Até bem pouco tempo antes do sínodo Dort, os Estados Gerais eram tolerantes com relação às doutrinas arminianas. As autoridades desejavam que houvesse paz entre calvinistas e remonstrantes. Entretanto, as coisas mudaram quando o Príncipe Maurício de Nassau começou a crescer em poder.
Sabe-se que o Príncipe Maurício, que era general e governador provinciano, defensor dos calvinistas, após uma controvérsia com Uytenbogaert, líder remonstrante, tornou-se publicamente um perseguidor do arminianismo (1617). O Príncipe também já havia anteriormente entrado em atrito com Oldenbarnevelt, defensor dos remonstrantes. Na verdade, Oldenbarnevelt e Maurício mantiveram uma estreita relação até que Oldenbarnevelt decidiu apoiar a trégua entre Holanda e Espanha (1609). Relatos dizem que o ódio de Mauricio contra Oldenbarnevelt era mortal, por isso, ele usou toda sua influência para convencer o país de que Oldenbarnevelt e os remonstrantes entregariam a Holanda à Espanha. Maurício conseguiu total apoio político do partido calvinista, afinal, como calvinistas rigorosos, eles foram inflexíveis contra a paz com o inimigo papista. Desta forma, Mauricio detinha apoio para qualquer decisão político-militar e em troca empregava total empenho para acabar com o partido remonstrante e fortalecer o calvinismo.
Além de atender seus próprios desejos e os do partido calvinista, ao condenar os remonstrantes, Mauricio estaria conseguindo agradar o Rei James I da Inglaterra, que era um opositor das principais doutrinas e personalidades arminianas. Conrad Vorstius, remonstrante, havia entrado em controvérsia com o Rei da Inglaterra, pai de Elizabeth, esposa do sobrinho do Príncipe Maurício. O Rei James chegou a solicitar que a Holanda banisse Vorstius sob pena de a Inglaterra considerar a Holanda como inimiga. Vortius só foi tolerado porque Oldenbarnevelt era, na época, representante dos Estados Gerais. Maurício certamente agradou muito o Rei James ao banir Vorstius através do sínodo de Dort.
Obviamente o Príncipe Maurício tinha bons motivos para realizar o sínodo com o objetivo de condenar os remonstrantes. Agradar um importante parceiro político que apoiaria todos os seus futuros planos de poder (partido calvinista), satisfazer seus próprios desejos pessoais de vingança contra alguns remonstrantes e de lambuja estreitar laços com o Rei James. Isso demonstra claramente que o sínodo, que foi promovido pelas mãos do Príncipe, não foi uma reunião com motivações cristãs, mas políticas e carnais. Outro fator que demonstra isso, é o tipo de punição aplicada aos remonstrantes. Se não houvesse motivação política, mas apenas religiosa, e o sínodo fosse realmente imparcial, será que pessoas seriam presas, banidas, mortas ou teriam seus bens confiscados? Não adianta dizer que isso era o costume da época, pois, o estado, até a ascensão de Maurício, era totalmente tolerante e desejava a paz entre calvinistas e arminianos.
Fontes:
www.arminianismo.com/index.php/categoria…334-o-sinodo-de-dort
www.arminianismo.com/index.php/categoria…-contra-o-calvinismo
en.wikipedia.org/wiki/Conrad_Vorstius
www.encyclopedia.com/topic/Maurice_of_Nassau.aspx