Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam (Platão).
Se fizermos uma enquete sobre a popularidade ou mesmo a confiança depositada nos políticos, os resultados seriam desde uma total revolta, desconfiança ou mesmo desinteresse. Porém, a atuação precária dos nossos políticos independe do nosso grau de conscientização e de cidadania, pois quanto mais informados e atuantes formos, menor as chances de sermos enganados e explorados. A cidadania envolve assim a construção de uma sociedade mais justa com a participação de todos, pois com isso observamos o avanço no combate a males sociais tais como corrupção, pedofilia, violência contra mulheres etc.
E quando uma religião torna seus adeptos “deficientes cívicos”? Por que as Testemunhas de Jeová fabricam “deficientes cívicos”? O que seria um “deficiente cívico”? Em 1989, o grande pensador e geógrafo Milton Santos, alertava sobre o perigo da nossa sociedade entrar no jogo frio e pragmático do individualismo, aonde os princípios básicos como a solidariedade e a cidadania fossem esmagados pelos interesses pessoais e imediatistas. Dessa situação, surgiria o “deficiente cívico”, que seria uma pessoa alheia aos problemas sociais e que nunca participaria de projetos que pudessem ajudar ou colaborar para uma sociedade mais igualitária e ética.
Existe porém, uma outra fonte que origina “deficientes cívicos” e que não foi percebido na época por Milton Santos: o fundamentalismo religioso. No caso específico das Testemunhas de Jeová, suas doutrinas tendem a moldar seus adeptos para uma falsa “neutralidade política” (se é que existe realmente), onde a aversão à conscientização e a cidadania são estimuladas desde a infância.
Senão vejamos:
Que finalidade têm, por exemplo, as eleições na classe de encarregados ou líderes da turma? Servem realmente para treinar os jovens a participar na maquinaria da política mundana. Será que é para isto que o jovem cristão deseja ser treinado? Será que Jesus Cristo, que disse: “Não faço parte do mundo”, desejaria que seus verdadeiros seguidores se treinassem para participar na política mundana?” (Revista Despertai 08/03/1973)
Os servos de Jeová são felizes por não fazerem parte do mundo, pois todas as nações estão marchando para seu fim no Armagedom (Fim do mundo)… Muito em breve, porém, isso acabará, pois este mundo ímpio governado por Satanás será destruído para sempre. Por outro lado, os que servem a Jeová viverão para sempre em Seu justo novo mundo, governado pelo Reino de Deus. — 2 Pedro 3:10-13; 1 João 2:15-17. (Livro “Adore a Deus” 2002 p. 166 par. 15 “Não fazem parte do mundo”)
Dessa forma observamos nos seus adeptos a perca da sua identidade individual e de sua autonomia. Isso quer dizer que as Testemunhas de Jeová são obtusos e que não pensam ou que não podem ser cidadãos respeitáveis? Obviamente que não! Muitas se destacam por sua honestidade e competência, mas são podadas, como plantas, para seguirem para um determinado lado, ou seja, o modo de pensar de sua religião. Ao definirem uma dependência para com uma organização terrestre (Torre de Vigia) que passa a orientar seu modo de vida e a esperar uma atuação divina (Armagedom ou Fim do mundo) como única alternativa para as resoluções dos problemas sociais, as Testemunhas de Jeová criam em abundância os “deficientes cívicos”.
Extraído do site http://extestemunhasdejeova.blogspot.com.br/ em 27/01/2015