Bible (Autoridade Final: Um Guia Cristão para a Bíblia do Rei Tiago), 35.
[66] Samuel Fisk, Calvinistic Paths Retraced – Os Caminhos Calvinistas Retraçados, 67.
[67] F. F. Bruce, The Books and the Parchments (Os Livros e os Pergaminhos) (London: Pickering and Inglis, Ltd., (950), 191.
[68] F. F. Bruce, The Books and the Parchments (Os Livros e os Pergaminhos), 194-95.
[69] Merrill F. Unger, Unger’s Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Unger) (Chicago, IL: Moody Press, 1969), 1151-54.
[70] Nota do Tradutor: A Tyndale’s Bible – Bíblia de Tyndale geralmente se refere ao corpo das Escrituras Bíblicas traduzidas por William Tyndale. A Bíblia Tyndale é creditada como sendo a primeira tradução inglesa a vir diretamente do texto hebraico e grego. Além disso, foi a primeira tradução da Bíblia para o Inglês, a qual foi produzida em massa, como um resultado de novos avanços na arte da impressão. O termo Tyndale\’s Bible – A Bíblia de Tyndale não está estritamente correto, porque nunca Tyndale publicou uma Bíblia completa. Antes de sua execução Tyndale tinha apenas acabado de traduzir todo o Novo Testamento, e cerca da metade do Antigo Testamento. Do Velho Testamento, apenas o Pentateuco, Jonas e uma versão revisada do livro de Gênesis, foram publicadas durante sua vida. As demais obras do Velho Testamento foram utilizadas pela primeira vez na criação da Matthew Bible – Bíblia de Mateus, publicada em 1537 por John Rogers e que continha o Novo Testamento de William Tyndale, e obras do Antigo Testamento que ele tinha sido capaz de traduzir antes de ser capturado e condenado à morte. A Bíblia de Tyndale influenciou fortemente todas as principais traduções inglesas da Bíblia que se seguiram após a sua publicação. William Tyndale (nasceu em Gloucestershire, Inglaterra, em cerca de 1484 – perto de Bruxelas, Bélgica, e morreu em 6 de outubro de 1536) foi um pastor protestante e um acadêmico inglês, formado mestre em Artes na Universidade de Oxford, que traduziu a Bíblia para uma versão inicial do moderno inglês. O seu objetivo era fazer o Novo Testamento um livro tal que “todo menino de arado” pudesse lê-lo e se tornasse mais conhecedor das Escrituras que o próprio clero. Apesar de numerosas traduções para o inglês – parciais ou completas, terem sido feitas a partir do século VII, a Bíblia de Tyndale foi a primeira a beneficiar da imprensa, o que permitiu uma ampla distribuição. Tyndale estudou as Escrituras e começou a defender as teses da Reforma Protestante, muitas das quais eram consideradas heréticas, primeiro pela Igreja Católica e depois pela própria Igreja Anglicana. As traduções de Tyndale foram banidas pelas autoridades e o próprio Tyndale foi queimado na fogueira em 1536 em Vilvoorden (10 km a nordeste de Bruxelas), Bélgica, sob a instigação de agentes de Henrique VIII e a Igreja Anglicana. Suas últimas palavras foram, “Senhor, abre os olhos ao rei da Inglaterra”. (Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Tyndale_Bible; http://en.wikipedia.org/wiki/Matthew_Bible e http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Tyndale)
[71] Samuel Fisk, Calvinistic Paths Retraced (Os Caminhos Calvinistas Retraçados), 70-75.
[72] F. F. Bruce, The English Bible: A History of Translations (A Bíblia Inglesa: Uma História das Traduções) (New York: Oxford University Press, 1961), 90-91.
[73] Charles C. Butterworth, The Literary Lineage of the King James Bible (A Linhagem Literária da Bíblia do Rei Tiago) (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1941), 163.
[74] H. Wheeler Robinson, The Bible ln Its Ancient and English Versions (A Bíblia nas Suas Versões Antigas e Inglesas) (Oxford: Clarendon Press, 1940), 186, 206-207.
[75] Loraine Boettner, The Reformed Doctrine of Predestination (A Doutrina Reformada da Predestinação) (Phillipsburg, NJ : Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1932),405.
[76] Charles Haddon Spurgeon, editor, Exposition of the Doctrine of Grace (Exposição da Doutrina da Graça), 298; citado em Laurence M. Vance,The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 38.
Extraído do site http://www.arminianismo.com/ em 12/08/2015
Pode ser e haver uma conexão entre calvinismo e catolicismo, mas na minha opinião o calvinismo está mais para “islãmismo” que também prega “eleição e determinismo” arbitrario de seus deuses obtusos.
parabens
nenhumn palavrao estamos aqui fiscalizando
Soares acha que foi eleito “moderador” do portal ? como diz o jota : pobre coitado.
depois que um cara faz alguma menção honrosa porém critica da mãe deste infeliz como foi mal criado esse soares, verme da terra ele vem chamando os outros de fariseu, talibã etc. mas gostei de um adjetivo original que deram para o soares : pelego, é isso aí, pelego de uma figa.
sr icabode
pelego é quem diz ser cristão mas idolatra o dinheiro e xinga os outros
se eu sou infeliz que dirá o senhor que vomita pela boca
uma lástima
sr calvinista
procure não imitar a papagaiada alheia
se não vou achar que não tem opinião propria, isso sim e ser um pode coitado, ser alguem que idolatra pastor
te emenda rapaz
roberto soares qua ago 12 at 4:03 pm “ui euzinho” estamos aqui fiscalizando.
o que ele próprio escreve e mostra que é um pelego e diz que “fiscaliza” essa piada que só ele próprio dá risada mostra que é um palhaço de circo de fazenda onde só boi e vaca cagando no pasto assisti.
sr icabode
feche a boca quando for dizer bobagem
procure se edificar
e cuidado com esse “ui”.Pra malafaia o sr pode estar virando gay